Capítulo 1
Todos na casa grande estavam apreensivos, todos os empregados fazendo seu trabalho sem questionamentos como era ordenado pela dona e senhora da fazenda, porém, o barulho de coisa quebrando e o ruído de um choro desesperado se espalhava pela grande casa. Era de conhecimento de todos que depois que a porta do quarto fosse aberta, poderia sobrar para qualquer um a ira fera.
Em um quarto no mesmo corredor encontrava-se uma menina com seus sete anos de idade assustada sendo consolada por sua tia.
A pequena Lexie estava encolhida na cama com os olhos fechados e as mãos nos ouvidos, tentando em vão não ouvir o som de destruição que ecoava pela casa.
- Meu amor, calma logo ela para. – Pediu Paloma, que estava sentada na cama acariciando o braço da garota.
- Tia, porque ela faz isso? – Perguntou a pequena olhando com os olhos vermelhos pelo choro.
- Ela está triste meu bem. – Respondeu a primeira coisa que veio a sua mente.
- Mas ela vai se machucar. Ela sempre se machuca. – Disse a menina abraçando a tia.
- Não se preocupe princesa, sua mãe não vai se machucar. – Respondeu Paloma deitando na cama e aconchegando a sobrinha em seus braços, ficaram assim até que a pequena Lexie pegasse no sono.
[...]
Quando o silencio estava predominando mais uma vez na fazenda, Granny que era a única que tinha permissão de entrar no quarto onde Emma dividia com a esposa, decidiu que era a hora de ir ver como a loira estava. Era sempre assim, toda vez que Emma tinha esses ataques, a velha senhora sempre ia ao socorro da loira no fim de tudo.
Granny abriu a porta lentamente observando o estrago feito no cômodo. Alguns cacos de vidro espalhados pelo chão resultado de algum copo que fora atirado na parede, a mobilha fora do lugar, travesseiros, quadros, roupas, garrafas de whisky, tudo jazia no chão. Num canto do quarto estava uma loira descabelada, deitada no chão, abraçada a algo que a mulher mais velha já imaginava do que se tratava, era triste de ver como uma mulher carinhosa, cheia de felicidade e amor para dar, se entregou de uma forma tão intensa a tristeza e a amargura.
Granny se aproximou lentamente de Emma, puxou uma cadeira que havia ali perto e sentou-se na frente da loira, já que por conta da idade não era possível sentar no chão ao lado de Emma como a velha queria.
- Criança, o que aconteceu aqui? – Granny sempre fazia essa pergunta, pois ela sabia exatamente o porquê de tudo aquilo, e recebia sempre a mesma resposta.
- Porque ela me deixou Granny? Ela prometeu ficar comigo para sempre. – Disse Swan chorando. – Você prometeu nunca me deixar. – Indagou a loira olhando uma foto de Ruby, a qual a loira estava abraçada quando Granny entrou no quarto.
- Emma, eu sei que ela faz falta. Você acha que eu e a Paloma não sentimos a falta dela? E sua filha Emma, você acha que ela não sente falta da mãe? – Perguntou a senhora fazendo um gesto que a loira conhecia bem. Sem demora Emma se ajoelhou na frente de Granny e pôs a cabeça no colo senhora e abraçou sua cintura. – Você tem que parar com isso minha pequena, já faz dois anos. – disse a senhora acariciando os cabelos de Emma. – Tem que seguir sua vida, pense na Lexie, pense na garotinha que está apavorada em sua cama ouvindo a mãe chorar e quebrar o quarto que um dia dividiu com a esposa.
- Eu não sei como seguir sem ela. Ruby sempre decidiu tudo, era sempre do jeito dela, agora eu não sei para onde ir, o que fazer. – disse a loira sem olhar para a mais velha.
“Emma conheceu Ruby no colegial e tornaram-se muito amigas desde então, foram para a universidade juntas, terminaram juntas medicina veterinária, no ultimo período do curso se entregaram ao amor que foi crescendo com a convivência. Após a formatura casaram-se e construíram a fazenda responsável por criar os melhores cavalos dos EUA. Quando completaram um ano de casamento, resolveram que era hora de ter um filho, Ruby foi a escolhida a ser inseminada e utilizaram um óvulo da loira para ser fecundado. Nove meses depois veio ao mundo a pequena Lexie Luccas Swan, uma cópia fiel de Emma. O casamento das duas era perfeito, regado de muito amor e cumplicidade e Emma sempre fazia de tudo para deixar sua linda esposa feliz. Até que quando Lexie estava prestes a completar cinco anos, Ruby foi vitima de uma grave acidente de carro, com a força do impacto, o veículo explodiu sem dar nenhuma chance para a morena escapar. Desde esse dia a Emma Swan alegre, bondosa, sensível deixou de existir, dando lugar a uma mulher amarga, insensível e de certa forma c***l, que todos temem. As únicas pessoas que a loira demonstra um pouco de carinho são Granny que Emma ama como a uma mãe, Paloma a irmã de sua esposa e sua pequena Lexie.”
- Minha querida, eu sei que é difícil, mas você precisa deixar minha neta descansar. Ela amava vocês mais que tudo na vida e tenho certeza que era de sua vontade que você seguisse em frente por sua filha e por você mesma. – Insistiu em um assunto que sempre deixava a loira irritada.
- O que você quer dizer com isso Granny? – Perguntou Emma levantando-se, pois já sabia sobre o que a senhora iria falar. – Você está sugerindo mais uma vez que eu encontre alguém para ocupar o lugar dela, é isso mesmo? – Perguntou Emma irritada. – isso jamais irá acontecer. Por Deus! Ela é sua neta. – indagou com revolta. – Eu a respeito como uma mãe Granny, mas não vou aceitar outro comentário desses entendeu. – Falou irritada e foi em direção a porta.
- Onde está indo Emma? – Perguntou já sabendo a resposta. – Você acha que o que vai fazer agora é certo Emma? Você diz que não quer ninguém no lugar da Ruby e fica usando aquela garota para satisfazer seus instintos. Você acha que assim está respeitando a memória da minha neta ou se respeitando? – Swan nada respondeu e saiu do quarto batendo a porta. Granny respirou fundo, pois já sabia o que viria a seguir. Se pelo menos isso fizesse Emma feliz, porém no dia seguinte a loira iria se sentir um lixo como sempre acontecia.
Emma passou no escritório, pegou mais uma garrafa de whisky e foi em direção a cozinha, encontrando apenas Belle no ambiente.
- Onde está Lily. – perguntou Swan.
Belle sempre teve medo de sua patroa, sempre conheceu essa versão arrogante da loira, já que quando veio trabalhar na fazenda a um ano atrás Emma Swan já era essa pessoa severa. E por azar estava apenas ela na cozinha, como sempre, ficou sem fala na presença de Emma, não conseguiu responder a pergunta da patroa.
- Estou falando com você garota. Perdeu a língua? – Bradou Swan.
- Não senhora. – Respondeu com a voz trêmula.
- Então responda minha pergunta sua inútil. – Continuou gritando.
- No quarto, patroa. – respondeu quase em um sussurro.
Emma saiu andando sem proferir mais nenhuma palavra. Entrou no quarto da garota que já a estava esperando completamente nua. Lily sempre fora apaixonada por Swan, mas a loira nunca lhe deu atenção, pois, jamais olhou outra mulher enquanto Ruby estava a seu lado. Mas após a morte da esposa, a serviçal se jogou nos braços da patroa na primeira crise dela e pouco se importava se a loira só a procurava para o sexo, tampouco se importava com a forma rude com que Swan a tratava. Emma deu um longo gole na bebida, no gargalo mesmo e trancou a porta atrás de si.
- Eu estava a sua espera como sempre patroa. – Disse Lily, mesmo sendo o refugio para os desejos de Emma, a loira nunca permitiu que fosse tratada de outra forma pela serviçal.
- De quatro. – Emma ordenou e foi atendida prontamente.
A loira tomou mais um gole da bebida, pôs a garrafa em uma mesa que havia no canto e foi em direção a Lily na cama.