O Escorpião, parte II

532 Words
PRRRRIMMM! Me assustei. Olhei de lado e havia um despertador tocando. Eram 6:00 PM. — Até aqui, essa desgraça?! — Murmurei enfezada. Toquei e o desliguei imediatamente. A festa seria as 7:30. Teria tempo para me arrumar e o fiz o mais dedicada possível. Um bom banho quente, com direito a sabonete hidratante e tudo que eu merecia. Aliás, isso é California, baby! Descuidada, esqueci de arrumar as minhas roupas, então, eu baguncei tudo sobre a cama para escolher o vestido mais comportado que tinha. Aliás, eu queria causar uma boa impressão! Algo discreto foi o suficiente para mim. Um vestido marrom escuro combinando com sapatilhas de mesma cor que me eram confortáveis. Atrás, uma trança longa. Um perfume básico, batom e maquiagem nudes e nada extravagante. Além de cafona, eu parecia uma menina bela, recatada e do lar. Mas na igreja, provavelmente seria convidada para participar do convento. Vai saber como eles eram... Vai saber se ele gostava de garotas comportadas... Geralmente é a preferida de rapazes assim. Céus?! Estou flertando com meu primo. Abri a porta! Vamos lá. É agora. Mas... Eu não consegui de primeira. Estava enterrada. A maçaneta não queria girar. Eu fiz força. Coloquei o pé, me curvei e puxei de vez, me impulsionei para frente e senti algo arrebentar. Um fio de Náilon. E acima da porta ele sustentava um balde cheio de água que me cobriu por inteira às 7:28 PM. Jamais esquecerei esse dia. O balde caiu no chão, quicou e eu cuspi água. Passei a mão no rosto, tirei a franja da frente dos olhos e consegui enxergar quem estava a minha frente acompanhado de boas risadas. Meu primo. Camiseta vermelha, gola meio aberta e uma calça skinner escura com um tênis qualquer combinando. Do seu lado, uma loira de cabelos trançados também. Vestidinho de: mamãe quero ser p**a, mas papai não deixa, até os joelhos, decote e alças segurando os pequenos s***s. Ambos apontavam para mim e tiravam sarro. — Agora sim! Bem-vinda a mansão, priminha! Parece que o placar está de 1 à 1. — E passou por mim segurando meu vestido no ombro e puxando o elástico que voltou a ricochetear e bater na minha pele. — Melhor se arrumar. Ou vai se atrasar. — Ele provocou. — HAHAHAHA!— A loira continuou a rir. — Essa foi boa, amor. — E segurou em seu queixo, dando-lhe um beijo na boca demorado e cheio de língua, melando sua face de batom nos cantos. — Prazer Ariana. Sou Jéssica! E desculpe o trote! É o que acontece sempre com os novatos. — E apontou para o meu primo. — Ideia dele hein? Não vá se zangar! — Após falar, virou-se e foi em direção as escadarias me deixando ainda imóvel. O som daquela porta se fechando comigo dentro do quarto nunca fora tão pesada. Eu nem preciso dizer o que sinto ou o que penso em fazer, não é, leitores? Querem fazer da minha vida um inferno? Logo eu, o próprio demônio? Vou mostrar a eles, um pouco do Brasil e toda nossa hospitalidade. Já que é guerra que eles querem. É guerra que terão! Estou pronta para virar o jogo.
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