PRRRRIMMM!
Me assustei. Olhei de lado e havia um despertador tocando.
Eram 6:00 PM.
— Até aqui, essa desgraça?! — Murmurei enfezada.
Toquei e o desliguei imediatamente. A festa seria as 7:30.
Teria tempo para me arrumar e o fiz o mais dedicada possível.
Um bom banho quente, com direito a sabonete hidratante e tudo que eu merecia.
Aliás, isso é California, baby!
Descuidada, esqueci de arrumar as minhas roupas, então, eu baguncei tudo sobre a cama para escolher o vestido mais comportado que tinha. Aliás, eu queria causar uma boa impressão! Algo discreto foi o suficiente para mim. Um vestido marrom escuro combinando com sapatilhas de mesma cor que me eram confortáveis. Atrás, uma trança longa. Um perfume básico, batom e maquiagem nudes e nada extravagante. Além de cafona, eu parecia uma menina bela, recatada e do lar. Mas na igreja, provavelmente seria convidada para participar do convento.
Vai saber como eles eram...
Vai saber se ele gostava de garotas comportadas...
Geralmente é a preferida de rapazes assim.
Céus?! Estou flertando com meu primo.
Abri a porta! Vamos lá. É agora.
Mas... Eu não consegui de primeira. Estava enterrada. A maçaneta não queria girar. Eu fiz força. Coloquei o pé, me curvei e puxei de vez, me impulsionei para frente e senti algo arrebentar. Um fio de Náilon. E acima da porta ele sustentava um balde cheio de água que me cobriu por inteira às 7:28 PM.
Jamais esquecerei esse dia.
O balde caiu no chão, quicou e eu cuspi água. Passei a mão no rosto, tirei a franja da frente dos olhos e consegui enxergar quem estava a minha frente acompanhado de boas risadas. Meu primo. Camiseta vermelha, gola meio aberta e uma calça skinner escura com um tênis qualquer combinando. Do seu lado, uma loira de cabelos trançados também. Vestidinho de: mamãe quero ser p**a, mas papai não deixa, até os joelhos, decote e alças segurando os pequenos s***s.
Ambos apontavam para mim e tiravam sarro.
— Agora sim! Bem-vinda a mansão, priminha! Parece que o placar está de 1 à 1. — E passou por mim segurando meu vestido no ombro e puxando o elástico que voltou a ricochetear e bater na minha pele. — Melhor se arrumar. Ou vai se atrasar. — Ele provocou.
— HAHAHAHA!— A loira continuou a rir. — Essa foi boa, amor. — E segurou em seu queixo, dando-lhe um beijo na boca demorado e cheio de língua, melando sua face de batom nos cantos. — Prazer Ariana. Sou Jéssica! E desculpe o trote! É o que acontece sempre com os novatos. — E apontou para o meu primo. — Ideia dele hein? Não vá se zangar! — Após falar, virou-se e foi em direção as escadarias me deixando ainda imóvel.
O som daquela porta se fechando comigo dentro do quarto nunca fora tão pesada.
Eu nem preciso dizer o que sinto ou o que penso em fazer, não é, leitores?
Querem fazer da minha vida um inferno? Logo eu, o próprio demônio?
Vou mostrar a eles, um pouco do Brasil e toda nossa hospitalidade.
Já que é guerra que eles querem. É guerra que terão!
Estou pronta para virar o jogo.