Capítulo 3

1248 Palavras
São Paulo - 2018 P.O.V Aline Me sentia podre. Eu não conseguia nem pensar direito. A verdade é que o único motivo para eu ter feito aquilo era realmente a doença do meu pai. Eu nem fui para o alojamento, fui direto ao mercado de Gilson. Queria pegar o meu pagamento. Entrei no mercado e fui direto ao escritório do velho. - Opa, já voltou? perguntou Gilson. - Sim e quero meu pagamento. -fui direta. - Claro, senhorita. Está aqui. -estendeu um envelope laranja. Era 1000 reais no envelope em notas de 100. - Olha, eu acho que você tem futuro, hein garota? Vou deixar meu cartão com você. -ele me estendeu um cartão preto. - Pensa bem, posso te pôr no meu catálogo. - Nunca. -disse jogando o cartão na cara dele. Saí de lá à pressas e fui direto ao banco para depositar o dinheiro. Depois de depositar, ainda dentro da agência, liguei para minha mãe. - Alô? disse ela ao atender. - Oi, mãe. Tudo bem? - Ah, minha filha, tudo indo na medida do possível e com você? - Eu tenho boas notícias, depositei mil reais na sua conta, agora você pode pagar o tratamento de meu pai. - Mil reais? Aline, isso é muito dinheiro, como você conseguiu? Mentir para mãe é muito errado mas eu não podia dizer a ela que havia transado por dinheiro, então menti. - Eu pedi um adiantamento pro meu chefe, ele entendeu a minha situação e me deu um salário adiantado. - Minha filha, já dá pra pelo menos começar a pagar. -vibrou do outro lado da linha, me deixando preocupada. - Começar a pagar? Como assim? perguntei confusa. - Minha filha, eu pesquisei sobre o tratamento, ele fica em dez mil reais mas os médicos garantiram que seu pai ficará curado. - Dez mil reais? - Sim, mas meu bem, fica tranquila, vamos dar um jeito aqui. Agradeça seu chefe por nós. - Mãe, eu vou dar um jeito aqui, vocês não ficaram desamparados. - Só tome cuidado, minha filha. - Pode deixar, mãe. -uma lágrima escorre em meu rosto. - Eu te amo. -disse. - Eu também te amo. Fique com Deus. - Você também, manda um beijo pro meu pai. - Pode deixar. Não tinha jeito, eu tinha que vender minha alma ao d***o, ou melhor, tinha que vender minha alma ao Gilson para levantar essa grana e agora não tinha mais jeito. Voltei ao escritório de Gilson e aceitei a proposta dele. Entrei para o seu catálogo de garotas de programa. SÃO PAULO - 2018 Muitas coisas mudaram em minha vida desde 2013. Em 2013 tomei a decisão de usar de uma ferramenta pouco usada para conseguir dinheiro: o corpo. Eu passei de caipira do interior para uma p****************o muito requisitada. Eu tenho tantas histórias com homens que não consigo contar. Aí você se pergunta "Você não acha isso r**m?", claro que não. Eu não roubei e nem matei. Apenas ganhei o meu para me manter aqui em Sampa e ajudar minha família. Sobre a doença do meu pai: ele foi tratado e curado pelo melhor hospital de São Paulo, e você sabe como isso aconteceu? Graças aos homens riquíssimos que pagaram para ter uma noite com a Ísis. E assim nasceu a Ísis. Terminei a faculdade no ano passado e meu pai se curou no mesmo ano. Demorou bastante mas agora ele está totalmente bem, pelo menos. Tadeu virou meu c*****o. Ele assumiu os negócios do pai e expandiu seu catálogo com homens e até algumas transsexuais. O fato daquele mercadinho ficar na zona sul perto de um condomínio me ajudou muito a ganhar dinheiro. Hoje em dia moro no mesmo prédio que a minha melhor amiga Larissa. A gente optou por morar no mesmo prédio mas não no mesmo apartamento porque seria muito hormônio feminino em um só lugar. Meus pais acham que eu trabalho em uma empresa de qualidade de vida. Que eu tenho um bom emprego lá com a ajuda do meu curso superior. Eu não quero que eles saibam que eu vivo essa vida. Eu sei que entrei nessa vida para conseguir os dez mil do tratamento do meu pai mas o luxo é f**a, ele é como droga, te vicia e todo vício tem que ser sustentado. Por isso continuei mesmo depois do meu pai ter sido curado. Ah, e o meu visual? Como mudou. Agora sou loira, minhas orelha anda toda enfeitada, ando com roupas elegantes e sexy e claro uso de um bom vocabulário. Foi assim que conquistei minha "patente" na prostituição. P.O.V Narrador A campainha do apartamento de Aline toca e ela vai atender usando apenas uma camisola com um hobby por cima. Havia acabado de acordar e ela sabia que só poderia ser uma pessoa, Larissa. - Amiga, me empresta um vestido pra hoje a noite, tenho que acompanhar um chinês em uma festa. -perguntou Larissa. Larissa era outra prostituta que usava o nome Luna para atender os clientes. Era uma morena clara de cabelos cacheados, olhos cor de mel e tinha um sorriso meigo. Era baiana mas estava a tanto tempo em São Paulo que havia perdido muito do sotaque baiano. Era diferente de Aline que era loira, pele branca e tinha olhos castanho escuro. Eram uma dupla e tanto. Faziam muito sucesso com os clientes de Tadeu. - Aí, maluca. Essa hora da manhã. -reclamou. - Entra, vai. Pega o que quiser lá no meu closet. -dizia Aline enquanto caminhava de volta para a cama e deitava novamente. O apartamento de Aline era bastante confortável. Era bem de solteira. Seu quarto era uma penteadeira, uma cama de casal, criados mudos ao lado da cama e a porta do banheiro do lado do criado mudo da direita e do lado do criado mudo esquerdo, tinha a porta do closet com muitos sapatos, roupas, bolsas e joias. Mais a frente, tinha três sofás, uma TV em cima de uma rack e uma mesa de centro entre o sofá maior e a rack. Do lado esquerdo da rack, tinha uma a******a para a cozinha completamente prática com móveis em inox. E para finalizar, o apartamento ainda tinha uma grande sacada que ia até o começo do quarto até o fim da sala. - Aí, tá bom, dorminhoca. -brincou com a amiga. - Dorminhoca, aharam. Eu trabalhei até tarde ontem. Atendi de última hora o Oswaldo. Ficou carente e precisou da Ísis aqui. -disse de olhos fechados. - Ele ficou mais carente depois que foi colocado pra fora de casa, né? comentou do closet. - Também, foi me trair com p**a barata. Isso que dá. -disse colocando o rosto em cima da palma das mãos, apoiando os cotovelos na cama. - Você é ridícula, Aline. -comentou rindo. - Ele era fiel a mim, Lari. Também fiz ele pagar mais caro. Assim meu faturamento aumenta e eu dou a parte do Tadeu com folga. - O que você achou desse? disse Larissa saindo do closet com um vestido preto de alças no ombro e seu comprimento ia até o joelho. - Ficou ótimo. Usa aquele meu sapato fechado bege. - Tá. - tirou e jogou o vestido na cama e voltou para o closet para pegar o sapato. - Falando em Tadeu, tenho que ir lá dar minha parte pra ele. Ontem o Giovane veio porém veio mais tarde e não deu pra entregar de imediato a minha parte. -disse voltando do closet. - Obrigada, viu amiga? Você tá me salvando de ter que comprar roupa. - Aí, você não agradece entregando minha parte pro Tadeu, não? pediu manhosa. - Negativo. Vamos juntas, Lica! Assim a gente põe o papo em dia. -tentou convencer Aline. - Ahhh, tá bom. Mas me deixa levantar, tomar banho e tomar café. -disse a loira levantando da cama. - Tá, faz um café pra gente porque eu vou tomar banho também. -disse Larissa indo em direção a porta. - Okay.
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