"Eu me lembro de anos atrás
Alguém me disse que eu deveria ter
Cuidado quando se trata de amor, eu tive."
Depois de tanto me debater, por fim desisto e me permito ser levada. Algo em meu estômago não parece bem.
- Srta. White? - Procura pelos meus olhos.
- Eu preciso vomitar. - Ele me solta e pega as chaves do Porsche.
Estamos no estacionamento e procuro desesperadamente um lugar que não seja um desses carros bacanas para vomitar. Ele aparece atrás de mim e me leva até uma área repleta de terra.
- Aqui. - Aponta e eu o afasto. Meu estômago dói e sinto como se estivesse retirando todo fluído do meu corpo nesse momento.
- Cristo, mulher. - Suas mãos agarram meus longos cabelos e por fim, depois dessa humilhação eu apago por completo. Estou esgotada.
**
Acordo sentindo minha cabeça dá marteladas cada vez mais fortes.
- Srta. White? - Reconheço a voz masculina.
- Sr. Hayden o que eu estou fazendo aqui? O que o senhor está fazendo aqui?
- Não se lembra da noite anterior? Srta.White eu estava no Fuzzy e a trouxe até um hospital. Parecia alguém morta.
- Obrigada, senhor. - Digo envergonhada.
Um homem de meia idade se aproxima da minha cama e conversa algo com o senhor Hayden. Estou muito embaraçada para dizer alguma coisa. Tenho certeza que depois da cena que eu presenciei no escritório, e após o meu vexame na boate, irei ser demitida.
- Pode ir para casa. - O médico diz. m*l me olha nos olhos e eu penso que devo estar lamentável.
- Que horas são? - Pergunto enquanto puxo o lençol de hospital do meu corpo.
- Hora de alguém que deveria estar no trabalho, mas como a senhorita quase morreu em meus braços, fique em casa. Amanhã chegue cedo e vá até o meu escritório. Temos assuntos para resolver. - Sua voz não é mais sexy e sim ríspida e irritada.
- Sim, senhor. - Sinto-me humilhada.
- Meu motorista deve estar a sua espera. - Diz antes de sumir entre às portas do hospital.
Reúno todo meu embaraço e pego minhas coisas. Vejo que uma caixa grande está na mesinha branca ao lado da cama. Assim que abro vejo um vestido azul rendado e um bilhete perfumado que tem meu nome gravado com letras grandes.
" Uma roupa limpa para usar. Melhoras!"
Sorrio um pouco e deixo-me ser levada no seu Porsche preto.
Assim que chego ao meu apartamento Totó me recebe dando mordidinhas e lambidas nos meus pés.
- Oi meu amor. - O pego nos braços e acaricio seu pêlo macio. Ele balança o r**o alegremente e eu o solto para tomar uma ducha.
A água está quente e meu cheiro bem melhor do que antes. Uso alguns hidratantes e me permito adormecer. Acordo com o bip do celular.
45 mensagens da Ellie.
Céus.
Decido ligar para ela antes que a mesma chegue em meu apartamento com uma arma a fim de cometer um assassinato.
- Finalmente. Aonde você estava? - Ouço seus gritos do outro lado da linha. Minha cabeça volta a doer e pego uma aspirina.
- No hospital.
- Ai minha nossa. Você está bem?
- Sim. O Sr. Hayden estava comigo.
- Seu chefe? O gostoso pra c*****o? - Ela grita mais uma vez.
- Agradeceria se não gritasse. Minha cabeça não se recuperou da noite anterior.
- Estou indo até aí. - Ela diz e desliga.
OK.
Aproveito para colocar a ração do Totó e fazer um lanche. Minha barriga está roncando.
A campainha toca e vou abrir.
Quanta rapidez!
O sorriso que antes estava no meu rosto se desfaz completamente.
- Oi Dillan.
- Oi. Eu soube que você estava no hospital. - Ele me olha com receio. Sei muito bem o que ele quer, mas não vou voltar com alguém que me traiu com a minha melhor amiga. Quero dizer, ex-melhor amiga.
- Andou me espionando? Como vê estou muito bem. Poder ir.
- Gatinha isso foi há cinco anos. Você não pode nem pensar em me dá uma chance? - Ele fala empurrando a porta.
Coloco toda minha força para fechá-la na cara dele, mas Dillan consegue entrar.
- Não. Eu não posso, não quero. Só some da minha vida. - Berro me afastando dele.
Seus olhos âmbar estão procurando desesperadamente por algum sentimento existente ainda em mim. Ele achou, mas não é amor. É raiva.
- Você não consegue se lembrar de como eram nossas transas? Eu arrancava gemidos seus deliciosos. Vamos repetir isso.
- Ah, cala a boca, seu nojento!
- Deixe de cuspir no prato que comeu. Sua amiga que me deu mole, gatinha. E eu sei que você diz tudo isso porque ainda sente raiva. Mas deixa eu te ensinar como superar.
Corro até a cozinha e procuro uma panela. Ele começa a me agarrar e beijar meu pescoço e a única coisa que sinto é nojo.
- Quando uma mulher pede pra você parar...Você para! Desgraçado! - Sr. Hayden aparece na soleira da porta e arranca o Dillan de perto. Agradeço mentalmente por isso.
Os dois começam a brigar e trocar socos na minha cozinha. E em um ato de puro desespero bato a panela na cabeça do Dillan que desmaia. Bem, eu espero que tenha só desmaiado.
- O que foi isso? - Meu chefe pergunta.
- Meu ex louco. O que o senhor está fazendo na minha casa?
- Eu vim aqui porque preciso saber onde estão os documentos da Empresa Estwt. Minha tradutora não sabia dizer aonde estava e eu preciso solicitar uma reunião urgente.
- HM. Eu posso lhe mostrar, acredito que apenas dizendo aonde estão, tenho certeza que o senhor irá confundir à papelada.
- Então está bem. Vamos.
- Agora? - Pergunto em choque.
- Sim. A senhorita se importa?
- O senhor é assim sempre tão invasivo? - Pergunto. Eu sei o tipo de homem que Sebastian é. Um predador, posso ver em seus olhos, algo relacionado a perigo.
- A senhorita poderia por favor me acompanhar? - Ele arruma à gravata e me encara. Posso ver que está me estudando, mas não entendo o motivo.
Antes de sairmos, O Sr. Hayden ligou para um táxi e eu dei o endereço dos pais do Dillan. Não que ele merecesse algum gesto bondoso, mas iria sobreviver.
Ao acompanhar ele, me pego fixando o olhar em seu rosto. Seus olhos são castanhos, assim como os seus cabelos. A barba é bem cuidada e definitivamente ele é forte. Não como o Henry Cavill, mas ainda sim, forte o suficiente para preencher com elegância o terno que está vestindo.
Ao entrar em seu carro, vejo muitas mulheres paradas o observando.
- Coloque o cinto, Srta. White. - Ele diz puxando o cinto sobre o seu colo.
- Certo, Sr. Hayden.
A trajetória é tranquila. Ele não fala comigo até chegarmos no HaydenS.
Vejo a Ellie me olhar boquiaberta.
- Pensei que não fosse trabalhar hoje. Eu já estava indo para sua casa.
- Eu não vou. Apenas preciso pegar uns documentos importantes. - Sr. Hayden nos olha com uma certa curiosidade e eu vou até minha mesa em busca dos documentos.
- A senhorita encontrou os documentos? - ele diz impaciente.
- Um minuto. - Vou em busca da papelada e o vejo olhando para o meu vestido. Engulo em seco e o puxo um pouco para baixo.
Qual é o problema desse homem?
Nunca pareceu notar minha presença e agora até na minha casa aparece.
Céus.
- Achei. - Dou de cara com ele ao me virar. Sinto meu coração se acelerar e minha boca ficar seca. - Sr. Hayden...- digo com a respiração entrecortada.
- Srta.White. - Ele pega os documentos e os coloca na mesa. A última pessoa que tinha nesse departamento era a Ellie. Não vejo mais ninguém nesse andar. Seu olhar está diretamente sobre os meus lábios.
Eu não consigo respirar direito. Há um clima de tensão no ar.
Ele se afasta e analisa a documentação, tão abruptamente que é como se estivesse acabado de sair de um pequeno estado de transe.
Por breves segundos, observando suas mãos passarem as folhas dos papéis, as imagino tocando o meu rosto, descendo até os lábios, com seu rosto a centímetros de distância.
Posso ouvir meu coração mais parecendo uma orquestra sinfônica do que um órgão que tem a função de bombear sangue para todo o meu corpo.
A Sylvia abre a porta e me dá um leve sorriso.
- Os j*******s querem que o senhor assine o contrato.
- Diga a eles que a reunião já foi solicitada. Não iremos assinar nada precipitado. - Sebastian a manda sair. Ela obedece assim como todos daqui e eu pego minha bolsa.
- Aonde você vai? - Ele diz caminhando em minha direção.
- Já achei seu documento. Estou indo para minha casa, com licença. - Apresso os passos para sair logo da sala. Ao chegar no lado de fora, respiro o ar puro e deixo meus pensamentos se acalmarem.