Augusto olhava para o horizonte, do alto do grande arranha-céu, que agora era da sua propriedade e com muito orgulho, não tinha nenhum centavo da sua família empregado naquele lugar. Estava absorto nos seus pensamentos, enquanto o sol se punha no topo da colina que ele tanto apreciava. Agora ele sentia-se livre, não tinha mais que se submeter a nenhum capricho, de quem quer que fosse, agora o caprichoso era ele.
O vento suave da tarde balançava as folhas das árvores que ele via balançar ao longe, criando um suave murmúrio, o convidando a encontrar mais para sua vida.
Augusto (sussurrando consigo mesmo): Três anos... três longos anos.
Ele lembrava-se daquele dia, um dia que nunca deixou de assombrá-lo, mesmo que ele tentasse muito. Em alguns momentos, em que ele sentia que haviam se passado apenas três minutos, em outros, parecia que ele estava trinta anos mais velho.
*Flashback*
Augusto estava no escritório do avô, um magnata de negócios implacável. Sr. August sempre deu a última palavra, tanto na família, quanto nos negócios, era inútil discutir quando ele já havia decidido por algo.
O seu avô, estava sentado à sua escrivaninha de mogno, olhou para ele com uma expressão séria.
Avô de Augusto: (com firmeza) Augusto, chegou a hora de cumprir as suas responsabilidades familiares.
Augusto (confuso): Responsabilidades? O que o senhor quer dizer?
Augusto sabia exatamente o que ele queria dizer, no entanto, não iria facilitar as coisas para o velho.
Avô de Augusto: (com um suspiro) Você sabe que a nossa família construiu esse império com muito esforço e dedicação. É hora de garantir que a nossa linhagem continue forte. Você se casará com a filha de um dos nossos associados mais próximos.
Augusto (incrédulo): (com descrença) Casar? Mas, avô, eu não estou pronto para isso. Nem a conheço!
Avô de Augusto: (firme) Você será lhe apresentado em breve. Isso é uma ordem, Augusto. O futuro da nossa empresa depende disso.
Augusto, incapaz de desafiar o seu avô e o peso da tradição familiar, concordou relutantemente com a decisão.
Augusto, ainda relutante, concordou com o casamento arranjado, afinal, ele apenas gostava de pensar que tinha escolha. Entretanto, ele estava determinado a expressar a sua revolta de alguma forma. Ele não mais estava disposto a ser tratado como um i****a, sem vontade própria.
Uma ideia surgiu na sua mente, um ato simbólico de protesto, mas que deixaria bem claro para seu avô e para os pais da tal noiva que ele não seria um fantoche na mão deles.
Um mês antes do casamento, ele propôs um "casamento por procuração". Ele havia lido sobre isso num livro antigo de direito e acreditava que isso lhe daria uma pequena vantagem na sua luta contra o destino que lhe fora imposto.
Augusto (com determinação): Eu me casarei com ela, mas não permitirei que esse casamento seja fácil. Quero fazer isso à minha maneira.
O seu avô concordou com a proposta, sem perceber o significado oculto por trás disso, o Sr. August saia o quanto a linda Deisy agradaria o seu neto, toda a resistência do seu neto Augusto perderia em um minuto. O casamento por procuração ocorreu sem Augusto e a sua noiva sequer se encontrarem pessoalmente. Augusto estava determinado a fazer com que essa união fosse o mais desagradável possível.
Augusto estava no seu escritório, enquanto a noiva, cujo nome era desconhecido-lhe até aquele momento, estava em outro local com um representante que agiria no seu nome. Eles foram instruídos a seguir um ‘script’ padrão de casamento.
Oficiante: (solene) Augusto, você aceita essa mulher como a sua esposa, mesmo sem tê-la visto?
Augusto (com um toque de ironia): (respondendo solenemente) Aceito.
A noiva, representada por seu procurador, respondeu da mesma forma.
Oficiante: (concluindo) Então, declaro-vos marido e mulher, mesmo que nunca tenham estado juntos fisicamente.
Augusto não sabia o que esperar dessa união não convencional, mas ele havia deixado claro que não se submeteria facilmente a esse casamento arranjado. Enquanto assinavam os documentos, ele sentiu um estranho senso de revolta e, ao mesmo tempo, de desafio relativamente ao destino que estava traçado para ele.
*Fim do Flashback*
Augusto suspirou, relembrando a sensação de impotência daquele momento. Ele sentia-se aprisionado num casamento que nunca desejara, sem a menor ideia de como a sua vida mudaria devido a essa união forçada. Agora, ele encontrava-se há três anos nesse casamento que, embora tenha começado como um fardo, havia se transformado em algo muito mais complexo e, de certa forma, intrigante.
Depois do casamento por procuração, a vida de Augusto e Deisy seguiu em direções totalmente opostas. Bem, é isso o que ele pensa, logo mais vocês saberão.
Algo que Augusto não se arrependida nem um pouco, pois mergulhou profundamente em seus negócios, dedicando-se de forma quase obsessiva ao império que construíra.
Tudo o que ele sabia nesse momento, é que nas circunstâncias atuais, ele jamais teria aceitado este mald1to casamento.
Ele jamais pisou naquela casa, e a mansão que havia comprado para o casal era um local desconhecido para ele. As paredes majestosas daquela residência permaneciam vazias de sua presença.
O que ele sabia é que aquela infeliz ainda estava lá, como uma assombração, vagando pela casa. A mulher é tão fútil que jamais abandonou o local, mesmo ele demonstrando tanto desprezo.
Ele tratou logo de sair de seus devaneios, há um mundo que vale a pena se dedicar e são os seu negócios.
Augusto (com voz firme): Os relatórios financeiros precisam ser revisados e a apresentação do próximo trimestre aprimorada. Não aceitarei nenhum erro, entendeu?
Funcionário: Sim, senhor.
Aqui estava Augusto, o homem cuja presença e palavra eram lei em seu império. O casamento forçado, apesar de ter sido uma revolta simbólica, não o afastara de sua verdadeira paixão: o trabalho.
O que acontece é que ultimamente ele sentia vontade de algo mais em sua vida, ele não podia nomear aquilo de solidão, pois estava sempre rodeado de pessoas, o que ele estava sentindo era mais como uma falta de contato humano. No entanto, ele jamais procuraria sua esposa, a única conclusão a que chegou foi que é hora de se divorciar.