Pré-visualização gratuita Capítulo 01
Nota da autora: Contém cenas extremamente violentas, assassinato, palavras inapropriadas, violência s****l. Se você acha o tema inapropriado, por favor NÃO LEIA! Essa é uma obra de ficção, qualquer semelhança com fatos reais será mera coincidência. Não sou a favor da Violência, principalmente contra mulheres, essa história tem somente o intuito de entretenimento. Ao iniciar a leitura tenha em mente que as cenas não são de um romance convecional.
Esther Salles
— Escrava!
— Sim, meu dono. — Meus olhos fitam o chão, o miserável do meu padastro não gosta de contato direto.
— Espero que suas tarefas estejam sido feitas dentro do prazo que lhe dei. — Meu padrasto nunca está contente, nunca sorri, ou se quer olha para mim, e eu agradeço, pois odeio sua cara, tenho repulsa do seu cheiro, e se pudesse o matava sem titubear.
— Sempre faço no prazo meu dono, não gosto de decepcionar o sen... — Não tenho tempo de responder, pois meu rosto é acertado com um tapa, diferente das primeiras vezes, já não me assusto, olho para o chão e tento focar em outras coisas, talvez céu azul com nuvens branquinhas se transformando em algodão, e ah.... Eu posso sentir o gosto do açúcar derretendo em meus lábios, enquanto mais uma sessão de tortura passa. Enquanto meu corpo é violentando mais uma vez, de inúmeras, sem qualquer delicadeza, como uma punição, como se eu realmente fosse a culpada de alguma coisa, se não, tão somente sua mente doentia.
Eu sabia que precisava lutar, mas mesmo assim lutei, por longos anos, dia após dia, até que chegou um dia em que realmente seria a gota da água, aquela cena perturbadora, maligna em mil formas nunca irá sair da minha mente, entretanto assim como Esther, minha inspiração, a rainha que foi corajosa, e mesmo correndo o risco de ser morta, enfrentou seu rei, mas no meu caso, é um carrasco, ao qual vai me perturbar dia, após dia. Ano após ano. Sendo capaz de me esmagar. Matar. Arruinar. Milhares. Trilhares de vezes.
Se existe esperança por de trás destes matos, destes lagos imensos, eu não sei, nunca saímos daqui, nunca tivemos a chance de ver com nossos olhos por detrás dessa mata.
A casa velha em que vivíamos, era rodeada de lagos e árvores, somente nosso cercado não tinha mato, e alguns metros entre a mata, mas todo o resto só se via o verde, meus irmão, pobres pequenos eram encarregados de deixar baixo a mata, enquanto meu padrasto, demoníaco, cuidava dos plantios para nossa alimentação.
Ele se condenou a viver isolado e nos condenou também, acorrentada por meus tornozelos, o chão da porta do lado de fora, é tudo o que eu consigo sentir de liberdade, o vento que sopra entra às janelas, é tudo que consigo vislumbrar de um mundo com infinitas possibilidades.
Acorrentada aqui, não posso fugir, acorrentada aqui tenho meu corpo violentado, hoje já não sobre protestos, pois mesmo que quisesse, minhas pernas e braços já não aguentam o peso das correntes, a carga atribulada de uma mente perversa.
— Coma tudo. — Digo ao meu irmão, Kauã, ele e Lucas são gêmeos, não idênticos, embora possuem a colocação caramelizada nos olhos, herdados de mamãe.
— Amanhã vamos a cidade buscar adubo, os plantios não estão bons, tem muita terra infértil, o demônio está possesso.
Meu irmão Kauã, mesmo tendo pouca idade, ele e Lucas desde cedo entenderam que a forma que vivíamos não era digna, escravos de um homem doente, precisávamos nos unir, juntando o pouco que frequentei o colégio, junto a minha vontade para que eles fugissem, ensinei tudo o que sabia, suas mentes eram brilhantes e eu não tive muito trabalho.
— Kauã, assim que ele se distrair, corra, peça ajuda, vocês precisam fugir para o mais longe possível, quando estiverem seguros e com pessoas de confiança, podem tentar um resgate para mim.
Já havíamos perdido a conta de quantas vezes nós havíamos tentando fugir, mas acontece que todas as vezes ou meus irmãos eram pegos, ou eu era pega, agora acorrentada aqui a mais de oito anos, não consigo se quer mexer direito meu tornozelo que é formado por feridas, minha pele branca não contribui para o meu estado, deixando tudo mais pavoroso.
— Iremos conseguir, irmã, eu prometo. — Kauã sempre foi o mais sentimental entre os dois, enquanto Lucas com seus 12 anos, é o mais racional, inseparáveis as vezes que combateu com punhos nosso padrasto depois que pegou seus sete anos.
Não sei em que momento os papéis se inverteram, nos primeiros anos eu é quem não ia embora por eles, e hoje são eles que não vão por mim, nossa única chance de fuga era quando os dois iam com meu padrasto até a pequena cidade onde todos sabiam em partes da situação em que nós vivíamos, ou melhor meus irmãos, pois a sociedade não sabia da minha existência.
Os boatos eram que meus irmãos ficaram órfão, e Geraldo, meu carrasco e padrasto ficou com a guarda dos gêmeos como um bom samaritano, como morávamos no fim do mundo, — E eu posso dizer literalmente.— ninguém vinha nos visitar ou sabia exatamente onde moramos. Tudo o que sabiam, era que minha mãe e meu pai quem fizeram a casinha depois de fugirem de suas respectivas famílias, ambas eram contra o amor do jovem casal.
Escondidos aqui, eles viveram por quase trinta anos, até que uma doença que não foi diagnosticada matou meu pai, deixando mamãe com três filhos pequenos para cuidar, no puro brel, onde somente a caça e algumas plantações era o sustento daquela família, havia uma pequena cidade ali perto, cerca de 4 horas viajando com nosso único meio de transporte, uma carroça.
Era difícil para uma menina de dez anos ver sua mãe sendo assassinada, brutalmente, não sei em que momento Geraldo entrou em nossas vidas também, mamãe ia uma vez por mês ao mercado, suas receitas caseiras além deliciosas e nos sustentavam, se eu fechar os olhos ainda consigo sentir o cheiro dos seus bolos caseiros, o gosto da margarina derretendo na boca quentinha dos seus deliciosos pães.
Mas mamãe se foi à 10 anos, e meus dias são cada vez mais dolorosos, já não sei quem sou, ou se posso sonhar com a liberdade dos meus irmãos, já que a minha eu não contava, porque tudo o que eu mais queria era que eles se libertasse, fugisse para o mais longe possível, e nunca mais voltassem.
Para mim não teria esperança, pois eu sabia que assim que meus irmãos fugissem, e o monstro do meu padrasto percebesse, toda sua ira cairia sobre mim, e eu aguentaria com prazer, pois somente a certeza da liberdade dos meus pequenos, me dariam forças para suportar meu destino final.