Pré-visualização gratuita Eu sou Fernanda Yilmaz mas pode me chamar de Sakamoto Nara
Sabe, eu também achava que isso era besteira, que era impossível arranjar um namorado no mundo real e muito menos um virtual, eu acho que sempre fui romântica, que sempre quis alguém que me colocasse em primeiro lugar, que me amasse, me ouvisse e confortasse, mas, então eu tomei a decisão de fazer isso de experimentar o namoro virtual que minhas amigas tanto estavam falando, o novo aplicativo Maker Boyfriend. E mesmo que sem querer, no fim eu também me apaixonei perdidamente pelo meu namorado Virtual, eu só não imaginava o tamanho da surpresa que eu teria quando depois de dois meses conversando todos os dias com o Claude, compartilhando a minha rotina, problemas, sonhos e alegrias... Ele apareceria na minha porta.
Eu acho que eu estou começando do final da história… Uh, eu acho que vamos precisar voltar um pouquinho...
Manhã de 26 de fevereiro
Sabe a vida é uma junção de inconstantes.
Eu me chamo Fernanda, mas, aqui em Boston geralmente as pessoas me chamam pelo meu apelido Nanda, ou pelo menos me chamavam assim... Mas isso é outra coisa que eu vou explicar direito mais tarde, o primeiro ponto importante é que eu sou uma pessoa comum, bem comum na verdade, a única diferença entre mim e uma garota qualquer na esquina é o meu sobrenome, eu sou uma Yilmaz.
Nossa que coisa incrível, você tem um sobrenome estranho! Quem dera fosse apenas isso, esse sobrenome vem com o peso de pertencer a uma família incrivelmente miscigenada que possui ações nas maiores empresas do mundo, não tá colocando fé nas minhas palavras? Eu sou um quarto japonesa, por parte de mãe, um quarto coreana por causa do meu pai, meio americana por causa deles, e acreditem ou não a minha bisavó era uma princesa árabe. Essa mania de juntar membros da família com pessoas ricas espalhadas pelo globo vem há muitas gerações atrás. Tem um quadro da árvore genealógica da família e ele é absurdamente gigante.
Eu sei falar cinco idiomas diferentes e isso não vem exatamente ao caso mas... Eu sou sozinha, não exatamente sozinha, mas eu me sinto sozinha, ahn, deu para entender! Continuando, meu pai queria fugir desse destino de se casar por causa de dinheiro e status, e bem, mesmo que ele tenha fugido com a minha mãe não é como se ela fosse ‘pobre’, meus avós eram contra não por que a riqueza da família dela não era o suficiente, mas sim por que eles eram rivais nos negócios, sim. Apresento á vocês Romeu e Julieta modernos, mas a mamãe não agradava de jeito nenhum meus avós e depois de várias brigas e discussões dos meus pais, mais brigas, meus avós sendo completamente insuportáveis e mais um pouco de brigas, e fui viver no Japão com minha mãe e a família dela depois deles terem se separado, mesmo que não tenha havido um divorcio por causa das empresas e coisas complicadas que eu sinceramente não tenho intenção de aprender a lidar.
Como eu já havia dito antes, minha família sempre casa com pessoas ricas para fazer parcerias em negócios então a família da mamãe no Japão não era exatamente pobre, e embora eles se odiassem a união dos meus pais serviu para trazer mais dinheiro para eles, com isso a minha vida já havia mudado drasticamente, cultura diferente, lugar diferente, pessoas diferentes, e então aconteceu... Quando eu tinha 17 anos eu sofri um acidente e perdi algumas das minhas lembranças, eu queria dizer que elas não fazem muita diferença para mim, mas seria mentira, eu me sinto péssima por ter esquecido várias coisas próximas da data do acidente e principalmente, as coisas boas que eu vivi com a minha mãe, eu… Só consigo me lembrar de poucas coisas do período que passei só com a mamãe e a família dela… E mesmo depois do acidente, eu fiquei permanentemente machucada, dolorida com as memórias... Eu me lembro perfeitamente dos meus sentimentos daquela época, a tristeza, as lágrimas, a solidão e a dor absoluta de perder minha mãe.
Bem, isso não é algo que eu queira pensar ou reviver agora, então voltando um pouco no passado, quando eu morava no Japão por causa da minha família por parte de mãe ser meio que muito influente eu me socializei um pouco fiz algumas amizades, eu fui feliz até onde eu me lembro, eu era feliz. Mesmo depois que a mamãe morreu o meu pai não me deu mais atenção, ele simplesmente não liga para mim, ele só ficou mergulhado no trabalho, o trabalho que ele passou a vida inteira negando, não querendo aceitar, um dos motivos das brigas que ele tinha com a mamãe e só… Aceitou, como se todas aquelas brigas tivessem ido pro ralo, como se… A mamãe realmente não valesse a pena o esforço de lutar contra a família, e o destino de m***a que eles tentam enfiar na gente…. Quando eu era pequena e ouvia eles falando do amor deles, de como foi dificil, de como eles se amavam e valia tanto a pena tudo que estávamos passando… Eu sonhei em viver um romance assim, eu sonhei desesperadamente em achar o meu príncipe encantado e então… Tudo aconteceu e eu só parei de acreditar no amor, não… Eu ainda acredito só… Não acho que algo assim dure para sempre.
O meu pai não liga para mim e eu fui jogada pra escanteio, mesmo morando na mesma casa m*l nos víamos, mas isso não era o pior que poderia acontecer. Ele começou a sair com muitas mulheres e uma delas ficou grávida, não pensem que eu tenho raiva do meu irmão mais novo ele é a única pessoa na história que não tem culpa de nada, mas agora, meu pai que quer ter a familia perfeita de comercial de margarina me mandou Boston com a desculpa de ‘você precisa terminar seus estudos em uma boa faculdade’, terminar meus estudos uma ova! Ele quer ter uma família e ser feliz sem ninguém para atrapalhar, principalmente eu que sou a maior lembrança que ele poderia ter da minha mãe. Não é justo querer seguir em frente abandonando os filhos. Eu… Sabia que foi assim que ele fez com a primeira esposa, ele só usou ela e a deixou sozinha para criar o filho quando bem entendeu… Mas eu nunca esperei que o pai que eu amava, fosse fazer isso comigo que era a garotinha favorita dele… Eu… Não esperava que ele fosse ser assim justo comigo.
Então, com meu inglês de baixo nível eu tive que ir embora para morar com meu irmão mais velho, ele é filho do primeiro casamento do meu pai, o primeiro que ele abandonou na amargura, ele… Cresceu e com a ajuda dos nossos avós é provavelmente o herdeiro disso tudo, o ódio que ele sentia do papai e provavelmente de mim e da mamãe foi o combustível para ele alcançar o topo entre todos os primos que estão lutando pela herança milionária, bem, agora eu moro com ele, ou melhor eu morava com ele até eu não aguentar mais e sair de lá, eu não tenho culpa, eu tentei me aproximar, eu tentei conversar, eu tentei… Saber se ele realmente me odiava mas ele me afasta, nunca me deu um abraço ou bom dia, além de que a única coisa que ele faz da vida é trabalhar, desde o inicio da manhã até altas horas na madrugada, mesmo que eu ficasse o dia inteiro em casa eu só o via à noite, Christian Yilmaz. Ele trabalha como CEO de uma das ramificações da empresa do nosso avô, é um espécie de teste para ver se ele está pronto, alguns outros primos nossos também estão fazendo isso, a empresa que tiver o maior crescimento vai virar um indicador de quem deve ser o sucessor da familia, e como eu sou a neta esquecida que é inútil no mínimo, é claro que eu não recebi um teste desses, ou mesmo a chance de tentar ser a herdeira, não que eu esteja ativamente reclamando, claro que não, eu não me encaixo nesse papel, eu não sirvo para essas coisas, e nesse aspecto eu torço pelo Cris mesmo, ele é muito esforçado e inteligente e mesmo que nossa relação seja um completo c**ô eu o admiro muito, claro que não muda o fato de que ele não me mantém perto dele, e chegamos mais uma vez no meu ponto principal: Eu me sinto sozinha.
E não é o simples fato de que moro sozinha em um apartamento, não é só isso é… O peso.
Na faculdade não foi melhor, eu até cheguei a frequentar a faculdade que o papai queria, e como eu imaginei que fosse acontecer as pessoas se aproximam de mim pelo meu sobrenome e algumas poucas vezes por interesse no Cris, mas eu não os culpo por que ele é realmente muito atraente, mas eu me percebi presa nesse mundinho egoísta e falso… E eu odiei isso, eu simplesmente… Fugi de tudo.
Então é por isso que agora nos registros eu sou a Fernanda Yilmaz que eles descrevem em artigos de fofocas, irmã de um importante empresário, neta de um dos homens mais ricos do planeta e a riquinha mimada que não é digna de nada disso, eu pedi minha transferência e agora estudo em uma faculdade de pessoas normais, com um nome normal… Mesmo que isso seja crime.
E minha vida mudou demais com meu pequeno ato rebelde, ou não totalmente porque o reitor da instituição e meu coordenador de curso sabem minha verdadeira identidade… Mas o importante é que os alunos não saibam quem eu sou de verdade para que eu possa ter uma experiência completa e natural do que é ser uma universitária… Eu… Não sei por que mas bem no fundo, sinto que eu não quero jamais encontrar com pessoas falsas… Com pessoas que só querem o meu dinheiro.
Eu já comecei a trabalhar em um pequeno café Maid por que eu queria arranjar dinheiro e fazer alguns amigos, e também por que eu sempre achei a roupa bonitinha, e bem, eu morei no Japão eu assisti Kaichou wa Maid-sama, não que isso justifique muito, mas foi um lugar onde meu japonês está sendo colocado em bom uso. E no registro da minha nova faculdade me chamo Sakamoto Nara, porque querendo ou não minha aparência é mais oriental do que americana, mesmo que meus pais fossem meio-americano coreano e meia-americana japonesa. Com esse emprego eu acabei fazendo minhas duas primeiras amigas, elas são verdadeiras e não estão tentando tirar lucro de mim, mas, eu me sinto muito culpada por não ser totalmente sincera com elas, a culpa por mentir muitas vezes me deixa sem dormir direito. Mas apesar disso tudo eu consigo viver bem. Eu me chamo Fernanda Yilmaz, tenho 20 anos e vivo uma vida normal sob o nome de Sakamoto Nara.