O Dono da Casa

1897 Words
Eu fiquei muda por uns dez segundos, não consegui responder. Sei lá! Fiquei muito impressionada ao ver aquela mulher. Era como se eu já a conhecesse. -Ah... Me desculpe! Falei pegando a mão dela. - Sou Angel, muito prazer! - Angel? Ela disse impressionada. - Que nome tão doce! Eu dei um meio sorriso, talvez por timidez de estar diante de uma mulher tão poderosa. - Venha querida... Vamos se sentar alí! A senhora me mostrou uma mesa no jardim que possuía uma cobertura branca. Eu me sentei em uma das cadeiras extremamente nervosa, e ela se sentou á minha frente. - Quantos anos você tem? Ela tinha uma voz meiga, jeito manso. Deixava qualquer um confortável. - Dezessete, senhora! Respondi ainda ansiosa. - Tão novinha... Por que decidiu trabalhar? Tem alguma experiência profissional? Engoli em seco, já imaginando o que eu iria responder, para pelo menos tentar convence-la de me contratar. - Não senhora, não tenho! É a minha primeira entrevista! Respondi tremendo. - Ooh querida, não se acanhe! Ela disse com um sorriso largo. - Eu tenho certeza que irá se sair super bem! Eu apenas assenti soltando o ar pela boca bem devagar. Eu precisava ficar calma! - Gosta de crianças? Ela perguntou.- Bom... Porque a vaga se trata de duas! - Bom... Na verdade eu sou filha única! Respondi com sinceridade. - Por que optou pela vaga? Dona Diana cruzou suas pernas como se esperasse a minha reação. A resposta certa seria porque minha avó e eu precisamos de dinheiro porém... - Eu moro com a minha avó! E a convivência com ela me fez adquirir uma certa paciência... Eu preciso de um emprego que não exige nenhuma experiência, porque não tenho! Eu só preciso de uma oportunidade... Ela mordeu seu lábio inferior e assentiu as minhas palavras. Eu não tinha a menor idéia do que dizer! Eu não sabia falar a coisa certa, eu só sabia ser eu mesma! - Bom Angel! Na verdade as meninas são gêmeas, porém são bem tranquilas... Elas nunca me deram nenhum tipo de trabalho até então... Porém elas nunca conviveram com babás ou estranhos! - A senhora tem muita sorte de ter duas filhas! O meu comentário saiu repentino e eu me xinguei mentalmente por isso. - Aaah não! Ela respondeu com um sorriso e jogando a sua mão.- Elas não são as minhas filhas, são minhas netas! E eu fiquei absurdamente impressionada de uma mulher tão jovem e bem cuidada ser avó. - Bom na verdade eu cuido delas desde que nasceram... Aquelas meninas são tudo pra mim! Diana disse com ternura nos olhos. - Mas infelizmente meu marido não anda muito bem de saúde, por isso optei em contratar alguém que me ajudasse a cuidar delas no período da tarde, porque de manhã elas estudam. - Entendo... Respondi me sentindo mais calma. - Você gostaria de fazer um teste? Ela perguntou me olhando curiosa. - Oh sim eu gostaria muito! Respondi deixando transparecer a minha alegria. - Bom Angel, eu quero que saiba antes de tudo que não é do agrado do meu filho, que eu contrate uma jovem para me ajudar com as meninas! Senti meu estômago revirar. - Mas eu preciso muito de alguém e estou disposta a te dar uma oportunidade! Sorri feito uma criança que vê um balanço vazio num parquinho lotado. - A senhora não vai se arrepender! Falei cheia de entusiasmo. - Venha comigo Angel, quero te mostrar a casa! Àquilo não era casa, era um palácio. Acho que deve ter sido o mesmo arquiteto que criou o castelo da Branca de Neve, e sem dúvidas teve muito bom gosto. Diana me explicou sobre os cômodos da casa, me apresentou os empregados, e até o chofer ela fez questão de me mostrar. Ele se chama Léo, é jovem porém raspou a cabeça o deixando careca. E eu queria entender porque diabos ele fez isso? Todos pareciam bem simpáticos, Diana era cautelosa com as palavras, mas não a vi em nenhum momento mencionar a nora. - Bom Angel eu vou ficar hoje com você para te auxiliar com as meninas... Meu filho chega para almoçar todos os dias ao meio dia! Você precisa entreter as crianças nesse momento, porquê elas não dão sossego ao pai! - E a mãe delas, vem almoçar também? Perguntei sem perceber que talvez eu tivesse cometido um grande erro! Eu e a minha boca grande. Diana me olhou com tristeza, parecia um assunto desconfortável. - Não querida! Meu filho é viúvo... - Eu sinto muito! Falei demonstrando sentimentos. - Esse é um assunto que a gente não costuma falar! Ela disse andando pela casa. - Sim eu entendo! Falei assentindo. - Bom Angel... Foi bom você ter tocado nesse assunto, eu digo sobre o meu filho! Ela parecia nervosa em falar sobre isso também. - Eu quero muito que você fique trabalhando conosco... - Eu também senhora! Respondi. - Mas quero que saiba desde já que você está sendo contratada por mim, o que precisar você se dirija a mim! Diana se referia a ela com bastante clareza. - Jamais fale com o meu filho se não for necessário, e nunca na sua vida, pense em entrar no quarto dele! Quê??? Quem ela pensa que eu sou? Uma Sirigaita sem vergonha na cara! Eu tenho princípios! Fui criada com a vó, acho que ela já se esqueceu disso! O meu nervosismo deve ter refletido no meu rosto porque Diana ficou altamente preocupada. - Desculpa Angel se de alguma forma te ofendi, mas eu mencionei que ele não está aprovando a minha contratação, e não quero que você tenha problemas com ele! - Fique tranquila senhora! Falei sentindo meu peito arder. - E quero deixar tudo esclarecido sobre suas limitações nessa casa para que você não se dê m*l! - Eu não invadirei o espaço dele senhora! Respondi sem entender porquê ela estava me vendo como uma ameaça. - Volto a me desculpar caso você tenha se sentido mal... Digo isso porquê te achei muito bonita! E me preocupo com você, pois meu filho é muito atraente! Isso já está me dando nos nervos! O que ela pensa que eu vou fazer? Me apaixonar por ele?? Me poupe senhora! Nem os garotos mais bonitos da escola me impressionam, quem diria um velho sem graça, viúvo e cheio de "Tique tique não me toques!" - A senhora pode ficar sossegada que o meu intuito aqui é só trabalhar! Respondi com meu rosto já corado. - Ótimo! Ela respondeu me levando no andar de cima. ( A chegada das gêmeas...) A escola era pertinho da casa delas, por isso as doze em ponto elas chegaram com o motorista. Eu senti meu coração vibrar! Eu não sei como é a sensação do primeiro emprego, mas eu estou muito ansiosa em conhecê-las. Quando a porta se abriu dois pares de cabecinhas louras entraram correndo. - Vovó! Vovó! Porque você não foi buscar a gente? Eram as coisas mais fofas que eu já vi na vida! Até me emocionei de vê-las, tão pequenas e já são infinitamente lindas. - Cumprimentem a Angel! Dona Diana me mostrou ao lado dela. Eu acenei para elas um pouco tímida. E uma delas me olhou de cima a baixo com os olhinhos curiosos. - Uau! Ela disse impressionada.- Você é muito bonita! Eu me agachei para ficar da alturinha delas, e as duas me olhavam juntas. - Como vocês se chamam? Perguntei sorridente. - Eu sou a Rebecca, e ela é a Raquel! A garotinha se referiu a irmã que era mais tímida. As duas tinham olhinhos claros. Os da Rebecca eram mais azuis, mas os da Raquel caíam um pouco para o esverdeado. - Vocês são muito bonitas! Falei impressionada com as garotas. - Como é que diz meninas? Diana perguntou levantando as sobrancelhas. - Obrigada! As duas responderam obedientes. Me deixando ainda mais cheia de amor. - Você é uma princesa? A Rebecca perguntou. Diana piscou para a mim e sorriu. - Não, princesas são vocês! Duas princesinhas lindas! Respondi. - Papai disse que todas que tem olhos azuis são princesas! Rebecca insistiu na teoria e eu fiquei sem reação. - Ela é uma fada meninas! Uma fada que a partir de hoje irá cuidar de vocês! Diana respondeu parecendo enfim preencher as expectativas delas. As duas me olhavam curiosas, Raquel tocou no meu cabelo como se inspecionasse cada fio. - Você sabia que papai é um super herói? Rebecca continuou. Tive muita vontade de rir, imaginando que os vingadores já o tinha aposentado á anos, mas me controlei. - Sério? Respondi como se acreditasse. - É... Ele se chama Pither! Igual ao homem aranha! - Angel leve as meninas lá para cima e auxilie com as trocas de roupas por favor! - Sim senhora! Respondi. Nessa hora ouvimos um barulho de carro que preencheu o lugar, e parecia vir em alta velocidade. Uma das gêmeas olhou pela janela suspendendo as perninhas e gritou. - É o papai! É o papai! Eu nunca vi duas crianças ficarem tão eufóricas com a chegada do pai, assim dessa forma. Eu me levantei e fiquei de pé ao lado de Diana. Já com o coração na mão, esperando aquele VELHO me repudiar. Quando a porta da sala se abriu, elas correram ao encontro dele. Eu não fiz contato visual, a Diana me dissera que ele não queria que contratasse nenhuma babá, por isso eu não tinha porque ser tão gentil. Ele as abraçou e beijou, e eu fiquei olhando pra janela. Esperando terminarem para mim subir com as meninas O pai delas ficou de pé com elas grudadas nele. Diana se aproximou dele e eu senti meu rosto pegar fogo. - Pither essa é a Angel! Ele adentrou na sala. E eu fui virando o meu rosto devagar, bem lentamente como em câmera lenta. - É a nova babá! Quando eu enfim olhei no rosto dele senti minhas pernas baquearam. Ele não era velho! E muito menos sem graça... Meu Deus acho que estou infartando! Ele me olhou de cara fechada, tinha o cenho franzidos. Sua feição era de bravo! Os olhos esverdeados, iguais aos da Raquel. Ele era magro, porém um magro definido. Usava roupas brancas, só podia ser médico! A boca avermelhada combinava plenamente com a barba cerrada. E os cabelos... Meu Deus que cabelos eram àqueles?! Acho que infartei mesmo, e já cheguei no céu! Até anjos eu estou vendo! - Boa tarde! Ele disse ríspido. E eu apenas balancei a cabeça, não quiz gaguejar na frente dele. - Meninas vão lá pra cima, eu preciso conversar com a vó de vocês! Com elas, ele falava calmo e doce, e eu previ que a conversa que ele teria com a Diana não seria nada boa. E com certeza era sobre mim. - Angel querida! Leve as meninas lá pra cima! Diana se voltou para mim. Apenas assenti as chamando, eu jamais iria até ele para pegar as gêmeas. Elas vieram relutantes até mim. E eu subi o mais rápido possível de mãos dadas a elas. No topo da escada Rebecca reclamou. - Por que a gente não pode ficar pra ouvir a conversa? Eu também queria ficar pra ouvir, mas não era essa a resposta mais sensata a se falar. - Papai vai almoçar princesa, depois ele vem falar com vocês! Tabom?
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