Capítulo 02

1299 Words
Mãe da Laís narrando A reunião com o detetive havia sido marcada para o dia seguinte, pois era um assunto de urgência. Exatamente às dez horas da manhã. Estávamos ansiosos para saber quais eram nossas probabilidades de encontrá—la. Quando o nosso nome foi chamado pela secretária, entramos como um furacão na sala. — O que aconteceu? Fiquei preocupado pela urgência. — o detetive realmente havia se interessado pelo desaparecimento da nossa filha. — Ela nos mandou uma carta. — quando anunciei a notícia, sem prolonga—la, olhou—nos assustado. — Laís escreveu para vocês? — perguntou. — Sim. — entreguei—lhe a carta. Os seus olhos percorreram rapidamente o conteúdo da carta. Seu cenho estava franzido, parecia confuso com alguma coisa. — Ela parece estar enrolando. — comentou. — É como se ele quisesse chegar a algum lugar, mas não tem as palavras certas a serem usadas. — explicou. — Não entendo como tudo aconteceu. — falei. — Ela parecia muito feliz, principalmente com o seu relacionamento com Arthur. — É comum ela destacar a primeira letra de cada frase? — sua pergunta nos pegou desprevenido. Laís nunca teve mania alguma no ato de escrever. Sua letra sempre foi legível, mas nada em especial para ser ressaltado. O detetive comunicou ao telefone que precisaria de algum homem especializado em códigos. Não demorou nem cinco minutos para um homem que aparentava ter 30 anos adentrar a sala. Analisou a carta com precisão. Fazia algumas anotações em um bloco. — Ela estava mandando um código para vocês. — falou. "Vocês pensam que fui embora por opção minha. Mas na realidade Hugo me obrigou. Já se passaram cinco meses, desde que tudo aconteceu. Ele me trouxe Canadá, mas não sei exatamente onde estou. Gostaria de ir para casa. Não desistam de me procurar." Algo dentro de mim sempre soube que Laís não seria capaz de ir embora daquele jeito. Ela precisava de nós e agora que sabíamos que estava viva, faríamos de tudo para encontrá—la. — Vou pedir para que não contem a ninguém. — o detetive pediu. — É pela segurança da Laís. Concordamos que seria melhor preservarmos a carta e não contar a ninguém. Por mais que achasse errado não dar a notícia para dona Margott, Heitor e Arthur que sofreram tanto com a sua ausência, sabia que seria melhor para ela. Como fiquei sabendo que seria avó, meu marido e eu resolvemos passar em algumas lojas no centro para comprarmos algumas roupas de bebês e brinquedos. Aproveitamos para passar no shopping, havia uma ótima loja. O que não esperávamos é que quando estivéssemos saindo, inclusive cheios de bolsas, esbarraríamos com Arthur e sua namorada Vanessa. — Quem está ganhando bebê? — perguntou confuso, encarando as bolsas em nossas mãos. Quase que as palavras saíram da minha boca sem querer. Meu marido apertou a minha mão, fazendo—me lembrar do nosso segredo. — Uma amiga nossa. — menti. — Bacana. — Arthur falou. — Agora estamos atrasados para uma sessão no cinema, até outro dia. Após nos despedirmos, passamos na praça de alimentação para almoçarmos por lá. [...] Agora os dias costumavam passar rapidamente. Nós estávamos ansiosos por novas informações. Alguns policiais haviam ido para o Canadá, com a ajuda de policias locais do país. Agora Laís estaria com sete meses e estava louca para saber o s**o do bebê. Quando compramos as roupas, foram todas cores que dariam para ser usadas tanto por menina quanto menino. — Nós recebemos algumas denúncias anônimas no Canadá. — o detetive afirmou em mais uma das nossas reuniões. — Como eram essas denúncias? — perguntei curiosa. — Referiam—se a um rapaz que agia de forma estranha. Comprava coisas de bebê, procurava empregos. Sempre entrava na sua casa, que por sinal estava totalmente trancada e não havia sinal de outras pessoas. — explicou. — Acha que pode ser ele? — perguntei. — Vocês precisam me entregar fotos do Hugo. — pediu. O detetive já havia me pedido fotos do Hugo, mas havia esquecido de entregar, estavam dentro da minha bolsa. O mesmo analisou por alguns segundos e escaneou as mesmas, mandando para os policiais infiltrados na operação. [...] O homem que eles bateram fotos e nos mostraram, estava com a barba grande.  Todas as vezes que saía de casa estava com um boné ou toca. Isso acabou se tornando ainda mais suspeito. Como ninguém tinha certeza de quem ele era e não poderiam prendê—lo ou algo do tipo, continuaram por mais um mês com as investigações. Meu neto ou neta estava para nascer, faltaria apenas um mês. Percebia que meu marido estava ainda mais aflito do que eu. Afinal, Laís era filha única, a nossa menininha. Não suportaríamos a ideia de perdê—la mais uma vez. — Estou preocupado. — estávamos deitados na cama, quer dizer, ele estava sentado encarando um livro. — Com o que exatamente? — perguntei, sentando—me ao seu lado. — E se não for ele? — perguntou. — Se estivermos parados em cima de um desconhecido? Estaremos perdendo a chance de encontrarmos nossa menina. — Precisamos ter pensamentos positivos. — comentei. — Sei que sim. Mas é difícil. Principalmente saber disso e não poder fazer nada. — contou. Sabia dos seus medos, inclusive eram bem parecidos com os meus. Muitas vezes pensava em contar pelo menos para dona Margott, mas tinha quase certeza que ela contaria para seus filhos e ganharíamos uma enorme bronca do nosso detetive. Fomos dormir tarde da noite. A conversa acabou se estendendo um pouco mais do que esperávamos. Os meus olhos não se mantinham mais abertos. O que acabou me incomodando é que fui acordada cedo demais. Por mim continuaria dormindo mais um pouco. — Quero dormir mais um pouco. — pedi ao meu marido. — O detetive nos ligou. — ele tinha um sorriso no rosto e isso acabou fazendo com que eu perdesse o sono. — O que ele falou? Por que está sorrindo? — perguntei angustiada. — Era ele. O garoto que estava sempre disfarçado, o Hugo. — meu coração disparou quando ele contou. — Já pegaram ele? — perguntei. — Ainda não. Estão providenciando para o final de semana. — respondeu. Ele me contou toda a conversa detalhada. Havia explicado como eles tentariam prender Hugo pelo sequestro. Mesmo que agora Laís já fosse de maior, quando foi sequestrada não era. Faltavam três dias para o final de semana. A minha vontade era de pegar o primeiro avião para o Canadá. Meu marido estava nervoso o suficiente para querer fazer justiças com as próprias mãos. Peguei—o várias vezes tentado comprar uma passagem e precisei conversar de maneira calma. — Ele não irá escapar. — expliquei. — Os policiais estão fazendo um excelente trabalho. — Acredito neles. Espero que Hugo não tente nada. — sabia que na sua cabeça só se passavam coisas ruins. — Não irá ter tempo para tentar. — talvez eu estivesse mais calma que ele ou quem sabe eu só estivesse fazendo o meu papel como sua esposa. Não conseguia reconhecer o quão forte eu estava. Saber que a minha filha estava viva me dava forças para continuar e acreditar no melhor. Mesmo porque nos primeiros meses não queria saber de nada nem de ninguém. O meu quarto era o meu único refúgio. Tanto que precisei tomar muitos remédios para controlar a pressão. Normalmente não me alimentava direito, ainda estava sendo difícil viver sem ela. Até que recebemos a carta e foi como uma luz se acendesse no fim do túnel. Agora a única coisa que nos restava, era esperar pelo final de semana chegar. Por mais ansiosa que eu estivesse, precisava ser forte e conseguir aguentar esses últimos dias de sofrimento.
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