Capítulo 2

1342 Words
D A N D A R A Acordei cedo e já fui me levantando, escovando os dentes e tomando banho. A loja em que eu trabalho fica em um shopping bem movimento, então eu tenho que chegar lá sempre cedo para dar tempo de abrir a loja e atender os clientes de manhã. Coloquei uma calça jeans e uma blusa mais despojada, alguns acessórios e desci dando de cara com a minha mãe na cozinha e meu irmão sentado no banco próximo a porta. — Bom dia, minha filha! Como você está? — Ela perguntou assim que me viu. — Bom dia, mãe! Estou bem, e você? — Perguntei. Ela apenas assentiu e sorriu, olhando para meu irmão logo em seguida. Ele não havia dito uma palavra se quer, apenas ficava me encarando como se soubesse da minha gravidez. Coloquei meu café da manhã e me sentei na cadeira para que pudesse me alimentar antes de ir para o trabalho, quando a mensagem de Dante chegou. "Bom dia, mina. Clara me falou que tu tá querendo trocar um papo comigo, não é nada sobre relacionamento não, né? Já te deixei claro que não entro em laço.". Li e reli aquela mensagens umas trezentas vezes, até Diego me encarar sem entender. — O que tanto olha nesse celular? — Ele perguntou autoritário. Diego já foi militar do exército, por isso ele acha que tem algum tipo de "autoridade" aqui dentro de casa. — Não te interessa, Diego! — Respondi sem pensar. — Já são os hormônios de gravidez ou rebeldia depois de velha? — Ele perguntou me fazendo ficar sem saber o que dizer. Olhei para minha mãe a procura de alguma resposta para aquilo, pensando que ela havia dito algo para ele até que ele novamente se explicou. — Entrei no seu quarto para te dar um beijo e sua bolsa estava aberta, deixando o teste de gravidez à vista. — Ele falou. — Não tinha o direito de ver minhas coisas. — Falei me levantando. — Fiquei sem fome! - Falei. — Dandara, minha filha, você precisa se alimentar! — Ouvi minha mãe dizer e não liguei, estava com a cabeça quente. Subi para meu quarto, escovei os dentes, passei perfume e desci as escadas, seguindo para a garagem. Já estava completamente furiosa e não parava de pensar na mensagem do Gabriel. Então, ao entrar no carro eu resolvi respondê-lo à altura. "Não Dante, você não passou de apenas ficadas que infelizmente me causou um dano "bom". Como eu sei que você não será homem o suficiente para olhar na minha cara, direi por mensagem mesmo. Eu estou grávida, queria te contar pra saber qual será sua posição, afinal de contas, eu não fiz sozinha!" Enviei a mensagem e deixei o celular de lado, ligando o carro e partindo para o shopping. Já estava atrasada, estava nervosa e me sentia relaxada por ele agora saber. Quando cheguei no shopping e sai do carro que vi as milhares de ligações dele, nem fiz questão de atender. Preferi ver as mensagens que estavam na tela do celular. "Tu só pode estar maluca! Jamais daria esse mole, ainda mais com você! Esse filho aí não é meu não, Dandara! Vai arrumar pai pro teu filho porque eu não sou!" Li e reli aquelas mensagens milhares de vezes, o que esperar de um bandido de merda né!? Nem respondi nada, entrei no shopping e segui até a loja, abrindo e dando início nos atendimentos. Quando deu dez horas da manhã as vendedoras começaram a chegar, já faz meses que elas estão assim. Eu nem falo mais nada, vou só deixando com a dona Bruna, que é dona e sabe o que faz! Organizei tudo e fiquei prestando atenção na entrada, quando saí para almoçar já era meio dia quando encontrei Clara na praça de alimentação. — Oi amiga, e aí, como está? — Ela perguntou me dando um abraço assim que me viu. — Estou bem e você? — Perguntei me sentando na cadeira. — Estou bem também, Gabriel chegou boladíssimo lá em casa dizendo que a culpada de você estar grávida era eu! — Ela me contou. — Olha a mensagem que ele me mandou. — Abri a conversa mostrando pra ela. — Ele está sendo um babaca, aposto que quando a tia ficar sabendo disso não vai gostar nada! — Ela falou se referindo à mãe dele. — Irei fazer a ultrassonografia na semana que vem, quer ir comigo? — Perguntei. Clara abriu um sorriso tão bonito, tão intenso e sincero. Tenho muita sorte de ter ela como minha amiga. — Você ainda pergunta!? Claro que sim! — Ela respondeu animada. Fizemos nosso pedido da mesa mesmo, queria almoçar comida e ela queria apenas um hambúrguer. Como ainda tinha horário do almoço, fomos comprar umas coisinhas para o bebê. No fundo eu sabia que o queria como ninguém, e que já estava completamente ansiosa para saber mais sobre ele ou ela. Comprei roupas neutras, fraldinhas neutras e outras peças de roupas neutras também. Clara me ajudou pegando produtos de higiene, ela também estava animada. Vi ela tirando uma foto e nem perguntei, sabia que provavelmente postaria no status ou, mandaria para ele. Obviamente ela quer que ele assuma o papel de pai, mas não pode obriga - ló. São da mesma família, primos próximos, muito chegados mesmo, e eu estou caindo de paraquedas no meio deles. Não demorou muito eu senti meu celular vibrando, peguei para ver quem havia mandado mensagem e era ele. "Quando estiver saindo do trabalho me avisa, brota aqui no Lins que eu quero falar com você!" Nem respondi, precisaria primeiro conversar com a minha mãe e depois sim eu pensaria no que faria. Meu horário de almoço já estava para acabar e eu me despedi de Clara, indo para a loja. Guardei tudo o que havia comprado na sala de gerência, onde eu ficaria até o final do meu expediente. Fiquei até tarde relendo alguns contratos que a dona pediu, e mandando fotos de cada um deles. Fiz anotação dos horários das funcionárias, a conta dos lucros, fechamento de caixa, e vi na câmera algo que me chamou atenção. Uma de nossas funcionárias estava colocando uma peça de roupa na bolsa. Imediatamente filmei e mandei para dona Bruna, ela visualizou e já respondeu pedindo para segurar a funcionária que amanhã mesmo ela viria resolver essa questão. Aproveitaria para falar com ela referente a minha gestação. Marquei de fazer o exame beta amanhã para confirmação, mas já tinha certeza dessa gestação pela quantidade de testes de farmácia feitos. Deu meu horário e eu saí de loja, fechando tudo, observando tudo e trancando tudo. Sai do shopping e entrei no carro, quando outra mensagem do Gabriel chegou. "Vai vim pra cá agora?" Respondi: "Primeiro irei passar em casa, quero tomar banho para depois ir aí. Aviso quando estiver indo." E nada mais mandei, não queria que estivéssemos tão próximos assim, seria falsidade. Único vínculo que precisamos ter é sobre a responsabilidade afetiva da criança, apenas. Cheguei em casa e encontrei com a minha mãe na cozinha, ela estava fazendo pavê, meu doce preferido! Dei um abraço e logo me sentei para contar tudo o que aconteceu. — O pai de criança me mandou mensagem falando que eu poderia estar maluca, pois o filho não era dele. — Falei. Ela parou o que estava fazendo e arqueou sua sobrancelha esquerda, me fazendo apenas aguardar o que estava por vim. — Eu sei que é chato, mas quero que saiba que se esse homem não quiser assumir essa criança, família não vai te faltar! Teu irmão passou o dia falando no meu ouvido, mas disse que assim que saísse do trabalho marcaria sua consulta para amanhã de manhã! — Ela falou, me fazendo abrir um enorme sorrido. Diego tem todos os defeitos, mas é um excelente irmão. No final de tudo essa criança não vai nem precisar do pai, pois amor eu já sei que não irá faltar! Será apenas amor! -
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