Yelena
Com Enola na cadeirinha nos meus pés eu fazia abdominais brincando com ela a vendo rir sempre que levantava.
— Acho que tá bom por hoje filha... — Ofeguei desfalecida no chão.
Se eu fizesse mais uma abdominal tenho certeza que iria partir ao meio. Levantei quando Enola chorou percebendo que precisava trocar as fraldas dela.
— Filha... Mamãe te deu o que pra comer? Urubu frito no chorume?
A pestinha só deu risada enquanto a coloquei na cama prendendo a respiração trocando sua fralda.
— Tenta ficar mais de 2 horas com essa fralda. — Disse a pegando no colo.
Quando cheguei na sala meu celular começou a tocar e quando olhei na tela estava escrito "Marta".
Eu e Enola estávamos na casa da Jasmine a duas semanas, ainda não havia falado com o advogado do divórcio. Mas respirei fundo atendendo já que sempre tive um bom relacionamento com ela.
— Oi Marta. — Apoiei o celular no ombro, segurando Enola com um braço enquanto tentava preparar mamadeira dela com a outra já que Jasmine estava no em uma reunião.
— Oi! Como você está?
— Bem. E você? — Óbvio que eu não ia dizer " Tô na merda chorando pelo babaca do teu filho toda noite."
— To bem... Estou com saudade de você e da Enola. Não quer vir aqui em casa trazer ela?
— Não sei não Marta...
— Por favor Yelena.
— O Tom vai estar aí?
— Não.
— Tá... Eu vou arrumar umas coisas aqui e já vamos.
Eu sei que o Tom é o pai da Enola e o nosso divórcio não vai mudar isso. Mas, por enquanto, quero ele longe de nós duas, além disso ele sempre esteve longe, não tem novidade alguma nisso.
Dei mamadeira para a Enola a arrumando e a deixando bonitinha na cama enquanto eu trocava de roupa e arrumava uma bolsa pra ela.
Enola em um braço e a bolsa no outro sai de casa pegando um uber ate a casa da Marta. Ela sempre foi muito coruja com a Enola, quando ela ficou internada Marta que me levava para o hospital quase todo dia. Além disso Enola ama os tios.
Quando chegamos ela estava dormindo em meus braços, mas despertou um pouco quando desci do carro. Toquei a campainha com o cotovelo pra não fazer com o pé.
— Você veio mesmo! — Marta nos abraçou toda empolgada. — Aí desculpa ela está dormindo...
— Tá nada. Tá fingindo. Enola, olha a vovó.
Foi só falar que ela já abriu os olhos meio preguiçosa olhando envolta.
— Vó. — Sorriu com a chupeta na boca.
— Vem cá minha bolinha de amor. — Marta a pegou no colo com um sorriso de orelha a orelha.
Faltei agradecer aos céus já que meu braço estava dando indícios de que logo iria descolar do lugar.
Nada mudou naquela casa. Um lugar grande repleto de fotos da família na parede incluindo uma minha com o Tom e a Enola, decidi não olhar mais para lá e só me sentei no sofá junto à Marta.
— Você parece mais magra querida.
— Tenho feito mais exercícios. — Disse enquanto tirava um mordedor da bolsa entregando a Enola. — E também não tem como ficar parada com ela engatinhando a casa toda.
— Sempre que quiser descansar e me deixar com ela fique a vontade que eu não me importo. Não é neném? A vovó não se importa. — Marta a colocava em pé no seu colo a fazendo rir.
— Por enquanto está tudo bem.
— Yelena... Eu sei que não é da minha conta, mas... Vai mesmo se divorciar do meu filho? Não podem só conversar?
Eu sei que ela falava aquilo na melhor das intenções, mas ainda sim era incômodo.
— ... Você sabe o por que eu pedi o divórcio?
— Sei... — Ela baixou a cabeça.
— Então também sabe que não tem conversa para isso. Eu tolerei muita coisa nesse casamento para tentar manter ele, mas certas coisas são imperdoáveis. — Aquela familiar sensação vinha no meu peito me dando vontade de chorar, mas eu me recusava enormemente a fazer isso.
— Então você está mesmo decidida?
— Sim.
— Já entrou em contato com o advogado?
— Ainda não... Não tive tempo nem cabeça para fazer isso agora. — Respirei fundo.
— O Tom me disse que estava com saudade da Enola... De vocês duas na verdade. — Marta parou pegando o mordedor que caiu no sofá devolvendo a bebê.
— Ele devia ter pensado na gente antes de ter feito o que fez.
— Mas ele ainda é pai dela.
Aquela conversa estava começando a me deixar nervosa...
— Eu sei. Quando eu entrar em contato com o advogado conversamos sobre as visitas. — Tentei ser o menos rígida possível.
— Vocês não poderiam decidir isso agora?
— Desculpe dizer isso Marta, mas eu não quero ver a cara do seu filho.
— E se fizermos assim, as sextas a noite eu busco essa lindeza aqui e domingo a noite levo ela de volta assim eu posso ficar com ela e o Tom também?
A ideia de ficar longe da minha filha não me agradava em nada, mas ao mesmo tempo ela gosta tanto dos avós, tios e... E do pai.
— Podemos tentar isso... — Cedi.
— Mesmo? — Os olhos da ruiva ate brilharam.
—Mesmo... Com uma condição: Não quero que ninguém fale sobre aquela... Mulher... perto dela tudo bem?
— Claro. Pode deixar. Eu vou cuidar muito bem dessa coisinha fofa aqui.
Marta fazia cócegas na Enola a fazendo gargalhar com o rosto todo babado por causa do mordedor... Ela tem os olhos do Tom... Era difícil olhar para ela e não me lembrar dele...
Mas eu também lembrava de todos os momentos que passei sozinha na minha gravidez enquanto ele participava de eventos e de tudo que aconteceu quando ela veio ao mundo.
Lembrar de coisas assim faziam eu me manter firme na minha decisão de não me permitir passar por isso.
Passamos quase o dia inteiro na casa da Marta
até ela nos trazer de volta a casa da Jasmine. Enola brincou tanto que estava desmaiada no meu braço, fui para o quarto a colocando no berço começando a guardar as coisas que estavam na bolsa.
Quando terminei me sentei na cama encarando o meu celular. Respirando fundo abri o Google.
" Advogados de divórcio "
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