Ideia

1025 Palavras
O sol m*l havia surgido no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e dourado, quando Vicente Falcão saiu de casa com passos rápidos e decididos. Vestindo uma camiseta leve, shorts esportivos e tênis de corrida, ele atravessou o portão da mansão e seguiu em direção à praia. A brisa matinal estava fresca, mas Vicente m*l a notava. Sua cabeça estava repleta de pensamentos desconexos, martelando sem cessar desde a conversa com seu pai. A areia úmida cedeu sob seus pés enquanto ele começava a correr, o som das ondas quebrando suavemente ao fundo. Era o único momento em que ele conseguia algum alívio para o caos interno. Correndo, ele podia fingir que os problemas não existiam, que o mundo era apenas ele e o ritmo constante de seus passos. “Um casamento. Eles querem que eu me case.” Vicente apertou o ritmo, os músculos das pernas trabalhando com mais força. Era um absurdo, uma afronta. Ele tinha trabalhado tanto, sacrificado tanto, para agora ser chantageado por um Conselho que se importava mais com aparência do que com resultados. Enquanto corria, flashes de memória o atingiam como ondas. A voz firme de Giancarlo ecoava em sua mente: “Eles têm influência suficiente para forçar sua saída.” Ele cerrou os dentes, sentindo a frustração fervilhar. Perder o controle da empresa não era uma opção. O Grupo Falcão era mais do que um negócio para ele; era sua vida, sua identidade. Tudo o que ele havia conquistado estava ali. Mas um casamento? Vicente nunca foi o tipo de homem que se imaginava ao lado de alguém. Para ele, relacionamentos eram distrações, fontes de complicação. Ele precisava de algo prático, funcional. A corrida continuou até que ele parou, ofegante, perto de um pier. O suor escorria por seu rosto, e seus olhos fixaram-se no horizonte, onde o sol agora brilhava mais forte. Ele puxou o ar fundo, tentando encontrar clareza naquele caos. “Três meses. Tenho três meses para resolver isso.” Vicente passou as mãos pelos cabelos molhados de suor e soltou um longo suspiro. Ele precisava de um plano. Vicente chegou ao restaurante onde havia marcado o encontro com Sávio, seu amigo de infância e braço direito na empresa. O local era discreto, frequentado por empresários e profissionais que buscavam um ambiente tranquilo para discutir negócios. Assim que entrou, avistou Sávio em uma mesa no canto, com o celular em mãos. — Sempre pontual, como eu esperava — disse Vicente, puxando a cadeira e se sentando. Sávio sorriu de lado, ajustando os óculos. — E você sempre dramático. O que foi tão urgente que me tirou da cama antes das oito da manhã? Vicente acenou para o garçom, pedindo um café preto. Assim que o garçom saiu, ele apoiou os cotovelos na mesa e olhou para o amigo com seriedade. — Preciso de uma esposa. Sávio arregalou os olhos, confuso. — Isso é... uma proposta? Porque, se for, estou fora. — Muito engraçado. — Vicente balançou a cabeça, impaciente. — Não estou falando de romance. Estou falando de negócios. Sávio recostou-se na cadeira, cruzando os braços. — Você vai ter que ser mais claro. Vicente respirou fundo, sentindo o peso da situação. — Meu pai deixou claro ontem: o Conselho quer alguém da família na liderança, ou vão começar a sabotar minha gestão. Para eles, eu sou... insuficiente porque não sou casado. Sávio franziu o cenho. — Isso é ridículo. Você está entregando resultados incríveis, e eles estão preocupados com sua vida pessoal? — Bem-vindo ao mundo corporativo. — Vicente deu de ombros. — E, para ser honesto, eu não vou perder meu cargo por causa de algo tão e******o. — Então, qual é o plano? — perguntou Sávio, agora mais sério. — Um casamento por contrato. — Vicente inclinou-se para frente, o olhar determinado. — Nada emocional. Apenas um acordo entre duas partes interessadas. Sávio arqueou as sobrancelhas. — Parece simples... na teoria. Mas como você pretende encontrar alguém disposto a isso? — É aí que entra sua ajuda. — Vicente olhou diretamente para o amigo. — Preciso de alguém com perfil específico: alguém que precise tanto de mim quanto eu preciso dela. Sávio coçou o queixo, pensativo. — Alguém com problemas financeiros, talvez? — Exatamente. — Vicente assentiu. — E alguém que não vá complicar as coisas. Preciso de discrição, comprometimento e, claro, que entenda os termos. Sávio riu de leve. — Você faz parecer que está contratando um funcionário, não escolhendo uma esposa. — De certa forma, estou. — Vicente tomou um gole de café. — Conhece alguém que se encaixe nesse perfil? Sávio pensou por um momento, os olhos semicerrados. — Na verdade, talvez eu tenha ouvido algo. — O quê? — Vicente inclinou-se para frente, interessado. — Lembra da Olívia Costa? — perguntou Sávio. Vicente franziu o cenho, tentando lembrar. — O nome não me é estranho. — A família dela tem uma pequena empresa, um negócio familiar. Eles estão com problemas financeiros sérios. Pelo que ouvi, ela está tentando salvar o negócio, mas está lutando contra um mar de dívidas. Vicente esfregou o queixo, considerando a ideia. — Parece promissora. — Mas, Vicente... — Sávio hesitou, encarando o amigo. — Você tem certeza disso? Um casamento de fachada pode ser complicado. E se algo sair do controle? Vicente soltou um suspiro. — Eu vou garantir que nada saia do controle. É apenas um contrato, Sávio. Nada mais. Sávio assentiu lentamente, ainda cético. — Bem, se você está decidido, posso conseguir mais informações sobre ela e a situação da empresa. — Faça isso. — Vicente levantou-se, ajustando o blazer. — E rápido. Não tenho muito tempo. Sávio o observou sair do restaurante, balançando a cabeça. Vicente sempre fora um homem de ações rápidas e resolutas, mas algo sobre aquele plano parecia mais arriscado do que o normal. Do lado de fora, Vicente entrou no carro e ligou o motor. Enquanto dirigia de volta à empresa, sua mente já estava formulando os próximos passos. Olívia Costa. Era apenas um nome, mas em breve, ela seria a peça que faltava em seu plano para manter o controle do Grupo Falcão.
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