Os meus ouvidos começam a zumbir e fica muito difícil respirar. Fico esperando que Amiran afaste a garota e pare com esse comportamento indigno. Mas nada disso acontece. Ele apenas a segura suavemente, dá um passo para trás e diz algo baixinho.
A loira sorri tristemente e acena com a cabeça como se concordasse com ele.
— Você vê? A minha irmã diz ao meu lado. — Eles estão juntos há muito tempo. E eles continuarão juntos. Ela dará à luz os seus filhos amados. Ele passará as noites com ela enquanto você o espera em casa para jantar.
A minha garganta seca instantaneamente. Não posso nem me opor à minha irmã. E o que posso dizer? Através do véu de lágrimas, a silhueta do meu amado se confunde, e tudo que consigo ver antes que a minha mãe nos encontre é como Amiran pega a garota pelo braço mais adiante no corredor, e então eles se escondem no arco.
— Jade! Por que você está aqui? Mamãe pergunta severamente. — O seu pai já está começando a ficar nervoso! O que você está fazendo?
Ela se agita, ajusta a maquiagem, estala a língua em desaprovação e ordena que a minha irmã avise os homens. E ela me leva ao banheiro feminino.
— Filha, o que há de errado com você? Ela pergunta carinhosamente quando estamos sozinhas.
— Está tudo bem. Eu sorrio com força. — Apenas nervosismo, provavelmente.
— Jade, acredite, eu sei o que é. Eu também tinha medo de me casar. Mas o seu pai é o melhor dos homens.
— Você se apaixonou por ele imediatamente? Uma pergunta escapa dos lábios.
— Não. A minha mãe balança a cabeça. — Demorou para nos conhecermos. Mas conseguimos. E vivemos uma vida feliz. Porque o seu pai é um homem digno. Assim como Amiran.
Assim que ouço o seu nome, dói por dentro, como se o meu pobre coração estivesse sendo despedaçado, e o rosto dessa garota loira aparecesse diante dos meus olhos. Mas não tenho como voltar. Mesmo se eu quisesse escapar, não poderia. Não tenho o direito de desonrar os meus pais.
— Desculpe, você está certa. Vou me preparar agora.
— Você é minha garota inteligente. Diz a minha mãe. — A minha esperta garota de ouro.
Há lágrimas nos seus olhos. Mas estas são lágrimas de felicidade e alegria para o casamento da sua filha, e dizer-lhe a verdade significa partir o seu coração. E eu não posso fazer isso.
Quando voltamos para a sala de espera, Amiran já está lá. Perfeito como sempre. Sem vestígios de batom. E só a minha memória é testemunha do que aconteceu. Bem, e um sorriso malicioso no rosto da minha irmã.
— Jade! Onde você estava? Papai resmunga descontente, olhando severamente para nós.
— Não fique bravo. Era preciso melhorar a beleza. Responde a minha mãe baixinho. Papai não se atreve a discutir esse argumento. Além disso, o organizador chega e diz que é a nossa vez.
O noivo vem até mim e estende o cotovelo, e eu olho para ele e entendo que não posso. Não posso tocá-lo depois dela.
— Jade. A minha mãe sussurra. — Seja corajosa, filha.
Só a voz dela me dá força. Coloco a mão no cotovelo de Amiran e vou até a saída.
Este dia deveria ser o meu mais feliz. E no final, fico na frente do Juiz, que lê o texto solene, e não consigo entender uma palavra.
Há um barulho em meus ouvidos, apenas um pensamento bate na minha cabeça.
Ele ama outro.
É por isso que pulo o momento em que preciso assinar.
— Jade, você está se sentindo m*al? Amiran pergunta preocupado. Eu olho para cima e finalmente encontro o seu olhar. Há uma preocupação genuína no seu rosto, e diante dos meus olhos vejo o beijo dele com aquela garota.
— N-não. Tudo está bem. Só está um pouco abafado aqui.
— Tenha paciência, não resta muito. Ele pede.
Concordo com a cabeça mecanicamente e coloco assinaturas nos lugares certos. Fiquei tão chocada com o que descobri que nem li o que havia naqueles documentos.
Quando trocamos alianças, algo em mim morre. Principalmente nas palavras do Juiz que este é um símbolo de amor e fidelidade. Quero rir e chorar ao mesmo tempo.
Que lealdade? Mesmo que no dia do nosso casamento meu marido já estivesse namorando a amante.
A viagem até o restaurante é um borrão. Todas as felicitações foram adiadas para o banquete. E aí, felizmente, Amiran e eu quase nunca ficamos sozinhos. Constantemente um dos parentes quer tirar uma foto conosco ou comigo.
Logo Karim chega. Ele está com a sua esposa. Diana. Ainda a admiro.
Como ela não teve medo de ir à casa dos pais de Diana quando ele se opôs abertamente ao pai. Eles formam um casal muito lindo, e o amor entre eles pode ser sentido mesmo à distância. Como o meu ex-noivo apoia a esposa, como a ajuda a sentar-se à mesa. Como ele olha para ela com adoração.
Amiran se aproxima deles e os cumprimenta, enquanto mais parentes me envolvem. E a julgar pelo que consigo perceber, os irmãos estão felizes um com o outro. Então, eles fizeram as pazes, afinal. E acontece que Diana está grávida. A sua barriga ainda é quase imperceptível, mas a maneira como ela tenta cobri-la revela a sua futura maternidade.
Estou realmente feliz por eles. E o meu próprio casamento parece ainda mais feio em relação ao passado deles.
Quando, finalmente, os convidados se sentam, e Amiran e eu também podemos fazer isso, quase não consigo sentir as minhas pernas. Sapatos confortáveis transformam-se em instrumentos de tortura. Mas eu suportaria tudo isso felizmente se...
Eu sei que não posso estragar a vida e a honra dos meus pais. Então fico sentado com um sorriso colado a noite toda.
Amiran desempenha habilmente o papel de um cônjuge atencioso. Ele cuida de mim e está interessado no meu bem-estar.
E mesmo quando começam as dicas sobre a primeira dança, ele primeiro pergunta se tenho forças para isso.
Concordo brevemente com a cabeça e me levanto da mesa atrás dele. Mentalmente, estou contando as horas até que tudo acabe e ele pare de cumprir o seu papel em público. Ele vai me contar a verdade? Ou, na sua opinião, sou indigno de conhecer a verdadeira situação?
Será mentira sobre com quem você passou a noite? Ou as reuniões com ela acontecerão ao longo do dia?
Esses são os pensamentos que me ocupam enquanto giramos na primeira dança dos noivos.
— Você está cansada. Observa Amiran.
— Desculpe. Eu digo em voz baixa. Baixo o olhar para não mostrar o que está na minha alma. A minha mãe me ensinou bem o que deveria ser uma boa esposa, e terei que seguir essas regras durante toda a minha vida.
— Por que você está pedindo perdão? O meu marido franze a testa. — Eu deveria ter percebido antes. Não adianta fazer show para os convidados se você se sente ma*l.
Amiran realmente para, embora a música ainda esteja tocando. Ele faz um gesto para o funcionário do restaurante, e o brinde rapidamente resolve o problema com as próprias mãos e voltamos para a mesa.
Durante toda a dança, o meu marido não me tocou mais do que a decência permite. Nem um único gesto dele foi cheio de antecipação ou mesmo de simpatia. Apenas polidez reservada. E isso me machuca. Embora muito mais forte? E então tudo já está quebrado.
E meia hora depois ele me olhou com atenção e perguntou:
— Você gostaria de mais comida ou talvez bebidas?
— Não, eu não estou com fome. Obrigado. Respondo humildemente, como convém a uma esposa.
Ele balança a cabeça como se não duvidasse da minha resposta.
— Então vamos embora.