Isabel Narrando
Eu estava no andar de cima ajudando a tia Mônica. A gente já tinha terminado de arrumar o quarto dela e agora estava dobrando umas roupas que tinham acabado de sair do varal. Embaixo, eu ouvia minha mãe conversando com a Lucinda, as duas rindo de alguma bobeira. A casa estava cheia de vida, bem diferente do México, onde o silêncio doía.
Tia Mônica me observava de canto, como se estivesse criando coragem pra falar.
— Isabel, posso te perguntar uma coisa? — ela disse enquanto dobrava um lençol.
Engoli seco. Eu sabia que aquilo vinha.
— Pode, tia — respondi baixinho.
Ela colocou o lençol sobre a cama, cruzou os braços e me olhou como uma mãe, olha para a filha.
— O que você sente pelo Falante?
Meu coração disparou na hora. Senti meu rosto esquentar, minhas mãos suarem
