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Olhos no Abismo

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Sinopse

No alto da Rocinha, o crime tem um rei.Filipe Kaique da Silva Oliveira — conhecido apenas como FK — é o chefe mais temido do país. Frio, calculista e psicopata, ele governa com mãos de ferro, sem jamais revelar sua verdadeira identidade. Ninguém ousa pronunciar seu nome. Para todos, ele é apenas um vulto cercado de sangue, cicatrizes e silêncio.Mas quando o olhar vazio de FK cruza com os olhos verdes de Cecília, uma estudante de enfermagem ingênua e sonhadora, tudo muda.Ela sempre viveu à margem, entre a violência do pai e a fragilidade da mãe, escondida do morro que nunca a viu. FK, porém, a enxerga — e a transforma em sua obsessão.Enquanto Cecília luta para sobreviver às sombras que a cercam, FK decide que ela será sua, custe o que custar.No mundo onde luz e escuridão se encontram, o amor não é escolha.

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Capítulo 1 - Aqueles Olhos
A noite descia pesada sobre a Rocinha. O ar estava quente, úmido e carregado de fumaça. Lá do alto, dava pra ver o Cristo Redentor iluminado, distante — quase debochando da escuridão que dominava o morro. Na boca principal, o som dos rádios estourava, o cheiro de pólvora e maconha se misturava com o do churrasco improvisado num tambor de ferro. Homens armados vigiavam as vielas, atentos a qualquer passo estranho. Era território dele. Território de FK. Sentado no fundo do escritório, atrás de uma mesa de madeira escura, ele observava as câmeras no monitor. O olhar fixo, frio, vazio. Os dedos marcados por cicatrizes tamborilavam o tampo da mesa, impacientes. Um cigarro queimava esquecido entre os dedos. — O bagulho deu r**m lá na parte de baixo, mano — disse PH, entrando com o semblante fechado. — Os cara da facção rival tentou interceptar o carregamento. FK nem olhou pra ele. Puxou o cigarro, soltou a fumaça devagar. — E por que tu tá me falando isso como se fosse novidade? — a voz dele era calma, quase monótona, mas carregada de ameaça. — Eu pago pra não ter erro, PH. Se teve erro, alguém vai pagar. PH respirou fundo. — Já resolvi, irmão. Dois dos moleques que vacilaram tão sumido já. FK finalmente ergueu os olhos. Cor de mel, mas gelados, sem vida. — Sumido não. — Ele apagou o cigarro no cinzeiro de metal, o som seco ecoou pelo ambiente. — Morto. Eu não deixo ponta solta, tu sabe. Silêncio. Do lado de fora, dava pra ouvir os tiros esporádicos vindos de longe. Na Rocinha, a paz sempre tinha prazo de validade. — E a entrega? — perguntou FK, cruzando os braços. — Chegou completa. — PH respondeu. — O dinheiro tá no cofre, lá atrás. FK assentiu com um leve movimento de cabeça. Levantou-se. O corpo alto e forte parecia ocupar o espaço todo do escritório. As tatuagens pelos braços e pescoço contavam histórias de guerra e sangue. — Tu cuida disso. Eu vou dar um pulo lá na pista — disse, pegando a pistola na mesa e encaixando na cintura. PH arqueou a sobrancelha. — Agora? — Agora. — Ele deu um meio sorriso que nunca chegava aos olhos. — Quero ver se o morro ainda lembra quem manda aqui. Quando FK saiu, os olhares se desviaram. Ninguém olhava direto pra ele. Ninguém ousava. O ar pareceu ficar mais denso. O nome FK ecoava por cada viela, cada esquina, como um aviso. --- Do outro lado do morro, Cecília subia as escadas cansada, as pernas doendo depois do expediente na loja do shopping. A mochila pendurada num ombro, o uniforme amarrotado, o cabelo preso num coque bagunçado. Ouvia ao longe os barulhos da noite — motos acelerando, gargalhadas, o som pesado do funk que vinha da quadra principal. Nunca tinha ido num baile. Nunca teve tempo pra isso. A cada degrau, pensava se a mãe ainda tava acordada, se o pai tinha bebido, se as irmãs estavam em casa. O coração dela era leve, mesmo no meio do caos. Sonhava em sair dali, juntar dinheiro, estudar, dar uma vida melhor pra mãe. Quando entrou em casa, o barulho de garrafas caindo ecoou da cozinha. O pai gritava, a mãe chorava. Cecília abaixou a cabeça e correu pro quarto, fechando a porta devagar. Sentou na cama e olhou pro livro em cima da mesinha — o mesmo que lia toda noite, tentando esquecer o mundo lá fora. Lá fora, o inferno comandava. E ela nem imaginava que o m*l tinha nome — ou melhor, um vulgo. FK. --- Lá em cima, ele descia do carro preto blindado, cercado por dois seguranças. O baile fervia. Luzes piscando, corpos se movendo, o som ensurdecedor. As mulheres se jogavam pra ele, mas o olhar dele atravessava todas — vazio, desinteressado. Nenhuma o prendia. Nenhuma o marcava. Ele era o rei. E o rei não se mistura com súditos. Mas o destino, naquela noite, começava a se mexer. Lá embaixo, na parte mais esquecida do morro, uma menina de olhos verdes dormia, sem saber que o próprio inferno um dia bateria na porta dela — com um olhar cor de mel e uma arma na cintura. --- O sol já batia forte sobre a Rocinha quando Cecília saiu de casa. O rosto cansado, as olheiras leves, mas ainda assim havia algo nela que chamava atenção — uma pureza que destoava do caos ao redor. Carregava a mochila surrada nas costas, o cabelo solto e molhado, e os fones no ouvido com uma música calma que tentava abafar os gritos da vizinhança. Antes de descer pra pegar o ônibus pro shopping, ela passou na lanchonete da Ivonete, como sempre fazia, pra comprar um pão de queijo e um café. Aquele era o único lugar no morro onde ela se sentia em paz. Ivonete a tratava como filha, e Maia, sua melhor amiga, trabalhava no caixa — sempre risonha, sempre perguntando se ela tava bem. — Bom dia, Cê! — gritou Maia, enquanto limpava o balcão. — Tá com a cara de quem dormiu três horas. Cecília sorriu de leve. — Nem isso... papai chegou tarde, gritando. — De novo? — Maia suspirou. — Tu tem que sair dessa casa, menina. — E ir pra onde? — respondeu, dando de ombros. — Um dia, quem sabe. A conversa foi cortada pelo ronco pesado de um motor. Um carro preto parou em frente à lanchonete. Silêncio. Todo mundo que tava do lado de fora se afastou. Os olhares se cruzaram, o clima mudou. Até o vento pareceu parar. O carro abriu a porta lentamente — e ele desceu. FK. Calça de moletom preta, camiseta justa, o corpo coberto de tatuagens à mostra. Relógio caro, corrente grossa, olhar duro. O som dos passos dele era pesado, autoritário. Dois homens armados ficaram do lado de fora, vigiando. Maia endireitou o corpo, nervosa. — Caraca... é o FK... — sussurrou. Cecília não respondeu. O coração acelerou. Ela nunca tinha ficado tão perto dele. Sabia quem era — todo mundo sabia — mas nunca o tinha visto de verdade. Ele entrou na lanchonete sem olhar pra ninguém. A presença dele enchia o lugar, sufocava o ar. PH veio logo atrás, com o filho pequeno pela mão. — Fala, dona Ivonete! — disse PH, abrindo um sorriso. — Traz dois cafés e o pão de queijo do chefe aí mãe. Ivonete veio do balcão dos fundos, meio cansada, limpando as mãos no avental. — Bom dia, FK. Ele apenas assentiu, sentando na mesa do canto, de onde via a rua toda. O olhar dele varreu o ambiente, e por um instante, parou. Nos olhos dela. Cecília. Ela congelou. O coração bateu forte demais. Tentou desviar, mas o olhar dele prendia, firme, quase c***l. Havia algo de estranho ali — ele não parecia vê-la, parecia analisá-la, como quem estuda uma presa. Ela baixou a cabeça, fingindo mexer no celular. Mas sentia o olhar dele queimando na pele. PH notou. — Deixa a menina, irmão. É amiga da minha irmã, a Cê trabalha lá no shopping. FK continuou olhando por mais alguns segundos, depois desviou. — Eu não falei nada. Mas o tom era perigoso. Não precisava falar. Cecília respirou fundo, pegou o café que Maia trouxe e tentou ir embora rápido. Só que, ao passar pela mesa dele, a alça da mochila enroscou na cadeira. O som do tecido rasgando ecoou. Ela se virou apavorada. — M-me desculpa, eu não vi... — a voz dela falhou. FK levantou o olhar. Devagar. Sem pressa. Os olhos cor de mel dela encontraram os dele — e o mundo pareceu parar. — Olha por onde anda, garota. — A voz dele era baixa, rouca, mas cortante. — Eu... eu não quis... Ele se inclinou pra frente, os cotovelos sobre os joelhos, o olhar fixo nela. — Eu sei que não quis. Mas aqui em cima, “não querer” não impede ninguém de morrer, entendeu? Ela engoliu seco, o rosto pálido. Maia se aproximou correndo. — Tá tudo bem, FK. Ela não fez nada, foi sem querer. Ele desviou o olhar pra amiga, depois voltou pra Cecília, estudando cada detalhe — o tremor nas mãos, a respiração curta, o medo sincero. E aquilo o incomodou. A pureza dela o irritava. — Some daqui. — disse por fim, com frieza. Ela obedeceu. Saiu apressada, o coração disparado, sentindo o olhar dele nas costas até a esquina. PH olhou pro amigo e deu um meio sorriso. — Que foi isso, irmão? A menina quase desmaiou de medo. FK recostou na cadeira, os olhos fixos na rua. — Medo é bom. Mantém o povo no lugar. PH riu de canto. — Sei não... tu olhou pra ela de um jeito diferente, hein. FK pegou o café, levou à boca e respondeu sem emoção: — Eu olho pra todo mundo assim antes de decidir se mato ou deixo viver. Mas dentro dele, algo se moveu — pequeno, incômodo. E ele odiava se sentir assim. ---

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