Samantha Ferrari
A dança sempre fez parte da minha vida. Desde pequena me encanto por filmes que retratam a dança, mas quando eu os assistia, não via o requebrado de duas pessoas, mas sim a alma de que está dançando. Eu moro numa casa com um pequeno jardim nos fundos e o cuidado com as plantas é uma terapia para mim. A dança é a minha primeira paixão, porém, a plantas vêm em segundo lugar. Vou para o carro, ligo o rádio e começa a tocar uma música.
Solo a tu lado quiero vivir, do grupo JYVE V.
Eu estou tão distraída na rua ouvindo música, que quando dou por mim, percebo que acabei de bater o carro. Fico tão assustada que não reparo que a porta do carro batido está sendo aberta e de lá sai um homem que parece um deus grego. Em instantes o homem está do meu lado, me perguntando coisas, mas na hora nem me concentrar, tamanho o choque que eu levei. Não consigo dar atenção ao estado do carro, meu estado... Mas no deus grego ao meu lado... Meu Deus, que homem é esse? Tento me concentrar novamente e ele continua a perguntar:
— Moça, a senhora está bem? — Penso... Se concentra, Samantha. Mas como, com um homem desses? Porém, com esforço eu consigo falar, minha voz sai trêmula.
— Me desculpa, senhor. Eu estou bem! — consigo ao menos falar isso.
— Pois não parece. A senhora precisa sair do carro — ele diz, aflito.
— Mas eu estou bem! — afirmo, dando ênfase.
— A senhora está sentindo alguma coisa? — ele pergunta novamente, enquanto abre a porta do carro.
Quando eu saio do carro e fico frente a frente com ele, me dá uma leve tontura e se não fosse ele me segurar, com certeza eu iria parar com a cara no chão. E minha Nossa Senhora das Calcinhas! O homem é mesmo um espetáculo! Que mão é essa?
Eu agradeço a ajuda, me encosto ao carro e fico observando, dando graças a Deus que a rua está tranquila. Sempre de manhã cedo é assim. Vejo que ele fica me observando, começo a ficar corada e resolvo logo responder para esse deus:
— Mas eu estou, não precisa se preocupar! — tranquilizo. — Me desculpe pelo transtorno. É só o senhor me dar seu número de telefone que peço para o seguro do meu carro entrar em contato. — O vejo colocando a mão no bolso do paletó preto, e retirando de lá o cartão do seguro dele, que em seguida me entrega. Seu nome é Damion Filip. Estendo a mão para pegar a minha bolsa, entrego também o cartão do meu seguro, assim como um outro que contém meu nome e número.
— Prazer. Samantha Ferrari — me apresento. Então ele me dá sua mão de novo e aperta a minha.
— Damion Filip — ele responde, o toque de sua mão deixando meu corpo pegando fogo. Afasto-me, dizendo que entro em contato com ele. Adentro o carro, ligo e me afasto do deus grego. Dou uma olhada no retrovisor e vejo que ele ainda está lá parado. Começo a imaginar que esse sim poderia ser o amor da minha vida. Acabo rindo com a ideia.
Que homem, hein! No mínimo deve ser casado. Que mulher em sã consciência ia deixar aquele pedaço de mau caminho solto por aí? Eu mesma não deixaria.
Vou seguindo para a escola, sabendo que perdi muito tempo com o deus grego. Ouço na rádio o horário e me espanto no quanto estou atrasada.