Capítulo 02

1263 Words
A correria do dia-a-dia fez com que eu esquecesse da lista que estava grudada na minha agenda, onde fiquei alguns dias sem olhar. Mas por “sorte” eu tinha a melhor amiga do mundo, que fez questão de enviar uma mensagem lembrando. “Querida amiga, devo lembrá-la que você precisa marcar seus encontros. Acho que devemos seguir a sequência que coloquei na lista. Caso você precise de ajuda, posso entrar em contato com os homens por você. Responda assim que possível.” Mariana Como ainda estava no escritório, não era o momento para trocar mensagens com a minha melhor amiga. Não sabia ao certo se daria continuidade com essa lista louca que ela resolveu criar, mas sabia que deveria me permitir conhecer alguém. Já não tinha conhecimento de como era todo essas etapas de relacionamento, não me lembrava exatamente quais atitudes precisava tomar. Não havia mais o que ser feito. Estava curiosa para o meu primeiro encontro, não me lembrava qual era o nome do “candidato”, a única coisa que eu sabia exatamente era que ele havia estudado comigo no ensino médio. — Senhorita Carolina? — Despertei-me quando ouvi a minha secretária invadir a minha sala, com total cuidado como sempre fazia. — Pois não? — Perguntei. — O horário da senhorita e inclusive o meu terminou. — Ela estava querendo ir embora, sempre saía ao mesmo horário que eu, juntas. — Desculpe Joana, você deve estar cansada. — Desculpei-me. Uma vez e outra acontecia de eu perder o horário e felizmente eu tinha uma secretária maravilhosa que me acompanhava, muitas vezes a levava em casa, já que a mesma não possuía um carro. — Você precisará de uma carona? — Perguntei, assim que descemos juntas no elevador. — Não será necessário, hoje o Ricardo irá me buscar. — Explicou. Ricardo era o seu namorado. Não que eu soubesse tudo sobre ela, mas às vezes quando não havia o que ser feito, ela entrava na minha sala e passávamos alguns minutos conversando e querendo ou não algumas coisas eram ditas. Aos vinte e cinco anos o certo seria eu estar morando sozinha e não com os meus pais. Mas a questão era que eu estava comprando um apartamento e faltava pouco menos de um mês para a obra terminar. Meus pais não gostavam muito da ideia de me ver longe, mas estava mais do que na hora de eu seguir a minha vida. Mariana estava feliz com a ideia de que eu iria morar sozinha, já que segundo ela, estaria sempre no meu apartamento, fazendo-me companhia. Para ela, seria melhor que eu estivesse morando sozinha para poder encontrar com os homens. — Alguém em casa? — Perguntei assim que entrei em casa e percebi o quão silenciosa ela estava. Não houve respostas. Estava sozinha em casa, então resolvi que procuraria pelo primeiro homem da minha lista. A internet com certeza foi um dos melhores surgimentos para o mundo. Ela nos possibilitava conversar com alguém a quilômetros de distância, ver, ouvir, e ainda assim poderíamos procurar por pessoas que não sabíamos ao certo onde estavam. Procurei por Rafael Barreto em uma das redes sociais mais populares da internet, o f******k. Como de costume, apareceu muitos resultados, não que todos tivessem o mesmo sobrenome, mas ainda assim, chamados apenas de “Rafael” apareceram milhares. Mas havia apenas um que possuía cerca de vinte amigos em comum, inclusive a minha melhor amiga. Ele não era o homem mais bonito que eu já havia visto, mas ainda assim parecia ser charmoso. A sua foto de perfil mostrava pouco, ainda mais pelo efeito em preto e branco utilizado. O cabelo era bastante escuro, a pele parecia sentir falta de um pouco de sol, sorriso completo, dentes bonitos. Adicionado contato. “Mariana, devo dizer que acabei de enviar convite no f******k para o primeiro escolhido.” Carolina Eu estava ansiosa. Eu queria poder sair. Não estava pronta para um encontro, mas de certa forma precisava me preparar. Pedido de amizade aceito. E agora? O que eu precisava fazer? Chamá-lo para conversar? Esperar que a minha amiga tomasse essa atitude? “Não espere mais nenhum segundo, chame-o para uma conversa. Marque um encontro.” Mariana As minhas perguntas haviam sido respondidas pela Mariana. Não precisei chamar Rafael para uma conversa, em alguns segundos, a janela do bate-papo surgiu. Rafael: Não acredito que você me mandou convite, quanto tempo!!! Ele lembrava de mim, eu não lembrava dele. E agora? Carolina: Pois é, estou reencontrando alguns amigos do passado. Precisava inventar uma desculpa para que ele não estranhasse o fato de ter o adicionado após tantos anos. Rafael: Amigos? Acho que você se enganou. Não sabia ao certo do que ele estava falando. Nós não éramos amigos? Mas ele me conhecia. Carolina: Como assim? Rafael: Você não me suportava na época do colégio. Realmente a minha memória estava muito falha. Havia se passado anos, principalmente com o fato de eu ter vivido os livros, cadernos, dicionários, artigos, textos, não havia tempo para relembrar algo que não fosse isso. Carolina: Mas nós crescemos! Eu era nova, você sabe. Rafael: Seria incrível vê-la novamente. Devo avisá-la que terá uma festa este final de semana, quem sabe você poderia me acompanhar. O que eu deveria dizer? Não era bem isso que imaginei quando Mariana propôs que eu deveria me encontrar com ele. Imaginei que seria algo particular, onde estaria apenas nós dois, quem sabe em um restaurante para um jantar, ou também assistir um filme no cinema. Mas começar logo por uma festa? Resolvi aceitar, afinal, a última festa de verdade que participei foi a formatura do curso de Direito da faculdade. Carolina: Você pode me passar o endereço da festa? Rafael: Quando eu disse que seria minha acompanhante, estava falando sério. Passe o seu endereço, lhe pego às 21:30. Estava pensando no que dizer aos meus pais naquela noite quando chegaram em casa. Precisava avisá-los que teria uma festa para ir no próximo sábado. Meus pais não costumavam sair durante a semana, mas naquele dia resolveram fazer algo diferente e jantaram em um restaurante com um casal de amigos. — Filha? — Mamãe chamou, assim que me viu descer a escada. — Vocês chegaram. — Sorri, ao ver os dois sentados no sofá. — Nós estávamos jantando com um casal de amigos. — Papai contou. Mamãe me ajudou na cozinha para que eu preparasse algo rápido para me alimentar, neste momento aproveitei para contar sobre a festa que eu iria acompanhada de um velho amigo do colégio. — Sábado irei em uma festa. — Contei, chamando também a atenção do papai, que fez questão de virar na minha direção, apenas para me encarar. — Eu acho que não seria bom, você precisa trabalhar. — Papai não entendia que eu também precisava viver. — Eu irei. — Afirmei, tentando não manter contato visual com ele. Meu pai vivia nos tempos antigos e agia como se eu fosse uma garotinha e tentava de todos os jeitos me controlar e prender-me em casa. O problema é que sempre chega um momento em que nós cansamos, faltava pouco menos de um mês para ir embora de casa e ele precisava desapegar desse cuidado todo. — Irá com a Mariana? — Dessa vez mamãe entrou na conversa, talvez para amenizar o clima que havia ficado tenso. — Não. — Neguei. — Irei com um velho amigo do colégio. Talvez muitas meninas tivessem vivido o que eu estava vivendo agora, mas havia um pequeno detalhe nessa situação, normalmente isso ocorre quando você é mais nova.
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