#2

1568 Words
Acordo um pouco atordoada, e com uma dor de pescoço muito, muito forte. Afinal, o que foi isso?. Ainda sem abrir os olhos, me concentro para escutar qualquer tipo de voz ou cheiro, afinal, seria útil. - parece que passou um caminhão por cima dela - um homem fala preocupado. - fica quieto e dirige, temos muito caminho pela frente - outra voz diz, notoriamente impaciente. Abro os olhos lentamente, e observo a janela, ainda estava escuro. Provavelmente eu não tinha me afastado muito de Bronvill. Eu estava sozinha no banco de trás, o que me dava uma boa vantagem, isso torta até que divertido, que tipo de sequestrador confia tanto em um sonífero a ponto de deixar a vítima no banco de trás sozinha?. Amadores... Sinto cada parte do meu corpo formigar, coloco toda a força que ainda me restava e dou um chute na porta do carro, o que faz o motorista se assustar e andar um curto trecho em ziguezague, enquanto seu comparsa tenta me segurar. Pulo do carro enquanto ainda é tempo, e corro floresta a dentro, sentindo algumas folhas e galhos baterem em mim. A minha sorte, é que ontem foi lua cheia, o que de alguma forma, deixa meus sentidos mais aguçados, e neste caso, isso inclui a minha força. Ainda de longe, escuto o carro frear bruscamente, e os dois cabeças de bagre correrem atrás de mim. Ou pelo menos tentarem Depois de alguns minutos de corrida, me certifico de que consegui despistar ambos, e então me jogo em uma poça de lama para disfarçar meu cheiro. (...) Andei algumas horas, e finalmente cheguei na cidade, eu sabia que não tinha me afastado tanto assim. Eu não poderia voltar para casa agora, a solução seria procurar alguém de confiança. Saio da minha forma lupina, exausta e cansada, e com esforço subo as escadas para o apartamento de Ana. Depois de batidas contínuas na porta, ela abre impaciente pronta para reclamar, mas ao ver o meu estado ela rapidamente fecha a boca e me apoia em seus braços. - Céus!! O que houve com você?! - ela me encaminha para uma poltrona e volta para fechar a porta rapidamente. - Ana...eu...fui...sequestrada....- digo ainda ofegante. Ela coloca a mão na boca horrorizada, e então puxa uma cadeira para perto de mim, afim de que eu contasse a história mais detalhadamente. - precisamos avisar a alguma autoridade!- ela diz me dando um copo de água. - não, eles podem acabar tendo alguma informação sobre de onde eu venho, e sobre quem é a minha família- explico. Ana sabia o que realmente aconteceu quando me mudei para Bronvill, e ao contrário do que eu pensei, ela não me julgou. Na verdade, foi ela que me indicou para a empresa em que trabalho. Ela foi meu verdadeiro anjo da guarda, desde que minha vida virou de cabeça pra baixo. - ok, precisamos ir até a sua casa buscar seus pertences básicos. Você vai ficar aqui uns dias- ela diz decidida andando de um lado para o outro. - você acha que meu irmão pode ter algo haver com isso?- digo pensativa. - que tipo de irmão é esse?- ela fala com as sobrancelhas arqueadas- quem sabe um cartão postal ou uma mensagem com emojis fofos seria mais adequado do que mandar dois brutamontes sequestrarem você!- completa falando rápido. Ana quando se empolga, acaba perdendo o freio das palavras e fala muito, muito rápido. Essa é uma das coisas que mais gosto nela, ela me faz rir até nos momentos em que eu deveria estar desesperada. - Ana!- seguro seus ombros- você está mais nervosa que eu! Fique calma- digo. - tudo bem, o que vamos fazer então? - vamos continuar as nossas vidas. Se isso acontecer de novo, estarei pronta- digo decidida. (...) Quando acordei, Ana não estava em casa, o que me faz estranhar já que ela estava super assustada hoje de manhã. Me levanto e quando olho no relógio do meu celular, meu coração quase para. Eu estava super atrasada para o trabalho. ________________ Ligação ____________________ - Ana, por que não me acordou?! - bom dia flor do dia, eu disse para a Olívia que você sofreu um acidente de carro ontem, por isso não pode vir. Acredita que a vaca te desejou melhoras?- ela ri. - Ana, como vou aparecer no trabalho amanhã?! Que acidente de carro é esse que não me causa nenhum arranhão? - ah... eu não tinha pensado nisso. Ah relaxa! Qualquer coisa a gente quebra um vaso na sua cabeça. Vou desligar, beijos!! _____________________________________________ Assim que Ana desliga na minha cara, bufo e me jogo no sofá em que dormi. Ok, eu preciso de um plano, não dá pra ficar aqui pra sempre, e não quero mudar de cidade agora, justo quando tudo estava dando certo!. É duro ter que tomar uma decisão dessas da noite pro dia, é como se você pudesse ver todas as expectativas positivas se esvaindo. Aproveito o tempo em que Ana estava trabalhando e vou fazer algo de útil, o que era meio difícil nas condições atuais, já que a casa de Ana é mais arrumada do que a minha gaveta de calcinhas. Pra ter uma noção, se eu passasse o dedo no chão, não vinha nenhuma partícula de poeira, o que me deixava um tanto frustrada. Sinto até um pouco de vergonha, já que o meu esforço para manter a minha casa relativamente arrumada em dias de correria era completamente em vão. (...) - cheguei baby! - Ana diz fechando a porta do apartamento, e entrando com duas sacolas grandes. - o que é isso? - pergunto. - são algumas guloseimas da nova loja de doces do centro da cidade. Hoje era a inauguração, lembra? - ela diz tirando suas botas. - eu ia tirar as fotos da inauguração hoje...- choramingo. - não esquenta Isa- ela me tenta tranquilizar- você não perdeu muita coisa além dos garçons super lindos de lá. - sua assanhada - ela me faz rir. Sem demorar muito, me levanto e coloco algumas rosquinhas num prato, Ana sabia perfeitamente como melhorar o meu dia. - sabe, podíamos arrumar outro lugar para você morar. Quer dizer, eu amo ter a sua presença aqui, mas do jeito que você é hiperativa, você vai ficar entediada aqui comigo - ela diz se jogando do meu lado e roubando uma de minhas rosquinhas. - está me expulsando? - me finjo de ofendida. - é claro que não! - ela me da um empurrão de leve - mas você eu sabemos que você é exatamente o tipo de pessoa que não para quieta, e se você tentar mudar minha decoração, eu te mato! - se bem que esse seu apê é meio... rosa - falo com humor. - nem pense em mudar isso! - ela me ameaça com a rosquinha. - eu também estava pensando nisso... acho que vou ver uns apartamentos simples amanhã - explico roubando a rosquinha de volta. Eu não fazia a menor questão de uma casa espaçosa, afinal, só eu ia morar lá. Lembro-me que na minha antiga casa, antes da fulga, meu quarto era simplesmente enorme, então eu me lembro perfeitamente como era difícil achar as coisas lá dentro. - posso te deixar no endereço antes de ir pro trabalho. - Eu adoraria, odeio andar muito na forma humana - reviro os olhos. - sedentária - ela ri. (...) No dia seguinte, me organizo para sair em busca de um novo apê, já que agora meu endereço antigo está em risco. O que me deixava um pouco triste, sabe... eu até que gostava de lá, era bem pequeno, mas muito aconchegante. Depois que Ana me deixou na frente da rua do apartamento, caminho com um papel na mão, em busca do prédio 17. - 15...16...17- paro olhando para aonde o prédio deveria estar, mas tinha apenas um beco, e forçando os olhos, havia uma porta. Me arrisco a entrar no beco, mas desisto na metade do caminho. Quando me viro para dar meia volta, havia um homem vestindo um casaco preto na entrada que faz meu corpo tremer, isso era como a cena de um filme de terror. - Desculpe, sabe me dizer aonde fica o prédio 17? - pergunto tentando parecer firme. - você ainda não sabe disfarçar as suas emoções - o homem se aproxima. - o que disse? - digo sentindo meu coração bater tão forte que parece que vai sair do meu peito. - sentiu minha falta? - ele chega mais perto, possibilitando que eu identificasse seu rosto. - foi você, eu sabia que você tinha algo haver com isso...- falo sentindo o ar ficar pesado, e um pânico me dominar por inteiro. - quando meus guardas chegaram na alcatéia dizendo que perderam uma garotinha de 19 anos, eu tive que vir pessoalmente - ele ri convencido. - o que está fazendo aqui, Jason?- pergunto com desgosto. - sua aventura solo acabou, Isabelle. É hora de voltar para casa- ele fala sério. - vai se ferrar!- digo sentindo meus membros ficarem tensos. - ...resposta errada...- ele me joga na parede e coloca um pano contra a minha boca. Tento o empurrar, mas o desgraçado nem se mexe. Aos poucos, sinto minhas pálpebras ficarem pesadas, e minhas pernas bambas. - eu sinto muito, mas você não me deixou escolha...- ele diz me segurando. Desgraçado!.
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