Lucinda Narrando Acordei sentindo que tinha um carro de som passando dentro da minha cabeça. A luz do quarto parecia mil vezes mais forte do que realmente era. Um enjoo subiu tão rápido que precisei apertar o travesseiro contra o rosto. Meu peito doía. Não fisicamente, era aquela sensação horrível, o famoso arrependimento etílico, como dizem. Eu não lembrava exatamente de tudo, só flashes: eu dançando, rindo demais, o Beni colado em mim, e o gosto forte de álcool ardendo na minha garganta. Eu gemi baixinho. — Ay, Dios, me estoy muriendo. (Ai, Deus, eu tô morrendo.) Isabel, que tava sentada do meu lado com cara de poucos amigos, bufou. — Bien hecho, idïota. (Bem feito, idïota.) — No seas mala, mi cabeza. (Não seja má, minha cabeça.) De repente, ouvimos um barulho no corredor, Pa

