Capítulo Dois

3618 Words
        Um pequeno e fofo pardal pousa no parapeito da janela do quarto de Anneliese e ao ver a cortina balançar do outro lado da janela, o pequeno pássaro fica curioso e começa a bicar o vidro na tentativa de pegar aquele pedaço de pano vermelho que o seduz com um leve balançar.            Com as batidas incessantes na janela, Anneliese acaba sendo desperta, ao esfregar os olhos ainda sonolenta e tatear o chão a procura de seu celular, acaba percebendo que faltava apenas dois minutos para o despertador tocar. Ao levantar da cama, Anneliese abre a cortina e se depara com o pardal, que ao perceber olhos humanos em si abre as asas e sai voando rapidamente.  -Se perdeu da gravação de algum filme de princesas. -Anneliese sorrir ao encarar a janela. - Ou talvez eu seja uma princesa.      Deixando de lado a imaginação, Anneliese troca seu pijama, que anteriormente era uma roupa de festa, mas depois de anos, ganhou alguns furos e mancha e foi relocada para ser pijama; por uma blusa preta e uma calça jeans também preta e depois de pegar um pacote de biscoito recheado desce de seu apartamento e vai ao bicicletário.      Como havia combinado na noite anterior com sua mãe que iria almoçar com ela, preferiu não comer muito no café da manhã para deixar bastante espaço para a famosa macarronada de sua mãe, então teria que contentar durante toda a manhã com apenas biscoito recheado e muitos goles de água.     A parte da manhã passou rapidamente e logo Anneliese estava indo ao mercado para comprar refrigerante para o almoço. Por estar com sua bicicleta e ter muito medo que alguém a roube, Anneliese preferiu ir em um mercado alguns metros mais longe de seu local de trabalho, apenas para garantir que seu meio de transporte ainda estará a sua espera quando sair do estabelecimento.Anneliese passa pelos corredores a procura da seção de refrigerantes e na volta entra em todos corredores e analisa as prateleiras a procura de alguma sobremesa que chamasse a sua atenção e depois de tantas voltas acabou optando por sorvete de flocos e no momento que ia seguir ao caixa, passou pela seção de frutas e verduras e não resistiu a tentação de pegar um cacho de uvas.      Não há nada que Anneliese goste mais do que uvas. O seu amor é tanto que seria capaz de comer apenas uva o dia todo e não enjoar. Quando ela era criança, seus pais a apelidaram de uvinha, já que enquanto todas as crianças pediam doces e balas, ela pedia uva. Mas nunca refrigerante sabor uva ou suco de uva, apenas a fruta em si. A mãe de Anneliese brincava que ela acabaria ficando com a pele roxa. Mas depois de 25 anos isto ainda não aconteceu e ela acha improvável que ocorra.       Anneliese tira o cadeado de sua bicicleta e coloca suas compras na cesta da mesma. Pegando o prendedor de cabelo e fazendo um r**o de cavalo alto, Anneliese sente que o brinco da orelha esquerda caiu. O par de brincos foi comprado com o primeiro salário que ela recebeu em sua vida e por isto tem um valor sentimental. Na época ela recebia apenas um salário simbólico e não era o suficiente para comprar um bom par de brincos, então depois de muita pesquisa encontrou o par ideal,  era duas argolas pequenas com uma pedra azul cada e que imitavam uma joia autentica e mesmo depois de anos ela fala para as pessoas que são verdadeiros diamantes. Olhando para o chão, ela procura pela peça, mas não a encontra em lugar nenhum.  -d***a. -Anneliese olha as horas. -Terei pouco tempo para o almoço e ainda pedir meu brinco.  Determinada a chegar logo na casa de seus pais, Anneliese decide pegar um atalho e pedalar o mais rápido que puder. Não havia quebra-mola que forçasse ela a diminuir a velocidade ou cruzamente que a fizesse prestar atenção na pista.  Ao som de Michael Jackson no fone de ouvido, Anneliese se sentia mais animada a pedalar toda vez que Michael perguntava se Annie estava bem. Ao se aproximar de uma rua, Anneliese ao não ouvir nenhum barulho de carro próximo, continua pedalando rapidamente, até que ao se aproximar da rua, um carro aparece na esquina, com o pensamento rápido ela consegue frear a bicicleta e desliza um pouco de lado, mas consegue manter o equilíbrio e no exato momento que seus pés pisam no chão, ela é capaz de ouvir seu próprio coração batendo freneticamente.  -Olha por onde anda. -O motorista do automóvel abre a janela do lado do banco do passageiro e grita com Anneliese antes de seguir viagem.  -Quase que eu fui conhecer Michael Jackson pessoalmente. -Anneliese tira um lado do fone, a qual continua tocando o rei do pop, e olha ao seu redor. -Adoraria te conhecer Michael, mas não agora. Tenho muitas coisas para realizar.       Logo após se acalmar, Anneliese sobe novamente na bicicleta e com mais cautela volta o percurso para a casa de seus pais. Ao se aproximar de sua antiga moradia, há 3 km de distância, ela passa em frente a sua antiga escola e vê a bagunça dos alunos sendo liberados da aula e todos ansiosos para chegarem em casa logo para poder ver televisão ou até mesmo jogar videogame. Anneliese em seu tempo de escola sai correndo depois da aula para chegar a tempo de almoçar e assistir desenho animado. Nada era mais divertido do que sentar no chão da sala com um prato de comida quentinho e um copo gelado de suco artificial de limão e cantar a música de a******a do desenho.        Mesmo se ela fizer isto em dias atuais, sabe que não será tão divertido ounostálgico quanto era na época. Quando se é criança tudo é dez vezes mais empolgante. Depois que cresce e fica adulto as preocupações não lhe deixam aproveitar 100% dos momentos de lazer.         Mas determinada a não deixar as chatices adultas atrapalhar seu momento em família. Anneliese aumenta o som em seu celular e a voz rouca e característica de Bryan Adams ecoa por seus tímpanos.       Ao passar em frente a escola, Anneliese diminui a velocidade por ser uma região escolar e sempre ter alunos mais energéticos que atravessam a rua sem olhar. Parada colada ao meio fio em frente a faixa de pedestre esperando os alunos atravessarem a rua, Anneliese está batendo os dedos freneticamente em sua coxa esquerda no ritmo da música de Bryan Adams, ela está tão distraída e absorvida na canção que não percebe um carro desgovernado se aproximando a toda velocidade em sua direção e quando ela finalmente percebe é tarde demais para escapar e com um estrondo ensurdecedor, com barulho da borracha do pneu arrastando no chão, a lataria do carro acertando em cheio a bicicleta de metal e as testemunhas gritando horrorizadas, a última coisa que Anneliese escutou foi Bryan Adams falando: “Aqueles foram os melhores dias da minha vida”; e depois de tudo a escuridão tomou conta de seus olhos.           Tudo ao redor acontecia de forma confusa e estranha para Anneliese. Ela se sente como se fosse uma telespectadora dos acontecimentos e não uma das peças principais do acidente. Os olhos embaçados não deixavam que os rostos tomassem forma e ficassem nítidos, tudo que estava a sua frente eram vultos e luzes piscantes coloridas.         De forma bem distante, quase como o bater de asas de um inseto, Anneliese ouvia que alguém dizia algo, mas as palavras não tomavam forma e não fazia sentido.       A angustia e o medo começam a se instalar em cada célula do corpo de Anneliese quando ela percebe que seu corpo não responde aos seus comandos.        Automaticamente lágrimas começam a se formar em seus olhos e sem nenhum aviso prévio as mesmas escorrem sem controle algum sobre suas bochechas. Tudo que ela quer é pedir por ajuda, mas não consegue mandar em sua boca e aos poucos o que restava de sua visão começa a se despedir e a vida dar lugar a escuridão. Para sempre.  2 anos depois:            Anneliese lentamente abre os olhos e tudo que consegue ver é a escuridão da noite, ela então vira o corpo para uma posição mais confortável e volta fechar os olhos para dormir novamente. Mais tarde quando acorda, os olhos demoram alguns segundos para acostumar com a claridade.  -Por que eu estou debaixo da cama? -Anneliese se depara com as madeoras de sua cama e rola para fora da cama. -Que loucura.         Já em pé, Anneliese despreguiça e boceja. Olhando para o seu quarto ela percebe que alguns itens de decoração mudaram e até mesmo alguns móveis são diferentes. Confusa, ela observa melhor ao redor e da cozinha escuta um barulho de panela.         -Mãe. -Anneliese sai do quarto que já estava com a porta aberta. -Por que mudou os móveis do meu quarto?  Ao chegar à cozinha, Anneliese ver uma mulher de costa, de estatura menor que sua mãe e cabelos vermelhos que sua mãe nunca tingiu antes. Anneliese perplexa e confusa fica imóvel ao ver aquela mulher usar uma tábua de carne e cortar legumes calmamente. Quando a mulher se vira em sua direção, segurando a faca, Anneliese arregala os olhos assustada.  -Ahhhhh. -Anneliese dar um passo atrás. -Quem é você? O que faz na minha casa?        A mulher não percebe a presença de Anneliese e continua preparando seu almoço tranquilamente, enquanto Anneliese grita histérica para que a mulher responda.  -Eu vou chamar a polícia. -Anneliese palpa os bolsos a procura do seu celular. -d***a. -Resmunga ao não encontrar o aparelho.   Ao perceber que a mulher não se abalou, Anneliese avista uma frigideira sobre o balcão da cozinha a sua frente e se aproxima para pegar, mas a sua mão esquerda atravessa o cabo da frigideira. Confusa e cada vez mais assustada, Anneliese tenta por diversas vezes pegar a frigideira.  -Isto é algum tipo de pegadinha? -Olhando ao redor ela procura por uma câmera escondida. -Já perdeu a graça, tá bom? Devolvam meus móveis e vão embora.  Anneliese espera por um longo e assustador minuto que alguém se manifeste, seu pé direito bate freneticamente no chão demonstrando sua irritação, mas a mulher não se incomoda.  - Vai falar comigo agora? -Ao ver a mulher vir em sua direção, Anneliese lança seu olhar mais furiosa.           A mulher se aproxima rapidamente e antes que Anneliese possa reagir, a estranha atravessa ela por completo, para o total desespero de Anneliese.  -Como foi que você fez isto? -Compulsivamente as mãos de Anneliese tateiam o próprio corpo tentando entender o que ocorreu.           A mulher abre a geladeira e pega uma lata de suco e vira novamente na direção de Anneliese.  -Não vai fazer o mesmo truque duas vezes, né? -Assim que a mulher novamente atravessa Anneliese, ela sente todo o seu corpo gelar e assustada corre em direção a porta da sala. -Tem um fantasma na minha casa.       Apavorada Anneliese sai correndo e atravessa a porta de madeira, mas não se dar conta do que fez e contínua correndo sem olhar para trás. Anneliese apenas para de correr quando está na calçada, com as mãos nos joelhos e levemente arqueada ela respira ofegante.  -Devo procurar os Caça-fantasma? -Pergunta para si mesmo.  Em frente à entrada principal do edifício, Anneliese olha para cima e encara a sua janela onde é possível ver a sombra da mulher na cozinha.  -Preciso ir ver minha mãe. -Anneliese começa a andar em direção ao ponto de ônibus.  O ponto se encontrava razoavelmente cheio e Anneliese manteve uma distância mínima até visualizar o ônibus se aproximar. Apenas quando já estava embarcada que ela percebeu que saiu de casa as pressas e não pegou a carteira e nem mesmo a chave de casa.  -Moço, eu esqueci a carteira em casa.  Será que posso pagar amanhã? Eu juro que pago. -Anneliese está parada em frente ao condutor do ônibus. -Eu moro naquele prédio bem ali da esquina, eu pago amanhã sem falta.  Anneliese tenta convencer o motorista e já está quase desistindo e descendo do ônibus quando um rapaz entra no ônibus e passa por dentro de Anneliese.  - De novo não. -Ela fecha os olhos e respira fundo antes de virar novamente na direção do condutor. -Você não está me vendo, não é mesmo? -Ela acena as mãos em frente ao rosto do motorista e ele não demonstra nenhuma reação. -O que está acontecendo?  Anneliese passa em frente a várias pessoas e tenta pegar no ombro delas, mas sua mão atravessa os corpos com facilidade, ninguém apresenta uma reação sequer com ela balançando as mãos em frente de seus rostos.  -O que está acontecendo?       Com os olhos marejados e diversas dúvidas rondando sua cabeça, Anneliese começa a chorar. Algo que ela sempre quis evitar era chorar em público, além de achar vergonhoso, achava que isto seria demonstrar fraqueza para estranhos, estranhos estes que poderia de aproveitar de um momento de baixa guarda. Mas com seu peito angustiado e acontecimentos que não fazia sentidos, chorar era a menor de suas preocupações no momento.  -Moça, você está bem? Quer um lenço?  -Não, obrigada. -Ela esconde o rosto entre as mãos e tenta segurar o choro.  -Tem certeza? Você não me parece bem.      Anneliese seca as lágrimas com o dorso da mão e olha para a pessoa ao seu lado. Um rapaz, aparentemente de sua idade, usando uma blusa social azul marinho e uma calça preta, segura uma mochila preta por apenas uma alça enquanto olha afetivamente para ela. Com os olhos puxados não deixa dúvidas que tenha descendência asiática, os cabelos negros e liso quase cobre os olhos do rapaz.  -Você consegue me ver e me ouvir? -Anneliese sente seu coração bater mais forte com a possibilidade de uma resposta positiva. -Você é um fantasma?  -Eu sou f**o a ponto de parecer assustador? -Questiona o rapaz.  -Não, nada disto. -Anneliese balança as mãos em negativa. - É que meu dia tem sido estranho e confuso. Sinto que estou invisível.  -Não se preocupe, todos temos dias assim. -O rapaz abre um enorme sorriso mostrando seis dentes perfeitamente alinhados. -A sociedade pode ser c***l às vezes.  -Você tem certeza que todos podem me ver e estão apenas me ignorando?  - Sem emitir nenhum som, o rapaz asiático tira seu celular da mochila e vira a tela para Anneliese. Com um sorriso convicente ele abre a câmera.  -O que você ver?  -O fundo do ônibus.  -E o que mais?  -Nada. - Os olhos de Anneliese volta a encher de lágrimas e silenciosamente elas escorrem pelo rosto de Anneliese. O rapaz asiático vira a tela do celular para si e troca o lado da câmera e bate uma foto.  -Pois eu vejo uma garota que apenas está tendo um dia r**m. -O rapaz asiático mostra a foto para Anneliese.  -Tem certeza? - Na foto apenas o fundo do ônibus é visível.  -Mas é claro que te...- Ao virar a tela do celular para si, o rapaz se surpreende ao não vê-la na foto.       Por repetidas vezes ele olha para a tela do celular e para a garota a sua frente. Com toda certeza absoluta ele a ver a sua frente, mas por motivos desconhecidos ela não aparece na foto.  -Que truque é este? -O rapaz asiático coloca o celular no bolso da calça. -Você é ilusionista?  -Quem dera eu fosse. -Ela aponta para a janela do ônibus, onde apenas o reflexo do rapaz é visível.  -Acho que bati a cabeça ao levantar da cama. -Com a mão esquerda ele afaga a própria cabeça.  -Você acha que sou um fantasma?         Sem dizer uma palavra, o rapaz asiático vai a frente do ônibus e conversa com um senhor que está sentado sozinho, ele aponta em direção a Anneliese e idoso olha e acena negativamente com a cabeça.  -Definitivamente eu fiquei maluco. -O rapaz asiático para ao lado de Anneliese.  -Será que devo consultar com a psiquiatra da faculdade?  -Pode marcar uma consulta para mim também? -Anneliese sacode os ombros,tentando parecer casual.          Em silêncio, os dois ficam lado a lado durante todo o percurso até a faculdade em que o rapaz asiático estuda. Ao descer do ônibus, o rapaz olha para trás e encontra os olhos verdes e perdidos da fantasma o encarando. Ele sacode a cabeça e passa as mãos sobre o cabelo, como se para afastar a visão estranha dentro do ônibus. Ele dar as costas e segue em direção a faculdade.         Anneliese observa o garota se afastar e olha para os passageiros do ônibus seguindo a sua vida normalmente sem se darem conta da presença de uma fantasma próxima a eles. O ônibus volta a andar lentamente e juntando toda sua coragem e respirando fundo, Anneliese se joga contra a porta do ônibus. Ao fundo a esperança de Anneliese acreditou que ela acertaria a porta, mas na realidade ela atravessou a porta com facilidade.         Anneliese correu atrás do rapaz asiático, sabia que não era certo atrapalhar a vida de outra pessoa com seus problemas, mas ele parecia ser o único capaz de ajudá-la.  -Espera, por favor.  -Não me siga assombração. -O rapaz ignora a presença da fantasma ao seu lado.  -Me chamo Anneliese e você?  -Hiroshi.  -Hiroshi, eu sei que você tem a sua vida e suas obrigações, mas eu preciso de ajuda. -Conforme Hiroshi aumentava os passos, Anneliese também aumentava para o alcançar.  -Eu não estou vendo ninguém. -Hiroshi coloca as mãos sobre as orelhas. -Eu não estou ouvindo ninguém.  -Quanto mais rápido me ajudar, mais rápido se livra de mim. - Anneliese se aproxima e assopra na orelha de Hiroshi.         Determinado a ignorar a presença de Anneliese, Hiroshi tenta seguir sua agenda normalmente. Ele vai a aula de Teoria da Arte e finge não verAnneliese sentada ao seu lado lendo tudo o que ele anotava no caderno. Ele finge não a ouvir cantar, de forma bem desafinada, enquanto ele assistia a aula de Estudo das Cores e principalmente teve que segurar o riso quando Anneliese começou a fazer caretas para o seu professor de Arte Pré-Histórico.         Durante o intervalo das aulas, ao invés de ir ao refeitório, resolveu ir até a psicóloga da faculdade, a senhora Ana. Uma mulher baixinha, que usa grandes óculos de aros redondos e usa roupas tão coloridas que nunca passa despercebida pelos corredores.  -Olá, meu jovem. -Ana ajeita o ôculos sobre o nariz.  -Oi, Ana. -Hiroshi puxa a cadeira e senta em frente a psicóloga. -Estou com problemas.  -O que foi? -Ana cruza as mãos sobre a mesa.  -Fantasmas existem? -Hiroshi coloca o dedão da mão esquerda na boca e  começa a roer as unhas.  -Por que a pergunta? -A senhora pega uma caneta e uma caderneta pequena. -Está acontecendo alguma coisa?  -Supondo, repito, apenas supondo, que uma pessoa, sem explicação nenhuma, começa a ver e ouvir alguém que ninguém mais ver e escuta. - Hiroshi olha diretamente para Anneliese em pé atrás da cadeira de Ana. -Isto significa que a pessoa está enlouquecendo?  -Esta pessoa que ninguém ver, o que ela fala? -Ana começa a anotar as respostas na caderneta.  -Eu não presto muita atenção, estou tentando ignorar ela. -Hiroshi continua roendo as unhas.  -E como ela é? Está carregando correntes?  -Correntes? O que eu sou? Um doberman? -Anneliese dar a volta na mesa e  encara Ana. -Esta mulher deve está desenhando um coelho. Quer apostar?           Hiroshi balança a cabeça negativamente olhando para Anneliese, enquanto Ana continua de cabeça baixa anotando algo na caderneta.  -Olha olha, não é um coelhinho. -Anneliese coloca o rosto entre a caderneta e a psicóloga. -São patinhos fofos nadando em um lago.  -Sério? -Surpreso Hiroshi encara Anneliese, que balança a cabeça e começa a rir.  -O que foi, meu jovem? -Ana levanta a cabeça e olha para Hiroshi.  -É possível que as almas de mortos voltam para pedir ajuda? Ou azucrinar os vivos? -Desconfortável, Hiroshi se remexe na cadeira.  -Fantasmas não existem. -Ana estende as mãos e segura as mãos do aluno e aperta carinhosamente.  -Fantasmas não existem. -Anneliese imita a voz de Ana e revira os olhos. -Vou puxar o pé dela a noite.  -Não faça isto.  -Não fazer o que? -Confusa, a psicóloga olha fixamente para Hiroshi .-Nada. -Responde rapidamente.  -Hiroshi, você só está tendo estresse da semana de provas, é normal. -Ana abre um sorriso amarelo. - Você está sobrecarregado e acaba tendo algumas alucinações.  -Então depois das provas, ela vai desaparecer?  -Sem dúvidas. -Ana solta as mãos de Hiroshi. -Apenas relaxe e se distraia.  -Você acha mesmo que irei desaparecer? -Anneliese segue Hiroshi pelo corredor depois de saírem da sala da psicóloga.  -Não me parece uma má ideia. -Hiroshi para de andar e vira para olhar para a fantasma.  -Por que só eu posso te ver? -Hiroshi olha fixamente para o rosto de Anneliese e se surpreende com a beleza exótica dos olhos verdes da fantasma. -Você tem lindos olhos.  -Não é o momento para paqueras, Hiroshi. -Anneliese tenta dar um t**a no ombro esquerdo do garoto, mas sua mão atravessa o corpo dele.  -O que? Eu não estou lhe paquerando. -Envergonhado Hiroshi esfrega a mão direita sobre os fios negros de seu cabelo.  -Você vai me ajudar ou não? -Anneliese cruza os braços.  -E o que você quer eu faça? Um exorcismo?  -Eu não sou uma assombração. Mas também não sou uma humana. -Com as mãos atravessando a parede de tijolos do corredor. -Eu não sei o que sou e preciso da sua ajuda, Hiroshi.  Por favor.  -Eu não posso ajudá-la. Me desculpe. - O rapaz asiático dar as costa a fantasma e começa a andar para longe dela.  -Por favor. -Imóvel e cabisbaixa, Anneliese observa Hiroshi se afastar.  -Me desculpe. -Hiroshi não olha para trás e segue em frente.
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