3 anos depois...

1613 Palavras
3 anos depois da noite da pedrada... THOMAS Estava no meu limite com o Hugo. Eu fui claro quanto às suas noitadas de bebedeira. Era a p***a de uma ordem, uma mísera ordem que ele não obedeceu. Acendi um charuto e logo vi um dos meus carros mais caros entrando na propriedade junto com outro. Era o Hugo e provavelmente o outro carro era de um dos seus amigos. Ele fez questão de não acender os faróis, na tentativa inútil de não chamar atenção. — Tem certeza que seu pai não está em casa, Hugo? Eu não quero me esbarrar com ele igual da última vez. — uma garota perguntou. Eu me lembrava dessa garota. Da última vez que veio aqui, bisbilhotou minhas bebidas. — Fica tranquila. Ele viajou a trabalho. — Eu só não quero problemas. — desceram do carro. — Tá com medo do pai do Hugo? — o garoto no carro preto questionou rindo. — Ele me assustou naquele dia, ok? Não estava esperando levar uma bronca daquelas. Todos riram e esse foi o momento perfeito pra eu acabar com a diversão. — O que eu te disse sobre sair sem me avisar? — acendi todas as luzes da sala e observei a cara de espanto de todos. Seria hilário se eu não estivesse puto. — Pai? Achei que estaria viajando a trabalho. — Hugo se pronunciou, mas não parecia preocupado com isso. — E você aproveitou a oportunidade pra pegar um dos meus carros e sair pra beber com seus amiguinhos! — cruzei os braços. Ele se virou e se despediu dos amigos. O garoto entrou novamente no carro e levou as duas meninas. — Tô esperando uma explicação. — olhei para Hugo. — Não achei que viria tão cedo. — passou por mim na porta e pude sentir o cheiro forte de bebida. — Te avisei que não tinha minha permissão para sair. E além de me desobedecer, você dirigiu alcoolizado. — Ainda estamos nessa conversa? — caminhou até a cozinha e o acompanhei. — Não ache que pode me desobedecer sem receber uma punição. — E você vai fazer o quê? Me deixar sem tv? Ele estava me desafiando? — A Partir de hoje, você só sai dessa casa acompanhado de um dos meus seguranças.— fiquei na sua frente. — Você tá brincando, não é? — me olhou indignado. — Não sou a p***a de uma criança que precisa de babá me vigiando. — Até você se comporta como um adolescente que não sai por aí apostando corrida de carro enquanto bebe, vai estar acompanhado com um segurança. — Você é inacreditável. Sério. — saiu da cozinha e subiu as escadas. Respirei fundo e voltei pro meu quarto. Bastou uma ligação e um dos meus seguranças já estava avisado sobre vigiar o Hugo. [...] Me levantei logo cedo, e depois de um banho relaxante, estava pronto. Desci as escadas e pro meu desagrado o Dimitri estava sentado à mesa, tomando café. — O que faz aqui? — me sentei na cadeira. — Bom dia, pra você também. — usou seu tom irônico que tanto me irritava. — Aqui não é a casa do Damon, que você tem passe livre para entrar a hora que quer. — me servi com um café forte. — Desculpa. — levantou as mãos, mas não tirou seu tom de deboche. — Só vim pegar uns papéis que o Damon mandou. — Tio Dimi! — Sophia apareceu na sala de jantar e correu pra abraçar o Dimitri. — Minha sobrinha preferida. — ele se levantou e rodopiou minha filha. — Você tá tão... pequena. Parece que nunca cresce. — Você é tão engraçado, Tio Dimi! — debochou e depois de me cumprimentar se sentou à mesa. Hugo apareceu logo depois. — Bom dia, sobrinho. — Bom dia! — Se divertiu na festa ontem? Fitei o Dimitri. — Você sabia que ele tinha ido pra festa, Dimitri? — questionei. — Encontrei ele e os amigos na boate. Na minha boate. — Ah, então você está na boate do Dimitri? — não escondi minha fúria ao perguntar para o Hugo. — Em outra cidade! — Ué, você também frequentam. — deu de ombros. — Você não é maior de idade, Hugo. Como foi que conseguiu entrar? — esperei sua resposta. — Todo mundo sabe que sou seu filho e a boate é do tio Dimi. — deu um sorriso discreto e se levantou da mesa. — Não é tão difícil conseguir entrar em todos os lugares. — Eu não estava no momento. — Dimitri levantou as mãos. Vi a chave do meu carro em sua mão. — Onde pensa que vai com meu carro? — peguei a chave de volta. — Certo, como vou chegar no colégio a pé? — Um dos motoristas vai te levar pro colégio, Hugo. Você não dirige até completar dezoito anos e tirar sua carteira de motorista. Ele bufou com raiva e saiu apressado. — Ele é uma cópia sua quando você era mais novo. — Dimitri comentou. — Eu não era tão irresponsável quanto meu filho. — Mamãe com certeza discorda. — riu. — Sobre você, é claro. Que nunca cumpria suas promessas. — Você que o diga. Ainda bem que o pai da Flávia mudou de ideia com relação a seu castigo, porque já se passaram 3 anos e os Petrov ainda estão por aí… — Estou resolvendo isso. Terminei meu café e fui buscar os papéis no escritório. — Aqui. — entreguei as pastas. — Vê se não perde essa m***a, entendeu? — Eu não sou um burro, Thomas. — pegou minha garrafa de uísque. — Você nem pense em beber. — tomei a garrafa e coloquei no mesmo lugar que estava. — Quero esses papéis nas mãos do Damon, ainda hoje. Se levantou da cadeira. — Agora eu entendo o Hugo. — comentou baixinho. — O que disse? — Nada, nada. — sorriu. — Os papéis estarão na mão do Damon em duas horas. — fez continência e saiu. — Senhor Lucchesi? — escutei do outro lado da porta. — Entre. — ordenei. Uma mulher toda suja de tinta apareceu na minha visão. — Senhor, eu quero pedir demissão. Reconheci que era a babá da Sophia pelo uniforme. — Que palhaçada é essa? — questionei sobre a tinta. — Sua filha, ela...ela é uma peste! — Você está dizendo que minha filha fez isso? — Sim, ela colocou um balde de tinta na porta do quarto e quando eu fui passar, o balde caiu na minha cabeça. — E você me diz que uma criança fez isso? — Mas foi ela. Aquela pestinha. — Sua incompetente! — me exaltei e ela se encolheu. — Você me mostrou um currículo longo sobre como era boa com crianças. Você falou que tinha anos de experiência como babá! — E tenho, Sr. — olhou para as mãos. — Mas não consegui lidar com o comportamento da sua filha. Respirei fundo. Essa era a terceira babá em um mês, e sempre a mesma resposta ao pedir demissão. — Certo, vou resolver seu pagamento. — resolvi não insistir e pela primeira vez olhou nos meus olhos. — Pode se retirar. — Sim, Sr.! Encostei na cadeira e me servi uma dose de whisky. — Já tinha esquecido dessa mania de vocês de se entupirem de whisky, quando as coisas não sai do jeito que querem. — minha mãe entrou no escritório e se sentou na cadeira a minha frente. — O que faz aqui? — fui ao ponto. Parece que hoje todo mundo resolveu me visitar. — Vim te visitar, é claro. — avaliou a arrumação do escritório e logo depois seus olhos se voltaram a mim. — Vi que a babá recém contratada já pediu demissão. Esse foi o recorde, apenas duas semanas de trabalho. — São todas incompetentes. — Acho que o problema não são as babás, querido. — ergueu a sobrancelha. — Ela é só uma criança de 8 anos, mãe. Não é tão difícil de lidar. — Fala isso porque não é você que passa o dia todo com ela. Se você soubesse o tanto de malvadezas que ela fez com as babás, não estaria dizendo isso. É, eu estava ciente que minha filha fazia muitas coisas para as babás pedirem demissão, mas eu estava querendo dar um desconto por tudo que aconteceu na nossa família. — coloquei outra dose do uísque. — Você tem razão quanto a isso. Ela vive perguntando pela mãe. — Pois bem! Vou contratar outra babá. E se essa pedir demissão em menos de um mês, eu vou colocar a Sophia em um internato até ela se comportar direitinho. — me levantei da cadeira e peguei alguns papéis na mesa. — Não é pra tanto, querido. — minha mãe me seguiu pelo corredor. — Existem outras formas de ensinar a se comportar. — Vai questionar o jeito que educo meus filhos? — desci as escadas e ela continuou a me seguir. — Ela é só uma criança. Se você conversar com ela, pode fazê-la entender que seus comportamentos ruins tem consequências. — E vai ter consequência. — me virei para encará-la. — Não esse tipo de consequência. Você pode tirar as aulas de ballet ou até a tv. — Isso é besteira. — peguei minhas chaves do carro e segui para porta, até sentir sua mão me segurando. — Só quero te ajudar. Sei que não tá sendo fácil pra você. — tirou sua mão do meu braço. — Se quiser, eu mesmo fico responsável por contratar uma babá pra minha neta. — Isso iria me ajudar muito. Ela sorriu vitoriosa.
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