1775 Words
  Kauã era o único cara na face da terra que sabe exatamente como me tirar do sério, e sabia como aproveita isso sem nem mesmo se esforçar. O d***o adorava chegar na ponta do pé para ficar ouvindo a conversa dos outros, principalmente as minhas. E com certeza, até hoje eu não sei o porquê dele fazer isso. Parece até uma tiazinha fofoqueira. -- A Nat não quer me falar como foi o encontro com aquele gato da delegacia de polícia__ respondendo a sua pergunta, inventei a primeira coisa que apareceu na minha cabeça__Acredita nisso? Ela não confia mais em mim. -- Liz, você ainda continua a mesma dramática de sempre__rindo da minha pessoa, disse em zoação__Qual o problema dela não querer dividir contigo o que rolou com quem quer que seja? -- Você devia pensar assim quando se trata dos rolos da sua irmã__falei dando um sorriso debochado, sabendo onde havia mexido. O cara é protetor demais quando se trata da irmã ,como se realmente precisasse disso. A Jhenifer já é uma mulher feita, sabe muito bem com quem deve ou não deve se envolver, e ainda assim o Kauã não larga do pé da menina. Até parece que ela só tem 15 anos de idade, mas na realidade ela já passou dessa fase a muito tempo, e não tem melhor remédio para se aprender a viver,do que as quebradas de cara. -- Você sabe que com a Jhen é diferente__mesmo que o ponto não seja seu, ele sempre fica puto quando a colocamos no meio das nossas conversas. -- Diferente nada__discordei sabendo que estava o deixando ainda mais irritado__Você trata a garota como uma adolescente de 15 anos, e sabe melhor do que ninguém que essa fase já foi. Devia deixar ela viver a fase adulta. -- É por isso que ela é assim__apontou o dedo na minha cara ao dizer. Sem se envolver, Nat ficou apenas nos observando__Você fica mimando a garota, dando maus conselhos. -- Não me mete no meio disso__abaixei a mão dele__Eu a tenho como uma irmã e nunca dei um conselho r**m pra ela. -- O que está acontecendo aqui?!__o nosso superior adentrou a sala com o tom de voz lá no inferno, de tão alto. Achei ter ficado s***a. -- Nada de mais Sr__Kauã respondeu se virando pra ele.  O nosso "chefe" é alguém muito mau humorado, parece que não sabe o significado da frase "a vida foi feita para ser feliz". O nome dele é Gerhard Simons, e até onde eu sei, com os seus 45 anos ele não tem filhos e nem é casado. Nem mesmo uma namorada para suprir toda essa sua raiva, e talvez venha daí esse jeito todo grosso. -- Acho ótimo,porque não quero saber de discussões sobre a vida pessoal de vocês aqui dentro!__o mau educado não sabia falar baixo também. Sempre que ele vinha nos dar bronca, eu acabava por sair com uma chata dor de ouvido todas as vezes__Fui bem claro?! -- Sim senhor!__Kauã voltou a repetir, e eu me apeguei ao silêncio enquanto Nat ficou se segurando para não rir da nossa cara na frente do b****a do Gerhard. -- Agora que estamos entendidos, temos dois novos casos. Um suposto assassinato, talvez até um suicídio em frente a prefeitura e um corpo encontrado em um lago perto do parque nacional__ele nos informou__Natasha e Elizabeth, quero que vocês vão para o lago. -- Sim sr__dissemos em uníssono e saímos. Esse tratamento não era o meu forte, mas me esforçava para fazer acontecer em certas circunstâncias. -- E você Kauã, vai para prefeitura__pude ouvi-lo antes de fechar a porta__ E leve o Stves junto.  Depois de possuir conhecimento sobre quem o Kauã iria trabalhar hoje, o meu dia ficou ainda melhor. Stves Ferraz é um cara bem legal, pelo menos é assim que eu o vejo. Mas o filho da mãe do Kauã não gosta de vê-lo nem pintado, o que dirá trabalhar com ele. E por esse motivo, sinto que esse pode ser o meu melhor dia nessa semana.  O Stves é o nosso mágico, ele trabalha com o material genético desde sempre. Esse vai ser o primeiro trabalho de campo dele, e talvez por isso o Gerhard tenha o mandado junto com o Kauã. Quando cheguei aqui, a mala sem alça foi quem ficou como a minha babá, e acho que é por isso que a gente não se dá muito bem. Não porque ele foi o meu "tutor" por dois meses, mas sim porque ele queria me ensinar como fazer o meu trabalho, coisa que eu faço muito bem. Mas infelizmente o filho da mãe não me deixava em paz quanto a isso, parecia ser pirraça comigo. Hoje eu tirei a sorte grande, pois quase nunca consigo um trabalho para fazer junto da Nat. Mas isso não me incomoda em nada, não é um problema. Só fico p**a quando tenho que trabalhar com o Kauã no meu pé, isso não é fácil de suportar durante todo o período de trabalho. -- É daquele jeito que vocês demonstram estar tendo uma relação melhor?__Nat me perguntou ainda rindo da minha cara. -- Se você não parar com isso, o pessoal vai ter que desvendar dois casos__tentei ameaçá-la. -- Por que? Está pensando em me atirar pra fora do carro com o mesmo em alta velocidade?__disse rindo ainda mais. -- Duvida que daria certo?__falei e estacionando o carro perto do lago__Acho que não né?__joguei depois de pensar sobre a questão. -- Pode ser, não sei ainda__disse e desceu do carro__Agora vamos focar no que temos que fazer aqui, porque estou afim de chegar em casa mais cedo hoje. -- A gente nem começou o dia, e você já está querendo ir pra casa?__impliquei como sempre faço, o que é um costume__ Quando é que vai mudar esse seu jeito todo desligado? -- Acho que nunca__respondeu sorrindo largo. Sendo assim, paramos um pouco com o assunto sem futuro e fomos analisar o tal corpo. Não sei o que da nesse povo, mas quase sempre tenho que pedir para alguém nos dar licença da cena do crime ou até mesmo, praticamente expulsar. Parecia ser um rito de passagem para o início de qualquer investigação. -- Ei? Você não pode ficar aqui__falei para a garota que estava perto do corpo da vítima__Se afaste por favor__tentei soar o mais educada possível ao pedir. -- Eu sei, não precisa falar__sem me direcionar o olhar, disse firme. Não gostei da atitude tomada, garota mau educada__Só estava dando uma olhada. -- E a educação, ficou em casa?__falei me aproximando da vítima. -- Talvez a sua sim__disse simples antes de ir embora. Quem essa garota pensa que é? Eu só pedi para dar licença, não precisava ser tão grosseira. Depois dizem que a mau humorada sou eu, e ainda sou obrigada a aceitar isso. -- Mulher, aparentemente 30 anos__comecei a minha análise__ Casada__implementei por causa da aliança dourada em sua mão esquerda. -- Causa da morte, pancada na cabeça__Nat também fazia suas análises. -- Como assim? Não foi afogamento?__perguntei buscando o mesmo ponto que ela olhava com atenção. -- Não, da olhada aqui?__pediu me mostrando o hematoma na região da nuca da vítima. -- Tem razão__concordei por fim, quando chequei a barriga do nosso cadáver__Ela não ingeriu água, o que significa que estava morta antes de cair ou ser jogada neste lago. -- Exatamente, e com isso, vamos levar ela para o laboratório. A análise científica irá no mostrar se há alguma pista do nosso provável assassino__Nat disse ao se por de pé__Ou quem sabe comprovar que pode ter sido um acidente. -- Seria o primeiro desde o meu primeiro dia__relatando uma estatística quase nula, também me levantei__ Mas vamos logo, estou precisando muito rir da cara do Kauã. Kauã... Eu de fato odeio o Gerhard com toda as minhas forças. Ele sabe melhor do que ninguém que eu não sou um dos melhores fãs do Stves, e só faz isso para me provocar. Preferia mil vezes trabalhar com o doende de trancinhas da Liz. Seria mais vantajoso pra mim.  Essa é outra que adora me encher o raio do saco, mas ainda sim gosto muito dela. A garota passou a ser como uma irmã mais nova para o nosso grupo. Desde o dia em que a conheci pego no pé dela só para irritar mesmo, porque a filha da mãe manda muito bem no que faz. Tanto que a indiquei como tutora do próximo novato ou novata que aparecer, pois estamos na época em que esse lugar enche de gente inexperiente. Acho que ela pode dar conta.   -- Você vai ficar ai me dando gelo?__Stves perguntou me tirando a atenção do caminho. -- Não estou te dando gelo cara__menti na maior cara de p*u__Só estou aqui pensando. -- Em que exatamente?__o moleque é bem curioso. -- Você é mestre no que faz__verdade seja dita, ele realmente tem um talento enorme em sua área__Porque resolveu sair para as ruas hoje? -- Eu passo muito tempo naquela sala,e queria ver como é fazer uma investigação de verdade__começou a se explicar,e confesso que entendo o cara. Eu não aguentaria ficar dois dias na função dele__ Como todos dizem que você é o melhor tutor, com exceção da Liz é claro. Pedi ao chefe para me pôr em um caso que você fosse investigar__agora entendi o porque dele está aqui. Não foi marcação com a minha pessoa, ao menos não dessa vez. Esse prego foi quem pediu. -- Já que você quer por a mão na massa__falei ao estacionar o carro__Desce logo daí__caminhei até o corpo que estava caído no chão__Já colocou sua luvas? -- Claro, porque? -- Vamos coletar as provas e não podemos compromete-las__falei o óbvio, mas ele já devia saber disso. Essa parte não é muito diferente do trabalho feito em um laboratório__Está vendo aquela mancha escura ali no chão?__apontei para mesma a uns três metros do corpo. -- Estou sim, e pelo o que parece, o nosso suspeito deixou uma marca em óleo pra gente__o cara não é tão r**m quanto eu pensei que fosse. -- Você não está errado, mas o importante não é o óleo em si__sabendo que em sua área, a substância costuma contar muito, falei ao me aproximar da prova com uma câmera fotográfica nas mãos__ Mas sim o que ele nos deixou, especificamente__segui uns passos a frente e fotografei algumas pegadas. Stves ficou me olhando o tempo todo, e com a maior atenção possível__Recolhe as cápsulas__disse pra ele me referindo as cápsulas da munição que mandou o nosso amigo morto de encontro com Deus, ou com o d***o. E assim foi feito.
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