To London

1713 Words
Bia    Quando cheguei em casa o silêncio reinava evidenciando que Clair ainda não havia chegado da escola. Eu estava tão feliz que m*l cabia em mim, coloquei a minha mochila no sofá e peguei meu notebook que estava na estante para ler o e-mail que Miranda havia me envido sobre a tal família Parker... Eu já havia ouvido esse nome em algum lugar...  O e-mail era bem detalhado, com algumas fotos da família, casa e do meu futuro quarto. Eles pareciam uma típica família britânica feliz. Junto ao e-mail também estavam as regras do programa, aconselhamento e a data da minha viagem marcada para daqui a umas semanas.   Foi vendo as fotos da família que eu descobri aonde havia ouvido o sobrenome "Parker", de acordo com o e-mail o filho mais velho do casal se chamava Thomas Parker, na foto o reconheci de um filme que eu assisti a um tempo com a minha mãe, lembro que na época ele era o maior crush da minha vida! Continua um gato...   Fiquei em choque por um tempo digerindo a ideia de que eu passaria 1 ano morando no mesmo teto que ele e a família dele. Se eu não morasse em apartamento já teria saído gritando igual louca pela casa inteira!  Eu estava sorrindo a tanto tempo que já estava até dando câimbra, me levantei e fui até o meu quarto com a minha bolsa, coloquei para tocar No Mundo Da Lua, peguei a minha mala de viagem que estava embaixo da cama e comecei a procurar roupas no meu guarda-roupa para colocar dentro. Estava tão distraída com a música e com minhas expectativas com a viagem que nem ouvi quando Clair chegou, quando virei para colocar um casaco na mala ela estava em pé atrás de mim. Meu coração veio na boca com o susto.  _Sai assombração! Quer me matar do coração Clarissa?? Meu Deus... -Até a minha respiração estava ofegante.  _Eu te chamei umas duas vezes, você que é surda e não ouviu. O que está fazendo? -Perguntou jogando a bolsa na cama dela, tirando os tênis, em seguida se jogando na cama também e colocando os pés na parede.  _A Miranda finalmente arrumou uma família, meu voo é daqui a uma semana. -Respondi tentando prender o meu cabelo em um coque.  _Sério? Finalmente vou ter o quarto todo só pra mim por um ano inteiro!   _Finalmente vou passar um ano sem te ouvir roncar!  Clar olhou pra mim com os olhos cerrados e jogou o travesseiro no meu rosto, mas consegui pegá-lo e jogar nela.  _Sei que vai sentir minha falta. -Disse mostrando a língua para ela.  _Pior que vou... Em falar em saudade, tem falado com o papai?   _Não... E você?   _Ele me ligou no caminho pra casa, falou que tá com saudade que quer que eu vá passar um fim de semana com ele e com a Sheryl, a ladainha de sempre.  _Você vai? -Perguntei deitando ao seu lado e colocando o pé na parede como ela.  _Não sei, acha que eu deveria ir?  _Sei lá, acho que acima de tudo ele ainda é o nosso pai.  _Ele traiu a mamãe Bia, com aquela cobra, isso é algo imperdoável. -Clar me olhava com indignação.  _Eu sei... Vem cá... -A puxei para que ela deitasse no meu peito enquanto eu brincava com os cachos do seu cabelo. -Tenta dar uma chance, sabe que a mamãe quer que você tente.  _Não prometo nada.   _Tá bom teimosa, quer assistir um filme?  _Não vai arrumar a mala?   _Tenho tempo ainda, podemos assistir Vingadores.  _Você definitivamente sabe como me animar! -Disse me olhando com um sorriso no rosto.   Quebra de Tempo    Os últimos sete dias foram totalmente de preparativos para a viagem, fazendo as malas, correndo atrás de visto e toda a documentação necessária. Eu estava no meu quarto terminando de arrumar a minha bagagem de mão enquanto Clair apenas observava sentada na cama, quando a nossa mãe entrou no quarto, ela estava segurando uma caixa com uma fita azul envolta.  _Trouxe um presente pra você... -Disse timidamente se aproximando de mim e me entregando a caixa.  _Não precisava mãe. -Sorri pegando a caixa e tirando a fita.  _Na verdade acho que precisava sim...  Dentro havia várias caixas cheias de filmes para a Polaroid, eu abri um sorriso tão grande ao ver isso que por pouco não rasgou a minha cara. Eu havia colocado alguns pacotes na minha mala, mas no fundo eu sabia que não durariam nem uma semana.  _Você parece que come esses filmes então achei melhor comprar bastante para você usar na viagem já que você também não desgruda dessa câmera mesmo o seu pai tendo te dado uma câmera muito melhor que deve valer o preço do nosso apartamento.  _Obrigado mãe... -Coloquei a caixa sobre a minha cama e pulei em seus braços a abraçando com força. -Vou sentir sua falta... -Minha voz era abafada por estar contra o seu ombro.  _Também vou sentir saudades princesa... -Disse me apertando mais forte. -É bom você dar um jeito de me avisar quando chegar lá.  _Pode deixar, vou mandar sinal de fumaça. -Respondi a soltando e fazendo ambas rirem.  _Falou com o seu pai sobre a viagem? -Perguntou enquanto eu colocava os filmes na minha mala já que não serviriam na bagagem de mão.  _Falei, ele disse que adoraria me levar ao aeroporto, mas tinha uma reunião importantíssima na qual ele não poderia faltar, mas que depositou uma quantia em dinheiro na minha poupança para me ajudar com a viagem. -Respondi revirando os olhos e pegando a minha câmera digital que estava no criado mudo.  _Lamento por isso querida...  _Ele é um grande i****a. -Disse Clair revirando os olhos.  _Clarissa! Mais respeito. -Repreendeu nossa mãe.  _Não, tudo bem, quando ele morava com a gente eu também m*l o via, então não faz muita diferença agora. Ainda acho que ele me deu isso daqui para compensar os anos de ausência paternal. -Disse dando um riso nasal e colocando a câmera na minha bagagem de mão.  _Por isso usa mais a Polaroid que eu te dei?   _Também. -Respondi sorrindo.  _Ela gosta de coisas antigas. -Clair levantou da cama indo até a nossa prateleira de livros. -Até os livros dela tem cheiro de século 19.  _Não são velhas. -Revirei os olhos dando risada. -São vintages.  _Velhas com um nome chique!  _Bom, pronta para ir querida? -Perguntou a minha mãe me ajudando a fechar a última mala.  Apenas respirei fundo e assenti com um sorriso enorme no rosto. Como estava um pouco frio peguei a minha jaqueta de couro preta antes de sairmos, até porque se aqui já estava frio imagina em Londres?!.  Minha mãe e Clair me ajudaram a levar as malas até o carro e foram comigo até o aeroporto. Eu estava sendo consumida pelo meu nervosismo e ansiedade, minhas mãos suavam mesmo estando frio, m*l conseguia ficar parada, tinha que ao menos ficar balançando a perna para não surtar, tirando o fato de eu estar com um frio na barriga tão forte que parecia que eu havia comido um saco de gelo.  Depois de mais ou menos duas horas de viagem até o aeroporto internacional, nós finalmente chegamos. Minha mãe estacionou o carro e me ajudou com uma das malas, Clair pegou a outra é eu fui com a minha bagagem de mão que continha basicamente o meu notebook, câmera, carregadores, fone e apenas uma caixa de filmes para a Polaroid.  Despachamos as malas e elas vieram comigo até a área de embarque onde já havia uma fila para embarcar.  _Nervosa? -Perguntou Clar.  _Não, o que você está vendo é uma mulher tremendo de confiança. -Respondi rindo.  _Vai dar tudo certo filha, mas não esqueça de avisar quando chegar lá, e de se agasalhar bem e de se cuidar... -Ela m*l havia terminado de falar e já estava chorando.  _Mãe... -A abracei com força já chorando também. As mulheres da minha família tinham uma grande fama de terem corações de manteiga e chorarem por tudo, ah e de serem azaradas, mas isso é assunto para outra hora.   _Bia...   Quando soltei a minha mãe e olhei para Clar ela também já estava com os olhos cheios de lágrimas, me aproximei e a abracei com força quase a tirando do chão.  _Se cuida Clair, não faz nenhuma merda enquanto eu estiver fora e se você mexer nas minhas coisas eu mato você quando eu chegar. -Disse rindo e chorando ao mesmo tempo.  _Só nas maquiagens... -Respondeu no mesmo estado que eu.  Depois de muitas lágrimas e abraços eu finalmente entrei na fila de embarque com a maquiagem já toda borrada. Antes de entrar acenei para elas com um enorme aperto no coração e segui em frente.  Quando entrei no avião o frio na minha barriga pareceu triplicar já que era a minha primeira vez em um avião, fui até o meu lugar, guardei a minha bagagem e sentei no meu lugar para a minha sorte -ou azar, depende do ponto de vista.- ficava na janela.   Enquanto eu observava as luzes da pista em contraste com a escuridão da noite lá fora alguém sentou ao meu lado. Me virei e vi que se tratava de uma garota ruiva que parecia ter mais ou menos a minha idade.  _Boa noite. -Disse sorrindo gentilmente.  _Boa noite. -Respondi retribuindo o sorriso.  _Primeira vez em um avião?  _Tá tão na cara assim? -Perguntei rindo sem graça.  _Acho que só pra mim, porque também é a minha primeira vez! -Ela parecia tão empolgada quanto eu. -Alias, meu nome é Caroline, mas pode me chamar de Carol.  _Prazer, o meu é Beatriz, mas pode me chamar de Bia.   _Então Bia, férias? -Perguntou prendendo os seus cabelos ruivos em um coque.  _Não, intercâmbio, vou ser Au Pair e você?   _Não brinca! Eu também! Olha isso é muito o destino! -Disse rindo me fazendo rir também.  Ficamos conversando por horas a fio até ela pegar no sono, ela era meio doida igual a Beca, mas acabamos nos dando muito bem e até trocando números de telefone, incrível como as vezes nos damos tão bem com alguém em pouco tempo...  Enquanto o sono não chegava em mim, fiquei observando as nuvens do lado da fora e imaginando como a minha vida seria nesse um ano...
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