Capítulo 3 - Felipe

1114 Words
Ficar nesse hospital é puro tédio. Preciso voltar pra boca e ver o que tá rolando lá. Mas ninguém deixa. Ainda tem uma p**a de uma enfermeira que só me machuca. - Cadê minha doutora bonita? - Ela tá com outros pacientes. - respondeu puxando meus curativos. Ela não tem dó. - Porque ela só vem aqui um instante e vai embora? - Porque o trabalho dela é assim. E ela tem muitos pacientes pra cuidar. Mas não fica chateado não. Ela veio ontem e vai vir hoje de novo. Daqui a pouco ela aparece. - ela sorriu. - Ela tem namorado? Ela sorriu de novo. - Bom... Ela é nova aqui. Não a conheço bem. Mas acho que não. Pelo menos ainda. - ela me olhou com uma cara suspeita. - Porquê? - Segredo nosso. Não conta pra ninguém. - ela falou baixinho dando uma olhada pra porta fechada. - Tem um médico aqui, Doutor Renan. Ele é mais velho, e é até casado. Mas só vive de olho dela. Você precisa ver. - E ela? - ergui a sobrancelha. - Ela é muito ingênua pra perceber. Aquela menina é um doce. - ela balançou a cabeça em negação. - Mas quem sabe né? Tem cara de Santa mas ninguém sabe o coração. Vai que gosta de homem casado... - deu de ombros. Duvido. - Você é muito fofoqueira né? Nunca se meteu em encrenca com isso não? - franzi o cenho. - Eu? Magina. Só tô comentando. Algum tempo depois que ela se foi a minha doutora apareceu. Tinha um técnico de enfermagem no meu quarto e eu sinalizei pra ele sair. - Minha doutora preferida. Finalmente. - sentei na cama sorrindo. Ela ficou sem graça. A mulher só anda bonita. Meu Deus. - Só te atendi uma vez e já sou a preferida? - ela fechou a porta sorrindo. - Não tem outra como você aqui. - sorri. Ela pegou meu prontuário e ficou olhando. - Então, como vai? - Melhor agora e você? - Tô bem também. - ela continuou olhando o prontuário. - Achei que você viria ontem a noite me ver... - aproveitei a deixa pra dar umas flertadas. - Só posso visitar uma vez cada paciente. - Tô ficando com ciúmes disso viu. Ela ficou sem jeito de novo e riu. - Você é assim com todo mundo? - deixou o prontuário encima de uma mesinha. - Não. Só com quem eu me apaixono.  - dei um sorriso m*l intencionado. - Uou. Você não perde tempo. - ela ficou de novo sem graça e começou a fazer as coisas na minha perna. Sério, ela é muito atraente. Tem uma cara de gente tranquila. E é tranquila.  Quero provar um pouco dela. - Você tem namorado? Ela tava de cabeça baixa mexendo na minha perna e como se tivesse distraída, de repente levantou a cabeça. - Oi? - Já tentei te stalkear por esse hospital, mas parece que ninguém sabe me responder isso. Você tem namorado? Ela ficou vermelha. - Não. - falou baixinho e voltou a atenção pra minha perna. - Ótimo. - sorri. - Porque ótimo? - Porque você não tem desculpa pra me rejeitar. Pelo menos até descobrir sobre minha vida. Ela balançou a cabeça em negação sorrindo. - Você não tem jeito né? - O único jeito é tu aceitar vir me visitar de noite. Eu não sou de desistir fácil, tá? - Não posso. - falou a capricho. - Mas quer. - mexi minha sobrancelha e ela abaixou a cabeça balançando de novo com um sorriso engraçado no rosto. Antes que ela falasse alguma coisa minha irmã entrou na sala. - Oiiiiii feioso. - ela veio até mim. - Eaí feiosa? - ela me deu um abraço de lado. - Como cê tá? - beijou minha cabeça. - Tô querendo ir embora. Dor da p***a nessa perna. Ainda bem que tenho essa doutora pra cuidar de mim. Aliás, Essa é minha irmã doutora, Brena. Ela olhou pra Brenda e sorriu dando um oi. - E essa aí, Brenda, é minha futura namorada. Doutora Gabriela. - já falei pra ela ficar esperta. A doutora arregalou os olhos vermelha. - Se assusta não. Ele é assim todo dia. - minha irmã falou a ela rindo. - Que dia tu volta pra casa? - Não sei. Vão fazer uma cirurgia na minha perna. Tá quebrada. - Mas volta logo? Ela tava esquisita. - Sim, porque? - Tamo precisando de você lá. As coisa tão meia fora do trilho... Eu sabia... - Fala pro Davi vir cá. Pra eu trocar umas ideia com ele. - Tá bom. Mas esse é o problema mesmo. - Como assim? - comecei a esquentar. Ela olhou pra doutora como se tivesse sem querer falar isso na frente dela. Mas fazer o quê? Quando eu tô com problema nem ligo pra quem tá por perto. - Ele tá torrando tudo na boca. - Como assim Brenda? - minha cabeça começou a esquentar. - Ele disse que como cê não tá lá o lucro é todo dele. Que ele é o chefe agora. Eu dei uma gargalhada. Esse cara tá querendo morrer mesmo. - Cê tá zuano né? - Não. Ele disse isso pra mim. Quando fui lá ver como as coisa tava. Ele falou que eu não sei de nada. - Fala pra ele que o pé dele tá na cova. Se ele não passar tudo pra você a coisa vai ficar preta quando eu voltar. - passei o recado bem irritado. - Tá bom. - Bom, já terminei por aqui. - a doutora levantou guardando as coisas que tava usando. - Já, meu bem? - sorri e ela ficou sorrindo sem jeito. - Ele não vai parar. - minha irmã avisou rindo. - Percebi. - ela abriu a porta. - Foi um prazer Brenda. Tchau pra os dois. - saiu do quarto. Essa doutora vai ver quando eu pegar ela de jeito... - Deixa a coitada em paz. Você sabe o problema que deixou lá no morro. - revirou os olhos sentando na poltrona. - Que problema? - A Ranyelle, é claro. Garota chata dos infernos! Toda hora vai perguntar onde é o hospital que você tá. - Ela é minha namorada. Cê quer o quê? - Você nem sabe escolher mulher velho... Eu odeio ela. - Não tenho culpa se ela já te encheu de tapa na escola. Cê sabe que são negócios. - Não vai mais ser se o Davi tomar o seu lado do morro. - Davi tá morto Brenda. É só eu sair daqui e ele não parar de gracinha. Eu mato ele. Pode anotar.
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