Segredos de Uma Amizade

Hillary Estava um dia ensolarado em New Orleans, mas, ao mesmo tempo em que o sol invadia as janelas do meu quarto, o ar frio era o que predominava. Cobri—me até o pescoço, e resmunguei várias coisas só de imaginar que era segunda—feira e teria aula novamente. Apesar de frequentar o ambiente por ver meus amigos e querer adquirir conhecimento, ainda assim acordar cedo para mim era uma péssima ideia. — Bom dia mãe. — Falei, depositando um beijo em sua bochecha, enquanto a mesma terminava de fazer as panquecas. — Bom dia filha. — Falou, esboçando um enorme sorriso. Isacc estava com cara de sono como sempre, parecia dormir em vez de comer. — Bom dia dorminhoco. — Falei e ele apenas assentiu com a cabeça. Independente do dia que era, minha mãe sempre mantinha um sorriso estampado no rosto, o que fazia com que o meu dia e também dos meus irmãos sempre ficassem melhor apesar do que precisássemos viver. — Bom dia minha princesinha. — Depositei um beijo na pequena Sophia, a caçula da casa. — Bom dia mana. — Ela respondeu, ainda com o pote de calda na mão. A minha história é a seguinte: moro com minha mãe, Micaela, minha irmã de 5 anos, Sophia e meu irmão gêmeo Isacc. Meus pais se separaram ainda quando a Sophia tinha 1 ano, mas meu pai John, nunca deixou de nos ajudar, mesmo não estando sempre por perto. Eu tinha um blog, onde postava coisas do dia—a—dia. E a cada manhã postava uma frase nova. Infelizmente, uma vez e outra acabava não dando tempo para olhá—lo, principalmente por estudar e por ser a responsável da casa, já que meu irmão gêmeo, era o oposto de mim. A de hoje seria: "Não deixe que neste dia nada te desanime, pois até mesmo um pontapé no traseiro te empurra para frente!" — Estou indo para a escola. Precisa de alguma coisa, mãe? — Perguntei, já com a mochila nas costas. — Não filha. Vá com Deus. — Falou, mandando um beijo no ar. Como o caminho até o colégio levava cerca de quinze minutos, coloquei meus fones de ouvido e fui escutando minhas músicas preferidas, até terminar o trajeto. Ao chegar lá, encontrei com Brad encostado no portão, havia três meninas com ele e todas elas eu conhecia bem. Faziam parte das líderes de torcida do futebol americano do colégio. — Oi meu amor. — Falei, envolvendo meus abraços em volta do pescoço do Brad. — Oi Hillary. — Ele falou seco, como andava ultimamente. Depositei um beijo em seus lábios que foi logo interrompido por falsas "tosses" ao nosso lado. Selena nos olhava com cara de nojo. Quer dizer, a cara de nojo era especificamente para mim. Brad Evitava conversar com outras pessoas enquanto Hillary poderia estar por perto, já que ultimamente ela estava atrapalhando as minhas conversas e o meu comportamento passou a mudar. Ainda havia sentimento envolvido, o grande problema era o fato de ela querer preencher toda a minha vida, deixando—me sem fôlego para viver. — Vou para a aula. — Avisei, dando um selinho rápido no lábio da Hillary. — Nos encontramos mais tarde? — Ela perguntou sorrindo na esperança que eu respondesse sim. — Hoje vou ter que ir fazer um trabalho na casa do Justin. — Respondi já me afastando. Fui para a sala rapidamente. Por minha sorte, não estudava na mesma sala que a Hillary. Apesar de gostar dela, ao passar do tempo, com o fato de ir crescendo, o nosso relacionamento acabou caindo na rotina. Hillary Odiava quando Brad me tratava com frieza, muito mais, quando isso ocorria na frente das pessoas. Fui para a sala, em busca de Taylor, minha melhor amiga. Ela estava sentada no lugar de sempre, com seu fone de ouvido. — Está na hora de estudar. — Provoquei, retirando os fones dela. — Ninguém merece segunda—feira. — Falou bufando. — Vamos fazer algo hoje de noite? — Perguntei, convidando ela. — Vamos sim! — Ela respondeu. — Mas, o que? — Perguntou. — Nós podemos alugar filmes e assistir lá em casa. — Respondi. — Você pode levar o David para brincar com a Sophia. — Continuei. — Ele está mesmo com saudade dela. — Contou dando uma risada maliciosa. É claro que ela estava brincando, afinal, nossos irmãos eram novos demais para qualquer relação, mesmo minha amiga sempre insistindo que futuramente eles irão ficar juntos. O professor logo chegou à sala, nos fazendo ficar totalmente em silêncio. Não era nada fácil ter de estudar Química. Nossa aula foi interrompida, quando a diretora entrou na sala, posicionando—se no centro. — Bom dia turma. — Ela falou. — Vocês irão ter um novo colega de classe e espero que recebam ele muito bem. — Continuou. — Pode entrar. Logo um menino alto, com casaco e capuz, entrou na sala. Era difícil ver seu rosto, pois, o casaco e a cabeça baixa, acabava tampando tudo. Mas, seu físico era tentador. E assim, já se dava para ter uma ideia. Ben Novamente estava mudando de escola, não aguentava mais isso. O problema era que não poderíamos ficar no mesmo local por muito tempo. Odiava o fato, de sempre ter que ser apresentado para a turma toda e ser o centro das atenções. Detestava tudo isso. — Pode escolher o seu lugar e sentar—se. — A diretora falou, enquanto retirava—se da sala. Sentei—me no fundo, atrás de uma menina de cabelos longos, escuros. Ela era mais baixa que eu, bons centímetros a menos. — Seja bem—vindo. — A menina falou, virando—se de frente para mim. Apenas assenti e vi—a virar—se para frente novamente. Mesmo escutando música, ouvi um pequeno resmungo vindo dela. — Que m*l educado. — Resmungou, movimentando a cabeça em sinal de negatividade. Apenas ignorei esse fato, estava cedo demais para me incomodar no novo colégio. Hillary Normalmente, aprendemos que quando uma nova pessoa chega a um local onde não conhece ninguém, devemos de certa forma, ajuda—la a se sentir o mais em casa possível, mas isso não funcionou hoje. O garoto novo não estava a vontade e não reagiu bem a minha saudação. Um dos nossos sinais preferidos tocaram, sinal de que havia chegado a hora do lanche. — Hoje vou querer de morango. — Ela falou para a vendedora. — O meu pode ser de limão. — Pedi. Em seguida pedimos dois lanches light e fomos nos sentar. O colégio estava movimentado como sempre. — Preciso ir falar com o professor de história, nos vemos na sala? — Taylor perguntou. — Sim, até depois. — Concordei. Como não pretendia ficar circulando pelo colégio, resolvi voltar diretamente para a sala de aula. Por sorte, ou quer dizer, azar, o menino estava lá dentro. Talvez não tenha percebido a minha presença ou quem sabe não queria conversar. O problema era o silêncio. Estava me matando. — Ei, de que escola você veio? — Perguntei, virando—me para Ben. Após fazer a pergunta e perceber que ele não havia sequer notado que eu havia dirigido a palavra a ele, resolvi que poderia tomar alguma atitude, afinal ele parecia calmo. Retirei um dos seus fones de ouvido, na tentativa que me notasse. — Você está louca garota? — Perguntou com um olhar raivoso. — Estava falando com você e não me respondeu. — Expliquei no mesmo tom. — E você acha que tem algum direito de tirar os meus fones? — Perguntou todo m*l educado. — Não precisa ser grosso. — Falei. — Então se mantenha longe de mim, que não terá problemas. — Pediu grosseiro. Concordei com o que ele havia me avisado. Senti medo, pelo menos uma pontada. Talvez eu não devesse ser tão elétrica e metida como de costume, mas as minhas intenções realmente eram as melhores. O silêncio permaneceu até que a turma estivesse retornada toda para a sala. Por sorte as aulas não demoraram a passar e em um piscar de olhos eu e minha melhor amiga estávamos indo para a casa. — Cheguei! — Anunciei, assim que entrei em casa. — Oi filha, vou ter que sair, será que poderá tomar conta da sua irmã para mim? — Minha mãe pediu. — Você vai demorar? — Perguntei. — Volto só pela noite. — Respondeu e saiu com pressa. Caminhando pela casa encontrei a pequena Sophia em seu quarto, brincando com sua boneca. — Vamos almoçar pequena? — Perguntei, encostando—me na porta do quarto. — Vamos. — Respondeu, levantando—se. Parei em frente à porta do Isacc, enquanto o mesmo trocava a camisa do colégio. Bati na porta para chamar a sua atenção. Nós descemos e arrumei as coisas na mesa. Minha mãe havia deixado às comidas prontas no fogão. Sophia parecia ter ficado dias sem comer, nunca a vi comer tanto. — Sabe quem vai vir aqui hoje? — Perguntei para ela. — O David? — Perguntou com seus olhos brilhando. — Ele mesmo pequena. — Respondi e a mesma esboçou um enorme sorriso. — A sua amiga gostosa irá vir aqui hoje? — Isacc perguntou, sorrindo malicioso. — Deixa a Taylor saber disso. — Brinquei e ele deu de ombros. Logo limpei as coisas na cozinha, e em seguida subi com a pequena. Enquanto ela tomava um banho, arrumei sua roupa em cima da cama, trocou—se sozinha, como de costume e foi brincar com suas bonecas. Não era apenas a minha irmã que estava precisando de um banho, logo que a mesma terminou, corri para de baixo do chuveiro. Ben Como aquela baixinha ousa tirar os meus fones? Ela não sabe com quem está mexendo. Não esperava que fosse me incomodar logo no primeiro dia de aula, na nova escola. Quando cheguei a casa minha mãe estava no sofá, fazendo crochê e Richard brincava no chão. — Oi mãe. — Falei, depositando um beijo no topo da sua cabeça. — Oi filho, como foi o primeiro dia de aula? — Ela perguntou sorridente. — Normal. — Respondi. Nós havíamos acabado de nos mudar novamente. Normalmente fazíamos isso por culpa do meu pai. Ele havia feito ameaças e minha mãe fica com muito medo. Estava farto de ter que deixar toda a minha vida por causa disso. Acabei tomando a decisão que se acontecesse novamente, não iria mais embora. — Já fez o almoço? — Perguntei, indo para a cozinha. — Estávamos esperando você chegar. — Ela respondeu. Richard, meu irmão de seis anos, sentou—se ao meu lado como de costume. Nós almoçamos em família como todos os dias. Em seguida, tomei o meu banho e me deitei na minha cama. Queria fazer algo diferente nessa segunda—feira, então optei por escolher alguns filmes na locadora. Hillary Taylor me deixou responsável em ir alugar os filmes na locadora e como tinha de cuidar da pequena Sophie, precisei levar ela junto. — Posso alugar um filme também? — Ela pediu, durante o caminho. — Pode sim, qual você quer? — Perguntei. — Não sei ainda. — Ela respondeu. O caminho até a locadora era um pouco cansativo, então na metade do caminho, precisei levar ela no colo, pois, ela não parava de reclamar. Quando cheguei lá, percebi que Sophia foi correndo até o corredor infantil e lá estava alguém conhecido. E acabou começando a conversar com um menino.