CAPÍTULO 6

1566 Palavras
NARRAÇÃO RENATA Abro a porta da sala e no meu canto direito Carolina está no chão, toda encolhida e machucada, enquanto Ramires grita e se prepara pra chuta-la. A única coisa que minha mente consegue pensar de forma rápida, é me jogar a sua frente e protegê-la do chute. Em segundos estou no chão de joelho, protegendo sua cabeça e recebendo a p***a do chute na minha costela. A dor me consome, mas engulo qualquer gemido, qualquer som, para que ele não tenha o prazer de me ouvir reclamar. Porque cretinos como Ramires sentem prazer em bater e ouvir os gritos de dor. Carolina me olha assustada e segura meu braço. - Não devia ter feito isso. Sussurra e quando vou nos levantar, Ramires me empurra pra baixo. - Vai apanhar junto com ela, porque é v***a também. Pelo desespero nos olhos de Carolina, sei que vem outro chute em minhas costas. Firmo meu corpo para suportar e fecho meus olhos. - Oh meu Deus! Carolina grita e nada acontece. Abro meus olhos e viro a cabeça, vendo Fábio sobre mim, me protegendo como fiz com a mulher do Ramires. - Que p***a está fazendo, César? Olho para o Fábio que tem uma expressão de dor. - Leve-a pra fora. Pede com a voz baixa e minha cabeça tomba para ver a fúria do Ramires. - Ele vai te matar! - Tire ela e a Sara daqui. Pede e arruma seu corpo, se virando para o homem que mais odeio nesse momento, no mundo todo. - Vamos! Tiro Carolina do chão, vendo as marcas em seu rosto. Seu nariz está sangrando e a dor que sinto em minha costela, não deve ser nada comparado a dor que ela sente agora. Saímos da sala e o segurança entrega a criança para Carolina, fechando a porta atrás de mim. Abraçada as duas, arrasto-as pra cozinha e sento a mulher daquele infeliz na cadeira. - Ele vai nos matar por causa disso. Fala agarrada a filha e balançando na cadeira, tentando acalmar a pequena. Pego um pano de prato e molho com água da torneira. Sigo pra perto dela e limpo o sangue que escorre de seu nariz. Alguns hematomas são mais antigos e quero matar aquele verme. - Ele vai nos matar! Sussurra em desespero e me abaixo, encarando seus olhos. - Ele não vai te matar! Confia em mim? - O que você pode fazer contra ele? - Você confia em mim? Começa a chorar, completamente perdida. - Vou te ajudar a sumir com a sua filha, mas preciso que essa noite, desapareça com ela. - Não tenho pra onde ir. - Tem sim! A levanto da cadeira e sem demora, vamos para o elevador. - Pra onde vai me levar? - Para um lugar seguro! Entramos no elevador e aperto o térreo, não dando tempo do segurança vir atrás. O que me preocupa é que Fábio ainda está trancado com aquele infeliz. Saímos do elevador e caminhamos rápido para a saída, sem dar tempo dos seguranças do prédio virem nos impedir. Sei que estou fodendo todo o golpe, mas não posso permitir que Carolina viva nesse inferno. Depois arrumo a merda toda. Abro a porta do meu carro e ela entra com a criança. Fecho a porta e corro para o lado do motorista. Minhas chaves e documentos estão na minha mesa, então vou precisar fazer esse carro pegar de outra forma. Puxo a tampa do painel e em seguida alguns fios. - Eles estão vindo! Grita e olho pro prédio, vendo alguns homens vindo em nossa direção. Faço o carro pegar e engato a primeira, saindo rápido da vaga e entrando na avenida. - Isso vai dar merda! - Apenas confie em mim. Digo para ela, mas tentando eu mesma confiar que eu posso tira-la com vida disso tudo. ******************** Entramos no meu apartamento e levo as duas para o meu quarto. A pequena dorme profundamente, depois de tanto chorar. - Aproveite que ela dormiu e tome um banho. Pegue toalha e roupas minhas no armário. - Não sei como te agradecer, Vivian! Mas ainda acho isso uma loucura. - Confie em mim! Peço mais uma vez e as deixo no quarto. Vou para a sala, abrindo minha camisa. A dor já dominou meu corpo todo e respirar esta sendo difícil. Esse filha da p**a deve ter trincado uma costela minha. Jogo a camisa no sofá e vou para a geladeira, pegar a bolsa de gelo. Enquanto enrolo ela em um pano, pego meu celular de emergência, guardado atrás do fogão. Disco para a única pessoa que pode me salvar nesse momento e me dar tempo para agir. - Fala! - Preciso da sua ajuda! - Só me liga quando precisa! Igor é um golpista que foi treinado junto comigo. Mas ele não quis entrar em campo e preferiu ser suporte na policia, como Betina. A diferença dele pra ela é que Igor é policial sem jurisdição. Pode mandar prender onde e quando quiser. - Preciso que emita uma ordem de prisão e que ela seja cumprida amanhã a tarde. - Quem? - Ramires Puentes. - Não fode, Renata! - Por favor! - Esse cara é o advogado mais filha da p**a do mundo. Acha mesmo que ele vai ficar preso por muito tempo? - Não preciso de muito tempo. Preciso de 24h. - Em que merda você se enfiou? - Não posso falar. Solta um longo suspiro. - Quando e que horas? - Amanhã ás 10h na empresa dele. - p***a! Você só me fode! - Esse homem quase matou a mulher dele no chute! Igor fica em silêncio. - Só preciso desse tempo pra sumir com ela, sem rastro para encontra-la. Me dê 24h, Igor! - As 10h estarei cumprindo a ordem de prisão. - Obrigada! Escuto barulho na minha porta e pego a arma no vão da geladeira. - Preciso desligar! Desligo e jogo o celular na pia. Aponto minha arma para a porta da sala, pronta pra atirar. Quando a porta se abre, Betina surge e solta um grito. - Sou eu! Abaixo a arma, ela entra e fecha a porta. - Que merda aconteceu hoje? Pergunta e ando até o sofá com o pano e a bolsa de gelo. - Ele estava quase matando a mulher. - E o que isso importa pra gente? Você fodeu todo o golpe, entrando naquela sala. - O que importa? Era uma vida Betina! Grito, não acreditando no que estou ouvindo. - Vidas que não podem interferir no golpe! - Não seja por isso, eu fodi o golpe, continue com ele você e o Fábio. - Até o Fábio se fodeu ao te proteger. - Então faz sozinha! Se senta ao meu lado e olha o hematoma que já tomou a lateral do meu corpo. - Sabe que não consigo ainda fazer isso sozinha! Fábio estava me ensinando. Ao falar dele sua voz fica mais suave e isso não me agrada. - Agora entendo porque se apaixonou por ele. Evita me olhar e não acredito que Betina se apaixonou por ele. Quando vou questionar seus sentimentos, Carolina aparece na sala com a filha nos braços, já acordada. - Merda! O que ela faz aqui? Betina pergunta se levantando do sofá. - Vou ajuda-la a fugir? - Como? Ramires já colocou os seguranças e capangas dele atrás de você. - Ele vai no apartamento que coloquei no contrato de trabalho e não aqui. Estamos seguras até tirar Carolina do país. - Como pretende fazer isso? - Com a sua ajuda. Preciso que faça documentos novos para Carolina e a filha. Precisa ser hoje! - Não tenho nenhum lugar pra fazer esses documentos. - Segundo quarto, porta a direita. Montei esse apartamento como ponto de auxilio no golpe. Vai encontrar no quarto tudo que precisa. - Por que eu não sabia disso? Fábio não me falou nada sobre você vir e sobre esse apartamento. Tive que ligar para o Dimitri para achar você. - Fábio não sabia que eu vinha e o apartamento é coisa minha. Faça o documento, volte para a vida da Evelyn e segue os seus planos. - O que pretende fazer? - Voltar pra empresa amanhã e enfrentar a ira do Ramires. - Ele vai te matar! Carolina fala com a voz chorosa. - Se ele souber que você é uma... - Uma pessoa que vai livrar o mundo de mais um bandido. A porta da sala novamente faz barulho e me levanto do sofá, me colocando a frente de Carolina e a criança. Fábio aparece e Betina corre até ele, se jogando em seus braços. - Achei que Ramires fosse te matar. Ele me olha e evito seu olhar. - Acho que sua filha precisa comer. Vamos pra cozinha! Digo a Carolina, indo para a cozinha. A conversa dele com a Betina me irrita e tento mesmo não ouvir a voz melosa dela com Fábio. - Tem coisas no armário, mas não tem nada na geladeira. - Me viro com o que tem. - Preciso de um remédio. Deixo elas na cozinha e sigo para o meu quarto. Entro e vou até o enorme espelho no quarto, olhar a marca que Ramires me deixou. Com a ponta do dedo percorro o hematoma e prendo o ar, sentindo muita dor. Levo um susto ao ver Fábio atrás de mim, olhando meu corpo.
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