O envelope deslizou pela mão de Linyin com a precisão de alguém que sabia exatamente o que estava fazendo. O convite para o evento daquela noite na mansão Mazaki estava cuidadosamente escrito, cada palavra medida, cada vírgula pensada. Era simples, mas direto: “Espero vê-lo esta noite. Linyin Mazaki.”
Ela sorriu suavemente ao fechar o envelope. Não era apenas um convite — era um teste, uma jogada estratégica. Kaito Ren poderia ser qualquer coisa, mas não era alguém que aceitasse compromissos sociais facilmente. Muito menos eventos de famílias rivais, de escândalos recém-expostos, ou de reuniões que giravam em torno de política social ou dinheiro.
E, ainda assim, ela sabia que o magnata estava curioso.
Horas depois, um motorista discretamente apareceu no hall da mansão Mazaki, entregando pessoalmente a resposta. Um bilhete lacrado com cera preta, sem selo familiar, apenas a assinatura elegante: “Aceito. — K. Ren”.
Para Linyin, o ato foi simples, mas o efeito foi devastador. O nome dele, a assinatura, o gesto de aceitar… tudo indicava que ele estaria presente, observando de perto, absorvendo cada movimento, cada palavra, cada expressão. Ela sabia que ele não comparecia a eventos sociais sem um motivo — e que a simples presença dele já mudaria a dinâmica da noite inteira.
Enquanto a noite se aproximava, Linyin caminhava pelos corredores da mansão, fingindo a habitual leveza e doçura que todos esperavam dela. Cada passo era medido. Cada sorriso parecia natural, mas era uma máscara refinada de estratégia e cálculo. Minay, sua irmã adotiva, sempre confiara na fragilidade que imaginava existir em Linyin. m*l sabia que, por trás daqueles lábios delicados e olhos marejados, havia uma mente fria, calculista e consciente de cada passo do jogo.
O som do salto ecoou pelos corredores enquanto ela subia para seu quarto. O vestido escolhido pendia no cabide, elegante, discreto, mas sofisticado. Linyin sabia exatamente como usar cada detalhe a seu favor, equilibrando a fragilidade que todos esperavam e a autoridade que ninguém podia imaginar.
No quarto, sua mãe adotiva, Kayo, entrou com passos rápidos, fingindo preocupação, mas com olhos atentos a cada detalhe do visual da enteada.
— Linyin, minha querida — disse Kayo com uma doçura exagerada. — Você está nervosa com o evento? Lembre-se de que todos os olhos estarão em você. E, claro, no vídeo… devemos mostrar que é tudo… uma edição, não é? — insistiu, aproximando-se, segurando levemente o braço da filha adotiva.
Linyin desviou o olhar apenas o suficiente para manter o sorriso doce, os olhos brilhando como se estivesse verdadeiramente receosa.
— Sim, mãe — respondeu, com uma voz suave, quase trêmula, como se a ideia de enfrentar os jornalistas a assustasse. — Eu farei exatamente como você disse. Tudo será controlado… eu prometo.
Enquanto falava, discretamente ativou o gravador no bolso do vestido, captando cada palavra, cada insistência, cada tom de pressão e manipulação de Kayo. Ela já sabia que essa gravação seria uma prova poderosa.
Kayo sorriu, satisfeita com a aparente submissão de Linyin. — Ótimo, minha querida. Lembre-se, todos precisam acreditar que você é vulnerável, que a pressão é demais. Assim ninguém duvidará da versão da família Mazaki.
Linyin assentiu, ajeitando delicadamente o colar no pescoço e prendendo o cabelo em um coque elegante. Por fora, a expressão era de fragilidade e preocupação. Por dentro, cada músculo dela estava tenso, calculando cada segundo que passaria diante dos repórteres, cada palavra que falaria, cada gesto que faria.
Enquanto terminava de se maquiar, Linyin pensava no magnata. Ele estaria lá, observando, avaliando, absorvendo cada movimento. E ela precisava conduzi-lo com cuidado, deixando que a curiosidade dele a mantivesse sob seu olhar, sem jamais revelar totalmente suas intenções.
O vestido pronto, o cabelo impecável, a maquiagem perfeita — ela respirou fundo, mantendo a máscara de doçura e vulnerabilidade, preparada para enfrentar a noite e transformar cada peça do jogo em vantagem.
O salão principal da mansão Mazaki estava impecável. Lustres de cristal refletiam a luz em centenas de pequenas chamas cintilantes, cada detalhe cuidadosamente preparado para transmitir poder e prestígio. Convidados renomados conversavam em grupos discretos, ajustando gravatas e vestidos, trocando sorrisos medidos, enquanto flashes piscavam, capturando cada movimento para os jornais do dia seguinte.
Entre os convidados, Lin Hayato se destacava com o terno perfeito, postura arrogante e expressão calculada. O noivo arranjado observava Linyin com um misto de irritação e desdém, m*l conseguindo esconder a raiva de ser desafiado publicamente pelo escândalo do vídeo.
E então ele chegou.
Kaito Ren entrou silencioso, com passos medidos, quase majestosos, a aura de poder envolvendo cada gesto. Paparazzi e repórteres renomados sussurraram entre si — ele raramente comparecia a eventos sociais, mas, naquela noite, sua presença silenciosa alterava a dinâmica do salão inteiro. Ele não se aproximava, não interagia, apenas observava. Cada olhar dele parecia atravessar os presentes, como se estivesse absorvendo o cenário inteiro com interesse clínico.
Linyin respirou fundo e se posicionou diante dos repórteres. Cada movimento seu era calculado: postura levemente curvada, mãos juntas à frente, sorriso doce e olhos marejados, como se a pressão da situação a deixasse vulnerável. Por fora, uma jovem assustada; por dentro, uma estrategista implacável.
A primeira pergunta veio imediatamente:
— Linyin, sobre o vídeo que circulou ontem… o que você tem a dizer?
Ela engoliu em seco, fez uma pausa dramática, e respondeu, hesitante:
— Eu… eu acho que foi editado por alguém anônimo.
O murmúrio entre os repórteres aumentou. Notando seu nervosismo, insistiram:
— É verdade? Ninguém está forçando você a dizer isso? Você não teme represálias?
Linyin baixou a cabeça, como se estivesse lutando contra o medo. Um soluço suave escapou de seus lábios, convincente o suficiente para impressionar a todos.
— Eu… eu só… — começou, e então, com lágrimas aparentes nos olhos, revelou o celular com a gravação da conversa com Kayo, exibindo a pressão que sua mãe exercera para que ela negasse a veracidade do vídeo. — Vejam… ela me disse exatamente o que falar… eu… eu não queria mentir, mas…
O impacto foi imediato. Os repórteres recuaram, chocados com a sinceridade aparente e o choro convincente. Todos sentiram pena dela. Alguns até baixaram suas câmeras, incapazes de acreditar na vulnerabilidade da jovem diante de tanta pressão.
Kayo, furiosa, tentou intervir:
— Linyin! Pare com isso! Você está expondo a nossa família!
Mas Linyin, fingindo soluçar cada vez mais, manteve o celular em mãos, exibindo o áudio. Sua postura doce e assustada continuava a iludir qualquer espectador quanto à sua verdadeira frieza.
Lin Hayato, tomado pela raiva e humilhação, avançou para esbofeteá-la, mas uma mão forte o segurou antes que pudesse completar o movimento.
Era Kaito Ren. Seu toque firme e dominante paralisou qualquer reação. Os olhos do magnata transmitiam uma mistura de interesse, poder e avaliação silenciosa. Ele manteve Lin Hayato contido, e com uma calma que parecia absoluta, disse apenas:
— Não aqui.
O salão inteiro ficou em silêncio. A presença de Kaito Ren transformava cada gesto em algo dramático, quase cinematográfico. Linyin manteve o sorriso doce, o olhar marejado e os soluços calculados, enquanto dentro de si processava cada movimento, cada expressão — cada segundo do jogo que finalmente começava a virar a seu favor.
O silêncio no salão era quase sufocante. Lin Hayato ainda estava contido pela mão firme de Kaito, os punhos cerrados, o rosto vermelho de raiva e vergonha. Cada movimento seu era interrompido pelo olhar calculista do magnata, que parecia medir cada músculo, cada intenção, cada mentira contida na postura do noivo.
Linyin continuava no centro da sala, os soluços suaves e a expressão frágil perfeitamente ensaiados. Por fora, a menina assustada; por dentro, uma estrategista calculista, observando cada detalhe, cada reação, cada olhar de todos os presentes. Minay, sua irmã adotiva, queimava de raiva silenciosa, a boca cerrada e os olhos faiscando, mas completamente impotente diante da presença esmagadora de Kaito.
O magnata finalmente soltou Lin Hayato com um movimento seco, mas mantendo o corpo do noivo a poucos centímetros do chão, como se lembrasse a todos quem realmente comandava a situação. Então, aproximou-se de Linyin, as mãos firmes pousando nos ombros dela com um gesto que misturava proteção e posse.
— Se é dinheiro que vocês querem — disse Kaito com voz baixa, fria e autoritária, mas carregada de charme — eu levarei ela como minha noiva, a partir de hoje. Ela virá comigo… para não ter que sofrer mais com vocês.
O murmúrio entre os convidados aumentou. Repórteres disparavam câmeras e flashes, capturando cada gesto, cada palavra. Era impossível ignorar o poder daquele homem, a força silenciosa que alterava o equilíbrio do salão inteiro.
Kaito então chamou seu assistente, que surgiu discretamente carregando uma mala pesada, porém elegante. Ele abriu diante de todos, revelando notas perfeitamente alinhadas — dinheiro suficiente para qualquer dote, qualquer negociação, qualquer ameaça.
Minay arfava de raiva, incapaz de se mover. A sorte parecia ter abandonado a irmã naquele instante.
Kayo, por outro lado, correu em direção à mala como uma louca, segurando-a com entusiasmo quase histérico.
— É uma honra! — gritou ela, os olhos brilhando de ganância. — Uma honra casar minha filha com o senhor Kaito Ren!
Kaito, impassível, apenas ergueu Linyin nos braços com uma força tranquila e calculada. Cada passo até o carro refletia autoridade pura. O carro preto e imponente os aguardava, motores silenciosos e vidro fumê protegendo a i********e do momento.
Enquanto se acomodava no banco, Linyin mantinha o sorriso doce nos lábios, fingindo leveza e vulnerabilidade. Por dentro, sua mente trabalhava a todo vapor: cada expressão de Kayo, cada reação de Minay, cada flash de câmera, cada passo do magnata. Ela absorvia tudo, planejando o próximo movimento, transformando cada gesto em vantagem.
O carro partiu lentamente, cortando a noite. Linyin olhou pela janela, observando a cidade iluminada, o vento batendo levemente no rosto. Não havia espaço para arrependimento, apenas para cálculo e estratégia.
Kaito, sentado ao lado dela, permaneceu silencioso, sua presença esmagadora preenchendo o espaço com uma tensão elegante. Ela podia sentir o peso do olhar dele sobre cada detalhe: postura, respiração, reação. E, por mais que tentasse disfarçar, a sensação era clara: ele não apenas observava — ele avaliava, intrigado, fascinantemente curioso com a garota que todos julgavam frágil, mas que claramente não era.
No silêncio do carro, Linyin murmurou com suavidade, apenas para si:
— Vamos ver quem realmente controla o jogo agora.
E, mesmo sem palavras, Kaito parecia entender perfeitamente.