O AMOR DA MINHA VIDA

Renato cresceu de forma simples e humilde. Foi criado somente pela mãe Fátima que quando ele já trabalhava como governanta da poderosa família López - Monticelli. Por causa do rigor da sua patroa, ela nunca foi permitida levar o filho até á Mansão, onde também viviam as herdeiras Fernanda e Sófia. O casal Armando e Paula sempre foram conhecidos por serem muito controladores com as meninas, e poucas vezes elas eram vistas fora de casa. Nem mesmo as revistas de família tinham a sorte de fotografar as meninas chamadas de herdeiras Monticelli. Eram 9 horas quando ele terminou o pequeno-almoço e foi ter com a mãe. Sendo o seu dia de folga, ela com certeza passaria o dia na cozinha. - Estou de saída Mamãe. Por favor descanse. É a sua folga do castelo. - Pare com isso filho. Sabes bem que dependemos deste "castelo" para termos comida na mesa. - Sim eu sei. Me desculpe. A Senhora se sacrifica por mim, e eu me sinto culpado. - Não tens que te sentir assim filho. És tudo para mim. E será um orgulho ver você se tornar um grande arquiteto. - Eu serei Mamãe. E ainda vou dar uma Mansão de presente para a Senhora. Uma bem maior que a dos Monticelli. - Tudo bem. Agora vai trabalhar. E não te atrases para a Universidade. - Está bem Mamãe. Eu te amo demais Dona Fátima. - Eu te amo mais meu amor. Agora vai embora. Não quero que atrases. Esta noite vou ficar na Mansão, mas deixarei o jantar pronto para você, e também uma sobremesa de surpresa. - Obrigado Mamãe. Eu vou ligar-te quando estiver em casa. Renato saiu para o trabalho. Tinha muito orgulho da sua mãe, e agora mais do que antes estava decidido a ter tudo o que não teve durante a infância. Daria á sua mãe uma vida de conforto, e também a faria deixar de trabalhar para o casal que ele chamava de exploradores. Quando chegou, foi ao gabinete de seu Chefe Jorge Fernando Junqueira. O homem trabalhou toda a sua vida e não teve espaço para formar uma família. Tinha Renato como o seu braço direito, e em segredo o colocou como o seu legítimo herdeiro. O que Renato não desconfiava é que o seu amado Chefe também tinha negócios com os Monticelli. - Jorge! Você mandou me chamar? - Sim filho! Tenho algo para dizer. Mas quero que me escutes antes de dares uma resposta. Senta. - Você está bem? - Não totalmente. Fui fazer os meus exames e o resultado deles não foi nada agradável. O meu médico recomendou uma reforma antecipada. - Como assim? Vais deixar tudo isso? - Sim. Mas não para sempre. Será como umas férias que eu nunca tive. Não tenho uma vida social. Me dediquei somente ao trabalho, e acabei por me descuidar em relação á saúde. - Entendo. Tenho te dito há meses para tirares umas férias. - Farei isso sim. Quero muito estar vivo para ver você casar, e talvez até pegar o teu primeiro filho no colo. - Então comece se cuidando agora. A minha mãe pode ajudar. Ela é excelente cozinheira. Pedirei á ela que arranje alguém para cuidar da tua dieta alimentar. Ou melhor, ela mesma vai fazer isso. Eu farei as entregas. - Muito Obrigado. Ainda não a conheço, mas sei que é uma grande mulher só por ter criado e educado um homem como tu. - Obrigado. Sei que queres dizer mais alguma coisa. - Sim. Eu quero que assumas a presidência da empresa. Terei hoje uma reunião com o conselho e avisarei sobre o meu afastamento. Quero também que assumas os projectos que temos. Nenhum poderá ser aprovado sem a tua ordem e assinatura. - Não Jorge. Eu não posso assumir isso. É o trabalho da tua vida. - E tu és a pessoa em quem mais confio. Em breve estarás formado. Já tens a experiência necessária. O diploma será apenas um acréscimo. Tu não confias em mim? - É claro que confio. Tu me acolheste no meu pior momento. És como um pai para mim. Sabes disso. - E tu és um filho. Por favor não me envies este pedido. - Está bem. Eu farei de tudo para te deixar orgulhoso. - Eu sei que sim. Vamos juntos á reunião que será após o almoço. Por agora preciso que confirmes a presença de todos, e que reunas agora o pessoal para que eu faça um comunicado. - Está certo. Isto significa que amanhã terei que vir se terno? - Exactamente. Já falei com o meu alfaiate. Ele separou algumas peças para você. Aliás, vais encontrar lá tudo o que precisares. Está tudo pago. - Sim Senhor. Com licença. Jorge não imaginava que estava a dar para Renato um grande incentivo para mudar a sua vida. Ele era jovem e talentoso. Seria um arquiteto de muito respeitado. Ele só precisava de se orgulhar das suas origens, e desta forma garantir o seu lugar na sociedade. Por outro lado, Armando López - Monticelli estava á espera de sua filha mais nova. Ela tinha terminado a Universidade no Curso de Arquitetura Paisagística e agora voltava para trabalhar ao lado do pai que era accionista numa grande firma. Ela sorriu quando viu o pai abrir a porta do para a receber. - Papai! Senti tantas saudades - Minha princesa! Eu também. Senti tantas que eu mesmo vim te receber. Não podia mais esperar até chegarmos em casa. - Adorei a surpresa....- Sófia o abraçou e beijou demonstrando a sua felicidade. E a minha mãe? - Você sabe como ela odeia demonstrar as emoções. A esta hora ela e a tua irmã estão a carregar o shopping inteiro. - Não duvido. Só espero que a Mamãe não organize uma festa de boas vindas. - Tarde demais filha. A festa será amanhã á noite. Toda a elite da Cidade está convidada.nSó por isso eu aceitei em contratar uma empresa de buffet e decoração. Seria demais para a Augusta cuidar de tudo. - Seria e********o Papai. E como ela está? - Muito bem de saúde. O filho dela vai se formar já na semana que vem. Ele também será arquiteto. - Que legal. A gente podia trabalhar em equipe. - De jeito nenhum. Sabes que adoro a Augusta, mas não te quero misturada com os empregados. - O filho dela não é nem nunca foi nosso empregado. A Augusta cuidou mais de mim do que a Mamãe que sempre teve a Fernanda como a sua favorita. - Não exageres filha. Anda! Vamos para casa. Tens que tomar um banho e descansar. A Augusta está ansiosa para te ver e fará um belo e delicioso jantar. - Papai! Eu não moro mais com vocês. Eu quero ir sozinha para a minha casa. e prometo que vou para o jantar. - Eu realmente me esqueci. Desculpe filha! É difícil para um pai aceitar que até as filhas crescem e se tornam independentes. - Isso mesmo Senhor Armando Monticelli. Nos veremos á noite. Eu prometo. Após dispensar o motorista e os seguranças, Sófia foi para a sua casa. Algo que ela sempre aprendeu a valorizar foi a sua privacidade. Não aceitava que nem mesmo os seus pais dessem opinião na sua vida se isto não lhes fosse solicitado. Paula a sua mãe sempre foi um pouco fria e distante com ela, mas adorava a filha mais velha e nem sequer a deixava trabalhar, apesar da mesma ter uma formação superior. Sófia sempre percebeu que Paula se esforçava para ser carinhosa com ela, mas apesar disso o seu sorriso também soava falso. Adorava a tranquilidade do seu apartamento. Era enorme para uma só pessoa, mas pelo menos tinha silêncio e tranquilidade. Aparecida " Cida" a sua única funcionária só voltaria a trabalhar na segunda-feira. Ela entrou e deixou as malas na sala. Foi tomar um banho e vestiu algo casual para ir jantar com a família. Só desejava ficar por uma hora. Depois passaria em casa de Daniela a sua melhor amiga e confidente. Faria uma grande surpresa. Mas, Sófia estava prestes a descobrir que Daniela não seria a única a ser surpreendida.