[NARRADO POR MELISSA ROCHA]
A gente ficou em silêncio.
Não aquele silêncio desconfortável, cheio de palavras não ditas. Mas um silêncio que falava alto, que preenchia o quarto inteiro com tudo que a gente não conseguia traduzir.
Eu encostei a testa na dele. Ainda sentia o coração martelando no peito. A pele grudada de suor, as pernas moles, e uma paz que fazia tempo que eu não sentia.
— “E agora?” — perguntei baixinho, com medo da resposta.
Murilo fechou os olhos. Inspirou fundo. O peito subia e descia devagar, como se lutasse contra alguma coisa lá dentro.
— “Agora a gente lembra que não é mais aqueles dois de antes…”
Meu coração deu um baque.
Mas ele continuou.
— “…mas que ainda dá tempo de tentar ser.”
Eu olhei pra ele. O mesmo olhar de anos atrás, só que com mais dor, mais hi
