Capítulo I

1577 Words
Após realizar todos os procedimentos de cuidado com o paciente atropelado e deixá-lo em uma baia na sala de internação, encaminhei-me para a sala de cirurgia para auxiliar Michael em uma cesariana de uma Golden Retriever. Paramentada e com as mãos devidamente higienizadas, aproximei-me de Michael, segurando o bisturi próximo à linha alba do abdômen da c****a gestante. -Como está indo aí, Michael? - perguntei, enquanto observava o monitor cardíaco. -Estamos indo bem, mas acho que ela queria o companheiro dela aqui - respondeu Michael, com uma expressão séria. -Pare de dramatizar, seu engraçadinho - revirei os olhos, mas logo sorri. -Que tal me ajudar aqui? - perguntou Michael, entregando-me o bisturi. -Sim, capitão - respondi, batendo continência como uma brincadeira antes de pegar o bisturi e iniciar o procedimento de cesariana. Vinte minutos depois, após concluir a cesariana e confirmar que a mãe e os filhotes estavam bem e saudáveis, dirigi-me à recepção segurando um copo de água para conversar com Emilly. -Emilly, ligue para aquele senhor que trouxe o cachorro atropelado e informe que o cachorro será liberado apenas daqui a três dias, pois ficará em observação - pedi, dando um gole na água. -Não posso fazer isso - respondeu Emilly, olhando para suas unhas. -E por que não? - perguntei, erguendo a sobrancelha com um olhar questionador. -Ele não colocou o telefone dele no formulário - disse Emilly, sorrindo de forma forçada, ciente de que receberia uma repreensão. -Como assim? E você o deixou sair sem pedir para anotar o número de telefone? - coloquei meu copo de água vazio sobre a bancada e apoiei os cotovelos no mármore, sem tirar os olhos de Emilly. -Eu pedi, mas ele disse que não podia, que era por segurança ou algo do tipo - respondeu Emilly, claramente envergonhada com o erro cometido. -Segurança? O que você acha que fazemos aqui? Pegamos os animais e depois fazemos resgate? Ou que iríamos ligar para fazer trotes? - questionei irritada. -Cada um tem suas manias - Emilly sorriu de forma irônica, tentando amenizar a situação. -Mas essa mania pode prejudicar-nos. Pelo visto, o cachorro não é dele, então temos um cachorro sem nome com um dono procurando por ele - passei os dedos pelos cabelos, bagunçando-os um pouco. -Relaxa! Tudo vai dar certo - Emilly deu tapinhas leves nas minhas costas. -Mas agora vamos falar de outra coisa. Aquele rapaz era bonito. Quase pulei nos braços dele - disse Emilly, fechando os olhos e suspirando. -Emilly! Concentre-se no trabalho! - repreendi, mas não pude deixar de sorrir. -Emilly, lembre-se de que estamos no trabalho e precisamos manter o foco profissional. Não deixe que distrações interfiram no nosso desempenho - disse com uma voz firme, mas mantendo um leve sorriso. -Eu sei, eu sei... - Emilly disse, com um olhar travesso. - Mas não custa nada apreciar a beleza de vez em quando, não é? Suspirei, resignada. Emilly sempre encontrava uma maneira de tornar qualquer situação mais descontraída, mesmo quando não era apropriado. -Tudo bem, Emilly. Mas vamos lembrar de priorizar nossas responsabilidades aqui no hospital veterinário. Temos muitos animais precisando de cuidados e atenção. Enquanto falávamos, recebemos um chamado para atender um gato com suspeita de fratura na pata. Após concluir nossa conversa, seguimos para a sala de atendimento, prontas para oferecer os cuidados necessários ao animal. Ao longo do dia, enfrentamos uma série de desafios e casos complexos. Atendemos desde casos simples de vacinação até emergências que exigiam cirurgias delicadas. Trabalhar em um hospital veterinário sempre exigia dedicação, habilidade e empatia, pois estávamos lidando com a saúde e o bem-estar dos animais. Ao final do expediente, nos reunimos na sala de descanso para um breve momento de relaxamento antes de irmos para casa. -Foi um dia intenso, não é? - comentei, enquanto me sentava no sofá. -Com certeza! Mas é gratificante poder ajudar esses animais e ver a recuperação deles. - Emilly disse, olhando para o nada com um sorriso de satisfação. Concordei com a cabeça, refletindo sobre a importância do nosso trabalho e como ele impactava positivamente a vida dos animais e seus donos. Embora enfrentássemos desafios e situações complicadas, a paixão pela medicina veterinária nos impulsionava a seguir em frente e fazer o nosso melhor. Com um sentimento de gratidão e determinação, encerramos o dia, prontas para enfrentar novos desafios no dia seguinte, sabendo que estávamos contribuindo para o bem-estar e a saúde dos animais que cruzavam nosso caminho. Na hora do almoço, abordo Michael com seriedade: -Michael, você conseguiu memorizar o que eu disse? Se você errar o meu pedido novamente, haverá consequências graves. Faço uma expressão séria. Michael, retirando o jaleco, responde: -Desculpe pelo erro da última vez. Pode ficar tranquila, vou garantir que seu pedido seja correto desta vez. E, além disso, mesmo com essa expressão séria, você fica ainda mais bonita. Interrompendo qualquer distração, Emilly exclama: -Prestem atenção e parem de flertar! Vá logo comprar meu almoço. Estou morrendo de fome! Grita Emilly desesperada. Michael, saindo da clínica, comenta descontraidamente: -Essa Emilly tem problemas mentais sérios. Respondendo a ele, digo: -Emilly, precisamos conversar seriamente. Vou te levar ao psiquiatra. Suas atitudes estão preocupantes. Emilly, mexendo no celular, responde: -Não adianta, eles têm medo de mim. Mais tarde, às 19h30: -Vamos realizar o sorteio, Michael. Digo pegando os papéis com nossos nomes. -Emilly, pegue um papel. Estendo minha mão para ela. Emilly pergunta: -Por que vocês não revezam como pessoas normais? Um dia um fica de plantão, e no outro fica o outro? Respondo: -Porque não somos pessoas normais. Digo, piscando para ela. Emilly lê o nome do sorteado: -Chelsea. Michael, pegando sua mochila, se despede: -Tchau, meninas. Vou indo para casa. Pergunto a Emilly: -Você vai ficar hoje? Emilly, pegando sua bolsa, responde: -Não, tenho que fazer os convites do meu casamento. Tchau. Eu digo: -Emilly, você não pode me deixar sozinha. E se um cliente louco aparecer ou eu tiver que atender o dono? Emilly acena e diz: -Tchau, Chelsea. Volto para a ala onde os cachorros em recuperação estão e começo a examiná-los. -Ei, amigão. Você está quase recuperado, amanhã à tarde poderá ir para casa. Mas, antes disso, desculpe-me, preciso lhe dar uma injeção. Digo, acariciando um poodle. Alimento todos os animais hospedados na clínica, tanto os gatos quanto os cães. Depois, vou assistir TV. Quem sabe esteja passando um filme interessante. Estava concentrada no filme quando dois homens entram na clínica. -Olá, senhorita. Diz um dos rapazes. Eu me assusto e levanto rapidamente. -Calma, não vamos fazer m*l algum. Diz o outro rapaz. -É melhor mesmo. Saibam que sei me defender. Digo, indo para trás da bancada. Um dos rapazes explica: -Viemos verificar como está um cachorro que foi deixado aqui mais cedo. Pergunto, séria: -E qual cachorro seria? Vocês são os donos? O mais baixo dos dois responde: -Eu sou o dono. É um pastor alemão. Peço: -Por favor, me dê a documentação e a carteira de vacinação do cachorro. Enquanto analiso os documentos, olho para os dois homens e percebo que o mais alto é o mesmo senhor misterioso que não quis fornecer seu número de celular no formulário. -Bom, Sr. Grie, seu cachorro passou por uma cirurgia simples. Por sorte, a roda do carro não passou por cima da barriga dele. Mas ele só receberá alta em três dias. Até lá, ele ficará sob observação. Entrego a documentação ao dono. Grie pergunta: -Posso vê-lo? Respondo: -Desculpe, mas por precaução, apenas os veterinários têm permissão para entrar na sala de recuperação pós-cirurgia. Em seguida, lembro-me de que Grie é o dono do cachorro atropelado e que não colocou o número de telefone no formulário. -Preciso do seu telefone para entrar em contato, já que você não forneceu o número no formulário. Peço, entregando uma caneta e o formulário ao dono do cachorro. Grie comenta: -Sabia que você é muito bonita? Agradeço: -Obrigada. O outro homem interrompe: -Cara, pare com isso. Não comece de novo. Grie me devolve a caneta e o formulário, dizendo: -Agora podemos ir embora. Tchau. Guardo o formulário e rio sozinha. Pelo menos ele era bonito. No dia seguinte, Michael chega com pão de queijo e café. -Bom dia, flor do dia. Diz Michael, entregando a comida. Sentada, começo a me alimentar quando Emilly chega animada. -Vocês não vão acreditar. Um cara muito bonito entregou dois convites para uma festa em uma balada. Diz Emilly, segurando os convites. Michael, com expressão ofendida, pergunta: -Dois convites? E o meu? Emilly e eu o encaramos surpresas e começamos a rir da situação. Eu digo: -Oh, Michael, não fique assim. Seu dia chegará. Michael responde, brincando: -Mas você, Chelsea, flertando com alguém? Isso é um milagre! Eu respondo: -Não seja engraçadinho, Michael. Eu não estava flertando com ninguém. Agora vamos trabalhar. Dois dias depois: -Vamos, Chelsea, vai ser divertido. Vamos nos divertir um pouco. Você trabalha o tempo todo. Eu sei que você achou eles bonitos. -Está escrito na sua testa. Vamos. Diz Emilly, tentando me convencer. Eu respondo: -Eu não quero. Estou cansada e só quero dormir. Emilly insiste: -Você pode dormir a tarde toda hoje. À noite, vamos para essa balada. Questiono: -Por que eu iria? Eu nem os conheço, e o estilo musical das baladas não é o meu gosto. Emilly afirma: -Vamos nos divertir. Será uma noite diferente. Você precisa relaxar um pouco. Finalmente, cedo à insistência de Emilly e concordo em ir à balada, mesmo com algumas dúvidas em minha mente.
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