Ir Embora

1220 Palavras
Tom A sensação era que alguém havia puxada o tapete debaixo dos meus pés. Um aperto no peito me mantia preso ali. Eu não fazia ideia que ela havia ouvido a minha conversa com a May, nem o quanto viu... Tentando me recompor voltei ao restaurante enquanto ligava para Yelena com a aliança dela no bolso, mas ela havia bloqueado meu número. Quando cheguei a mesa ainda havia o silêncio constrangedor, estava escrito na minha testa a merda que eu fiz e pela cara da May estava na dela também. — Desculpe por isso gente. Eu preciso ir. — Disse pegando meu paletó quase derrubando a cadeira. — Jack pode me emprestar suas chaves? — Acho que você está exautado de mais para dirigir. Eu vou contigo. — Ele se pôs de pé. Estava com pressa demais para negar então só assenti correndo junto à ele sem olhar para trás. Eu precisava resolver aquilo e precisava rápido. Naquele carro estava ainda pior que na mesa do restaurante. — Você... — Sim... — Confirmei já que não adiantava nada negar. —Bro... — Jacob tentava controlar, mas era claro o quão chocado ele estava. — Sabe como ela descobriu? — Lembra ontem a noite que bebemos nós 3? — Ele assentiu. — Nós voltamos ao hotel e bebemos um pouco mais no bar. Subimos para o quarto e não demorou pra May bater na minha porta. Nós conversamos sobre o que tinha acontecido e ela me beijou. Achei que a Yelena estava dormindo, mas ela aparentemente estava ouvindo tudo... — Tom... Eu não sei nem o que falar... Tô chocado. Você é a última pessoa que eu esperava que fizesse algo assim. Você e a May na verdade. — Se arrependimento matasse... — Eu estava com tanta raiva que poderia socar o vidro daquele carro se fosse o meu. — Só espero que ela tenha voltado ao hotel. — Pra onde mais ela iria? Yelena Não sei como a Jasmin conseguiu ontem a noite passagens para que eu voltasse a Londres, mas o fato é que cá estou. Nem as minhas malas estão comigo, ficou tudo no quarto de hotel, menos o meu salto, esse ficou no meio da rua. O avião ainda estava na pista enquanto os meus pensamentos estavam a mil. Eu me sentia em transe, imersa em um pesadelo sufocante sem fim. Minhas mãos tremiam e minha respiração parecia que pararia a qualquer momento. Como eu estava na janela me coloquei de lado deixando algumas lágrimas tomarem os meus olhos já que segurar elas estava insuportável. Droga de marido traidor. Por que fez isso comigo? Por que fez isso com a gente? Estava prestes a hiperventilar quando meu celular tocou. Olhando a tela vi que se tratava da Jasmin, que a propósito, é minha melhor amiga/ agente/ baba. — Conseguiu pegar o vôo? — Ela soava preocupada. — Consegui... — Afastei um pouco o celular respirando fundo secando meu rosto e voltando. — Cadê a Enola? Ela tá bem? — Ela tá bem. Tá dormindo. E você? Como você está? — Eu... — Me vi obrigada a fazer uma pausa. — Podemos conversar quando eu chegar? — Claro... Desculpe. — Eu preciso desligar agora. O avião ja vai decolar. Tchau. Desliguei sem esperar uma resposta. Eu só queria conseguir parar de chorar. Quando a comissária de bordo passou com o carrinho de bebidas peguei uma garrafinha de vodka que não deu nem para o gasto. Na verdade eu não devia nem estar bebendo... Ao pousamos em Londres peguei um táxi para casa já que Jasmine estava lá com a nenê. Quando entrei em casa a vontade de chorar foi instantânea, mesmo tentando ser forte e não chorar algumas lágrimas eram mais fortes que eu. — Yelena?— Pouco depois de ouvir sua voz Jasmine apareceu na minha frente e me olhou de um jeito que eu simplesmente desabei. — Aí amiga... Ela me abraçou com força e eu pude deitar em seu ombro aos prantos. Todas as lágrimas que segurei voltaram de uma só vez. A raiva que estava no meu peito parecia me consumir junto à tristeza. Todas as memórias que um dia foram felizes estavam se tornando dolorosas a ponto de eu ter que sentar no chão. — Por que ele fez isso Jasmine? — Dizia aos prantos. — Eu sei que eu não sou uma super modelo como a May, mas... Por que? — Você é incrível Yelena. Nunca mais repita isso. — Dizia acariciando meu cabelo. — Se ele fez isso com você ele que não te merece e se a May se permitiu a isso ela támbem não presta. Embaixadora feminista é uma ova. — Cadê a Enola? — Perguntei ainda deitada em seu ombro. Estávamos literalmente sentadas no chão. — No berço dormindo. Me afastei usando ambas as mãos para secar o rosto que já devia estar inchado. — Me ajuda a fazer minhas malas? Quero sair daqui antes que o Tom volte. Não quero que me veja assim. Jasmine assentiu levantando primeiro e me ajudando a levantar em seguida. Fomos ao quarto e começamos a encher minhas malas com roupas e coisas minhas. Também pegamos algumas caixas de papelão do sótão para ajudar. — Para onde você vai? — Perguntou fechando a primeira mala. — Um hotel por enquanto. — Hotel uma ova. Vai pra minha casa. Não vou te deixar sozinha. — Tem certeza? Não quero atrapalhar você. — Funguei fechando a segunda mala. — Claro. Assenti sorrindo enquanto íamos ao quarto da Enola. Ela havia acordado, Jasmine a colocou no cadeirão de madeira enquanto arrumavamos suas coisas. Roupas, alguns brinquedos, fraldas e cobertores. Jasmine chamou um amigo para nos ajudar a levar as coisas e no fim do dia já havíamos encaixotado tudo. Enrola dormia nos meus braços quando passei pelo último corredor antes de sair de casa. Na parede havia um retrato do meu casamento que Harry havia tirado e emoldurados. Estávamos tão felizes... Tom me olhava com tanto carinho... Quando ele parou de me olhar assim? Por puro ódio tirei o quadro da parede o jogando no chão saindo sem se quer olhar para trás. — Tudo bem? — Perguntou quando sentei no banco do carona depois de colocar Enola na cadeirinha. — Vai ficar... — Sussurrei respirando fundo e afivelando o cinto enquanto ela começava a dirigir. No caminho eu encostei a cabeça na janela e só me vinham lembranças em mente. — Vai me amar para sempre mesmo? — Vou te amar pelo resto da minha vida. — Sussurrou acariciando meu rosto. Eu m*l me continha em felicidade. Recém casados. Como o amo. É impossível não sorrir mesmo quando ele me beija. — Tom? — O chamei deitada em seu peito. — Hm? — Ele acariciava as minhas costas nuas. — Acha que colocamos um bebê na minha barriga hoje? Um irmãozinho para a Enola? — Sorri beijando seu peito. — Eu espero que sim. É a ideia não é? — Ele soltou um riso nasal beijando o topo da minha cabeça. — Depois da premier semana que vem eu prometo tirar uma boas férias para ficar maia com vocês. — Mesmo? — Perguntei apoiando as mãos no seu peito para conseguir olhar em seus olhos. — Mesmo. — Sorriu acariciando meu rosto. Desgraçado egoísta...
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