Episódio 2

1161 Words
Andrew Se você me perguntasse qual é o meu dia favorito da semana, eu definitivamente responderia: segunda-feira. Fins de semana são uma porcaria completa. Nos últimos anos, tenho trabalhado como se Deus tivesse criado apenas cinco dias por semana. É uma pena que o código do trabalho não pense assim, e isso não se aplica aos trabalhadores da minha empresa. É uma pena. De pé no meu escritório, observo pela janela um homem tirando a poeira da avenida. O próximo dia de verão estará muito quente. O trabalho sempre foi a minha casa. Finalmente percebi isso quando o aplicativo do meu telefone começou automaticamente a nomear o endereço do meu escritório como “Casa”. Simplesmente, com base na quantidade de tempo gasto aqui. Tudo na minha vida combina comigo. Esses contos de fadas sobre “a casa cheia” são a mesma por*caria do fim de semana. É uma pena não ter entendido isso imediatamente. Ou melhor, uma bruxa de olhos verdes me ajudou a entender isso. A minha esposa. Já se passaram quase três anos desde a última vez que a vi e ainda não consigo me considerar o ex dela. Tecnicamente, tive e terei apenas uma esposa na vida, foi o que decidi. Portanto, tenho o direito de não adicionar esse prefixo feio “ex”. Caminhando até uma mesa cheia de papéis, liguei para a minha secretária: Ângela, faça um café para mim. E traga-me uma lista de objetos para o último concurso. — Sim, Andrew Konstantinovich. Vou trazer tudo agora. Uma hora depois, como sempre. Viro lentamente em direção à janela e fecho os olhos por causa do sol forte. Precisamos substituir as baterias da Angela. Ou substitua a Angela. Ainda não tomei uma decisão. Cinco minutos depois, a secretária traz café e uma seleção dos últimos jornais. Em geral, quem no século XXI lê as últimas notícias da imprensa? Além de mim, talvez, apenas quem imprime. Desde criança adoro o cheiro de jornais frescos. O meu pai trazia um jornal novo todas as manhãs e lia no café da manhã. E eu amava muito o meu pai. Bebendo café quente, leio o boletim diário da cidade. Manter-se atualizado com as novidades é sempre útil para o meu negócio e me ajuda a manter o foco durante negociações e reuniões. Ficar no assunto é o meu princípio de vida. Portanto, a Internet e o tablet estão sempre no meu desktop, e para a alma, o jornal da manhã. — Não brinca! A caneca de café quase escorrega das minhas mãos quando abro o artigo na terceira página do jornal. — Natacha Averina - diretora da agência de publicidade “Módulo” em baixo uma entrevista e fotografias com minha esposa. Ok, ok, com minha “ex” esposa. Imediatamente após o divórcio, proibi-me de me interessar pela vida dela e, até hoje, mantenho honrosamente esse voto para mim mesmo. Admito que, com a minha capacidade de controlar cada passo, foi difícil. Assim que começo a ler, dois pensamentos me atacam. Primeiro, quem lhe deu os fundos para abrir a sua própria agência? Isso queima o meu interior de ciúme, faz muito tempo que não sinto essa sensação nojenta. Ela realmente encontrou um substituto para mim? E o segundo pensamento é por que ela ainda é tão incrivelmente bonita quanto era há três anos. Por*ra. Há um terceiro. Por que isso me preocupa tanto a ponto de minhas mãos tremerem? Mas empurro esse pensamento para o canto mais distante da minha cabeça e então pensarei sobre isso. Estou lendo um artigo sobre como a minha bruxa abriu a sua agência, com quais empresas na cidade ela trabalha e quantos funcionários ela tem hoje. Nada ma*l, Natacha. Não, nunca duvidei dela. Natacha é a mulher mais inteligente que conheço. E ela tem a bu*nda mais incrível. Durante três anos tentei encontrar algo remotamente semelhante. Nada funcionou. Um dos últimos jornalistas faz uma pergunta sobre sua vida pessoal: você é uma jovem muito bonita, Natacha Vitalievna. Conte-nos sobre você, você é casada, tem filhos? — Obrigada pelo elogio. Estou muito satisfeita. Nunca fui casada, mas desde criança sonho muito com família e filhos. Sobre uma casa grande e aconchegante, cheia de risadas e felicidade. Infelizmente ainda não conheci esse homem, nunca amei, mas espero muito que tudo dê certo para mim. “Eu te amo tanto, Andrew, acho que vou morrer sem você”, lembro-me das palavras que ela repetiu para mim centenas de vezes ao longo de dois anos. Vad*ia mentirosa. — Acho que depois da nossa entrevista, uma fila de homens da nossa cidade fará fila em frente ao seu escritório. Uma mulher tão linda simplesmente não pode ficar sozinha, desejo-lhe boa sorte. Finaliza a entrevista o jornalista da Gazeta. Jogo o jornal na minha mesa. M*aldita pu*ta. No começo ela irrompeu na minha vida como um redemoinho. Agora ela arruinou completamente a minha segunda-feira. Viro-me novamente para a janela panorâmica. O homem de laranja continua a limpar a rua. As pessoas que passam correm para trabalhar no centro de negócios, onde minha holding, Capital Stroy, ocupa dois andares. As memórias remontam aos dois anos que Natacha e eu passamos juntos. Com uma mulher de sucesso que agora afirma no artigo que nunca amou ninguém. Cerro os punhos até que eles estalem, por que isso me machuca tanto? Incrível. Me apaixonei por Natacha na mesma noite em que a conheci em uma boate, há quase cinco anos. Nem lembro o nome da minha companheira, com quem fui junto para o clube. Outra boneca, daquelas com quem eu gostava de passar o tempo livre naquela época. Toda a minha vida comedida terminou naquele momento em que olhei nos olhos de Natacha com uma camisa manchada de champanhe ali mesmo na pista de dança. E, para ser sincero, fiquei olhando para a po*rra do recorte no peito dela. Então toquei a pele delicada da mão dela em miniatura estendida para mim. E tudo desapareceu. Naquele momento eu percebi que era ela. Eu queria uma família então? Definitivamente não. Mas pedir a ela em casamento depois de seis meses de namoro era tão natural quanto uma porcaria para a seleção russa de futebol depois de qualquer uma de suas partidas. Estou olhando para a rua como um idio*ta e não consigo evitar de ficar com raiva. "Nunca amei. Eu não conheci o homem certo". Cerro os dentes até eles quebrarem. Eu serei amaldiçoado se não souber exatamente quem ela queria machucar com essas palavras. E ela conseguiu. Você quer jogar comigo, Natacha? Também gosto de jogar, mas gosto ainda mais de ganhar. Também não suporto filas. Fecho as persianas para não me queimar de sol no meu próprio escritório e mergulho em mais um dia de trabalho. O trabalho é a parte mais importante de mim. Vou pensar em Natacha Gromova, que, a julgar pelo artigo no jornal, mais tarde mudou o meu sobrenome para o ex.
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