Uma Novela real

capítulo 1

"Quando estamos em apuros dentro de nós agi uma força suprema proveniente do inconsciente capaz de fazer qualquer coisa para sair do sufoco. "

¤Vickyara¤

A minha mente por um instante só viu escuridão, era como se eu não fosse merecedora e digna de progredir, apetece-me chorar, e amaldiçoar a Deus, porém não consigo, ``escuta aqui Biatriz Silva chega de ser vítima. As vítimas não conhecem a vitória porque o lugar delas é a autocomiseração, o coitadismo``.

Naquele momento nada mais estava a importar-me, preciso chegar na sala de entrevista o mais rápido possível, pode ter a certeza que voltar a casa estava fora de questão era uma distância e tanto, devo fazer alguma coisa, Deus ajude-me por favor mande os arcanjos e todos os Santos para auxiliar –me.

olhei para trás estava a vir um grupo de estudantes, eles eram tantos, provavelmente vem a visita de estudo, não cogitei duas vezes meti-me no meio daquela multidão, noto que não sou notada, essa é a vantagem de ter um corpo pequeno me confundem com crianças. Aproximamos a segurança, meu coração só faltou me denunciar de tanto estar célere, em algum momento pensei que meu coração fosse dizer a Biatriz está aqui escondida entre esses garotos, essa maneira de palpitar chega a ser irritante.

O segurança cumprimentou a responsável pelas crianças, e deixou-nos passar, uff obrigado meu Deus, sigo com eles até ao elevador, missão cumprida. Espera, espera eu não sabia o andar, qual é o andar? Não é possível, que dia é hoje? Como não pensei nisso, se eu tivesse passado da recepção teria a resposta, não, não eles teriam me mandado embora, calma Biatriz não seja precipitada vamos até ao fim lá mesmo a gente se vira, não podemos brincar com a sorte.

Desci no mesmo andar que os estudantes, e lá estava uma moça de baixa estatura de pele branca, pronta para receber os estudantes, não pensei duas vezes, lá fui abordar a jovem

—Olá, podia dizer-me onde estão a realizar-se as entrevistas? —perguntei a jovem.

—No andar a seguir, siga o corredor, na primeira sala que achar. — disse a moça abriu até um sorriso daqueles contagiantes daqueles que te deixam à vontade, e em momento nenhum desdenharam as minhas vestimentas. Querido Pai celestial, por favor abençoe essa mulher com abundância em sua vida. Por mais pessoas assim no mundo e vivemos livres do preconceito e para sermos pessoas autênticas. A falta de autenticidade está aliada aos padrões impostos pela sociedade, que de certo modo cria pessoas sem identidade e com uma personalidade fraca.

No entanto, eu tive que esperar o elevador, e logo que as portas abriram, entrei, lá estavam dois homens jovens muito bem vestidos, bom não preciso dizer que olharam-me de cima a baixo com desdenho, eles conversavam sobre a entrevista estavam muito confiantes. Não posso negar que sinto um certo desconforto e insegurança, pois eu sei bem que a apresentação pessoal conta muito, é verdade e também concordo com facto que nem sempre as aparências dizem sobre o caráter e personalidade de uma determinada pessoa, mas a sociedade em que estamos inserida nos ensinou a rotular as pessoas de acordo com a sua aparência.

Todavia, finalmente chegamos ao andar Eu já estava entediada com aquele ar deles de superioridade, fomos todos pela mesma direcção e aguardamos na sala de espera. Preciso descalçar essas sabrinas (sapatilhas), meus pés estão a reclamar de dor. Se eu fosse ao balneários(banheiro) por uns minutinhos poderia descalçar e livrar meus pés da tensão que sinto. Boa ideia Biatriz Silva, agora só preciso de ter coragem de abandonar a sala de espera.

—Senhora Biatriz Silva — Chamou-me uma mulher alta de cabelos loiros, meu coração ficará célere, prontos para m***r o meu filme de descalçar os sapatos.

—Sim, aqui estou. — Eu respondi, levantei-me, não preciso dizer que mais uma vez os olhos alheios desdenharam-me. Não falta muito para eu sair a lançar alfinetes para acertar em alguns olhos, e depois eu iria alegar distúrbio mental, seria colocada a fazer tratamento psiquiátrico, teria direito às refeições e estaria livre de pagar renda, mas seria submetida a tratamento de choque. Essa ideia está fora de questão

—Por favor, pode entrar na sala. —disse ela. Abriu a porta para mim, entrei na sala, encontrei um cenário um pouco assustador, as persianas estavam fechadas que a claridade estava muito longe de habitar, parecia aquele tipo de interrogatório como nos filmes da máfia.

—Boa tarde —Foi a primeira coisa que me veio à cabeça, eu ainda não tinha visto o homem sentado a observar-me que em algum momento só faltou gritar de susto, mas ok o autocontrole é uma coisa que tive que aprender para sobreviver.

—Boa tarde pode ocupar o assento —Disse ele seu tom de voz não tinha nada haver com a máfia,

Sentei, bom esperava que ele começasse com interrogatório, engraçado ele permaneceu calado por cinco minutos, a revistar uns papéis, e finalmente levantou a face.

—Senhora Biatriz tem um currículo invejável, estou indignado porque será que até hoje ainda não terá sido empregada. —comentou ele.

—Bom, acho que o senhor algum dia teve que ir à procura de emprego, e deve saber perfeitamente que não é uma tarefa fácil. —Eu disse firme, ainda que a ansiedade manifestasse dentro de mim. Só tenho dúvida se escolhi as palavras certas.

—Não sei, nunca estive nessa posição, logo que terminei a formação fui empregado. — Ele respondeu de forma relaxada, deu-me a entender que procurar emprego é fácil que eu estava agir como uma pessoa folgada, ah isso não gostei, é cada um com seu tempo e com a sua oportunidade, ele não pode generalizar a sua realidade.

—Imagino, o senhor provavelmente vem de uma família de renome, por isso as facilidades, tem tanta gente com certificado e não está a operar na areá de sua formação , já fui a várias entrevistas e perguntaram- me se estava disposta a fazer o trabalho que um homem faz?, e se minha pele era assim ou era falta de banho. Hoje tive um dia complicado, para chegar aqui não foi nada fácil, foram sacrifícios que o Senhor não imagina. —Eu descarreguei tudo o que tinha engasgado na minha garganta, e de tão aliviada levantei-me e pronta para ir embora.

—Para onde a senhora vai? — Perguntou o homem muito curioso. Eu acho que não conheço o significado de autocontrole

—Eu, eu, eu... — Para onde eu ia mesmo?, nem consegui dizer uma palavra, e sentei-me imediatamente. Mas se fosse em filme acho que ganharia um Oscar por actor que mais fez um papel ridículo.

—Humm, Quanto você gostaria de receber como salário ? —Ele suspirou e depois olhou para minha face e perguntou, Eu não sei se tinha escutado perfeitamente.

—Como? —Perguntei, precisava ter a certeza do que tinha escutado. Quanto assunto é dinheiro minha mente entra em transe sabe, é tipo aquele estado de o*****o em que a pessoa explode e não tem controle do que diz, acho que essa comparação é exacerbada, ainda bem que ninguém escuta meus pensamentos.

—Perguntei quanto a senhora gostaria de receber como salário ? —Ele disse novamente. ´´o suficiente para passar as férias na europa´´ ah quem me dera

—E quanto vocês estão dispostos a pagar? — Se minha mãe estivesse aqui ela daria-me uma bofetada, por responder uma questão com outra questão, isso não é nada ético.

—Inicialmente pagaríamos 60mil durante o período probatório, se conseguir passar de lá, renovamos o contrato e passaria a receber um montante de 150 mil.— Disse o homem sem pestanejar, credo é muito dinheiro, infelizmente não consegui esconder o espanto, fiz aquela minha cara de oooh. Consigo visualizar minhas férias na Europa

—Eu estou disposta. —Foi a única coisa que consegui dizer.

— Senhora Biatriz deixa-me dizer que quando recebi o teu Curriculum constatei que não precisaria passar para dinâmica em grupo de jogos psicotécnicos. Fiz a questão de ligar para as instituições onde fora voluntaria e todos falram muito bem de seus trabalhos, Então está aqui precisamente pelas suas competencias e não porque é mulher e precisamos de fazer aquilo se chama discriminação positiva.

Então amanhã começa a sua jornada, pode ir a minha secretária irá entregar os requisitos. — Disse o senhor sem pestanejar, e os sinos começaram a tocar literalmente na minha cabeça não consegue esconder a felicidade

— Muito obrigada, eu darei tudo de mim, para contribuir para o desenvolvimento desta companhia— Eu disse toda emocionada. Saber que eu tinha sido contratado por mérito é uma grande felicidade. Discriminação positiva, é o metódo que se aplica para garantir que aja diversidade de genero, é muitas coorporações e universidades aplicam quando há maior número de homens a concorrer e menor número de mulheres.

Levantei toda emocionada, até tropecei de tanta emoção, só faltou atravessar o chão.

—Senhora Biatriz certifique- se de que amanhã venha organizada. — Quando estava prestes a abrir a porta o homem alertou-me. Quer saber nem me importava mais com as minhas vestimentas, sai da sala, desfilando, senti-me a h*****a da história, e encontrei com aqueles jovens com a cara de nojo, após ter pego os requisitos com a secretária do Senhor, e só me dei conta que aquele era o director administrativo, e só de lembrar que tive a ousadia de desafiá-lo fico tensa, bom o que passou passou.

Contudo, peguei o elevador logo, cheguei ao andar de baixo do desfile, passei pelos seguranças numa boa. Eles ficaram interrogados, e eu ainda tive a ousadia de cumprimenta-los o que aprendi no dia de hoje é que os obstáculos farão sempre parte do nosso percurso, e nós temos o livre arbítrio de escolher se somos as vítimas da história ou o herói, e tem mais o herói da história não aquele personagem que as operadoras de novela nos mostram não, é aquele que se desfia, luta até alcançar o objectivo por isso mesmo odeio novelas e contos de fadas.

Continuei a desfilar, mesmo depois de ter saído da empresa continuei com meu andar louco, e para queimar meu filme novamente passou o mesmo Ford a altas velocidades e banhou-me novamente com aquelas águas negras......