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Ele é o Meu Milagre

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Blurb

Lívia é uma mulher séria, responsável, que administra uma rede farmacêutica.

Embora de longe pareça que está feliz, só quem convive com ela sabe o que se passa por dentro.

Ao passar por uma difícil cirurgia, um erro médico muda a sua vida para sempre.

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Capítulo 01
Não havia mais espaço em meu peito para a dor que parecia me invadir a cada segundo. O sofrimento só pode ser sentindo, na intensidade que ele realmente é por quem está sofrendo. Não me venha com discursos clichês de que você “sabe o que eu estou sentindo”. Embora todos nós sofremos um dia, nunca é na mesma intensidade. A mesma dor nunca poderá ser sentida por mais de uma pessoa. Alguém sempre sentirá mais e de formas diferentes. Pode ser que a minha dor fosse sentida por milhares de pessoas hoje, e embora eu soubesse que o que eu estava passando poderia ser considerado “normal” para muitos, na minha percepção era uma das piores coisas do mundo. Eu não poderia gerar um bebê. A questão é que hoje o mundo possibilita que você adote crianças que realmente estejam precisando de uma mãe e um pai. O problema é que nesse momento não havia um “pai”, apenas uma mãe. Normalmente, quando as pessoas que são responsáveis pela adoção pedem seus dados, dão prioridade — e fazem questão de te dizer — que preferem por casais que estejam casados. Ou seja, uma mãe solteira é colocada para o final da fila e caso eles achem uma criança que possa viver com você e que tenham que escolher entre uma mãe ou pai solteiros, e um casal, escolhem o casal. Aos vinte e seis anos, encontrava-me feliz com o meu namorado Thiago, nós estávamos planejando o nosso casamento, mas algo nos interrompeu. O fato de eu não poder ser mãe. O sonho dele sempre foi ser pai, especificamente de dois filhos, talvez três, dependendo de como viesse os dois primeiros, ele queria um de cada, portanto um menino e uma menina. O problema é que eu não poderia lhe presentar de tal maneira, e esse fora o motivo pelo qual fui largada. “Ah, mas existem milhares de homens por aí”, é o que algumas pessoas iriam dizer caso me ouvissem reclamando por ter sido deixada. A questão é, eu estava em um relacionamento de quase cinco anos, com o homem que eu achava que seria meu para sempre. Eu estava sofrendo em silêncio no meu quarto, esperando pela chegada da minha melhor amiga Lorena, que a qualquer momento entraria no meu apartamento como um furacão. — Lívia, você está aí? — Escutei a voz dela, que provavelmente acabara de chegar. — No meu quarto. — Choraminguei, tentando falar o mais alto que eu poderia, mas a minha voz não estava colaborando. — Eu não entendi direito a sua mensagem, como assim não poderá ser mãe? — Olhou-me confusa, na verdade, ela já estava fazendo aquela pergunta enquanto caminhava pelo corredor até meu quarto. — Eu não posso ser mãe. Não posso ter um bebê. — Choraminguei novamente, sentindo as lágrimas escorrerem percorrendo toda a minha bochecha. Lorena demorou a absorver a notícia e assim como eu, após alguns segundos pensando, desabou ao meu lado, soluçando tanto quanto eu estava. Eu e ela somos grudadas desde a nossa infância e talvez seja esse o motivo pelo qual estava chorando agora. Quem sabe estivesse sentindo pelo menos um pouco da dor que me consumia. — Você já contou para o Thiago? — Perguntou baixo, tentando conter o choro. — Ele me deixou. — Respondi, lembrando-me da cena que ocorrera mais cedo. Eu havia acabado de chegar do hospital com os exames e por algum motivo Thiago ainda estava no meu apartamento — mesmo sem fazer nada —, encontrava-se deitado no meu sofá. Assim que me viu chegar com toda a papelada dos exames, correu para a mesa — onde costumávamos fazer nossas refeições — para analisar os resultados comigo. Os exames que meu médico pediu eram apenas para ver se tudo estava bem comigo — eu fazia-os com frequência —, já que era medrosa, assim como a minha família sempre fora. Quando meus olhos chegaram à parte onde que dizia que um bebê não poderia ser gerado em mim e que o quanto antes eu deveria marcar uma cirurgia para a retirada do útero, senti meu coração acelerar. Chorei como uma criança pequena que acabara de se machucar. A princípio Thiago não entendeu — já que ainda não havia visto o resultado — e então eu o entreguei imaginando que receberia todo o apoio do meu futuro marido — com quem planejava o nosso casamento —, mas tudo desandou. — Você não pode ser mãe? — Thiago perguntou com os olhos arregalados, como se não estivesse acreditando no que lia. — Não. — Balancei a cabeça negativamente. — E como eu fico? Eu quero ser pai. — Falou exaltado, parecendo estar com raiva e ao mesmo tempo triste. — Eu não tenho culpa. — Expliquei-me. — Nós podemos adotar. — Sugeri. O nosso casamento estava “quase” marcado para daqui a um ano, onde os preparativos estavam sendo pesquisados, a mudança dele para o meu apartamento, mas o fato de eu não poder ser mãe acabou com tudo. — Adotar? — Perguntou e deu uma risada amarga. — Você sabe que eu gostaria de passar por todas as etapas, sabe que esse é o meu sonho. — Apontou o dedo em minha direção, como se a culpa fosse toda minha. — Eu não tenho culpa se eu não posso ter um bebê. — Gritei. — Desculpe Lívia, eu sei de tudo que passamos juntos, mas se nós não podemos ter um bebê juntos, não dará certo... — Ele se afastou, foi embora, deixando a sua aliança em cima da mesa da cozinha. Foi simples assim para ir embora. — Como assim ele te deixou? — Lorena perguntou inconformada, ela conhecia meu namorado, gostava dele. — Simplesmente não aguentou saber que eu não posso ter um bebê. — Afirmei. Ela revirou os olhos impaciente. Lorena estava tão irritada/chateada quanto eu. — Não acredito que ele fora capaz de tamanha crueldade. — Comentou baixo, talvez tenha apenas pensado alto. Concordei, pois também não acreditava que Thiago fosse capaz daquele ato. — Talvez ele tenha feito as coisas sem pensar, precisamos esperar. — Aconselhou. E fora assim que eu passei aquela semana inteira, esperando notícias de Thiago, quem sabe um pedido de desculpa pelo menos. Mas ele sequer se preocupou em apenas perguntar se eu estava melhor após o baque que fora saber que não poderia ser mãe. Estava sendo cansativo chegar todos os dias na farmácia principal e fingir um sorriso para todos os funcionários na tentativa de que ninguém percebesse o que estava me incomodando. Não foram fáceis os dias que passei sem conseguir dormir à noite, a não ser com a ajuda de remédios fortes — que eu mesma havia pegado da farmácia — e levado para o meu apartamento. Difícil mesmo foi olhar para a minha mãe e saber que eu nunca sentiria tudo que ela sentiu quando precisou passar nove meses da sua vida comigo dentro da sua barriga. Era quarta-feira no meio da semana e eu havia me permitido faltar, principalmente porque poderia trabalhar facilmente em casa, acessando todo o conteúdo das lojas online. — Você terá que retirar o útero? — Mamãe perguntou, permitindo-se chorar. — Sim. — Concordei. — Não posso ser mãe. — Mas... Mas... — Ela gaguejou sem ter o que dizer. — Ainda há outras possibilidades, você e o Thiago podem adotar. — Sugeriu, tentando amenizar a situação. — Eu não tenho mais o Thiago... — Contei baixo. — Nós não estamos mais juntos. Mamãe ficou tão surpresa com o nosso término, quanto com a notícia de que eu não poderia ser mãe. Ela estava aborrecida e desesperada assim como eu. — Ele não conseguiu aguentar o fato de que não poderão passar por todas as etapas, não é? — Perguntou e eu apenas concordei balançando a cabeça positivamente. Mesmo estando terminando a semana, em uma sexta-feira, eu lembrava exatamente de toda a conversa com a minha mãe — que havia sido longa — e que papai apenas tivera participado de algumas partes. Infelizmente papai me fez chorar novamente, com algumas das suas doces palavras que amoleciam o meu coração. Eu ainda não havia marcado a consulta onde decidiríamos o dia em que eu teria que fazer a cirurgia e isso me incomodava um pouco, agora eu estava ansiosa para que tudo isso terminasse o mais rápido possível. Todos estavam preocupados com a cirurgia, como nenhum de nós havíamos enfrentado algo tão complicado do gênero, era fácil imaginar que algo errado pudesse vir a ocorrer enquanto eu estivesse naquela maca, com médicos e enfermeiros em volta de mim. Não conseguia imaginar futuramente como seria quando eu oficialmente estaria sem útero e sem a possibilidade de ser mãe, e por mais que eu tentasse pensar que talvez eu poderia encontrar outra pessoa para construir uma família comigo, não dava certo. Qual o homem que iria querer casar com uma mulher que não poderia ter filhos? Por mais que digam que não querem ter filhos, chega uma hora que sim.

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