_ Ela já está medicada e adormeceu. Porém, o que mais me preocupou foi a perda significativa de sangue que ela teve , claro que por conta do tiro que levou na perna. Foi de raspão, o que não é tão alarmante, mas ela vai precisar de uma transfusão de sangue.
_ O que está acontecendo aqui?_ Alex, o namorado de Lindsay chegou, causando uma mudança repentina de humor em Vitór.
_Eu liguei pro namorado certo dessa vez. Lindsay está precisando de uma transfusão, perdeu muito sangue. Vocês sabem que tipo sanguíneo é o dela ?
_Eu sou o tipo dela._ O desespero pareceu tomar conta de Vitor ao ver a expressão facial do médico a sua frente.
_ Vamos lá, então.
***
_ Você não pode doar sangue, Vitor,sinto muito.
_ Como assim, eu não posso?
_ Você recebeu doação de sangue há menos de 1 ano atrás, não pode doar.
_Eu estou ótimo, é a vida da Lindsay que está em jogo. Eu não vou deixar que algo pior aconteça a ela.
_ Sinto muito,mas não pode doar. Não coloria só a sua vida em risco,como também a dela. Doenças que podem ter sido geradas através da transfusão só podem ser detectadas a partir de 1 ano. Você quer prejudicar ainda mais a saúde dela?_ a enfermeira usou do poder de persuasão para convencer Vitor.
Ele se levantou, frustrado e sem argumentos. Estava preocupado demais com Lindsay. Apesar de terem se afastado um pouco quando Lindsay começou a namorar, Vitor ainda se sentia responsável por ela. O pai dela havia o deixado como responsável por seu maior tesouro.
Eles eram amigos e ,apesar de pouca diferença de idade entre Lindsay e Vitor, Vitor a tratava como uma irmã mais nova. Mas algo dentro dele mudou, há dois meses ele sentiu algo diferente surgir.
_Eu posso doar. Não tenho restrição._ Rebeca falou sendo totalmente sincera.
_Eu quero vê-la. _ Alex se pronunciou pela segunda vez.
_ Não podemos vê-la.
_ Você não pode vê-la, eu sou o namorado dela.
_Ah,sim,claro. Eu tive guarda dela depois que o pai dela morreu, sou o único " parente " que ela tem ,mas não posso entrar, mas você que é o namorado super preocupado dela pode entrar? Faça- me o favor, Alex! _ Vitor soltou as palavras que estavam entaladas em sua garganta.
Ele nunca gostou de Alex e nunca fez questão de esconder, porém ainda tentava ser mais receptivo. Mas Alex não ajudava, o que tornava inviável uma conversa entre os dois.
_ Estou indo doar sangue, tentem não se m***r até eu voltar.
_O que aconteceu para ela vir parar aqui? Em que enrascada colocou a minha namorada ?
_Primeiro : sem acusações, você não sabe o que aconteceu então não especule. Segundo : sei tanto quanto você, talvez um pouco mais por conhecer a jovem que estava aqui conosco. Mas só a conheço de vista e estou tentando entender como ela levou um tiro na perna.
_ O que nos resta é esperar.
***
_Ela acordou, já podem ir vê-la!
_ Podemos ir os dois?
_Claro, desde que não façam ela se alterar. Ela ainda está se recuperando.
Os dois concordaram com o médico e partiram em direção ao quarto que lhes foi informado que ela estaria. Chegando lá, Lindsay já estava acordada e abriu um imenso sorriso ao ver os dois.
_ Como você dá um susto desse na gente, Lindsay? Quase morri. _ Vitor se adiantou em dar uma bronca.
_ Pode deixar a bronca e as explicações pra depois ? Faz tanto tempo que não conversamos . Pensei que estivesse bravo comigo.
_ Você sabe que não consigo ficar muito tempo bravo com você, você é a única pessoa que eu posso confiar.
Um resmungo baixo interrompeu a conversa dos dois.
_ Meu amor, por que não se aproxima?
_ Claro._ disse, beijando- a na frente de Vitor. _ Afinal, o que aconteceu? Você levou um tiro.
_ Podemos conversar sobre isso mais tarde ? Só queria ter os dois homens da minha vida aqui, pode ser ?
_ Pode sim,mas não pense que vamos esquecer o que aconteceu._ Vitor decreta.
Após se certificar de que ela estava bem, conversaram de forma civilizada.
_ Acho que pelo bem da Lindsay podemos dar uma trégua, que tal?_ Vitor perguntou, contrariado.
_" Posso fazer isso"_ Pensou.
_ Acredito que concordamos plenamente sobre querermos o bem- estar da Lindsay. Só por isso eu aceito essa trégua, vai fazer bem a ela nos ver sendo civilizados, afinal ela te considera como um irmão então não há porquê eu temer.
Cada palavra da última frase atingiu Vitor de uma forma extraordinária, ainda mais pelo fato de ser completamente verdade. Os dois apertaram as mãos e cada um foi para sua casa.
Caminhando para fora do hospital , Vitor recebeu uma ligação.
_ Olá, Vitor, tudo bem? Eu não estou conseguindo falar com a Lindsay, sabe o que aconteceu?
_ Pedi para ficar de olho nela e o que acontece?Ela está no hospital agora , recebeu uma transfusão de sangue há algumas horas. Você sabe que ela é o que eu tenho de mais importante nessa vida.
_Calma, Vitor, me desculpe,cara. Eu realmente não sabia. Hoje de manhã ela estava muito bem, só um pouco ansiosa para ir embora. Na hora do intervalo até discutiu com Alana, uma garota que vive implicando com ela.
_ Espera, o que disse?
Por um breve momento, Vitor se lembrou das vezes em que Lindsay comentou das implicâncias de uma garota chamada Alana, mas não imaginava que ela e a garota que falara mais cedo eram a mesma pessoa.
Alana Johnson, ou melhor, Rebeca Parker era testemunha de um homicídio,mas a verdade é que queriam ouvi - la para esclarecer sua versão dos fatos, ela era uma suspeita mas sem provas não podiam instigá - la.
_ Vitor, ainda está aí? Então, ela não te contou? Foi uma discussão breve mas deu o que falar pelos corredores. Acha que Alana tem a ver com o fato de Lindsay estar no hospital?
_Alana foi quem me ligou avisando que Lindsay estava no hospital. Preciso falar com Lindsay, ela pode estar correndo perigo. Obrigada, Paulo.