Meus joelhos fraquejam, e mamãe me conduz para o meu lugar antes de voltar para o dela. Na minha frente, todos os homens se sentam. Salvatore, Vinícius, Cássio e Lourenço. Eles me encaram de volta. Sinto que estou sendo entrevistada para um trabalho perigoso que não quero.
Papai toca uma campainha, sinalizando para a equipe entrar com vinho e entradas. Eu tomo um gole da minha água com gás, tentando entender as palavras enigmáticas de mamãe. Encontrarei uma maneira de ajudá-la antes da hora. Antes de que?
Papai e os homens conversam enquanto mamãe e eu beliscamos nossas fatias de salmão defumado. Preços de imóveis. Os desenvolvimentos industriais nas docas. A nova boate que Cassius abriu. Papai os parabeniza por seus mais recentes empreendimentos comerciais, e eles sorriem maliciosamente enquanto o agradecem pelos negócios que foram concluídos. Dá um arrepio na minha espinha ao ouvi-los.
-Falando em negócios... Ele olha para os quatro convidados. -Qual de vocês acha que deveria ser o escolhido? Podemos discutir os detalhes em particular, mas uma dama gosta de ser cortejada. Papai me indica com sua taça de vinho e dá um grande gole.
-Claro que sim. Salvatore diz, recostando-se na cadeira e me olhando. Seu sorriso arrogante chama minha atenção. -Devia ser eu, obviamente. Eu sou o mais rico – e o mais forte.
Deve ser ele o escolhido para que? E por que dinheiro e força importam? Salvatore tem uma aura de aparência impecável e riqueza sobre ele, mas não sei se ele quer dizer fisicamente mais forte ou outra coisa. Cassius, que parece que poderia fazer muito mais supino, olha para Salvatore e faz um som de desdém. -Tch! -Obviamente você? Obviamente nada! Interrompe Vinicius, e quando ele olha para mim, fico deslumbrada novamente com sua boa aparência. -Serei eu porque sou o mais bonito e o mais inteligente.
Do outro lado da mesa, Lorenzo tirou uma faca de algum lugar e a está girando entre os dedos. O ponto é perversamente afiado. Mamãe, que está mais perto dele, se encolhe na cadeira, a mão trêmula cobrindo a garganta.
-Eu sou o mais forte. Eu sou inabalável em meu dever para com os outros, e o medo que todos tem de mim. Este é Cássio. Sua voz tem sotaque como se ele tivesse passado vários anos ou mais na Itália.
Ele se dirige ao papai, mas então sua atenção se volta para mim enquanto ele deixa suas palavras finais pairarem no ar. Um arrepio passa por mim. Espero que ele nunca tenha expectativas sobre mim.
Salvatore olha para baixo da mesa. -E você, Lourenço?
Lorenzo Scava age como se não tivesse ouvido uma palavra do que está acontecendo. Ele ainda está torcendo a faca e lançando-a sobre os nós dos dedos enquanto mamãe parece cada vez mais assustada.
Minhas mãos agarram o guardanapo no meu colo até que eu não aguento mais. -Pare com isso!
Lorenzo pega a faca no ar e me prende com um olhar predatório. Estou presa naquele olhar pálido, e não consigo mover um músculo, mesmo que cada nervo esteja gritando comigo, corra. -É simples. Se não for eu, todos vocês vão se arrepender.
-Cão louco! murmura Cassius.
-Aquele o quê? O que está acontecendo? Olho desesperadamente para papai. Se este é um negócio, então é o mais estranho que já ouvi.
Na cabeceira da mesa, papai apoia os punhos na madeira e sorri amplamente para mim.
Qualquer um pensaria que é seu aniversário, ele está tão radiante. -Chiara. Esta noite, você será prometida a um desses homens. No seu aniversário de dezoito anos, você se casará quando tiver dezoito, e os Romanos se juntarão a uma das famílias mais importantes de Coldlake.
Ao redor da mesa, ninguém se move. Nem mesmo mamãe. A sala está tão silenciosa que posso ouvir o tique-taque do relógio. Eu sou a única com a boca aberta e os olhos arregalados.
Todo mundo sabia disso, menos eu.
Meus quatro noivos em potencial estão bebendo no meu choque como se fosse o melhor vinho. Colocada por papai em exposição diante deles e eles estão encantados com a mercadoria.
Minhas palmas ficam úmidas e minha respiração acelera. Este é o futuro que papai planejou para mim o tempo todo. Ele nunca se interessou em discutir comigo o que eu quero porque ele está me imaginando como a noiva de um desses homens cruéis. Ele sempre gostou de se gabar de fazer os melhores negócios. Encontra a melhor alavancagem. Balança os incentivos mais suculentos. Só que desta vez, o negócio não é para imóveis, ou um redesenvolvimento, ou um acordo comercial.
O negócio sou eu!
Tiquetaque.
Salvatore
Você quer que eu me case com um desses homens?
O belo rosto de Chiara Romano perde a cor. Estou feliz por estarmos aqui quando ela ouve pela primeira vez o que o seu pai quer. Você pode dizer muito de uma pessoa de como ela lida com uma surpresa. Ou no caso dela, um choque.
A suas mãos estão cerradas no seu colo e os seus olhos estão redondos. Ela é pequena, quase como uma boneca, com seus longos cílios e cabelos dourados como mel. Os diamantes nas suas orelhas e a tiara no seu cabelo realçavam a sua beleza de rosto fresco. Aqueles lábios dela, porém, são outra coisa. Exuberante e doce e receptivo a beijos. Eu me pergunto o que mais aquela boca pode fazer. Olho para os outros e percebo que estão se perguntando a mesma coisa. Quanta diversão a senhorita Romano estará disposta a proporcionar na sua noite de núpcias?
O prefeito Romano olha carrancudo para a filha. — Sim, Chiara. Eu não acabei de soletrar para você? Um desses homens será seu marido. Depois desta noite, você pode se considerar prometida. Quando você se casar em um ano, você sairá desta casa e começará uma nova vida com o seu marido.
Eu olho para minha futura noiva por cima do meu copo de vinho, esperando que a enxurrada de lágrimas comece. Não posso ter uma mulher que vai desmoronar quando leva um susto. Cássio e Lorenzo apreciam as lágrimas de uma mulher, mas se a minha mulher chorar, terei que mostrar para ela, que nunca se deve chorar.
Eu coloco a minha taça de vinho para baixo e me inclino para frente. — Foi gentil da parte dos seus pais poupá-la da verdade por tanto tempo. Gentil, mas equivocado. Você nunca teria escolha, Chiara. Pessoas como nós não se casam por amor. Nós nos casamos pelo poder.
Ela vira os seus olhos azuis bebê para mim, e a sua expressão pisca com medo. Chiara Romano precisa de uma cara de m*l melhor. Mas tudo bem. Eu vou ensiná-la.
— Pessoas como nós? Mas minha família não é como a sua. Não somos criminosos À minha esquerda, Vinicius finge estremecer com a sua escolha de palavras. — Por favor. Nós preferimos o termo empreendedor.
— Fale por você! Cassius canta. — Sou homem de negócios. Estes são meus associados. Eu não gosto da sua atitude, mocinha.
Chiara respira fundo, como se as palavras de Cassius a tivessem atingido como um chicote. Se ela está já com medo, ela não vai gostar do que ele vai fazer com ela como o seu marido.
O prefeito Romano parece sentir que está perdendo o controle da conversa e levanta a voz. -De onde você acha que vem o dinheiro para colocar esse teto sobre sua cabeça? Pagar aquela sua escola cara? Todas as suas roupas Bonitas?
— O seu trabalho como prefeito!
Vinícius ri. Cassius balança a cabeça com a testa franzida. Lorenzo encara Chiara com olhos frios e encobertos. Em frente ao marido, a Sra. Romano parece ter fugido para os confins da sua mente. Eu me pergunto se Chiara é assim. Fraca e frágil.
Saberemos à meia-noite. Cada um de nós tem um presentinho preparado para Senhorita Romano. Se ela quebrar, nós vamos embora. O nosso mundo não é para os fracos.
— Não querida. A voz do prefeito Romano goteja com condescendência. — É dos acordos que eu faço. Os negócios que mantêm esta cidade próspera — Com a ajuda desses homens, é claro.
Lorenzo se vira para olhar para o prefeito e começa a sacudir a faca novamente. Ninguém gosta de ser falado como se fosse uma reflexão tardia, especialmente não nós.
Você vai ser uma parte importante de um acordo com um desses homens.
Vinicius toca a ponta da língua em um dos seus caninos pontiagudos. — Apenas um de nós? Não podemos todos tê-la?
Os olhos de Cassius brilham com interesse. Lorenzo passa a unha do polegar sobre o lábio inferior e olha para Chiara como se estivesse imaginando algo escuro e sujo.
O meu sorriso se alarga. — Sim. Por que não a compartilhamos?
Os olhos de Chiara não aguentaram mais confusão. Pobre cordeiro. Acho que ela nunca foi beijada antes desta noite, muito menos imaginou o que quatro homens ao mesmo tempo poderiam fazer com ela. Apenas um de nós pode se casar com ela, mas todos nós a compartilharemos e mostraremos a ela o que realmente é nosso mundo.
Nós quatro. Irmãos, em todos os sentidos menos no sangue.
Os lábios do prefeito se curvam. — Só tenho uma filha. Só posso ter um genro.
Eu agito o meu vinho preguiçosamente no meu copo e dirijo-me à minha futura esposa. — Uma coisa que você deve saber.
Você nunca vai ficar entre nós quatro. Nada pode alterar o nosso vínculo.
O menor dos sorrisos passa pelo rosto de Romano e desaparece. O prefeito acha que pode usar a filha para nos separar. Unidos, nós quatro somos mais fortes que ele. Dividido, ele pode nos jogar um contra o outro.
Chiara notou o sorriso malicioso do pai. Ela olha para mim e depois para nós quatro, o seu olhar finalmente pousando em Lorenzo.
A sua expressão pergunta: Seu vínculo? Mesmo com ele?
-Sim. Até esse i****a louco. Cassius rosna, balançando a cabeça para o homem loiro ao lado dele.
A Sra. Romano se senta e limpa a garganta. — Isso tudo é muito interessante, cavalheiros. Mas Penso que vocês estão esquecendo de uma coisa. Esta é a escolha de Chiara.
O prefeito abre a boca para contradizê-la, mas estou cansado de ouvir a sua voz. Eu quero ouvir da minha noiva. — Tudo bem então. Quem de nós você escolheria, Chiara? Qual de nós é seu futuro Marido?
Vinicius dá-me um sorriso e alisa a gravata. Ele sabe que qualquer garota sã o escolheria. É entre ele e eu, e ele é mais bonito.
Mas a aparência é o menos importante. Eu sou a escolha inteligente. A única escolha. Eu vou tê-la, não importa quem a pegue no final, mas quero o meu nome nessa linha pontilhada.
Eu espero, sobrancelhas levantadas.
-O que? Você quer que eu escolha agora?
Quero ouvir quem ela escolheria. Não vai depender dela, mas eu gostaria de ouvi-la dizer o meu nome antes que o inevitável aconteça. Isso tornará todo o negócio de se casar com ela menos choroso e irritante se ela não precisar ser forçada.
O silêncio ao redor da mesa se estende. O tique-taque do relógio na parede enche a sala.
— Eu não vou escolher. Chiara sussurra tão suavemente que os seus lábios m*l se movem. Ela está olhando diretamente para nós.
Ela ousa nos desafiar.
— Responda, Chiara. Diz o prefeito Romano.
Os meus olhos se estreitam. O único lugar onde uma mulher deve brigar é no quarto. Quando ela é ordenada a fazer algo, ela precisa obedecer sem questionar.
Chiara se levanta, a cadeira raspando no chão. O seu rosto está piscando com poderosa emoção. Sem outra palavra, ela sai correndo da sala, de cabeça baixa.
O prefeito Romano começa a se levantar, mas eu levanto-me primeiro, abotoando o paletó. — Eu vou conversar com ela. Ela só precisa de alguma persuasão.
Percebo a expressão divertida de Vinicius e o sorriso malicioso de Cassius. — O que? Eu posso parecer legal. De nós quatro, sou a mais convincente nesse departamento, assumindo que a charada não se arrasta e a minha paciência se esgota. Lorenzo torce a faca sobre os nós dos dedos tatuados, e os seus olhos queimam à luz das Velas. A sua intenção é clara. Se eu não a levar de volta, ele o fará.
A casa é construída em torno de um pátio central com uma enorme piscina iluminada na escuridão. É uma mansão digna de uma estrela de cinema de Hollywood ou de um financista de Wall Street. Um prefeito não pode pagar isso. É quase tão palaciana quanto a minha própria casa, o que deve fazer soar o alarme entre os eleitores do prefeito Romano, considerando que a minha fortuna foi construída sobre sangue derramado.