Capítulo 1

1054 Words
D A N D A R A Olhei para aquele teste de gravidez em minhas mãos, não acreditando no resultado que ali se encontrava. Dois traços positivos. Eu só tenho dezoito anos e ainda moro com a minha mãe, ela nem aceitaria uma gravidez nesse momento. — E aí, qual o resultado? — Clara perguntou da chamada de vídeo. — Positivo. — Respondi e logo desliguei a chamada. Clara mora no Complexo do Lins, foi onde eu conheci o primo dela. Nos conhecemos no aniversário dela, onde ficamos pela primeira vez e depois disso, nos apegamos. Começamos a ficar com frequência, até eu saber que ele estava tendo um relacionamento com uma ex amiga nossa. Diante disso eu preferi me afastar e Clara me deu total apoio, mas já era tarde demais. Já estava com sintomas de gravidez e resolvi tirar isso a limpo, para que pudesse tirar esse peso das costas. Mas nem tudo acontece de acordo com o que queremos, não é mesmo? Tranquei a porta do quarto e guardei o teste, pegando o celular e mandando uma mensagem para o Dante. Ele precisaria saber que vai ser pai e eu espero ter pelo menos o apoio dele, não saberia lidar com a maternidade sem o apoio paterno. Esperei minha mãe chegar e quando ela chegou, a primeira coisa que eu fiz foi ir até ela. — Oi filha, boa noite! Como foi o trabalho hoje? — Ela perguntou assim que chegou. Eu trabalho em uma loja de roupas, sou gerente geral da loja. — Boa noite, mãe! Foi cansativo como sempre, mas foi bem. E o seu trabalho, como foi? — Perguntei. Minha mãe é gerente de uma empresa de modelos, eu e Clara já modelamos para diversas marcas. Ela tem condições financeiras muito boas, mas são dela e não minhas. Por isso procuro sempre trabalhar, justamente para não depender dela. — Preciso te contar algo, mãe. — Falei assim que ela me chamou para um abraço. — Pode falar, minha flor! — Ela falou sorrindo, enquanto me abraçava bem apertado. — Terei um bebê. — Falei sem pensar, apenas falei. Ela me encarou, abriu a boca milhares de vezes e não conseguia dizer uma só palavra. Então, ela se afastou e seguiu em direção à cozinha. Fui atrás dela e a vi pegando um pão e cortando no meio. — Quando descobriu? — Ela perguntou. — Hoje. — Respondi. — Fico mais aliviada de saber que não me escondeu. Quer um pão? — Ela perguntou. — Quero sim! — Respondi aliviada. Sabia que teria que dar explicações para ela e que provavelmente ela não iria gostar dessa ideia, mas não poderia voltar atrás. Ruim seria lidar com minha carreira de modelo estando grávida, mas eu daria um jeito para isso! Ela preparou um lanche para nós, e seguiu para o sofá, ligando a televisão e se sentando no sofá com a bandeja. Ela colocou um filme de ação, preferia desses filmes que tem adrenalina, tiroteio e um amor obviamente abusivo. — Quem é o pai? — Ela perguntou enquanto comia seu pão com o copo de café no braço do sofá. Eu gelei. — O pai é um envolvido do complexo do Lins. — Respondi e abaixei a cabeça, já estava preparada para os sermões que estavam por vir. — Não vou te julgar, também fiquei com um envolvido quando tinha sua idade. Difícil vai ser você contar isso para o seu irmão, porque eu já aceitei e darei muito amor! — Ela falou. Sorri sabendo que teria seu apoio, eu precisaria muito disso! — Acha que ele vai ficar decepcionado? — Perguntei. — Você é a princesinha dele, minha filha. Ele vai ficar chateado, mas acredito que não venha a te deserdar. — Ela falou. Suspirei fundo. — Até porque ele não é seu pai, ele é seu irmão e deve ter respeito sobre isso. — Ela falou. — Eu sei, mãe. Só não sei como vou contar isso para ele e sendo sincera, nem para o pai da criança. — Falei pensando. — Diego vai te apoiar, ele só vai ficar bravo no início mas depois vai te dar todo o suporte. — Ela afirmou. Minha mãe sempre nos criou para sermos bem mais que irmãos, amigos. E de fato, somos melhores amigos até hoje. Meu irmão trabalha como segurança e também é professor de jiu-jitsu, ele dá aula justamente em uma instituição lá no Complexo do Lins. Expliquei toda a situação à minha mãe, queria que ela soubesse de tudo, desde o início, sabe? Como aconteceu, como eu conheci ele, como eu fiquei e principalmente, que a uns três dias venho me sentindo inchada, incomodada e enjoada. Ela riu de tudo, e me apoiou como ninguém! — Mas vamos, vai descansar que amanhã de manhã você acorda cedo. — Ela falou. — Vou mesmo, mãe. — Falei me levantando do sofá. Dei um beijo em sua testa e subi para o quarto, pegando o celular e lendo a mensagem de Dante. "Pô mina, não vai dar não, tava pensando melhor e não tô podendo ficar me envolvendo com ninguém não. O que rolou entre nós dois, não vai rolar de novo. Foi m*l aí!" Ele havia acabado de me enviar essa mensagem, só um minuto atrás. Não iria contar isso a ele assim, contaria com pessoalmente e se ele quiser, bem! Mas se ele não quiser, será só eu! Fiquei pensando em tudo que aconteceu, eu acabei me apaixonando por ele e ele simplesmente lança essa de:"foi m*l aí!". Liguei para Clara e contei tudo, deixando claro que minha mãe já sabia e que no dia seguinte eu iria lá pessoalmente contar para ele. Afinal de contas, ele precisa estar ciente. Ela concordou com tudo e me disse que iria comigo, só para me fazer companhia mesmo. Eu e Clara somos amigas há anos, e ela é quem mais me deu apoio nesse meio de tudo. Desligamos a ligação e eu não consegui dormir. Levantei e fui separar a roupa para amanhã, iria para o trabalho cedo abrir a loja e depois iria para o Lins. Arrumei a minha bolsa e já coloquei o teste de gravidez dentro. Quando terminei tudo, deitei novamente. Com o coração acelerado e angustiado, como eu lidaria com essa gestação? -
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