Episódio 2

1495 Words
— Você já chamou a polícia? A loira ajeitou os seus cachos exuberantes no espelho, olhando de soslaio na minha direção. Continuei tentando ligar para o meu irmão. Mais, parece impossível. O desespero estava me consumindo por dentro. Quais eram os planos do homem para hoje? Claro, é melhor passar a noite na companhia de uma beleza estonteante do que tentar me ouvir como ser humano e resolver o problema. Agora, na presença dessa garota, tenho certeza de que não tenho nenhuma chance de alcançá-lo. O que fazer? — Margot, pensei ter pedido para você cuidar do apartamento. Você mora perto. É complicado? — Voltei da República Dominicana esta manhã. Eu escrevi para você, lembra? Damião não respondeu, levando o smartphone ao ouvido. — Ótimo, Sergio. Mais uma vez, feliz aniversário para você. Algumas circunstâncias surgiram aqui, contarei mais tarde. Estaremos um pouco atrasados. Me dei conta. Não roubei nada aqui, não danifiquei nada. Eu tinha algum dinheiro sobrando. Olhei ao redor do corredor, papel de parede claro, guarda-roupa alto espelhado, prateleiras de madeira. O interior é simples, mas me apaixonei imediatamente por ele. Na primeira noite chorei no travesseiro e repeti para mim mesmo: estou em casa, estou segura. Eu absolutamente não queria perder este apartamento! O que fazer? As dúvidas me despedaçaram. Mordi os meus lábios até sangrarem. Não quero, não quero acabar na rua. Por que o meu irmão não atende o telefone? Talvez ele me ajude a encontrar esses charlatões mais tarde e eles devolvam pelo menos o meu dinheiro que eu paguei pelo apartamento? Agora só precisava evitar ser pega pela polícia. — Escute, Damião.Posso pagar pelos danos, limpar e ir embora. Eu disse, tentando parecer confiante. Mas a julgar pela sua expressão indiferente, minha proposta falhou. — Quanto? A loira riu, olhando para minha capa com desgosto. — Nem a sua vida não será suficiente para pagar por isso. O homem a cercou com um olhar severo. — Margot, você pode ir. — Eu vou esperar. Não quero aparecer sem você. Ela se aproximou do homem, ajeitou a camisa amassada no seu peito e abriu um caminho direto para mim até a porta. Sem perder um momento, corri para frente. Mas Damião, aparentemente, trancou a porta, fechou a fechadura em três voltas, e me agarrou pela cintura antes que eu pudesse fugir. Dro*ga, dro*ga, droga! Damião me empurrou para dentro da sala, caí de cabeça no sofá. Os meus olhos ficaram embaçados com a colisão e as lágrimas começaram a fluir. A mão dele agarrou meu ombro tenazmente, me virando. — Se você sair do sofá, vou amarrá-la. Ele rosnou na minha cara. — Fique quieta. — Ok. Eu concordo, foi um ato precipitado. Atrás dele, como se nada tivesse acontecido, a loira escrevia uma mensagem para alguém. Fiquei paralisada de desesperança. Uma umidade ardente desceu pelo meu rosto. — Dinheiro, eu pago... Murmurei, alcançando a cômoda onde o escondi. — Eu não preciso dos seus centavos. Quero colocar você e aqueles que fizeram este acordo atrás das grades. Em algum lugar do apartamento, uma janela quebrou com um estrondo, como se algo pesado tivesse sido atirado nela. — Que dia*bos? Você ligou para o seu cúmplice? Ele arrancou o telefone das minhas mãos e na saída do quarto disse para a loira: Cuidado com ela. Ela caminhou imponentemente até a porta que dava do quarto ao corredor, fechou e girou o trinco. — Dê-me o dinheiro e deixo você escapar pela janela. Minhas lágrimas desapareceram imediatamente. Por um momento, meus pensamentos entraram em curto-circuito. O que ela disse? Eu não ouvi? — Mais rápido, vamos, não diminua a velocidade! A loira sibilou como uma cobra. — Ele estará de volta em breve! Para onde foram sua educação e graça? Em um segundo, ela deixou de ser uma modelo chique e se tornou uma bruxa m*alvada. Por que ela nem se encolheu quando a janela do quarto ao lado quebrou? Porque Damião estava atrás dela e ele não a viu? E porque ela sabia o que aconteceria? Suspeito, muito suspeito. — Eu não vou te dar nada! Eu disse, levantando-me do sofá, cerrando os punhos, como se segurasse a minha autoconfiança indescritível. Uma coisa é pagar ao dono para me deixar sair tranquilamente com as minhas coisas, e outra coisa é dar tudo para você. — Você não vai me dar? Então pule pela janela. Ela acenou com a mão em direção à rua e se aproximou de mim. — Bem, você sabe! Pular da janela do segundo andar de chinelo, sem telefone e sem dinheiro? Ah, e sem calças! E para onde ir então? Ir direto para a pista? Mas a garota avançou resolutamente em minha direção, deixando-me completamente confusa. Os olhos brilhavam predatoriamente, como os de uma hiena. Por que é tão importante para ela que eu fuja? Ela certamente não está me ajudando por solidariedade feminina! — Não é assustador acabar atrás das grades? Ela curvou os lábios carnudos em um sorriso feio. — Não é tão r**m quanto quebrar as pernas! Ela riu, abriu a porta do armário, tirou alguns lençóis e jogou-os em mim. — Se apresse! Peguei-os, endireitei-os rapidamente e amarrei-os, sem tirar os olhos da cômoda. Ali, numa caixa de blocos, estão vinte mil. Seria o suficiente para mim pela primeira vez. Amarrei a ponta de uma corda improvisada na lareira e corri para a cômoda. — Vou apenas colocar um short. Disse para ela, olhando de soslaio para a comôda. Embora eu não tenha certeza o porque ela está me ajudando. A porta tremeu quando a maçaneta foi puxada com força. O rugido ecoou pânico em mim, cuja explosão quase rasgou o meu peito. M*alditos shorts! Puxei a gaveta onde estava o dinheiro, com dedos travessos procurei a caixa no meio da pilha de roupa suja, e algo pesado bateu no meu lado, empurrando-me com a determinação de um trem. Pelo canto do olho vi como dedos hábeis com garras afiadas agarrarando a caixa. — Hmm, não dá nem para sapatos normais. A loira murmurou baixinho e enfiou o dinheiro na bolsa, de onde tirou uma faca dobrável e acenou com a mão para a janela. Isso não, isso não... Um arrepio percorreu o meu corpo até os ossos. O medo cortou os meus nervos com lâminas invisíveis. Há apenas duas semanas quase fui cortada em pedaços com uma faca semelhante. Nas mãos de uma mulher parecia selvagem, e fiquei ainda mais convencida de que Damião havia aquecido uma cobra no peito. Memórias apareceram diante dos meus olhos, confundindo o mundo ao meu redor. Aqui está um homem em quem eu confiava, a quem eu amava, durante uma briga, ele me bateu com o punho na mandíbula, fazendo com que faíscas saíssem dos meus olhos, tirando a consciência por alguns momentos. Acordei no chão e ele estava em cima de mim, não foi o suficiente para ele, ele apenas começou a expressar as suas emoções. E seu olhar louco e insaciável confirmou que ele gostava muito do método. E ele realmente não gostou da maneira como eu terminaria com ele mais tarde. Não gostou, tanto que da próxima vez que nos encontramos, ele estava com uma faca na mão. — Margot! Demião gritou, empurrando a porta novamente. — Espere! Ela está mudando de roupa. Respondeu a loira. O homem, claro, não vendo o que estava acontecendo, ficou surpreso. Parou de puxar a maçaneta. E os lábios da garota se abriram num sorriso insidioso. Eu não posso passar por ela. Foi o cúmplice dela quem jogou algo na janela para distrair o dono do apartamento? Por um momento, tive a impressão de ter me tornado a heroína involuntária de uma apresentação cuidadosamente planejada. Por um segundo o pensamento apareceu e desapareceu, foi como se alguém tivesse acendido uma luz vermelha de emergência na minha cabeça, o meu corpo todo tenso, os meus nervos à flor da pele, porque a loira estava se aproximando, claramente indo me empurrar para fora da janela, independentemente de eu querer ou não. As lágrimas que surgiram estavam endurecidas sob os cílios devido a uma onda de raiva ardente. Sim, não vou me deixar jogar na rua sem um centavo no bolso! Olhei rapidamente ao redor da sala, pensando freneticamente em como irritar a garota. Nada, simplesmente nada. Ainda não tive tempo de comprar nem um pequeno vaso de flores para agradar no parapeito da janela. — Quanto tempo vai ficar aí? Demião estava perdendo a paciência. Por que ela faria isso? Não havia razão, simplesmente não havia razão, mas havia uma boa razão. Muito pesada. Pois ela, completamente zangada, avançou decididamente na minha direção, como se realmente pretendesse enfiar uma faca no meu estômago. E então ela dirá que estava se defendendo. Quem vai acreditar em mim, uma garota com documentos falsos? — Salte pela janela. Fora. Fique sem telefone, sem documentos, sem dinheiro, numa cidade desconhecida. Apenas com chinelos, bermuda, camiseta e capa de chuva leve.
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