CAPÍTULO 1

1158 Words
POR SANTIAGO HERRERA DIAS ATUAIS SÃO PAULO/BRASIL Faziam trinta minutos que eu olhava para o celular em minhas mãos, eu havia acabado de receber uma ligação do advogado do meu pai, os negócios estavam cada dia piores, meu pai faleceu há dois meses, deixando uma verdadeira bagunça, eu sabia que meu pai tinha dívidas, mas apostar a Fazenda, o lugar onde abrigava todas as lembranças de minha mãe e da minha infância, o único Bem de nossa família em uma mesa de jogo, foi o maior de seus erros, e o pior de tudo foi perdê-la e não me dizer nada quando pode, deixar que eu soubesse por estranhos, deixar que malditos advogados, me ligassem dizendo que todas as minhas lembranças estavam destruidas. Merda! O que eu faria agora? Não escolhi isso para mim, mas eu não posso simplesmente virar as costas para todo mundo que vive naquela fazenda e depende dela. Eu tinha trinta dias para pagar a dívida ou entregar a fazenda a um tal Rodriguez. Esse nome não era totalmente estranho, mas dez anos haviam se passado, San Juanita deve ter mudado muito, e novos moradores devem ter chegado. E com eles esse verme que se aproveitou de um viciado alcoólatra em uma mesa de jogos, para se dar bem, para possuir uma fazenda como a Herrera, a preço de banana, um covarde. Estava decidido que eu voltaria e salvaria a fazenda, afinal eu era um Herrera, não poderia deixar que tudo aquilo se acabasse, que todas as minhas lembranças fossem destruídas. Faço então minhas malas, vou voltar para casa e limpar a imagem do meu pai apesar dele não merecer por tudo que fez minha mãe passar. Sentirei falta do Brasil, aqui foi meu lar durante muitos anos, voltarei certamente, espero que em breve. Sentirei falta dos amigos que fiz, e claro das belas mulheres que aqui vivem, durante esses anos estive com varias, algumas me marcaram bastante, me recordo de uma em especial, passei um tempo no Rio de Janeiro, lá conheci uma linda escritora, uma mulher belíssima, com sorriso de menina, cabelos negros, olhos que mais pareciam janelas da alma, Patrícia era assim que ela se chamava, mas para mim, em minha cama, em meus braços minha doce Patty. Mantivemos contato por um tempo, mas tínhamos sonhos distintos, ela sonhava em se casar e ter filhos, e assim o fez, hoje está casada e construiu uma linda família. Ela de fato merece ser feliz,e eu torço verdadeiramente pela felicidade dela. Quanto a mim parece que estou condenado a vagar pelo mundo sozinho, sem amor, sem amar, sem ser amado., as vezes acho que jamais encontrarei alguem, estu cansado de encontros vazios, pessoas sem conexão. Coloco meu equipamento fotográfico na bolsa e termino de fechar a última mala, meu voo sairia em duas horas, tudo que eu precisava estava aqui, algumas roupas, minha câmera e coragem para enfrentar o que me aguardava no México. Ouvi um barulho na sala, fui verificar já supondo do que ou melhor de quem se tratava e como eu havia imaginado era Pedro, um amigo na verdade o melhor de todos, se eu matasse alguem certamente chamaria Pedro para me ajudar a esconder o cadáver, dividimos um belo apartamento no centro de São Paulo. Pedro era engenheiro, e um mulherengo irremediável, com gostos um tanto peculiares, esse cara sabia se divertir, sem pudores e sem falso moralismo. Saio do quarto e o vejo com uma bela mulher aos beijos, ele me vê e diz. —Cara, ainda está aí?Achei que já havia ido, essa é a Flávia. —Olá Flávia, sou o Santiago, muito prazer. Meu voo sai em duas horas—digo sorrindo. —Então neste caso junte-se a nós—meu amigo diz sorrindo e a bela loira ao seu lado me olha com um sorriso perverso. —Hoje não amigo, divirtam-se—digo. —Pois bem, depois não diga que não foi convidado—Pedro diz. Ele sai puxando a bela moça pela mão, e olhando mais atentamente as belas curvas brasileiras da moça quase me sinto tentado a juntar-me a eles, já participei de ménages com ele outras vezes, aliás, várias vezes, eu até gosto da brincadeira, mas ele com certeza é viciado, obsecado pelas mulheres. Dou risada ao lembrar-me de quantas loucuras já fizemos juntos, quantas situações delicadas, quantos sustos e quantos perigos. Bem, era hora de deixar isso para trás, o dever me chamava. Deixo a chave do apartamento sobre o balcão, e dou uma última olhada em tudo, sentirei saudades disso aqui e da loucura de São Paulo. Nove horas de voo, e os pensamentos a mil em minha cabeça, como eu consertaria toda essa bagunça. Já é noite quando chego ao aeroporto da Cidade do México, avisto José um dos homens de confiança de meu pai, é bom reencontrar alguém de minha infância, pedi para que me trouxesse um dos carros, confesso que fiquei satisfeito com a linda caminhonete preta á minha frente. —Senhor Herrera, bem vindo de volta—o senhor de cabelos branco á minha frente diz. —José, por favor, me chame de Santiago apenas, você me viu crescer—digo. —É respeito senhor, você é meu patrão agora—ele diz envergonhado. —Esqueça isso José, precisarei que seja meu amigo, precisarei de ajuda—digo colocando a mão em seu ombro. —Tudo bem, eu vou ajudar você menino Santiago—ele sorri. —Vamos então, não precisa me esperar eu sei o caminho para a fazenda ainda—digo. Lá estava a cidade de San Juanita, e como eu havia imaginado, estava bem diferente, conseguia ver alguns prédios, lojas maiores. A cidade cresceu. Eu ainda lembrava o percurso até a fazenda, então resolvi passar pelo centro da cidade, haviam vários edificios novos, lojas, restaurantes e barzinhos, algumas pessoas dançavam, entre as elas eu a vi, o vestido vermelho balançava no ritmo da música, seu corpo acompanhava as batidas, não consigo desviar meus olhos daquela bela mulher, eu queria saber quem era ela, eu precisava descobrir mais sobre ela. Fiquei hipnotizado, passei mais alguns momentos a vendo dançar, então diante dos meus olhos ela sumiu, seria um fantasma? Uma projeção da minha mente? Eu ao menos consegui ver o rosto dela. Eu preciso descobrir quem é a dama de vermelho que dançava me enfeitiçando.  O caminho até a fazenda era muito bonito e me trazia boas lembranças, da minha infancia e adolescência, passo pelo antigo colégio quase na saída do centro, olho o cais, esse lugar sempre me trouxe paz, então ao longe avisto a propriedade que por tantos anos foi minha casa. Estaciono em frente à escadaria que leva à entrada, subo os degraus e ao abrir a porta, o cheiro e a sensação de lar me invadem. Definitivamente esse era o meu lugar, e eu lutaria com todas minhas forças para mantê-lo, esse tal Rodriguez, conheceria quem é Santiago Herrera.        
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