Sofie Matarazzo
Eu estava desesperada, precisava de um emprego para poder terminar minha faculdade.O dinheiro que papai mandava, eu só conseguia pagar o aluguel do meu apartamento que já era extremamente caro.Ele dizia que eu era teimosa, poderia alugar um apartamento mais barato que não fosse em um bairro tão caro, mas eu gostava de desfrutar um pouco da boa vida, acho que eu merecia isso, pelo menos um pouco.
Desde a morte da minha mãe, há 2 anos eu havia decidido que ia fazer algo da minha vida, meu pai não era rico, mas tinha uma ótima condição financeira pelo seu tempo trabalhando na Marinha.Quando resolvi tentar a vida em São Paulo, ele não concordou, queria que eu continuasse morando com ele no Rio grande do Sul, mas eu não podia viver dependendo dele pelo resto da vida, eu precisava tentar.
_Mas qualquer coisa que acontecer que esteja fora dos seus planos, minha filha, você pode voltar para casa a hora que quiser, sem pensar duas vezes!_ele disse enquanto nos despedimos no aeroporto, quando eu estava indo embora.
_Ah, papai, fica tranquilo, eu vou saber me virar bem._eu disse, lhe dando um beijo na testa.
Enquanto eu procurava vagas de emprego pelo notebook, a chuva caía do lado de fora “Empresa milionária no ramo de jóias recruta estagiários para início imediato.”Era a chance perfeita, anotei o endereço e comecei a revirar meu guarda roupa procurando alguma roupa que prestasse, até porque lá as pessoas deviam se vestir muito bem por lá. Eu estava em São Paulo há três meses, no total, ainda estava me acostumando com a correria das pessoas e com a agitação.
O despertador tocou as 5:30, me levantei num salto e corri para o banho, essa era a minha chance de ganhar um belo de um salário, eu precisava estar perfeita.Coloquei um vestido social preto que marcava até muito bem meu corpo, mas eu não tinha muita opção de escolha, então seria esse mesmo.Peguei o táxi e felizmente, a empresa ficava só meia hora do meu apartamento.
_Nossa!_exclamei ao entrar pela grande porta de vidro na entrada da empresa.Tudo lá dentro era incrivelmente luxuoso, era incrível.Me dirigi até a recepção e disse que tinha chegado para a entrevista, a recepcionista me olhou como se eu fosse louca.
_Que entrevista? Hoje não é o dia da entrevista dos estagiários, querida, é amanhã!_ela disse enquanto continuava mexendo no computador.
_É sério?Não acredito nisso!_eu disse, inconformada.Eu tinha ficado tão empolgada, que tinha errado as datas.
_Pode liberar a subida dela, eu a atendo hoje._disse um homem passando por nós e me dando um breve sorriso.Era mais velho, devia ter a idade de meu pai e estava usando um terno que devia ser caríssimo.A recepcionista me olhou, claramente revoltada com minha conquista.
_Quem é ele?_perguntei.
_Ele é o presidente da empresa.Pode subir, é no décimo andar._ela disse, entre os dentes.Subi sem saber muito bem o que aconteceria depois, pegamos o mesmo elevador.
_Qual é o nome da Senhorita?_ele perguntou me olhando pelo espelho em nossa frente.
_Sofie Matarazzo, Senhor._respondi com a voz trêmula, era inegável que eu estava muito nervosa.
_Sofie, você não precisa ficar tão nervosa assim, está tremendo!
_Ah Senhor, me desculpe.Eu preciso muito desse emprego e não consigo controlar minha ansiedade._eu disse o seguindo enquanto descíamos do elevador.Ele abriu uma enorme porta de madeira e entramos dentro do seu escritório luxuoso.
Eu nunca havia trabalhado antes, como eu disse, eu tinha uma vida muito confortável no Rio grande do Sul, e apesar do meu apartamento ser na zona sul, minhas condições não chegavam perto de forma alguma de todo aquele luxo.Me sentei na poltrona de frente para ele enquanto o mesmo mexia em uns papéis e ligava seu notebook.
_Sofie Matarazzo, vamos lá.Como você já deve ter visto, eu estou recrutando estagiários, mas também preciso de mais uma secretária, agora com a expansão e o fim do ano chegando, as vendas estão aumentando consideravelmente._ele disse, me olhando._Eu acho que você pode se encaixar nessa vaga, o que acha?
_Eu acho perfeito, senhor, nossa nem acredito!_vibrei sem ser tão espalhafatosa, afinal, não queria assustá-lo antes de começar.
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