Prólogo:

428 Words
Grahan, Grahan, Grahan! Coloquei o óculos de p******o e acelerei a moto. As pessoas lá embaixo uivavam ensandecidas enquanto chamavam meu nome. Eu jurava que a melhor sensação do mundo era a adrenalina antes de uma apresentação. Nada se comparava ao barulho do motor, à vibração da moto sob suas mãos quando estava prestes a mergulhar no desconhecido e sair voando. A energia de tantas pessoas juntas num mesmo lugar ansiosas pela sua apresentação, desafiando você, querendo saber até onde é capaz de chegar. O perigo daquilo tudo, a ideia de saber que um erro mínimo pode arruinar tudo. Isso era a minha vida, minha maior paixão. Assim como o combustível que movimenta e dá vida à uma moto, as competições causavam o mesmo efeito sobre mim. Não havia nada que eu amasse mais do isso. Até ela aparecer. E se transformar no centro do meu mundo. - E lá vem ele, com vocês... Garrett Grahan! - o rapaz gritou no microfone. Acelerei a moto mais uma vez, e desci a rampa empinando. O rosto dela voltou à minha mente apenas para zombar de mim. Suas últimas palavras antes de deixar meu apartamento voltaram à minha cabeça, como se estivessem sendo sussurradas no meu ouvido. A moto deu um ronco alto e subi a rampa voando por cima de milhares de cabeças. Eu não precisava olhar para saber que estavam todos concentrados em mim. Soltei as mãos do guidão e dei uma cambalhota no ar. De olhos fechados visualizei meu apartamento, Ashlyn dando as costas pra mim. O barulho da porta se fechando. Ela tinha feito sua escolha. - Perai galera alguma coisa está errada! - o rapaz no microfone soo preocupado. Estendi as mãos para segurar os guidões da moto, mas tudo que consegui agarrar foi o ar. Meu corpo foi jogado pra baixo. Ouvi o ronco da minha moto e consegui agarrar o que parecia ser o banco. A risada de Ashlyn preencheu meus ouvidos, sobressaindo-se em relação a gritaria que começava a ficar cada vez mais alta e disforme. Eu estava caindo. Talvez a queda me matasse. “f**a-se!”, pensei soltando minha mão. Relaxei e deixei minha mente divagar. O gosto dos lábios de Ashlyn. A sensação de seus dedos entrelaçados nos meus. Suas manias, seu revirar de olhos e o som de sua risada. Todos os nossos momentos juntos passaram como um filme na minha cabeça. É... A vida, tinha valido a pena afinal. Houve gritos e meu corpo se chocou contra alguma coisa. Mais gritos desesperados. E então, silêncio e escuridão.
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