Pré-visualização gratuita Capítulo 1: Prólogo: A NOITE EM QUE O DESTINO FOI VENDIDO...
A casa estava silenciosa demais para uma noite de tempestade. O vento batia forte nas janelas como se quisesse avisá-la, como se gritasse por ela, como se tivesse tentado impedir o inevitável. Mas nada poderia impedir o que já estava decidido, não por ela, mas por alguém que deveria tê-la protegido antes de qualquer coisa...
Amira, tinha apenas 15 anos, mas naquela noite parecia carregar 100 anos. Estava parada no canto da sala, abraçando o próprio corpo como se assim pudesse evitar que ele se desfizesse em pedaços. Enquanto o pai caminhava de um lado para o outro, nervoso, suando, murmurando coisas que ela não conseguia mais ouvir, ou talvez não quisesse ouvir, talvez fosse melhor assim.
Os passos dele eram um tic-tac de um relógio macabro... Vai ser melhor assim... disse ele olhando-a com frieza. Amira não respondeu, não havia o que dizer, tinha aprendido cedo que as palavras não salvam ninguém quando o mundo decide ruir...
A porta bateu forte, e dela entrou um homem alto e forte de barba cumprida e um pouco grisalho, acompanhado de mais dois homens, todos vestidos de preto, com a mesma expressão fria de quem olha para objectos, nunca para pessoas... Mas o homem do meio, o de barba cumprida, tinha algo diferente, os olhos dele eram como fendas escuras, capazes de ver onde ninguém vê, capazes de esmagar qualquer fôlego.
O nome dele era MALIK AL- SHARIF...
O tipo de nome que se sussurra, mas não se fala... O pai da Amira aproximou-se do homem com a cabeça baixa, Entregou o envelope e o Malik conferiu e guardou. Depois ergueu o olhar e observou a Amira por um longo silencioso instante. que chorava silenciosamente e perguntou: Ela está pronta?... Com a voz calma, de quem está acostumado a ser temido e isso não precisa de gritos...
O pai engoliu seco e respondeu: Sim... Sim ela está pronta..
Eles falavam como se ela fosse uma encomenda, uma mercadoria, uma dívida com pernas... A Amira queria gritar, mas a voz dentro dela ficou presa, esmagada entre a raiva e o medo. 3la apenas fechou os punhos, escondendo o tremor, se havia uma força dentro dela era essa, a de não d3ixar que eles a vissem quebrar...
Malik fez o sinal com a mão, os dois homens avançaram, e aproximaram-se dela como sombras que ganhavam forma, Amira deu um passo atrás por instinto, mas não havia para onde ir, a mão gelada de um deles tocou seu braço, a força era firme e calculada, impessoal..
Não façam isso... Pai por favor, não deixe que eles me levem... implorou pela primeira vez quebrando o silêncio, mas ninguem respondeu...
O pai a olhou finalmente, e aquele olhar, ela nunca mais esquecerá, era uma mistura de covardia, culpa, vergonha e alívio, ele estava aliviado de ter encontrado uma saída para os seus problemas mais uma vez, primeira a mãe dela e agora ela... Ela foi entregue pelo próprio pai, para um destino incerto... Enquanto a puxavam para fora, a última coisa que ela viu foi a porta da casa se fechar atrás dela, não como uma despedida, mas como um adeus definitivo...