Estupidez.

2702 Palavras
Ana Os Cárpatos ficam a noroeste, fazem fronteira com a Ungria e a Ucrânia. Parece mais que foi combinado os nomes dos países que fazem essa delimitação o nome de ambos começam com a vogal U. Dessa forma a Romênia se destaca. _ Qual no nome do bairro, pai? - minha b***a dói pelo vasto tempo que estou sentada. Penso que esse pedaço de carne bem macia não deveria doer, afinal ela foi feita para quando ficássemos sentados não houvesse desconfortos. _ Ah, eu..... _ Não há comuna e sim regiões, estamos indo para Crisana, um dos Tesouros da Romênia. Por lá tem os picos solitários, e as poderosas cordilheiras montanhosas. - o senhor Rickesclu responde a minha pergunta; minha imaginação tenta montar o cenário em minha mente, baseando-se pela natureza que vejo as margens da estrada. Cada vez mais a civilização está ficando escassa. _ Não entendo, o senhor Constantin recebeu-me no centro de Bucareste. Deduzi que morasse por lá ou em alguma região mais próxima! - Miguel está espantado com a discrepância de locais; eu não consigo deixar de sentir um frio horrível que desce e sobe pela minha coluna. Parce que alguém desliza um cubo de gelo por ela incessantemente. _ Os Constantin, presam pela descrição e reclusão das suas vidas sociais. Não possuem páginas em redes sociais, não gostam que os holofotes venham sobre eles. - Isso é novo para mim, porque eu sou bichinho de rede social. Gosto de postar minhas fotos, fazer amigos e agora só terei esse meio para estabelecer uma comunicação com meus amigos que ficaram no Brasil. _ Como pode isso? Eles pararam no tempo? Hoje a Internet é essencial para um monte de questões cotidianas! - Minha mãe exprimi suas indagações repletas de estupefação. _ É o modo de vida dos Constantin, senhora.- O corte veio seco e rápido. No estilo espada chinesa que te mata com um corte preciso; o seu respirar vai embora e você sequer percebe. O silêncio dominou o inteiror do veículo. Sinceramente, temo encontrar nesse lugar um bando de malucos vestindo roupas de épocas e fingindo ser vampiros. Se isso acontecer, acho que surto! Mais algumas horas se passam até que de repente, o senhor Rickesclu faz uma curva e adentra por uma estrada de chão. Fico assustada, porque entramos por dentre as muitas árvores. Seria aquele homem um assassino? Estariamos indo de rumo a morte? Meu coração dispara no peito, junto com as sensações ruins que somam e trazem a convicção de que nunca deveríamos ter vindo para esse país. Contornamos um bosque enorme e por de trás dele, vejo surgir algo que...que....aquilo era .... _ Que lindo! Veja, Ana, um castelo! - Nem mesmo a minha mãe resistiu a beleza imponente da edificação. Eu sei que na Romênia não uma quatidade estipulada de castelos, mas há três castelos e um palácio que são bem conhecidos ; definitivamente este não se encontra dentro dessa conta que engloba os populares. Castelo de Bran, também conhecido como Castelo do Conde Drácula; Castelo Bánffy; Castelo de Corvin; Palácio Brukenthal; Castelo de Poeneri; Castelo Peleș. Na sua maioria, hoje, são museus; assim como temos a casa de Santos Dumont ( o pai da aviação brasileira); a antiga residência de verão de Dom Pedro II, o Palácio Imperial de Petrópolis; a residência oficial da família real brasileira durante a monarquia que no tempo presente são museus em nosso país. Mas esse imóvel é habitado e aparentemente bem cuidado! Impossível não ficar perplexa com a beleza deste; impossível esconder ou camuflar o meu estado de êxtase. Não se é todo dia que você vê uma edificação com ares de contos onde existe príncipes e princesas que tentam viver uma amor proibido, sofrem muito e depois ficam juntos ou não. Não consigo enxergar muito bem os detalhes por estarmos passando longe, mas é perceptível que é gigantesco. _ Levarei vocês até a sua residência. Organizem as suas bagagens. Refaçam-se. Por volta, das vinte horas o senhor Constantin enviará um veículo para buscá-los; serão apresentados oficialmente a família. Depois o senhor terá uma pequena conversa para detalhar os por menores. - Rickesclu olha rapidamente para o meu pai. O dia que antes apresentava um sol tímido, agora não há mais nem resquícios dele. As nuvens cinzas domam o céu feito ondas revoltas em mar aberto. Elas criam outra noite, uma que prédiz a chegada de uma tempestade . Os ventos transpassam pelos troncos das árvores assoviando como fantasmas à soltas e vagantes. O farfalhar das folhas parece um aziago que profetiza dias de sofrimento; definitivamente eu não gosto desse lugar. A sensação me é estranha! O carro sobe uma ponte feita de madeira. Os estalos me causam arrepios, porém quando faço a burrada de olhar pela janela quase que a minha alma sai do corpo. É um despenhadeiro! Estamos atravessando uma ponte antiga feita de madeira e bem lá embaixo passa um rio de águas bravas. Engulo em seco, tenho medo da ponte ceder e irmos todos parar no meio daquela água de forte correnteza. Um estalo maior é produzido; meu grito deixa a todos assustados. _ Nós vamos cair!- tremi, segurando com força a mão da minha mãe- Essa ponte não me parece segura! - meus olhos estão enormes. Quem está vivo tem medo de morrer. E como não teria?! Viver é muito bom! _ Essa ponte é segura. Todos os dias os trabalhadores cruzam ela para poder ir a residência dos Constantin. - Como é ? Os funcionarios deles residem aqui?! Todos eles? _ Teremos visinhos , isso já é um bom começo, não é, querida?- meu pai está muito feliz com esse novo momento em que está ocorrendo em sua vida. _ Ótimo, querido! - a ironia é evidente e bem explícita na voz da minha mãe. Com certeza a felicidade é unilateral. Terminamos de cruzar a ponte que chora, porque foi isso mesmo que eu ouvi, um lamento agoniante por parte das suas velhas tábuas de madeiras. Rangidos sôfregos de peças carcomidas que estão a ponto de esfarelar-se feito construções de areia levada pelo vento. Continuamos a seguir por uma estrada de chão batido, o vento implacável surrando as folhas das árvores e assobiando de um modo macabro; meu corpo treme a cada barulho mais agudo, mais amedrontador . Me encolho no banco quando o som de uma trovoada explode no espaço. Gotas grossas caem sobre o para-brisas do carro. _ Acho que a chuva é um prenúncio de sorte. Dizem que ela leva embora o velho para dar lugar ao novo. Rega os nossos sonhos e banha nossa alma.- Definitivamente não é o momento para falar palavras bonitas. Meu pai não enxergava dessa maneira; a felicidade não lhe dava lugar para qualquer outro sentimento que não fosse o de ter os seus esforços e talento reconhecidos por alguém. O tempo transcorre feito a chuva que acompanho descer pelo vidro da janela do carro. Foram mais ou menos uns vinte minutos até cruzarmos uma montanha e atravessarmos gandes portões tubulares com iniciais duplicadas de tamanhos agigantados, em cada uma das suas bandeiras os C's se destacam em ouro velho; sem mencionar a delimitação da área que é feita por uma cerca de tela galvanizada e estacas de concreto. Meu queixo cai. O local é como se fosse uma vila de casinhas. Possui rua asfaltada e iluminação. Cada imóvel é separado por um muro baixo feito de pedra. Somente a cor não me agrada, é um cinza esquisito. A chuva torna tudo mais deserto. Não há uma viva alma nem mesmo nas janelas. Suspiro, tentando não pensar no que o futuro nos reserva. Rickesclu para na última rua do vilarejo e a "abençoada" é diferente das demais, fica cercada por árvores e de frente para a floresta. Tem um ar sombrio. _ Esse será o novo lar de vocês .A casa está equipada com móveis e tudo que necessitam para sobreviver. - o advogado do senhor Constantin profere seco. Será que todos tem esse tipo de comportamento frio por aqui? Não estou nenhum pouco afim de descobrir. _ Quem morou aqui antes de nós?- meu pai tinha mesmo que procurar saber da vida pregressa da casa? _ Era o senhor Vlasi, mas o pobre teve um fim terrível. Foi morto pelos lobos que tem aqui nesses bosques. Nuca se aventurem sozinho por ai, porque vocês podem virar uma lenda. - era para ser engraçado? Porque não foi nenhum pouco! Engulo em seco; quem quer ouvir sobre algo tão horripilante? Desembarcamos em meio chuva. Senhor Rickesclu retira as nossas malas do carro. Meu pai pega as chaves com o advogado e praticamente corremos para dentro da casa. O imóvel é pequeno, menor do que o apartamento que alugavamos no Brasil. Assim que meu pai abre a porta e acende a luz a expressão que minha mãe carrega na face "azeda" de vez. _ Isso é um ovo! Dou um passo estou na cozinha, outro passo estou no banheiro! Miguel que merda você fez?!- Dona Nora explode diante do que é incontestável, a casa é minúscula. _ Estou buscando o melhor para nós, Nora. Veja, querida, essa casa não é nossa. Mas o dinheiro que irei ganhar aqui vai nos possibilitar comprar uma com muitos metros quadrados. - Eu não iria comentar nada, por lenha na figueira não é comigo. Mas que aqui estaremos " sempre juntinhos " isso é fato! _ Que seja! Porque, eu, não abdiquei de tudo para ver a nossa situação piorar!-Realmente nos mudarmos de país para ficarmos em uma situação pior, não é legal! Fui em direção ao corredor; abri as portas e olhei os quartos. Todos os dois possui o mesmo tamanho. A diferença é a mobília . A do último é de solteiro. Retorno até os meus pais. _ Acho que devemos parar de nos lastimar e começarmos a organizar nossas coisas. Logo mais vamos ter que ir ao encontro dos novos patrões do papai, devemos estar apresentaveis.- eu queria mesmo é por um fim naquela briga sem sentido. Nada iria mudar nossa atual situação, discutir será gastar energia à toa. _ Realmente, ainda tem isso! - Dona Nora não esta nenhum pouco satisfeita com essa mudança brusca. Levei minhas malas para o meu quarto, agradecendo por tudo está limpo; pelo menos eles tiveram cuidado com isso. Procuro por roupas secas e limpas para me livrar das vestes molhadas. Depois de encontra-las sigo para o banho. Levo alguns minutos para aprender a temperar a água. Lavo o meu corpo com alguns produtos que trouxe comigo do Brasil. No fundo do meu coração, torço para que realmente dê certo a nossa vinda para a Romênia, do contrário poderá ser o fim da minha família. Algumas horas se foram e logo a fome deu as caras. Precisávamos fazer compra de alimentos e de algumas utilidades domésticas. Por volta do horário mencionado pelo advogado, um carro preto chegou para nos buscar. A chuva não mais caia. O que era bom. _ Vamos de encontro aos poderosos. - minha mãe não esta nada feliz. Meu pai fingiu que não ouviu a sua fala irônica e eu nem sei mais o que pensar. Depois de percorremos o mesmo caminho, atravessarmos a mesma ponte, pegamos outra rota que nos leva para o castelo. Conforme nos aproximamos o imóvel se agiganta em nossa frente; imponete e encantador. Somos recebidos por um mordomo que nos pede para segui-lo. Procedemos como nos é pedido. Meu pai vai na frente sendo seguido por minha mãe e depois eu. Fico em choque com a suntuosidade do lugar. São esculturas enormes, vasos gigantescos e objetos que parecem ser valiosíssimos. _ Os senhores Constantin estão vos aguardando. Entrem, por favor.- o mordomo profere depois de bater na porta, entrar e falar algumas poucas palavras com alguém e, por seguinte, nos autoriza a adentramos. _ Muito obrigado! - Miguel agradece e minhas pernas ficam trêmulas. Nunca fiquei diante de nenhum patrão do meu pai e sequer sei por qual motivo isso se faz necessário agora. Assim que piso dentro do cômodo enorme, sinto um desconforto absurdo. Algo que não sei explicar. Ficamos parados um ao lado do outro de frente para cinco cadeiras. Me sinto como se eu estivesse em um tribunal sendo julgada por algo que sequer sei; o que eu fiz? Melhor, o que meu pai fez? Curiosa para saber quem são os presentes ergo o meu olhar que vai de encontro com o de um homem. Ele é bonito, mas tem algo de estranho; seus olhos possui uma ásperesa que me desconcertar. _ Aqui nessa região, uma mulher só olha dentro dos olhos de um homem quando este é seu marido!- tremi ao ouvir a sua voz forte. Rapidamente baixei o olhar, é inevitável sentir que mais olhos miram o meu ser. A vergonha me cobre com o seu manto mais pesado. _ Boa noite, senhor Arruda! Espero que estejam muito bem acomodados. Lhes chamei aqui para que meus filhos e esposa tenham conhecimento sobre o meu mais novo funcionário. Estes são Vasile, Devon, Vlad, Drago e a minha esposa Helena.- ele tem quatro filhos! Ouço poucos passos e o pulsar do meu coração é tão nítido que parece que o seguro em minhas mãos. _ Agradeço a hospitalidade, senhor Constantin . A casa é aconchegante, estamos felizes de estarmos nesse país. - coloca aconchegante nisso pai; frio nós não iremos passar! _ Quem são? - uma voz mais fina e adocicada soou no ar. _ Minha esposa Nora e a minha filha Anastácia. - sibilo baixinho quando ouço o meu nome; precisava dizer Anastácia?! Ana é o suficiente! _ Anastácia! Nome bonito e forte. Foi o nome de uma princesa do povo banto, originário do Congo, que foi traficada para o país de vocês. Segundo o que dizem ela possuía olhos azuis que contrastavam com a sua pele preta.- ergo rapidamente o meu olhar na direção da voz; estou impactada pelo conhecimento que a senhora demonstra ter. Além da sua evidente beleza e refinamento. A senhora Helena é uma mulher alta, dona de lindos cabelos escuros, olhos claros e ostenta o porte de realeza. _ Escolhemos esse nome pela razão do que ele representa: mulher forte e guerreira.- quase peço para o meu pai não ser tão expansivo; estamos diante de desconhecidos! _ Quantos anos, senhorita? - a mulher dona de uma voz delicada, parece mais que tem a voz de um anjo, pergunta diretamente para mim. _ Dezoito. - seguro o ar em meus pulmões de tanta tensão que sinto. De repente, alguém ergue-se e marcha na minha direção . Me empertigo quando a luz que me banha é encoberta; uma sombra enorme paira sobre mim. _ Não leram o contrato?! - a voz áspera perfura os meus ouvidos - Não memorizaram os termos do que se pode ou não fazer depois de cruzarem os portões dessa propriedade?!- a cada grito animalesco dou um sobressalto no lugar. Rapidamente, uma mão enluvada, enorme, erosca o dedo indicador na minha correntinha que carrega a imagem de São Francisco de Assis. Meu coração acelera tanto ao perceber o que ele pretende fazer; não posso deixar é algo que tem um valor inestimável para mim. Sem pensar muito, cubro a mão dele com a minha, no intuito de afastá-lo do meu cordão. _ Não me toque ! ! ! - o berro que recebo faz com que o susto vire pânico. Pulo para trás, tentando procurar refúgio e proteção nas costas da minha mãe e com isso, minha corrente fica na mão do sujeito que segura com extrema força a peça. Estou gelada, querendo sair correndo daqui! _ Restituirei o valor da peça. Vocês deveriam estar cientes que um dos itens cruciais da lista está a proibição de qualquer forma de cultuar ou adoração a divindades e religiosidades neste local. - quero muito pedir a minha corrente de volta, mas a minha língua parecesse pregada no céu da boca. O sujeito m*l educado deixa o local batendo a porta com força. Mas que há de errado com essa família? São satanistas ? Pertencentes a alguma ceita que detesta outras religiões? Issas indagações serpenteia a minha mente sem parar.
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