Camila
Acordo com o som do despertador.
Ainda na cama, abro os olhos e me espreguiço. A luz do sol entra pela janela, iluminando o meu quarto.
Me levanto e vou até a janela.
Olho para a rua abaixo. O dia está bonito, com o céu azul e o sol brilhando.
Sinto uma tristeza no coração.
Lembro-me da minha mãe.
Ela era uma pessoa tão alegre e divertida. É só disso que eu prefiro me lembrar.
Vou até a minha mesa pequena e me sento. Abro o meu computador e começo a procurar onde tinha salvo aquele link da vaga de emprego. Alguns papéis caem da mesa quando me movo no assento e minha mão passa por cima. Dou uma breve organizada na minha pequena bagunça.
Enquanto arrumo os papéis, vejo uma foto da minha mãe.
Coloco a foto de volta na mesa e fico olhando pra aquela foto. Havia cinco anos que não tiravamos até mesmo um simples foto sequer porque vivíamos em pé de guerra naquela casa.
Não consigo concentrar-me. Nesse momento pela manhã os meus pensamentos estão todos voltados para a minha mãe.
...
Camila
Abro a porta do quarto de Dakota e entro, chamando pelo seu nome.
Camila : Dakota?
Silêncio.
Camila : Dakota?
Chamo novamente, mais alto. Ainda não há resposta.
Giro a maçaneta da porta do banheiro e a abro, também sem ver ninguém.
Camila : Dakota?
Olho em volta do quarto, procurando por ela. Tudo está no lugar.
Camila : Será que ela saiu?
Me aproximo da mesinha ao lado da cama e vejo um papel sobre ela. Pego o papel e o leio.
Camila (lendo o papel)
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"Oi,
Desculpa não ter comentado isso com você. Mas eu tive que ir às pressas para o trabalho, mas tarde te explico um pouco melhor sobre isso.
Bjs.
Dakota."
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Guardo o papel na mesinha e saio do quarto. Vou para a cozinha fazer um café.
Fico preocupada com a minha amiga. O que será que aconteceu que ela teve que ir às pressas para o trabalho?
"Talvez ela tenha tido algum problema com um cliente", penso. Ou talvez ela tenha sido chamada para uma reunião de última hora.
O café está pronto e eu sirvo-me. Sento-me à mesa e começo a tomar o café.
"Quando ela voltar, vou perguntar o que aconteceu", penso.
Termino o café e lavo a louça. Depois, vou para a sala de estar e ligo a televisão.
Estou assistindo a um filme quando Dakota chega em casa.
Dakota : Oi, Camila!
Camila : Oi, Dakota.
Dakota : Como vai?
Camila : Melhor, obrigada. E você?
Dakota : Estou bem também. Só tive um probleminha no trabalho, mas já está tudo resolvido.
Camila : Que bom!
Dakota : Eu te expliquei o que aconteceu?
Camila : Não. Você deixou um bilhete.
Dakota : Ah, sim. Eu tive que ir às pressas para o trabalho. Teve um problema com um cliente e eu precisei resolver.
Camila : Entendi.
Dakota : Me desculpa por não ter te avisado.
Camila : Não tem problema. Eu já estava preocupada, mas agora que sei que você está bem, eu estou aliviada.
Dakota : Eu também. Eu não queria te preocupar.
Camila : Eu sou sua amiga, Dakota. Eu sempre vou me preocupar.
Dakota : Ow. Eu também com você.
Camila : Obrigada pelo que está fazendo por mim.
Dakota : Quê isso. Você é como uma irmã pra mim.
Nos abraçamos e depois continuamos a assistir ao filme.
...
13:00 | Tarde
Hoje é o dia da minha entrevista de emprego na Barclays, conseguir uma entrevista lá e uma oportunidade de ouro e veio no momento certo. Estou muito nervosa e animada ao mesmo tempo.
Me levanto da cama e vou para o banheiro. Faço minha higiene matinal e depois começo a me arrumar. Escolho um vestido preto de corte clássico, que é elegante e profissional. Combino com uma bolsa de couro preta e um par de sapatos de salto alto.
Após me vestir, vou para a cozinha e tomo suco groselha rápido. Depois, pego meu currículo e meu portfólio e saio de casa.
A tarde está tranquila. O caminho até a Barclays é tranquilo, e eu consigo chegar lá com bastante antecedência.
...
Minha atenção é totalmente absorvida por esta empresa, uma visão de perfeição indiscutível. Sinto o peso de alguns olhares sobre mim, uma sensação desconfortável. Subo os degraus que antecedem a entrada, mas um deslize me faz tropeçar nos próprios pés. Os papéis que segurava se espalham pelo chão, e eu, agachada, começo a recolhê-los. Um homem se abaixa, ágil, e pega os últimos papéis que restavam, dirigindo-se até mim.
XX : Deixou cair. — Ele estende os papéis para que eu os recupere, e assim o faço, sorrindo com gratidão.
Camila : Obrigada. - os seus olhos verdes se conectam aos meus, fazendo-me perder alguns preciosos minutos admirando cada detalhe do seu rosto tão próximo.
XX : Tenha um bom dia, senhorita.
Então ele vai.
Camila : Vamos lá. Tudo vai dar certo. — murmuro, os olhos cerrados numa prece silenciosa pela perfeição deste momento.
Guardo o cartão meticulosamente na bolsa, desviando minha atenção para o papel que registra minha última oportunidade, vinculada ao renomado Barclays. À beira da entrada, uma loira elegante me empurra com desdém, seus olhos refletindo o desprezo por mim. Dentro da imponente empresa, avanço em direção a uma atendente, ansiando por uma centelha de esperança. Meu coração acelera, quase saltando pela boca, de grande que é a tensão que me envolve.
Entrego os meus dados à Rececionista, que me disse criar um crachá e pediu que eu aguardasse. O meu estômago protesta, indicando a fome. Ao redor, avisto uma café na minha direção, longe de parecer uma. Escolho uma mesa isolada, faço o meu pedido e concentro-me na primeira mordida do meu irresistível e sedutor…
Um homem esguio, de estatura elevada e elegante, solicita o mesmo café que aprecio.
Da minha posição distante, observo-o virar-se com a xícara em mãos, apenas para colidir com a garçonete, resultando na total descarga do café em seu paletó cinza notoriamente valioso.
Xxx : COMO ISSO É POSSÍVEL? SUA INCOMPETENTE! VOCÊ ESTÁ DEMITIDA! - Como pode alguém perder o controle assim, sem aguardar qualquer explicação?
Uma onda de indignação me envolve ao presenciar esse episódio. Não tolero que a riqueza sirva de desculpa para humilhar os outros.
Camila: Ei. — Cutuco o seu ombro direito, ele vira-se para mim, evidenciando claramente a sua fúria. — Senhor, a moça apenas teve um deslize. Ninguém planeja derramar café quente.
Xxx : Quem é você? Alguma parente dela? - Neguei. - Continuei negando. - Então, não se intrometa onde não é da sua conta.
Camila : Não sou parente nem amiga, mas acredito que todos merecem um pouco de compreensão. Afinal, quem nunca teve um dia mau?
Xxx: (olhando-me com desdém) Dias ruins não justificam incompetência.
Camila : E arrogância também não. (firme) Acredito que todos merecem uma segunda oportunidade. Não seria mais justo resolver isso de uma maneira mais civilizada?
XX : (entre dentes) Não se meta em assuntos que não são seus.
E sai.
Outro dia que definitivamente não seria um bom dia.