- Capítulo Dois "Acaso ou Destino?"

3579 Words
Calor. Isso definia exatamente o que Isaac estava sentindo naquela cidade. Ele estava dentro do seu carro, com o ar condicionado ligado no mais potente e mesmo assim sentia o terrível calor daquela região, que se encontrava no nordeste do Brasil. Isaac Almeida era um fuzileiro naval, do tipo que se dedicava a tudo o que fazia. Ele amava sua profissão, e vivia viajando para vários locais do Brasil a trabalho e também por lazer. Naquele momento estava em uma rodovia estadual bem próximo a Palmares, uma cidade a qual ele nunca imaginou que existia, nem sequer se interessava por ela. Seu carro era uma Hilux 2020, bem conservada, quatro portas e completa, uma ótima caminhonete que poderia ser colocada tanto na lama quanto na estrada, e servia muito bem aos propósitos de Isaac. O som estava ligado bem alto e ele ouvia o CD "Greatests Hits" de Bon Jovi. O velocímetro marcava 120 km/h e Isaac não se importava, pois era comum viajar acima dessa velocidade. "Meu Deus que sede... preciso parar em um posto de gasolina e tomar água ou algo do tipo..." pensou ele, esperando ansiosamente por algum local ao qual pudesse matar seu desejo. Isaac estava de férias, e ainda tinha 19 dias para poder fazer o que bem quisesse, antes de ter que se juntar ao navio em que estava matriculado em Natal/RN. O seu objetivo atual era visitar seus pais que moravam em Recife/PE, e estava indo exatamente para lá. O militar viajava por algumas horas. Desde que entrou de férias, Isaac pegou seu carro (que estava na sua pequena casa na cidade de Garanhuns/PE) e começou uma viagem tranquila até Recife/PE. Para ele seria divertido, e não teria pressa alguma de chegar, pois amava parar em restaurantes e conhecer cidades diferentes (mesmo que fossem pequenas). O homem era do tipo musculoso, do qual ninguém queria arrumar confusão. Além disso, praticava há anos Judô e Muay Thay, bem como manuseava armas de quaisquer tipos, principalmente rifles. Isaac tinha 29 anos e entrou na Marinha do Brasil por concurso. Sofreu muito para poder crescer em sua carreira, mas estava indo bem e já havia conseguido subir algumas patentes. Ele era caucasiano, tinha cabelos de cor castanho claro raspados dos lados (bem ao estilo militar) e era alto, tendo em torno de 1,89m. Uma de suas maiores desvantagens era a timidez. Isaac teve pouquíssimos relacionamentos na vida, só pensava em sua carreira profissional e em suas viagens a trabalho (ou a lazer). Era um homem bom e tranquilo apesar de tudo, e sabia muito bem como lidar com situações complicadas, contudo não era um bom líder, e nunca teria o perfil para ser. ... Ele estava bem distraído enquanto dirigia, ouvia "Wanted Dead or Alive" de Bon Jovi e não percebeu quando um carro entrou com tudo em um dos retornos e invadiu a pista. — FILHO DA... Isaac freou com força (tendo sorte pelo seu veículo ter obedecido imediatamente, senão iria rodopiar) e, para escapar de uma colisão na traseira do outro veículo (não tinha como ser frontal pelo fato da rodovia ser duplicada), puxou o volante para a direita, passando pelo acostamento e entrando nos canaviais. Por sorte ele não capotou. Seu carro estava com a parte direita frontal amassada e cheia de arranhões. — MAS QUE MERDA, CARA! QUE FILHO DA PUTA... ELE ME TRANCOU! EU NÃO ACREDITO QUE FODEU MEU CARRO... DROGA! — xingou ele, irritado. O veículo que forçou Isaac a se jogar no meio das canas foi embora sem prestar assistência. A rodovia estava deserta e a única coisa que dava pra se ver era o canavial e o céu azul com algumas nuvens. Ele desceu da caminhonete ainda furioso e foi conferir o estrago feito. Lataria amassada, pneu direito dianteiro empenado, vidro da porta direita da frente trincado e motor esfumaçando, resumindo: veículo bastante danificado. — Meu Deus... Isaac pensou em ligar para alguém e pedir ajuda, porém naquele local seu celular estava sem sinal. A única coisa que restava fazer era abandonar o carro e seguir viagem a pé, até encontrar alguma casa ou posto de gasolina ao qual pudesse pedir ajuda. Ele pegou sua mochila e colocou tudo o que podia dentro dela: carteira, celular, chaves, livros, roupa, óculos de sol e por fim, sua pistola Glock .40 e os três pentes de balas reservas. Depois de tudo pronto, trancou o veículo e começou a andar. ... De uma coisa Isaac sabia: estava próximo de Palmares, uma cidade que nunca teve curiosidade de conhecer. Estava morto de cansado e precisava urgente sentar e descansar, porém já tinha avistado um posto de gasolina e por isso não queria desistir agora. O peso da bolsa também não ajudava nem um pouco. Isaac caminhou por durante duas horas e finalmente conseguiu entrar no tão esperado posto de gasolina. — Boa tarde... é que... eu... sofri um acidente de carro e decidi vir a pé até aqui — o frentista arregalou os olhos assustado. — c*****o! Você está bem? Mais ou menos onde seu carro bateu? É preciso ter muita coragem pra enfrentar esse sol quente numa caminhada... mas tudo bem! Você precisa de alguma coisa? — perguntou o homem, que estava trajando uma farda azul escuro, da cor do logotipo do Posto (que por sinal se chamava Posto Azulão). — Preciso de... água gelada e qualquer coisa pra comer... e não se preocupe, eu pago! — disse Isaac, entrando na pequena loja de conveniência junto com o frentista. A área do celular já tinha voltado, e ele se lembrou que precisava contatar o seguro do seu carro urgente e avisar o ocorrido. — Irei me sentar aqui... O frentista acenou para ele e voltou para perto das bombas de gasolina. O atendente da lojinha saiu de dentro do banheiro e veio até Isaac. — Opa! Deseja alguma coisa? — Sim... um suco de acerola bem gelado e um sanduíche do melhor que você tiver! Ah... e rápido, se possível! — o rapaz era meio desleixado e acima do peso, e sem querer deixou cair no chão um copo de vidro, que veio a se quebrar. A loja de conveniência dali era bem organizada, porém não era nada acima do esperado para o tipo de cidade. Pequena, com dois freezers de sorvete de marcas diferentes, algumas revistas à venda, uma estante de ferro com vários pacotes de salgadinhos e, no caixa com o atendente, haviam vários pacotes de chicletes e doces para vender. — Ah merda... daqui a pouco limpo isso... e sim... vou começar seu pedido... só me dê um instante! — avisou o homem, limpando a bagunça que fez. — Ok... Algumas horas se passaram e mesmo depois de ter se alimentado, Isaac continuou na pequena loja de conveniência, pois ali tinha algo que não queria deixá-lo sair: o ar-condicionado. Ele conseguiu falar com a empresa do seguro de seu carro e prometeram mandar o reboque para buscá-lo, agora o militar precisava se hospedar em algum hotel e adiar a viagem até tudo ficar bem. Enquanto Isaac se perdia nos pensamentos e tentava ligar para seus pais, no intuito de informar o que aconteceu, mas sem êxito, pois eles não atendiam, o frentista e o atendente não paravam de assistir ao noticiário, e por curiosidade, o militar decidiu prestar atenção também. "Não acreditem em tudo o que vocês veem em mídias sociais! Nem tudo é verdade! As histórias inventadas pelo povo sobre essa nova doença são mirabolantes! E além disso existem relatos de que está se alastrando rapidamente, não devemos cair nessa armadilha em que muitos boatos rolam soltos, principalmente em falsos vídeos publicados na internet... obviamente devemos ter cuidado com nossa saúde e segurança, porém não podemos simplesmente deixar de viver e trabalhar por medo! Há relatos sobre os doentes ficarem agressivos, isso é fato, porém estamos trabalhando duro para conseguir uma vacina para isso e em menos de um mês provavelmente já a teremos!" afirmou o Secretário de Saúde da cidade São Paulo/SP, recebendo aplausos da plateia do programa. — Viu? Eu não te disse, i****a? — comentou o atendente gordo, apontando para a TV. — É... parece que você tem razão, isso tudo é besteira, agora vou voltar lá pra fora. Mesmo ouvindo aquilo, Isaac sabia que aquela doença não era "invenção" ou algo do tipo. Tinha sim muita coisa errada nisso ao qual o governo tentava esconder do povo, porém ele nada podia fazer a não ser lamentar. ... A tarde daquele dia estava perto do fim e o calor não diminuía. Isaac tinha saído de táxi para procurar um hotel em Palmares e poder descansar até criar coragem para pegar um ônibus pra Recife. Além do mais, o pessoal do seguro de seu carro não atendia mais as ligações, claramente sem se importar com ele, o que o enraiveceu bastante. O trânsito não estava fluindo bem no centro da cidade, e por ser um pouco "atrasada no tempo", as vias de Palmares não acomodavam bem aquela quantidade de carros e motos. — Pare aqui, por favor! Eu vou ver se faço umas compras antes de ir pro hotel — o taxista obedeceu e parou bem na frente do supermercado Boa Vista, no centro da cidade. — Vou fazer a volta e procurar algum estacionamento, em pouco tempo estarei aqui novamente! — falou o senhor grisalho, dono do automóvel. — Beleza. Isaac colocou a mochila nas costas, saiu do carro, deu uns tapas na calça jeans que estava vestindo (para tirar o excesso de poeira) e entrou no estabelecimento. Um local grande, com pouca gente e muitos itens. O supermercado deveria ser um dos melhores da cidade, pois a maioria das coisas nele eram de marcas boas, além de ter um restaurante self-service no fundo. Velhinhas andavam para lá e para cá pelos corredores do estabelecimento, enquanto que crianças brincavam correndo por todos os lados. Isaac adorava aquela sensação que uma cidade pequena transmitia para ele. Pessoas pacatas, calmas, felizes e simples. Ele também gostava de cidades grandes, porém nada era tão recompensador como sentir o clima acolhedor que uma cidade menor tinha. O tempo voava bem rápido ali. Enquanto escolhia os itens que levaria, o militar decidiu conferir o relógio de pulso prateado que tinha e viu que já era 17:30h. — p**a merda... cadê o cara do táxi? — indagou ele, pois já tinha se passado quase uma hora e meia desde que chegara ali. Isaac pegou o celular e tentou ligar para o taxista. Entretanto seu celular estava sem área. — Problema dele, perdeu de ganhar dinheiro... Era muito estranho também a questão de ser quase natal e ter pouquíssimas pessoas no supermercado, contudo isso poderia estar assim por causa do pânico instalado pelas notícias da Lyssadyceps, a nova doença. "AAAAAAH!" Uma mulher deu um grito enorme do lado de fora do estabelecimento, e fez com que a maioria das pessoas que se encontravam ali, corressem para conferir o que houve, — O que foi isso? Isaac caminhou tranquilamente empurrando seu carrinho de compras até a entrada do mercado. — SOCORRO! ELE ESTÁ TENDO UMA CONVULSÃO! ALGUÉM AJUDE! — gritou uma senhora de aproximadamente sessenta anos, com cabelos tingidos de loiro claro e com um vestido curto preto. Era assustador a cena. Um homem de uns quarenta anos, n***o e relativamente gordo se debatia no chão da entrada do local, com veias saltadas por todo o corpo. Ele tremia muito e da sua boca escorria uma saliva esverdeada e gosmenta. — CALMA! CALMA! — falou um rapaz alto e branco, de cabelos grandes amarrados para trás, com camisa regata e um short de praia. Ele segurava a cabeça do homem que estava tendo convulsões e tentava acalmá-lo. De repente a convulsão cessou. — Ele está bem? — perguntou a senhora que antes gritava desesperadamente, depois de alguns segundos de silêncio. — RO... UR... Uma multidão começou a se juntar ao redor da cena. Em seguida, algo extremamente inesperado aconteceu: o homem que antes espumava pela boca e tinha convulsões, abriu os olhos e pulou em direção à mulher, mordendo-a com violência na região do pescoço e com uma agilidade incrível para alguém da sua idade. — AAAAAAAAH!!! — QUE MERDA É ESSA!? — gritou o rapaz de cabelo amarrado. Isaac, ao ver a cena, soltou o carrinho de compras e correu até a confusão generalizada. — EI! SOLTA ELA, p***a! — ordenou o militar, tentando tirar o homem de cima da mulher mordida. Todas as pessoas ao redor da situação travaram instantaneamente. Ninguém se mexia nem para ajudar e nem para correr. E a cada segundo que se passava, mais gente se juntava para assistir ao acontecido. Isaac puxou a camisa do louco e, mesmo assim, não conseguiu afastá-lo. — SENHOR! SOLTE ELA AGORA OU VAI SE ARREPENDER! — ameaçou ele. O sangue escorria pelo vestido da senhora como se fosse água, e no meio da confusão, acabou por espirrar um jato vermelho nos olhos de Isaac. — MERDA... Ele recuou um pouco para limpar os olhos, e quando terminou, percebeu que a mulher já estava no chão enquanto que o maníaco que a atacara arrancava um pedaço de seu pescoço, mastigando-o. "MAS QUE p***a É ESSA!?" pensou o militar, assustado com aquela situação grotesca. Isaac então decidiu tomar uma atitude: correu até o louco e deu um soco com a mão esquerda no ouvido dele. O maníaco finalmente soltou a mulher, porém já era tarde demais. — ALGUÉM CHAME UMA AMBULÂNCIA! URGENTE! — pediu o homem com cabelos amarrados para trás, enquanto que Isaac tentava conferir o pulso da senhora. Não tinha como alguém sobreviver a uma mordida daquelas, não daquele jeito e naquele local. Ela tinha engasgado com o próprio sangue, e não havia nada que alguém pudesse fazer. Foi em questão de segundos que tudo aconteceu. O maníaco enlouquecido rapidamente se recompôs do soco, correu até a multidão e mordeu a perna de outro homem. — AAAAH... ALGUÉM TIRE ELE DE CIMA DE MIM! — implorou o rapaz, que era um dos trabalhadores do supermercado. O louco se agarrou na perna esquerda do homem, fazendo o sangue jorrar com uma mordida extremamente violenta. Ele aparentava ser jovem, e não sabia se defender direito. Isaac pulou em cima do maníaco novamente e desferiu vários socos na cabeça dele, na tentativa de apartar a briga, recebendo o auxílio de outras pessoas que tentavam apartar a confusão. O rapaz que tinha sido mordido se arrastou para longe enquanto que a confusão ocorria. — FILHO DA... Ele finalmente conseguiu segurar o psicopata. Depois de vários golpes na cabeça, o louco cedeu e desmaiou. — O que... mas... cadê a ambulância? — perguntou Isaac às pessoas ali presentes. Repentinamente o povo começou a olhar para a praça principal da cidade, a alguns metros dali. — CORRAM! CORRAM! — gritava desesperadamente um dos homens que vinha daquela direção. Isaac levantou para conferir a situação, e o que ele viu o deixou em pânico: uma multidão de pessoas com as mesmas características do louco que ele acabara de apagar. Homens, mulheres e crianças com veias pretas saltadas de todo o corpo e babando um tipo de gosma verde. Mas o que seria aquilo? Como estava tudo bem e de repente a cidade toda tinha sido tomada por essas coisas? Dezenas de pessoas estavam correndo atrás de outras pessoas, derrubando-as e mordendo pelo meio do caminho, como se estivessem passando a maior fome do mundo. E essa situação foi o bastante para causar pânico geral. — SALVEM-SE! CORRAM! Várias pessoas desesperadas começaram a correr e a gritar para todas as direções. Mulheres pegavam suas crianças e corriam o mais rápido que podiam, alguns homens se armaram com barras de ferro, pá, pedaços de madeira e facas para tentar se defender e o caos finalmente foi instaurado. Faltava pouco para que os maníacos chegassem até ao supermercado, e somente uma coisa se passava pela cabeça de Isaac: pegar a sua mochila com a arma dentro e correr dali. Ele disparou para dentro do estabelecimento e voltou até onde tinha deixado sua mochila. Isaac pegou vários itens de dentro do seu carrinho de compras, colocou dentro da bolsa com a maior rapidez possível e depois correu para fora dali. "AAAAAAH!!!" Várias pessoas começaram a ser assassinadas brutalmente no meio da rua, com mordidas no pescoço, rosto e nas pernas. E para piorar, começou a anoitecer. Os ensandecidos derrubavam idosos, homens, mulheres e crianças e começaram a morder essas pessoas, como se nunca antes tivessem se alimentado na vida. Isaac virou o rosto para não ver aquelas cenas e começou a procurar por uma saída rápida dali, finalmente encontrando um local: um beco ao lado do supermercado. Ele correu na direção desse beco cheio de barracas de madeira e motos estacionadas procurando por ajuda, até que viu uma coisa que o fez parar. Uma garotinha. Ela não deveria ter mais de dez anos, e estava escondida entre as barracas do beco, o que teria passado despercebido em toda aquela confusão. Tinha cabelos curtos e loiros bem claros, e trajava um vestidinho rosa. — Ei! Menina! Venha comigo! Vou te tirar daqui! Venha logo! — chamou Isaac, agachando e estendendo o braço para a menina. Ela se assustou quando viu ele. — Não! Eu estou perdida e não posso falar com estranhos! Quero minha mãe! Eu não sei onde ela está! Por favor! Só chame minha mãe! — implorou ela, com os olhos cheio de lágrimas. — Prometo a você que vamos encontrá-la! Mas agora temos que correr ou você vai morrer! Você quer morrer? Você quer nunca mais ver sua mãe? — Não! Tudo bem... eu vou! Por favor, me ajude! — pediu a menina, engatinhando até sair de baixo da barraca velha. Um dos loucos finalmente alcançou o beco e percebeu a presença de Isaac e da garotinha, começando a correr na direção deles. Rapidamente o militar sacou a arma e mirou na cabeça do homem, puxando o gatilho sem pensar duas vezes. O tiro pegou no olho esquerdo e saiu pela orelha, fazendo com que o maníaco desabasse no chão, já sem vida. Definitivamente aquilo não era mais humano. Algo de muito errado tinha acontecido com ele, deixando seus olhos completamente pretos e suas veias também pretas e saltadas do corpo. — Vo... você matou ele! — exclamou a garotinha, assustada com o assassinato que presenciou e tapando os olhos. — Eu... eu não tinha o que fazer! Agora vamos embora! — falou o militar, guiando a menina pelo beco. Isaac estava tremendo. Ele nunca tinha matado alguém antes. Atirar em placas era definitivamente mais fácil do que fazer aquilo. Nenhum treinamento no mundo seria capaz de preparar alguém para aquela situação. Ele estava evitando pensar nisso, porém uma hora a sua consciência sentiria o peso. Mas a única coisa que tentava pensar naquele momento era que ele precisava fugir dali junto com a menininha. — Pra onde vamos? — perguntou ela, sem conseguir acompanhar a velocidade da corrida dele. — Qualquer lugar longe daqui! Confie em mim! Isaac decidiu carregá-la nos braços e continuou correndo até alcançar o outro lado do beco. Quando ele finalmente conseguiu chegar na esquina, que dava acesso à outra rua, alguém o atingiu com um pé de c***a na perna direita. — AAAARGH... Isaac desabou com tudo no chão, derrubando a garotinha e se machucando na queda. — VOCÊ É UM DELES? VOCÊ É UM DAQUELES PSICOPATAS? — perguntou o agressor de Isaac, um homem branco, de cabelos curtos, finos e pretos, um pouco mais baixo que o militar, com uma barba malfeita e segurando o pedaço de ferro de uma forma ameaçadora. Isaac sacou a arma e apontou para o rapaz o mais rápido que pôde. — ABAIXE ISSO AGORA OU ATIRO EM VOCÊ! — ameaçou ele, furioso. O homem se assustou com aquilo e jogou o pé de c***a no chão. — CALMA p***a! CALMA! ELE TEM UMA FILHA, LUIZ! VOCÊ NÃO ESTÁ VENDO? AQUELES MANÍACOS PARECIAM GOSTAR DE CRIANÇAS PRA VOCÊ? – disse uma mulher alta, branca, com cabelos escuros e longos, de expressão forte e bem atraente. — Eita porra... eu... só estava assustado! Precisamos ir embora daqui! AGORA! — falou Luiz Felipe, apontando para um carro estacionado ali perto. A garotinha correu e segurou a mão de Isaac enquanto ele se levantava, totalmente assustada. — Calma! Calma... está tudo bem, vamos sair daqui, ok? — falou ele, acalmando-a. — Precisamos sair daqui imediatamente! Carla pegue minha mochila e a sua e vamos para o meu carro! — ordenou o homem, guiando Isaac e a mocinha até o seu veículo. O veículo dele era um Siena cinza e com quatro portas. Estava estacionado na frente de uma casa do outro lado da rua. Luiz pegou as chaves que estavam no seu bolso e destravou o carro. Todos entraram no veículo e o dono deu a partida, acelerando para fugir dali antes que aqueles monstros os alcançassem. Durante a viagem várias cenas atordoantes e violentas foram vistas. Ninguém esqueceria daquilo. Pessoas sendo despedaçadas vivas, crianças tentando fugir sem êxito, escolas sendo invadidas por maníacos, carros batendo e atrapalhando as vias... Por sorte Luiz conhecia atalhos pela cidade que os ajudaram a desviar dos engarrafamentos. Se não fosse por isso provavelmente eles ficariam presos no meio da confusão e seriam despedaçados também. Agora eles procuravam por um lugar seguro para ficar. Se é que ainda existia algum lugar assim...
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