Capítulo 2

1226 Palavras
Naty recebeu a notícia do atropelamento de Bruna como uma bomba explodindo todo o seu universo. m*l conseguiu ouvir as palavras que se seguiram. Não sabia se a amiga estava bem, nem se importava com a competição, só queria ter certeza de que Bruna estava viva e bem. Mas do outro lado da ligação a pessoa que havia ligado para dar a notícia, alguém qualquer da federação, apenas repetia palavras vagas, como exames, observação e repetia a maldita frase, não sabemos de nada ainda. Naty preferiu desligar o telefone e ligar para Isadora, talvez ela tivesse mais notícias. Porém, descobriu que a amiga tinha tão poucas informações quanto ela e a mesma preocupação. – A Bruna é nova demais para morrer, por que logo com ela? – Repetia Naty. – Se fosse comigo ia estar tudo certo, mas ela não, cara. – Não diga bobagens, Naty – acalmava Isadora. – Ela vai ficar bem. Mas a gente vai ter que esperar para ter notícias dela, não temos o que fazer. – Eu vou para o hospital. – Você está a quilômetros de distância dela. – Não importa, Bruna ia querer que alguém estivesse lá por ela. – Ela tem a família lá. – Como você pode estar tão calma? – Não estou! Mas quero evitar uma outra loucura da sua parte. – É a Bruna, Isa. – Eu sei. A gente precisa rezar muito por ela, Naty. Não vou suportar qualquer outra notícia que não seja boa. E as duas meninas que nem eram religiosas, se juntaram para repetirem com toda fé que possuíam a oração do Pai Nosso, a única que sabiam. Bruna abriu os olhos sem entender porque tanta dor de cabeça. Se viu em uma sala cheia de luzes que a cegava, m*l conseguia ver direito e aquilo ainda piorava a enxaqueca que se espalhava por todo seu crânio. Logo percebeu que estava em um lugar que não conhecia e rodeada de gente que parecia surpresa com o simples fato dela acordar. – Bruna, o que você estava pensando? – Graças à Deus e a Nossa Senhora, ela acordou. As vozes se misturavam e nada fazia muito sentido. Mas um pouco de silêncio não faria m*l. Como tinha dificuldades de falar e de entender, decidiu fechar os olhos de novo e não ter que lidar com aquilo. Bruna foi acordar outra vez bem mais tarde. A cabeça ainda doía, mas as vistas conseguiam focar melhor. Viu a mãe e o pai de mãos dadas em um canto da sala e tinha mais gente ali também, só que ela não deu tanta importância. – Mãe... – chamou. Foi o suficiente para a atenção da mulher se despertar da viagem que tinha se enfiado e olhar para a filha, ao vê-la acordada, correu para ficar ao seu lado. – Filha! – Disse sem conter as lágrimas. – Como você está se sentindo? – O que aconteceu? – Um acidente, não se lembra? – Bruna tentou buscar em sua memória, mas era apenas um esforço inútil e doloroso. – Não. Minha cabeça está doendo – contou. – Você bateu com força, mas os médicos dizem que vai passar logo. – Bati onde? – Um carro te atropelou e você bateu a cabeça no chão. De repente, os sentidos de Bruna acordaram de vez e ela se deu conta do que tudo aquilo significava, ela se agitou na cama, tentando se levantar. – As olimpíadas! – Faltava muito pouco tempo para uma recuperação. Ela não tina esse prazo. – Calma, calma, calma – pedia a mãe. Nessa hora, um homem se aproximou de sua cama. – Bruna, se lembra de mim? Não, ela não lembrava. – Sou o Ricardo, fisioterapeuta da seleção brasileira de skate. – Ela gelou. Eles já sabiam do atropelamento e ele tinha alguma notícia para conter que ela não sabia se estava pronta para receber. – Por sorte, você não teve nenhuma fratura. Apenas uma torção no pé direito, assim que você se sentir melhor, vamos começar com as sessões de fisioterapia. Você consegue me entender? – Ela fez que sim com a cabeça. Ele dizia tudo pausadamente e de forma bem clara, como se Bruna estivesse com dificuldades para acompanhar um raciocínio. – Você vai precisar ficar em observação aqui por um tempo, para que eles acompanhem sua parte neurológica. Novos exames serão feitos, mas logo poderá ir para casa. Tudo bem? – E o meu skate? – Se lembrou da segunda coisa mais importante. – Nós vamos te arrumar outro. – Ricardo respondeu. Não era bem a resposta que ela queria, mas foi o suficiente para tranquilizá-la. Havia esperanças e era a elas que iria se agarrar. Bruna não desistia fácil. A rotina de hospital era entediante. Passar o dia deitada, se alimentando com uma comida muito sem graça, recebendo enfermeiras e médicos o tempo todo para lhe avaliar, tirar sangue e repetir os exames. A dor de cabeça de Bruna persistia, mesmo após doses cavalares de medicamentos. Os médicos diziam que levaria uns dias até que a dor cessasse, mas era impossível não ficar m*l-humorada com tanto incômodo. O único momento de descontração para Bruna, era quando ela conseguia falar com as amigas, Naty e Isadora, por ligação de vídeo. – Você é vida louca, garota. – Naty dizia aos risos. – Esse título não é mais meu. – Acho que ainda precisaria ser atropelada por um caminhão para tirar esse título de você. – Só espero que nenhuma de você me dê esse susto de novo, ouviu? – Avisava Isadora. – E como está seu pai com essa história toda? – Minha mãe proibiu ele de falar alguma coisa perto de mim, eu acho. Porque ele entra no meu quarto, me cumprimenta, pergunta como estou e depois nem um pio a mais. Só que eu tenho a sensação de que ele quer me dar aquele sermão, sabe? – Bom saber que ele tem medo da sua mãe – brincou Naty. – Não sei o que ela disse a ele, mas parece que funcionou. – Você tem previsão de sair daí? – Isa perguntou. – Ainda não sei, acho que falta um exame. Ricardo disse que eles estão tendo cautela extra. E estavam mesmo. As sessões de fisioterapia já tinham começado e várias vezes ao dia, ele aparecia por lá e começava os exercícios de fortalecimento do tornozelo dela. Bruna desconfiava que foi por causa de Ricardo que precisou passar os últimos três dias internada mesmo sem ter tido nada sério. Ou talvez fosse a maneira que seu pai encontrou de deixá-la presa sem conseguir quebrar as tantas regras que lhe passaram. Ali controlavam seu sono, sua comida e seus movimentos. Mas ao terceiro dia, assim como Jesus, Bruna recebeu sua libertação. Não havia motivos para prendê-la naquele quarto. Precisaria continuar tomando os remédios para dores apenas caso fosse necessário. As recomendações maiores vinha da própria comissão técnica, mas nada que não pudesse fazer com tranquilidade para se recuperar totalmente até o grande dia de competir. Difícil seria ter o pai como seu vigilante dia e noite. ********************** Obrigada por acompanhar mais essa história. Amanhã tem mais, então não deixa de colocar o livro na sua biblioteca e me seguir por aqui para não perder as notificações. E me siga também nas redes sociais: Instagram, Twitter e Tik Tok: @thaisolivier_
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