Aline e Larissa dirigiram até o mercado de Tadeu para entregar a parte dele nos programas. O combinado era: Tadeu conseguia os clientes para as meninas e elas davam metade dos lucros para ele. Não era muito justo já que todo esforço eram das meninas e os clientes iam até ele como os ursos no mel, tudo o que ele fazia era esperar sentado. Mas ele não arrumava os clientes caso não fosse pago. Ele patrocinava as garotas com books, nomes, algumas roupas para começar e tratamentos em salão de beleza. Eram as dívidas que ele fazia para elas ficarem presas a ele. Quando conseguiam pagar as dívidas, se conseguissem, ela ficavam presas ao catálogo dele. Tadeu ameaçava queimar o nome de qualquer uma que deixasse ele e começasse com outro c*****o ou se encontrassem com os clientes dele, sem o conhecimento dele.
Tadeu havia mudado também, agora estava mais parecido com a mãe. Estava alto como ela e tinha os olhos castanhos escuro. As únicas coisas que havia herdado do pai realmente era o gênio, o cabelo loiro e o mercado.
- Olá, meninas. Bom dia. -disse Tadeu sorridente vendo Larissa e Aline entrarem.
- Bom dia, Tadeu. -disse Aline, séria.
- Bom dia, viemos trazer sua parte. -disse Larissa.
- Vamos até o meu escritório. -chamou as meninas.
Os três caminharam até o escritório do segundo andar. Quando chegaram em frente a porta, Tadeu abriu e os três entraram. Conversaram a portas fechadas.
- Sentem-se, meninas. -pediu sentando em sua cadeira atrás de uma escrivaninha. Larissa sentou e Aline ficou de pé. - Não vai sentar, Aline?
- Não, eu prefiro ficar de pé porque ai vou embora mais rápido. Tá aqui. -Aline jogou o envelope de dinheiro na mesa de Tadeu.
- Acordou de ovo virado, foi? perguntou Tadeu.
- Eu só não acordei pra gracinha. Já entreguei minha parte, agora eu vou embora.
- Espera, espera um pouquinho. Eu queria encontrar com vocês duas mesmo. Eu quero propor um evento pra vocês.
- Evento? perguntou Larissa.
- Sim, uma festa onde vai muitos empresários, até os mais ricos do país e todos os pimps mandam uma ou duas garotas nessa festa. Esse ano recebi o convite e quero mandar as melhores garotas que tenho: vocês.
- Tô impressionada. -disse Aline séria.
- Uau, que legal, Tadeu. Quando é? perguntou Larissa, empolgada.
- Agora, nesse final de semana.
- Agora mesmo, né? Já estamos na quarta feira. Você tem os convites aí? perguntou Aline.
- Claro que tenho. -abriu uma gaveta da mesa e tirou dois convites preto. Entregou um para cada. - Tá aí. Dia, local e hora.
- Hum...-Aline disse avaliando o convite. - Acho que será bom pra você e pra gente essa festa, né? comentou.
- Mas é claro. Então, vocês aceitam?
- Eu já tô dentro, Tadeu. -disse Larissa animada.
- Eu topo também. -disse Aline.
- Maravilha! Agora vão até o shopping e compre as roupas mais bonitas para essa festa. Eu quero que as minhas garotas sejam as mais bonitas e as que mais vão faturar. -disse sorridente.
- Vamos, Lari. Já acabamos por aqui. -disse Aline, já saindo do escritório.
- Tchau, Tadeu. -disse Larissa.
- Tchau, pequena. Tchau, viu, Aline? -disse Tadeu.
Aline apenas ignorou.
Foi andando até o carro que estava estacionado na frente do mercado. Um Honda Fit que ela comprou semi novo porém em ótimo estado. Ela entrou no banco do motorista e Larissa no do carona.
Aline dirigiu até o shopping para poder comprar algo para festa.
- Aline, porque você age tão estranha com o Tadeu? Sei lá, parece que você tem nojo dele.
- Aí, Lari, coisa minha. Quando eu vim pra cá, eu comecei trabalhando no mercado. O pai dele ainda era vivo e foi ele quem me apresentou ao mundo da prostituição. Ele me fez t*****r com o Tadeu em troca de mil reais. Na época eu tava desesperada pra pagar o tratamento do meu pai e aceitei. Foi repugnante, nem gosto de lembrar.
- Jura? -perguntou assustada
- Juro. Eu fui a primeira garota dele. Ele era ainda mais nojento. Gordo e andava sempre suado. Eca!
- Eiw, que nojo! Isso foi quando?
- O programa? -Larissa confirmou com a cabeça. - Cinco anos atrás.
- Uau! Quanta coisa pra raciocinar.
- Sim. Aí já viu, peguei ranço, não quero mais papo com ele.
- Super te entendo, Aline. Super! Ele é um nojento, escroto e babaca.
- É, ele era meu amigo, sabia da minha dificuldade e usou disso pra fazer com que o pai dele ajeitasse o programa. O Tadeu, Lari, não é amigo de ninguém. Ele é amigo do dinheiro. -disse olhando diretamente para Larissa.
Por outro lado, temos Leandro. Muitas coisas aconteceram em sua vida desde 2013. Leandro casou-se com Melissa mas a perdeu num trágico acidente de carro, que ele estava dirigindo. Ele se culpa por isso apesar de ter sido provado que foi um acidente. Depois da morte de sua esposa que estava grávida e eles tinham apenas três anos de casado, Leandro teve de assumir a empresa pois seus pais queriam se mudar para o interior. Mesmo contra as vontades de Beatriz, Daniel colocou o comando da empresa nas mãos de Leandro. Logo depois, Gustavo e Laura completaram o time de comando da Royality. Laura virou vice presidente assim como Gustavo, mas era ela que realmente agia como uma verdeira vice presidente, ajudando sempre Leandro nas decisões mais importantes da empresa. O único fraco dela eram as drogas. Laura havia começado a usar drogas para aguentar os problemas e a falta da mãe que só tinha olhos para Gustavo. Gustavo casou-se com Camila Rezende, uma moça herdeira de uma grande imobiliária mas ele vive negligenciando o casamento. Camila não bate de frente com ele por ama-lo demais mas ela tinha sonhos de ser mãe, assunto que Gustavo sempre foge quando ele é mencionado.
Leandro estava em sua sala da presidência na Royality. Ele revisava alguns papéis de contratos, coisas de sempre. Sempre que parava de pensar um pouco em trabalho, ele pensava com Melissa. A saudade era grande e a culpa grande companheira da saudade. Ele era um homem bonito. Jovem, alto, tinha a pele bem branquinha que combinava com os cabelos e olhos negros. Quando sorria encantava as moças de qualquer lugar, apesar do gesto acontecer tão pouco.
Laura, a caçula da família foi muito aguardada por Leandro para ser sua companheira no comando da empresa já que Gustavo aparecia pouquíssimo na empresa e quando aparecia, só fazia coisa errada. Laura era uma moça linda, jovem, tinhas cabelos ondulados na altura dos ombros e com as pontas loiras, rosto angelical e um sorriso tímido que combinava com os olhos negros e brilhantes. Seu único defeito era o vício por drogas. Ninguém tinha conhecimento, porém Leandro desconfiava.
Gustavo nunca foi ligado aos irmãos. Super vaidoso, tinha o cabelo sempre bem aparado, não usava barba e tinha um sorriso malicioso. Olhos negros que mostravam já uma certa obscuridade em sua vida. Agora era casado com Camila, uma mulher doce e apaixonada por ele. Apesar de ser linda e com muitas qualidades, nunca pensou em deixar Gustavo, apesar de ser aconselhada por Laura, sua cunhada. Camila era tímida, tinha os cabelos na altura dos s***s e eram castanhos claros. Tinha os olhos verdes e era apaixonante pelo jeito de falar ou até simplesmente no andar. Quando namorou e casou com Gustavo, imaginou que teria uma vida perfeita, mas acabou se enganando. Gustavo era um mulherengo que só queria viver bem e ser rico. Ele queria o comando da empresa por inveja do irmão e ainda tinha esperanças de conseguir dar o golpe perfeito que tirasse Leandro da presidência.
Leandro é tirado de seus pensamentos por sua secretária, Mirtes.
- Seu Leandro, chegou um envelope para o senhor. -disse a senhora atravessando o escritório com um convite preto nas mãos.
- Pode deixar aqui na mesa, dona Mirtes, obrigada.
- Ah, e a dona Laura quer vê-lo.
- Pode deixar ela entrar. -respondeu.
Mirtes saiu e Laura entrou na sala do irmão.
- E aí, maninho? -sentou-se na cadeira em frente a mesa do irmão. - Como vai? -perguntou sorrindo.
- Bem e você? -respondeu sério sem tirar os olhos do computador.
- As mil maravilhas. Fechei o contrato com aquele chato do hotel cinco estrelas, ele vai deixar tudo por nossa conta. Aliás, a sua secretária já devia ter te entregado o papel do contrato.
- Ela entregou, e eu já assinei. Laura, você sabe que isso é meramente burocrático, né? Você é tão presidente quanto eu. -disse olhando para a irmã.
- Eu sei. -sorriu meiga. - Eu tô bem assim, sendo vice presidente. Você merece tudo, meu irmão. -Leandro sorriu para Laura brevemente. - E o Guga? Cadê? -o sorriso de Leandro desaparece imediatamente.
- Esse ai você nem comenta, viu? Sumiu na segunda e não deu mais notícias. Aquele irresponsável. -disse indignado.
- Calma, Leandro. Você sabe que ele é assim, esse sequelado.
- Mas não pode, Laura, ele tem compromissos, ele não queria a vice-presidência? Então?
- Na verdade, ele queria a presidência, né? -comentou.
- Como vai ganhar agindo feito um moleque? -respondeu indignado.
- Você tem razão...-suspirou. - Vamos mudar de assunto? Que envelope é esse? perguntou em relação ao envelope preto que estava em cima da mesa do irmão que havia sido entregue por Mirtes.
- É uma festa que eu vou todo ano, se recorda?
- Ah, tá. Aquele matadouro que vocês chamam de festa? -fez piada e riu. - Meu irmão, você é tão bonito, tão cheio de qualidades, precisa mesmo ficar se relacionando com p**a?
- Laura, p**a não dá problema na minha vida e eu não dou problema na vida dela. Todo mundo só tem a ganhar.
- Não quer que eu te apresente uma amiga? -tentou.
- Não quero me envolver. Obrigada, Laura, eu sei que você quer meu bem, mas eu tô fora de relacionamento.
- Tudo isso por causa dela? -perguntou referindo-se a Melissa.
- Eu não quero falar sobre isso, Laura. -disse triste.
- Mas, meu irmão, isso já...-Leandro interrompe Laura dizendo firmemente e grosso.
- Eu não quero falar sobre isso, Laura. Já disse!
- Okay, tudo bem. -acabou dando-se por vencida.
A verdade era que Leandro odiava quando tocavam nesse assunto. Ele ainda não tinha superado a morte de Melissa...e talvez nunca superaria.