Capítulo 01:

2661 Words
                                                                               Dois Meses Antes...   Ashlyn   Desci do táxi arrastando a mala de rodinhas. Ainda não acreditava que Adam tinha me feito vir até aqui. O chão e toda a calçada estava coberto de papéis de ingresso, latas de cerveja, panfletos, copos de refrigerantes e restos de comida. Encarei a faixada do ginásio tentando decidir se entrava ou não. Atravessei a rua e o ronco de uma moto me assustou. Uma Ducati laranja veio pra cima de mim. Dei dois passos pra trás, quase tropeçando na minha mala. O motoqueiro freio freou bruscamente, a moto derrapou no asfalto e inclinou pra frente levantando o pneu traseiro antes de tocar o chão. O rapaz desligou a moto e tirou o capacete. Tinha cabelos pretos, olhos esverdeados e trazia nos lábios um sorriso de espertinho. - Nossa encontrei um anjo caído?! Revirei os olhos, que cantada mais barata. - A gatinha ta perdida?! Cruzei os braços e o medi de cima a baixo. - Não! - Que bom, se você quiser posso te ajudar com as malas. Garanto que dou um jeitinho pra vocês duas caberem na minha moto, se precisar você pode ir sentada no meu colo. - piscou cheio de malícia. - Sério, essas suas cantadas baratas alguma vez funcionaram? - usei a ironia pra atacá-lo. - Depende, normalmente as garotas piram em outra coisa... Se é que me entende? - arqueou as sobrancelhas, seu sorriso de espertinho estava começando a me irritar. Por todos os gênios da física, isso só podia ser um pesadelo. Não acredito que estava sendo cantada por um i****a que tinha o ego maior que a cidade. - Você se acha né? - ataquei. - Desculpa meu anjo, mas eu posso. - deu de ombros irreverente. - Ah é? Pois quebrou a cara, porque você não faz meu tipo e eu tenho namorado. - dei as costas e sai andando. - Mentira! - o rapaz gritou atrás de mim. Ouvi o ronco da moto e um segundo depois ele parou na minha frente, bloqueando meu caminho. - Você tá mentindo! Eu sou Garrett Grahan, faço o tipo de todas! - sorriu, arqueando as sobrancelhas. - E se você tem um namorado, aposto que ele é um trouxa que não sabe como tratar um anjo como você. Se bem que de anjo você só tem a aparência. - piscou e inclinou o tronco na minha direção. - Qual seu nome? - Não te interessa! - me inclinei pra frente também. - “Não te interessa” é um nome bem interessante, mas vamos lá anjo, tenho certeza que seus pais escolheram um nome mais adequado para uma criaturinha tão linda como você. - Para de me chamar de anjo, d***a! - levantei o tom de voz, estava perdendo a paciência. - Então me diga seu nome anjo e eu paro de te chamar de anjo. - sorriu. Respirei fundo contando até dez. O que eu estava fazendo discutindo na rua com um i****a que nunca tinha visto na minha frente? Revirando os olhos passei pela moto e subi na calçada. O tal Garrett acelerou sua Ducati e parou com ela bem na entrada do ginásio. - Olha, eu juro que se você não for embora eu vou gritar tanto, mas tanto que a polícia vai baixar aqui. - Porque você não fala seu nome de uma vez? Ninguém nunca te ensinou que resistir é pior? - ele cruzou os braços e se inclinou pra trás, estava claro que não ia sair dali. Fuzilei aquele cara e cerrei os punhos. Anda Ashlyn, diga um nome, qualquer d***a de nome que faça esse i****a sumir da sua frente. - Está bem, meu nome é Emily! Satisfeito? - disse o primeiro nome que me veio à cabeça, pertencia à protagonista de um dos últimos livros que li. O rapaz, o tal Garrett estreitou as sobrancelhas, só faltava agora ele não acreditar em mim. Eu juro que chuto a moto dele se pedir meu RG ou qualquer outro documento. - Viu como foi fácil. - ele sorriu. - Bom Emily sinto que vamos nos encontrar em breve, foi um prazer. - Não posso dizer o mesmo. - sorri com ironias. Rindo, provavelmente da minha cara, o chato de galochas colocou o capacete e ligou a moto. Saiu acelerando e virou a primeira esquina, sumindo de vista. - Que cara irritante! - resmunguei. Finalmente entrei no ginásio. Tinha que assumir que o lugar era enorme. Uma equipe ao fundo começava a desmontar as coisas. Encarei a rampa por onde os motoqueiros, incluindo meu namorado devem ter passado. Chutei a altura e a inclinação da rampa e deduzi a que velocidade eles deveriam estar. Pelas minhas contas rápidas eles devem ter voado a uma altura de uns 15 metros. Balancei a cabeça não querendo pensar em Adam se arriscando, mesmo sabendo que ele amava fazer isso. - Gatinha! Virei minha cabeça para o outro lado e sorri ao ver meu namorado e nossos amigos acenando pra gente. Larguei a mala onde estava e corri até eles. Adam me encontrou e me deu um beijo de boas-vindas. - Ainda não esqueci que você me deixou plantada no aeroporto. - sorri apontando o dedo pra ele. - Prometo me redimir. - sorriu. - Vai ter que levar minhas malas pro alojamento, desdobrá-las, passa-las e guarda-las. - sorri. - Ta bom, vai esperando. - Adam riu. Mostrei a língua pra ele e me aproximei dos meus amigos. Abracei Benjamin, Scarlett e Hilary ao mesmo tempo. - Que bom que você decidiu se mudar. - Scar sorriu. - Culpa de vocês. - sorri. - Mas o que você ia fazer sozinha em Monterrey? Tinha mesmo que vir pra cá. - Hilary sorriu. - Tem razão, to ansiosa pra conhecer o alojamento da faculdade. - sorri empolgada. - Você vai adorar, o nosso apê é perfeito né Hilary? - A Scar tem razão, você vai adorar, melhor vai amar. Adam me abraçou e sorri empolgada. Cidade nova, casa nova, vida nova. Era disso que estava precisando.     Garrett   Fechei a porta do apartamento e sorri ao ver meu primo preparando o almoço. - Hum, que cheiro bom é esse hein? - Estrogonofe de carne, espero que você goste. - Oliver respondeu. - Se eu ficar gordo e não conseguir mais participar das competições a culpa vai ser sua. - Não exagera vai! - meu primo desdenhou de mim. Coloquei dois pratos, talheres e dois copos na mesa. Abri uma cerveja e assim que Oliver colocou as panelas na mesa eu ataquei a comida. Pode parecer viadagem, mas meu primo cozinha maravilhosamente. - Ficou bom então? - Da pra comer rezando. - sorri. - Cara você perdeu a apresentação de hoje. - Deu tudo certo? - Foi tudo perfeito, mais uma vez fiquei na frente daquele mané do Adam. - sorri. - Quem escuta você falar assim, desacredita que um dia vocês foram da mesma equipe. - Aquele cuzão quem quis nos abandonar e entrar para aquele grupinho de m***a, ele achou que ia conseguir me vencer. - debochei. - A Scarlett estava lá? - Sim e você devia ter ido, um monte de cara ficou secando sua garota. - apontei o garfo pra ele. - O que? - Oliver levantou o tom de voz, pensa num cara ciumento, era ele. - To zoando você. Só um lá que deu uma boa olhada nas pernas dela, mas a Scar o colocou no lugar. - Sabia que era uma péssima ideia deixar ela ir praquele lugar sozinha. - resmungou. - Relaxa primo, o Ben e a Hilary estavam lá. E deixa os caras olharem quem ta comendo a garota é você, lembre-se disso. - Comendo? Você não tem um vocabulário pior pra se referir à minha namorada? - Oliver me encarou furioso. - A Scar não é como as garotas que você pega por ai, entendeu? - Tudo bem foi força do hábito, não vou mais falar isso. - levantei as mãos e terminei de comer. - Mas por falar de garota, tinha uma gata na porta do ginásio hoje.... Eu acho que ela não é daqui, tava trazendo umas malas. Acredita que ela não deu a mínima para euzinho e ainda mentiu dizendo que namorava? - Só por ela ter te dado um fora já gostei dela, e como você sabe que ela mentiu sobre o namorado? - Ah meu, um cara não larga uma mina daquela sozinha. Se fosse minha namorada eu não deixaria zanzando assim. Ela tinha uma cara de anjo, mas só a cara porque o gênio... - Queria ter visto essa garota colocando você no seu lugar. - Deixa, o fato dela não ter me dado bola só me fez ficar ainda mais afim de conquistá-la. Eu acho que ela pode ser aluna nova da faculdade. Tenho certeza que vou trombar com essa menina de novo. - sorri. - E você sabe o nome dela pelo menos? - Emily! - sorri. - Ela ficou fazendo doce, mas no fim acabou dizendo o nome, tenho certeza que ficou gamadinha em mim. Só não quis assumir - sorri. - É impressionante, como você se acha né primo? - Eu posso, que culpa eu tenho se nenhuma mulher resiste a mim? - sorri me gabando. - Eu sei que você fez o almoço, mas vou ter que deixar a louça por sua conta, tenho um encontro. - Aonde você vai? - Vou encontrar uma garota no shopping e depois... Só Deus sabe. - sorri, pegando as chaves da moto. - Garrett Grahan, volta aqui! - Oliver me chamou. - Você vai na festa hoje à noite né? - Com certeza, eu volto pra gente ir junto. - respondi antes de sair.     Ashlyn   O alojamento da faculdade era uma sucessão de prédios de cinco andares. Em cada andar tinham dois apartamentos. Subi no elevador até o último andar e entrei onde seria minha casa. Pelo menos pelos próximos três anos até eu me formar na faculdade. - E ai gostou? - Scarlett sorriu. - Muito! - sorri encarando o apartamento. A sala era separada da cozinha apenas por um balcão de mármore. Ao lado tinha um corredor que levava aos três quartos e um banheiro. - Onde está a área de serviço? - Não temos, mas aqui na faculdade tem uma lavanderia onde levamos nossas roupas. Ai a gente pega a tabua e improvisa um espaço pra poder passa-las depois. - Hilary explicou. - Por mim Ash iria para o meu apartamento. - meu namorado resmungou atrás de mim. - Morar com você? Só depois de casados. - sorri o encarando. - Vem vou te mostrar seu quarto. - Adam sorriu e me puxou pela mão, arrastando minha mala com a outra. Meu quarto era pequeno. Cabia a mesinha de estudos, uma cômoda e a cama. Em uma das paredes estava pendurado o espelho de corpo inteiro que eu havia mandado algumas semanas antes, com o restante de minhas coisas. Se eu tentasse colocar mais alguma coisa ali ficaria sem espaço pra andar. - Pequeno né? - Adam resmungou. - Que isso, eu adorei. - sorri e sentei em minha cama. Adam se aproximou e sentou ao meu lado. Cobriu minha mão com a sua e me encarou. - Se você mudar de ideia sabe que vou adorar ter você morando comigo né? - Eu sei, mas eu acho que prefiro ficar aqui com as minhas amigas. - sorri. - Mas nada te impede de dormir qualquer noite dessas comigo né? Forcei um sorriso ficando sem graça com a indireta. Adam e eu ainda não tínhamos transado e estava na cara que ele não via a hora de dar esse passo comigo. Pena que eu não me sentia preparada pra fazer isso. - Ash, temos uma festa pra ir essa noite e você não pode recusar, quero te apresentar meu namorado. - Hilary invadiu o quarto sem pedir licença. Fazia uns dois meses que Hilary estava namorando Austin Hale. O cara já tinha seus 30 anos enquanto minha amiga só tinha 23. Para temperar ainda mais as coisas ele era professor da faculdade onde estudávamos e havia sido professor de Hilary no semestre passado, fato que provocou o interesse de um pelo outro. Após alguns probleminhas - entre eles - minha amiga ter que trocar de turma, Hilary e Austin finalmente puderam ficar juntos. E apesar do preconceito e de saber que a faculdade ainda comentava o caso dos dois, minha amiga estava feliz e eu estava feliz por ela. - Você vai com a gente né Adam? - ela focou sua atenção no meu namorado. - Eu não vou. - Porque?! - perguntei. - Eu marquei de encontrar um pessoal. - ele respondeu. - E desculpa, mas não sou muito fã de algumas pessoas que vão estar nessa festa. - Tudo bem, a Ash vai com a gente. - Hilary deu de ombros. - Nada disso. - Adam respondeu. - Por que você pode sair com seus amigos e ela não? Deixa de ser machista! - Hilary reclamou. - E não vai ser bem uma festa. Oliver vai fazer uma reuniãozinha com alguns amigos na casa dos pais dele que estão viajando, é só isso. Deu mó trabalho convencer o Austin a ir. - Acho que não tem problema eu ir com elas, não conheço nem o Oliver e nem o Austin. E você ta me devendo uma por não ter ido me pegar no aeroporto. - Está bem, vai com elas então, mas cuidado com as companhias entendeu? - Pode deixar. - sorri, da porta Hilary comemorou com pulinhos de alegria.   Depois que Adam foi embora comecei a desfazer minhas malas, mas parei antes de chegar à metade. Precisava tomar um banho e criar coragem para ir a tal festa. Eu estava cansada e em outra ocasião ia preferir ficar em casa, mas não queria ficar naquele apê, sozinha e recém chegada a cidade. O clima estava ameno o que possibilitou que eu colocasse um vestidinho preto básico e sandálias de salto não muito altos. Deixei a maquiagem bem básica e só dei uma ondulada nos meus cabelos. A casa dos pais de Oliver era grande com um jardim enorme. Assim que entramos na casa de dois andares uma garota de cabelos negros veio na nossa direção. - Olá, meu nome é Maggie. Meu irmão e meu primo estão vindo. - sorriu. - Querem beber alguma coisa? - A gente espera. - Scarlett respondeu. - Austin já está chegando, vou lá fora espera-lo. - Hilary sorriu e saiu. A música tocava bem alto e a sala principal havia se transformado numa sala de sinuca. Algumas pessoas jogavam em duplas enquanto outras ficavam de pé, tomando cerveja e assistindo. Scar me puxou pela mão e atravessamos a sala, reparei que alguns rapazes sorriram pra gente. Não dei atenção à eles e continuei andando. Atravessamos um corredor e chegamos ao jardim da casa. - Ah o Oliver ta ali. - Scarlett apontou. Um rapaz de cabelos castanhos conversava com outro de cabelos negros. O de cabelos negros usava uma camisa regata cinza, os braços a mostra eram musculosos e cobertos de tatuagem. De um lado até o cotovelo, do outro até o pulso. - Amor?! Os dois se viraram quando Scar chamou. Meu estômago afundou quando reconheci o cara tatuado. Era o mesmo que havia me importunado no ginásio. O garoto me viu e sorriu cheio de malícia também me reconhecendo. Desejei que um buraco se abrisse e me engolisse naquele exato momento. - Oi amor! - Scar se inclinou e beijou o cara de cabelos castanhos. - Esse é meu namorado Oliver e esse o primo dele, Garrett. Meninos essa é a Ashlyn, uma amiga que acabou de mudar pra cidade. Mordi o lábio inferior e envergonhada encarei os dois rapazes. Que ótimo, o i****a que havia enchido meu saco, era primo do namorado de uma das minhas melhores amigas. Merda.
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