Poderia começar dizendo sobre como vi parar em uma cidade longe da Califórnia, mas não estava animada pra fazer isso, só podia resumir tudo na m***a que meu pai fez e como ele decidiu resolver com um casamento arranjado pra fundir a empresa dele com a indústria Pacini.
Me sentia uma garota só século passada, onde havia um dote pela minha mão e agora alguém me tinha por pagar esse dote.
Era r**m pensar que isso aconteceu e eu não tentei fugir.
Mas me parecia sensato aceitar e não perguntar mesmo, deixando para trás tanta coisa e vendo uma nova realidade bem na minha frente, uma que me colocava diante um homem bonito e até calado demais, que não havia falado, me ofendido ou nada do tipo.
Começava a pensar que ele queria apenas status, que em algum momento ele iria querer algo de mim, mesmo ainda não fazendo ideia e nem estando pronta.
Agora eu estava a ponto de ter um ataque nervoso, quando cheguei em casa já de noite e encontrei as coisas dele todas na sala soube que ele logo iria aparecer em algum canto. Não sabia como falar que eu havia gastado tanto dinheiro em uma única tarde. Na melhor das hipóteses ele iria brigar pouco, na maior, ele iria brigar muito comigo e me fazer devolver cada centavo.
Ana Luiza o que você fez?!
Nem uma semana de casada e dá um desfalque desse.
Inferno!
Meu gasto significava recomeçar aqui, transformar as coisas de onde eu parei. Talvez eu gastasse algum dinheiro. Mas iria me fazer bem um hobby.
Eu estava sentada na beira da cama no quarto, enquanto esperava ele sair do banheiro, eu precisava falar com ele. Charlles era calado, quieto e eu nem via ele direito, fazia quatro dias e eu contava as vezes que eu havia visto ele e falado um oi ou um boa noite, eu agradecia por isso, mas depois de hoje, eu senti que eu havia feito algo errado que eu devia não ter feito e consultado ele antes. Mas eu estava empolgada e ofertei um preço abaixo do mercado. Era pegar ou largar.
Agora eu poderia vender as joias e pagar ele se ele quisesse, eu só precisava esclarecer isso.
O galpão poderia ser meu novo projeto. Era apenas isso que passava na minha cabeça.
Assim que escutei o barulho da porta do banheiro, eu fiquei de pé e só vi a porta se abrir e ele surgir, quando ele surgiu, eu dei um passo para trás, cai sentada e com as mãos nos olhos e dei um grito baixo e abafado com as minhas mãos.
A cena de um homem pelado começou a se reproduzir e eu fiquei em pânico.
Pelos céus.
- Ai meu Deus, me desculpa, eu não queria atrapalhar seu banho – Eu forcei meus olhos a se fechar, mas a imagem dele pelado e do objeto dele me fazia me sentir envergonhada agora.
Eu não havia visto um homem pelado.
Ele tinha tatuagem. Muitas.
Charlles tinha muitas tatuagens nos braços, nós dois e no peito, no pescoço e no quadril.
Ele tinha coisas escondidas por debaixo das roupas.
Ai que vergonha.
- Poderia ter avisado que havia chegado Ana, ainda não sou adivinho e também não sou acostumado com alguém no meu quarto – Houve um grande silêncio.
- Me desculpa, eu não imaginava que você estaria sem roupa.
- As pessoas tomam banho sem roupa, certo? – Eu senti minha bochecha queimar. - Pode abrir, eu já me cobrir – Eu não me arrisquei, fiquei mais um tempo de olhos fechados. - Ana Luiza?
Eu tive que ignorar a cena e abrir os olhos, dessa vez vendo um homem vestido, eu voltei a desviar o olhar quando notei ele de cueca.
- Você está pelado ainda – Olhei para o teto e suspirei fundo.
- Eu estou de cueca. Vai me dizer que nunca viu um homem pelado? – Eu voltei a olhar para ele.
- E desrespeitoso ver as pessoas peladas sem as suas devidas permissão.
- Para mim sem problema. Aconteceu alguma coisa? – Tive que vencer a vergonha e encarar o homem que agora tinha uma toalha nas mãos e secava o cabelo escuro, olhando apenas para o rosto dele, nem um centímetro para baixo.
- Não sei qual vai ser sua reação, eu prometo devolver o dinheiro, mas eu havia achado um lugar, se eu não tivesse comprado ele seria vendido e eu perderia a oferta, comprei um galpão.
- Eu já sei do galpão – Eu travo e paro de falar.
- Sabe? -Ele balança a cabeça e continua a passar a toalha no cabelo molhado, noto os braços dele cheio de tatuagem e penso no quão imprevisível Charlles Pacini pode ser.
Em tudo.
Até nesse casamento.
- O gerente do banco me ligou, estranhou a movimentação, eu permiti.
Eu fico parada olhando para ele sem saber o que falar e fazer.
Charlles não parece bravo… ele parece normal, sem demonstrar nada.
- Você não está chateado?
- Não.
- Por que? - Ele me dá as costas e entra no closet, há bons minutos de silêncio, quando ele volta ele está de short e com a camisa de manga, isso me faz entender o motivo de nunca ter notado as tatuagens.
- Porque eu tenho mais? - Ele fala o óbvio, mas algo me deixa incomodada.
- Eu vou devolver, só fiz…
- Não precisa – Fico por uns dois segundos pensando o tanto de coisas que ele pode me pedir por aquele dinheiro, eu não quero dever nada para ele. - Você casou comigo, em uma parcela, por negócios e dinheiro…
- Me casei por não ter outra saída, isso não faz diferença para mim.
- Mas o dinheiro ajuda, e se você está no meio disso Ana Luiza, ele é seu também, aproveite, não vou cobrar nada de você. Não quero nada de você também.
Ele se aproximou da cama e pega o relógio na cabeceira da cama e caminha para porta.
- Mais uma coisa – Ele parou na porta e eu evitei qualquer movimento brusco. - Para que você comprou um galpão? Não havia bolsas e nem carros?
- Eu danço - Ele me corta.
- Você… Dança? - Charlles faz uma expressão de surpresa e eu balanço a cabeça. - Vai dançar sozinha naquele galpão?
- Vou arrumar o lugar, eu fazia antes com algumas meninas dança, mas eu tive que deixar para trás por causa de tudo – Ele parece entender. - Espero que você não se importe com isso, prometo não gastar mais seu dinheiro.
Ele sorri de canto e olha para o relógio.
- Pode usar o dinheiro se precisar, só toma cuidado com o horário de chegar em casa, está bem?
- Está, está bem, certo.
Dou um sorriso, porque me sinto feliz.
De certa forma satisfeita.
Me perguntava agora.
Ele não falou mais nada, desde que chegamos não fez nada.
Aos meus vinte e um anos eu tinha uma nova vida e não fazia ideia de como concertar.
Bem, vamos descobrir.
AVISO - Mais um capítulo fresquinho pra vocês (finalmenteeee), para ficar por dentro adicione o livro na biblioteca, comente sempre nos capítulos para eu poder saber o que vocês acham do livro e deixe o seu voto maravilhoso ou me sigam para receber novidades e atualizações. Até amanhã com mais um capítulo fantástico. Att, Amanda Oliveira, amo-te. Beijinhos. Hehehehe até