Congresso- Bucareste

2380 Palavras
Miguel O dia era perfeito cheio de esperança. Eu não me aguentava de tanta expectativa. Tinha tudo para ser perfeito, mas....quando tudo deu errado e pensei que iria retornar para o Brasil com meu estudo trancafiado dentro da pasta e ombros caídos a minha sorte mudou. Antes disso todas as conversas e apresentações que fiz foram consideras aos olhos dos demais um tremendo fiasco. Acordei cedo, pedi meu café no quarto e depois de pronto desci. Me dirigi para o local fo evento sozinho. Não esperei peloa meus companheiros, porque quis ter um pouco mais de tempo para repassar os pontos mais importantes da minha pesquisa. Cheguei no horário exato; cravado, como dizemos no Brasil. Meus olhos brilharam e sempre era assim; desde que eu era residente. Estar no meio de tantos profissionais capacitados é uma honra e também um grande desafio. Aqui tem muitos que procuram por recursos, iguais a mim, outros só querem que o seu produto sejam patenteado. São pessoas estudiosas que dão o melhor de si para que a vida humana transcorra sem muitos percalços. Veja bem, muitas doenças que hoje possui tratamento ou vacina, antes eram consideradas pestes que assolavam de desimavam aldeias e familias. Tomo como exemplo a Varíola causada pelo Poxvirus variolae, já foi considerada umas das doenças infecciosas mais severas do mundo inteiro, conhecida pela formação de erupções graves na pele. A sua origem específica é incerta, visto que existem poucos relatos antes do século 10. Entretanto, os historiadores acreditam que a doença pode ter aparecido no nordeste da África, antes de Cristo, e por meio de comerciantes egípcios chegou à Índia. Em 1775, o médico inglês Edward Jenner trabalhava no interior da Inglaterra com a inoculação da doençaisto é, injetava-se o vírus morto em pessoas saudáveis. Tal processo ficou conhecido variolização. Somente no ano de 1976 que Jenne, através de uma inoculação que realizou em uma criança conseguiu o feito do processo de imunização contra o vírus; surgindo assim a primeira vaccinus( em latim, derivado da vaca) ou ‘que vem da vaca’. Para nós a famosa vacina. Em 1799, foi criado o primeiro instituto vacínico em Londres e, em 1800, a Marinha britânica começou a adotar a vacinação. A vacina chegou ao Brasil em 1804, trazida pelo Marquês de Barbacena. A peste bubônica é outra doença que ficou conhecida por devastar a Europa no final da Idade média. Na época o governo do Brasil pediu uma certa quantidade do soropestoso que foi criado em institutos da França e Itália, mas como a demanda era muito alta e precisava ser suprida, o soro não foi fornecido em quantidades suficientes. Porém, mesmo com todos os esforços para conter a propagação da doença no território brasileiro, a doença foi ganhando espaço. Somente em 1902, a vacina criada começou a ser fabricada no Brasil e através dela ocorreram mudanças. Outro bom exemplo é a febre amarela,conhecida no Brasil desde 1685. . A doença foi um problema de saúde pública no país desde meados do século 19 até quase meados do século 20. Hoje existe a vacina que evitando casos graves e mortes causadas por ele. A listagem é enorme e tudo partiu de estudos científicos; partiu de estudiosos que buscaram incansavelmente por uma cura ou algum meio de amortecer os efeitos devastadores das doenças no organismo humano. Durante esses congressos pesquisadores, estudantes e outros interessados para compartilhar conhecimentos, discutir descobertas recentes, promover networking e colaboração, e atualizar-se sobre avanços no campo. Não é algo fácil ter sua pesquisa aceita e escolhida como algo que vai gerar um bem estar futuro. Normalmente os avanços de pesquisa em campos da área que já estão em curso como o tratamento para o cancer, HIV e outras doenças que não se conseguiu uma medicação ou tratamento que proporcione ao paciente a cura, são os mais visados. Mas quem não se arrisca nunca sai do lugar e eu estou aqui para batalhar por minha pesquisa. _ Nervoso? - sim, estava e muito. Como não iria ficar, meus estudos tem base num assunto pouco abordado, mas que é real e acomete seres humanos. Pode ser só uma parcela ínfima do contingente total, só que traz efeito devastador para essas vidas. Olhei para Magno que estampava em seu rosto um sorriso não muito diferente do meu; nervosismo e ansiedade hoje andaram juntas como parceiras inseparáveis. _ Confiante é o termo mais acertivo para ser usado. - cá estava eu tentando dissipar meus temores. _ Sorte para nós, amigo.- Magno se afastou para ir em busca de um lugar para sentar-se. Fiquei indeciso se tomo um assento ou não. Optei por ficar em pé, aos poucos fui abordando um e outro falando sobre os fruto das minhas pesquisas. Quando não me olhavam com incredulidade, riam. Passei a ser ignorado por muitos porque os comentários começaram a ser disseminados. Me senti um completo i*****l, um i****a fazendo papel de palhaço no meio daquelas pessoas. Amargurado, desconcertado, frustrado e com a sensação de ser o maior t**o na face deixei o evento que estava na metade. A primeira lixeira que vi pela minha frente joguei todo os papéis que continham os meus estudos, tanto os descritivos, quanto exploratório. Sai do local com os ombros caídos, lágrimas nos olhos e orgulho ferido. Ninguém deu uma chance para mim; ninguém me olhou com seriedade; fui a piada deste congresso. Embarquei num táxi qualquer sem saber para onde ir. Nesse meio tempo, meu celular tocou umas quatro vezes seguidamente; duas delas foram por parte dos meus companheiros de jornada, ignorei. Não tive animo para falar, mas as duas últimas não atendi porque era a minha Ana que me ligava; fiquei com vergonha. Como eu iria dizer para a minha filha que o pai dela é um fracassado? Não queria levar para a minha filha a notícia ácida de que me pintaram como bobo do congresso. Apertei o celular entre meus dedos carregando a pior sensação dentro do meu peito. Círculei pela cidade, me sentindo um imprestável. Era por volta das treze horas quando retornei ao hotel, decido a retorna para o Brasil e não mais tentar nada que fugisse do os outros consideram normal. Quem era eu, afinal? Um biomédico fracassado! Consegui um vôo para o final da noite. Ficar na Romênia não mais me era viável. Só que tudo mudou quando um número com o prefixo +40( Romeno) apareceu na tela do meu celular. Fiquei espantado, eu não conhecia ninguém desse país, somente suas histórias sobre os vampiros. Atendi, já estava numa merda do c****e o quê mais poderia me acontecer? _ Buna ziua ( Olá) , Aș dori să vorbesc cu domnul Miguel Freitas Arruda( Gostaria de falar com o Sr. Miguel Freitas Arruda) - fiquei nervoso porque quem quer que fosse do outro lado da linha falava o idioma nativo do país e eu de Romeno não sei nem como dar um bom dia. _ I don't understand what you're talking about! Do you know English?( Não entendo do que você está falando! Você sabe Inglês?)- arrisquei, afinal onde eu iria arrumar um tradutor? _ Yes!- respirei aliviado por alguns segundos. _ it is me( sou eu).- que diabos eu tinha feito agora? _ Good afternoon, Mr Freitas! You don't know me, but I was at the conference you attended.( Boa tarde, Sr Freitas! Você não me conhece, mas eu estava na conferência que você participou.) - só faltava eu agora virar motivo de chacota entre os cientistas local. _ Listen, I don't feel like talking. I have a flight waiting for me, I need to get ready. goodbye!( Escute, não estou com vontade de conversar. Tenho um vôo me esperando, preciso me preparar. Adeus!)- só faltava essa, alguém querer tripudiar de mim por telefone . A minha humilhação em público não tinha sido o suficiente. _ Don't hang up the phone. I want to invest in your research.( Não desligue o telefone. Quero investir em sua pesquisa.)- fiquei em choque, olhei para a tela do aparelho como se ele pudesse me mostra quem era o senhor que estava do outro lafo da ligação. _ Is this serious what you're saying?( É serio isso que está falando)- Escaldado de tantos não e portas batidas na minha cara, foi quase impossível acreditar nas palavras que eu ouvia. Mas tornou-se real; a conversa se estendeu por poucos minutos ao celular. O senhor de voz calma e imperiosa apresentou-se como Ivantie Constantin. Não se estendeu muito sobre quem ele é e o que faz, muito menos disse como soube da minha pesquisa, uma vez que nem cheguei a subir no palco para discursar; meu nome foi retirado da lista de apresentação. Por volta das quatro horas, embarquei num táxi que me levou ao encontro do senhor Constantin. Um gelo pesava em meu estômago, me sentia como um adolescente que vai fazer a apresentação de um trabalho para os amigos da turma. Fiquei assombrado quando o táxi parou de frente para um prédio cuja a fachada era forrada de vidro escuros e um logo enorme estava aderido a ela. Cosntantin Coorp. Enguli em seco, pois sendo quem fosse já se apresenta para mim como alguém que possui uma envergadura. Adentrei tentando disfarçar o meu nervosismo; fiquei estupefato ao tomar conhecimento na recepção que minha presença já estava sendo aguardada pelo senhor Ivantie. Fui escoltado até o último andar,onde fica o escritório do homem. Por algum momento pensei que iria ficar de frente para um vampiro; lendas muitas das vezes não são somente lendas. Fui recebido com frieza e educação. Tive a impressão de que quem me recebeu foi um bloco de gelo. Não pude deixar de admirar o escritório do homem; era enorme com uma decoração trabalhada em cima da tonalidade do preto. Cabia facilmente umas duas ou três casas de cinco cômodos cada uma dentro daquele espaço todo. _ Satisfação em conhecê-lo, senhor Constantin. - minhas mãos suavam frias e ficaram pior depois que o homem me deixou no maior vácuo, com a mão estendida no ar. Seus olhos desceram do meu rosto para o meu m****o esticado no ar e depois retornou para a minha face. _ Sente-se, fale sobre suas pesquisas. - Depois da vergonha de ter um cumprimento formal ignorado, quase não conseguia mais raciocinar, neste momento me condenei por ter jogado fora os meus papéis. _ É uma vacina que inibe o gene causador da transfiguração; cheguei a esse ponto ao observar os genes encontrados dentro do cromosso de indivíduo que não é acometido por esse " metamorfose" e os que são. Veja bem o nosso gene se difere dos deles no sequenciamento genético. O genoma é o código genético que possui toda a informação hereditária de um ser vivo no DNA. E é nessa sequência que ocorre uma quebra de diferença. Por isso, foi possível descobrir que quase 90% do DNA de uma raça animal é absolutamente idêntico ao humano, mas quando o mapeamento mostra que o DNA de um indivíduo chega a ter de 91 à 98 % de igualdade , essa parcela pode ser acometida pela transfiguração. O suor escorria frio pelas minhas costas, meu coração martelava feito louco contra as minhas costelas. Ivantie não sorriu ou gargalhou diante da minha explicação, juro que esperei por isso, seus olhos argutos e soturnos não desviaram do meu rosto. _ Conseguiu espécimes para elaborar esse estudo?- Infelizmente sim, mas não é algo que me orgulhe. Calei-me recordando do modo que tudo ocorreu, amargou a minha boca. _ Sim, mas infelizmente não consegui para os testes da vacina.- fui honesto- Não sei lhe precisar a eficácia ou se realmente funciona, talvez precise de alguns ajustes ou de mais tempo para as pesquisas. Meu objetivo é garantir uma melhor qualidade de vida para esses indivíduos. - salientei, uma vez que não falou qual o seu interesse por trás das minhas pesquisas. _ Estou disposto a investir na sua pesquisa. Mas tenho algumas condições para tal. Está disposto a ouvir?- a forma como ele fala me causava arrepios. O homem parecia um predador. _ Sim, claro! - evitei demonstrar empolgação. O senhor Constantin não demonstrava nem sinal de simpatia, muito pelo contrário, possuia o semblante impassível. _ Primeiro de tudo contrato de confidencialidade; aseegurando que nada do que conversamos e sobre suas pesquisas se desseminem; tera um laboratório exclusivo e material genético para a sua pesquisa; não poderá comercializar a vacina porque a patente será minha; terá que se mudar para a Romênia. Seus ganhos serão altos - logo a imagem da minha filha passou por minha mente. Ana iria detestar a idéia de largar todos os seus amigos o possível namoradinho e a sua vida recém saída da adolescência para recomeçar em outra nação. _ Preciso de um tempo para analisar a proposta e conversar com a minha família. É uma mudança grande para nós; teriamos que recomeçar e nos adptar a uma nova cultura e.... _ Preciso de uma resposta imediatamente. Não posso lhe dar tempo, porque este é caro para mim.-sua voz soou baixa porém fria o bastante para arrepiar meus ossos. Cosntantin encurralou-me. Pensei em tudo que passei, todas as humilhações e no tempo que me dediquei as pesquisas. Apertei meus lábios; esperava obter o perdão das duas mulheres da minha vida assim que eu desse a notícia. Mas vejo a possibilidade de darmos uma guinada na nossa vida, coisa que um salário de pouco mais de três mil reais não vem nos concedendo. _ Como conseguiu o número do meu celular? Como soube da minha pesquisa?- indaguei precisando de um pouco de tempo para repensar na proposta. Fiquei estupefato ao ver o homem puxar uma gaveta da sua mesa e jogar em cima do tampo escuro e lustroso uma gama de papéis. _ Ouvi sua conversa com um provável amigo seu. Me interessei.- nem precisou responder de onde conseguiu o meu número; ele estava na última página perto da marcação do meu carimbo. _ Onde assino?- que Deus me ajudasse nessa nova jornada. Rememorei tudo que se passou hoje, como se eu estivesse numa enorme roda gigante que me retirou do chão e pôs-me perto das estrelas. Faz mais ou menos umas duas horas que estou dentro do avião, retornando para a casa e com uma mudança para ser feita.
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